Neoclassicismo: definição, características e contexto histórico

Neoclassicismo: definição, características e contexto histórico

A palavra “Neoclassicismo” surge da junção do prefixo “neo”, que significa novo, com o termo classicismo. Em literatura e outras artes, o clássico remete aos padrões greco-romanos, então, o neoclassicismo é uma nova forma de expressar arte, com base na Antiguidade Ocidental. Continue lendo e conheça as principais características, além do contexto histórico e literário dos autores e obras mais relevantes.

Definição de Neoclassicismo

O Neoclassicismo é um movimento cultural que ocorreu durante os séculos XVIII e XIX, que abrangeu diferentes expressões artísticas: pinturas, esculturas, arquitetura, música e a literatura. De forma que o neoclassicismo literário é também conhecido como arcadismo e possui importantes exemplares brasileiros. 

Como mencionado anteriormente, trata-se de um movimento que valoriza as formas greco-romanos de construir a arte. Então, os produtos artísticos têm total influência dos pensadores e artistas da Antiguidade Clássica

Contexto histórico do Neoclassicismo

Historicamente, o século XVIII é conhecido como “século das luzes”, momento em que as ideias iluministas estavam em efervescência, disseminadas por diferentes partes da Europa e do mundo. Nessa época, havia um afastamento das ideias religiosas e das explicações metafísicas para os fenômenos naturais.

Pouco a pouco, os fatos históricos passaram a ser mais valorizados, porque eles tinham um componente racional. Então, durante essa época, a racionalidade e a lógica eram exaltadas como pilares do iluminismo

No ano de 1789 então iniciou-se a Revolução Francesa, momento de maior disseminação dos ideais de liberdade e racionalidade. Ao mesmo tempo, pequenas indústrias estavam em formação na Inglaterra.

Diante desse contexto, muitos intelectuais concluíram que a compreensão racional humana sobre os acontecimentos deveria ser sóbria e baseada em lógica. Assim, retomaram as concepções clássicas de arte, baseada nos princípios dos gregos e romanos.

Lembre-se que essas duas civilizações foram o berço dos modelos políticos e artísticos que perpetuaram no mundo, então a arte acadêmica foi baseada nesses padrões. Assim, o neoclassicismo pode ser considerado uma forma de arte academicista. 

Do ponto de vista social, é possível compreender que o Neoclassicismo expressa os valores da sociedade burguesa em ascensão durante o desenvolvimento industrial. O apreço pelo luxo sóbrio, baseado em materiais de grande valor agregado e o refinamento estético são marcas dessa camada social.

Contexto artístico

Na literatura, a corrente que se difundiu antes do Neoclassicismo era o Barroco. O exagero era a marca principal da arte barroca, destacada por curvas complexas, detalhes exuberantes, rebuscamento das formas. Então, os artistas neoclássicos surgem como oposição aos excessos barrocos. Buscam construir uma arte rebuscada, mas fina, discreta, sóbria.

Características do Neoclassicismo

Como há um apreço pelo mundo greco-romano, as artes têm temas e padrões semelhantes com esse período. Por exemplo, a mitologia grega estava presente em esculturas, pinturas, poesias e livros do neoclassicismo.

Em concordância com o século das luzes, as artes tinham um caráter racionalista, academicista. O fazer artístico era baseado em técnicas precisas, acadêmicas que traziam a beleza estética de forma pensada, padronizada. 

Os materiais utilizados eram os mais nobres possíveis, por isso, a maior parte das esculturas eram construídas com mármore branco. Ao mesmo tempo, na arquitetura, as construções eram elaboradas e ornamentadas para representar a autoridade e o poder da elite burguesa. 

No geral, as formas e a escrita eram nítidas, construídas com clareza, puras, com uso de cores clareadas e “sérias”. Ou seja, os tons vibrantes não são típicos do Neoclassicismo, predominam tons mais frios e a construção de perspectivas em pinturas. 

Principais obras e artistas do Neoclassicismo

A morte de Marat (1793), por Jacques-Louis David

Neoclassicismo - Marat
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Diana (1780), pelo escultor Jean-Antoine Houdon

Neoclassicismo - diana
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Perseu com a cabeça da Medusa (1800), pelo escultor Antonio Canova

Escultura neoclássica:Perseu com a cabeça da Medusa
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Panteão de Paris

obra do neoclassicismo - Panteão de Paris
Imagem: Reprodução/Wikimedia

Neoclassicismo na literatura: Arcadismo

A valorização da língua latina era marcante em muitos textos, inclusive nos princípios que norteiam o Arcadismo. Por exemplo, os autores apegavam-se ao “Inutilia truncat” que significa “cortar (ou tirar) o inútil”. Com isso, as obras literárias deveriam se afastar de elementos e vocabulários excessivamente rebuscados, que consideravam inúteis, como oposição ao barroco. 

Nos textos destaca-se o bucolismo e a fuga do ambiente urbano (Fugere urbem), com uma valorização pela vida campesina. Esse local era chamado de Locus amoenus, que significa local ameno, e que representa o cenário perfeito para a vida humana, onde o indivíduo pode curtir o dia e o presente (Carpe diem). 

Inclusive, os textos demonstram uma crença de que a alegria plena só pode ser alcançada em um uma vida tranquila, mediana. Por isso, há um princípio chamado de Aurea mediocritas, que valoriza a “mediocridade”, mesmo que isso signifique abrir mão de luxos, posses e riquezas tão vistosas para os moldes capitalistas. 

As obras eram descritas em um formato mais simples, com temas do cotidiano no campo, da natureza e seu comportamento. Além disso, os elementos mitológicos greco-romanos estão presentes em diversos poemas e prosas do Arcadismo. 

Obras e autores do arcadismo

Um dos principais autores do arcadismo foi Tomás Antônio Gonzaga, português, conhecido por suas poesias bucólicas, com temáticas mitológicas. Veja um trecho de “Marília de Dirceu” (1792), em que está destacado termos grego-romanos, associado à mitologia dessas civilizações. 

“Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve;
Papoula
ou rosa delicada e fina

Te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o céu, gentil pastora,
Para glória de Amor igual tesouro!

Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!”

Cláudio Manuel da Costa foi um autor mineiro, importante no movimento da Inconfidência Mineira, participante da Academia Brasileira de Letras e ativo na construção do arcadismo no Brasil. Veja um excerto do Canto II de “Vila Rica” (1732).

“Era ela em seus anos tão mimosa,
Que à vista sua desmaiava a rosa,
Seus olhos claros, as pupilas belas,
Oh! quantas vezes cri que eram estrelas!

Não tinham nossos campos, nem o prado
Planta mais tenra, flor de mais agrado;
Enfim, porque de vós as cores tome,
De Aurora os vossos lhe dão hoje o nome.”

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