Vacinas e soros: conceitos, funções e diferenças

Vacinas e soros: conceitos, funções e diferenças

As vacinas e os soros foram uma revolução para a comunidade científica, porque favoreceram o controle e prevenção de doenças que causavam a morte de diversas pessoas, mas foram eficazmente controladas por meio dessas tecnologias. 

Atualmente, diversas vacinas e soros estão disponíveis na rede pública e privada de saúde. O objetivo desses tratamentos é influenciar na imunidade do paciente, garantindo prevenção contra algum microrganismo, ou ajudando-o no combate a substâncias tóxicas ao organismo. 

O conhecimento sobre a vacinação e aplicação de soros é necessário para a formação de um cidadão, para a compreensão das tecnologias que são utilizadas para a proteção da população como um todo, além de ser um conhecimento essencial para a resolução de provas de vestibulares. Leia mais!

O que são vacinas?

As vacinas são um material de imunização, constituídas por partículas de patógenos nas formas inativadas, recombinadas geneticamente, atenuadas, ou outras tecnologias, que permitem que a vacina tenha apenas o RNA do microrganismo. 

O objetivo é que o indivíduo vacinado tenha uma resposta imunológica mais eficiente contra agentes infecciosos, caso tenha contato com eles ao longo da vida. Diante disso, as vacinas obrigatórias e mais recomendadas são utilizadas para aqueles patógenos que têm mais chance de causar morte ou debilidades importantes, como a paralisia cerebral causada pela poliomielite.  

Mecanismo de ação

As vacinas estão apoiadas no funcionamento do mecanismo imunológico dos seres humanos. O sistema imunitário dos Homo sapiens funciona de forma a criar uma imunidade primária contra um patógeno, como um vírus, atuando na linha de frente contra qualquer agressão do corpo. Depois de um tempo da infecção, as células imunes ativam outras vias de proteção, recrutando uma imunidade específica para aquele agente agressor. 

Após combater uma infecção, a imunidade humana é capaz de criar células de memória, então, quando o paciente tiver contato com aquele mesmo microrganismo, a resposta será muito mais rápida e efetiva

Inclusive, muitos vírus são incapazes de criar infecção por mais de uma vez em pacientes saudáveis, por exemplo catapora, mão-pé-boca e muitas doenças da infância só podem aparecer uma única vez. 

Ao observar esse mecanismo do corpo humano, os cientistas elaboraram uma forma de criar uma memória imunológica na população antes mesmo do adoecimento. A ideia é que um material seja injetado no corpo, atinja a corrente sanguínea, recrute o sistema imunológico e a memória de imunização, sem que o paciente apresente a doença propriamente dita, conforme cada grupo etário, vacinal, regional e etc. 

Nessa linha de raciocínio, quando o indivíduo tiver contato com microrganismo outra vez, já terá memória imunológica para lutar contra ele, o que resulta em contaminações sem sintomas ou doenças mais brandas

Em alguns casos, é necessário aplicar a mesma vacina de tempos em tempos. O objetivo dessas doses adicionais é reforçar a memória imunológica e garantir que as células de proteção estejam em um número bom para combater uma possível infecção futura. Observe no gráfico abaixo: 

Produção de anticorpos - vacinas e soros
Imagem retirada de questão discursiva Unicamp 2008

Importância das vacinas

Doenças como poliomielite e sarampo, que interferem completamente no desenvolvimento da criança, foram completamente erradicadas no Brasil, graças à proteção conferida pela imunização vacinal. 

Para garantir a saúde populacional, é importante que cada nascido vivo seja vacinado corretamente, nos tempos adequados, exceto em casos específicos de crianças que nascem com outras patologias e possuem recomendação para evitar algumas vacinas. 

Inclusive, algumas pessoas com problemas imunológicos e gestantes podem ser contraindicadas à aplicação de determinadas vacinas, por conta de sua tecnologia. A proteção desses grupos depende, então, de que a população ao seu redor esteja vacinada, o que diminui a circulação dos vírus e bactérias, e assim esses patógenos não poderão atingir os não vacinados. 

O calendário vacinal atualizado é disponibilizado pelo Ministério da Saúde anualmente, conforme as idades, necessidades, epidemias que surgem em diferentes regiões, ou conforme a mutação de patógenos, que demanda pequenas alterações na constituição das vacinas e requer doses de reforço, por exemplo. 

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Tipos de vacinas

Existem diversas tecnologias para a fabricação de vacinas. A ideia principal em todas elas é extrair uma parte do patógeno que não cause doença, mas que seja específica daquele agente infeccioso e que o sistema imunológico possa identificar para criar proteção. 

Por exemplo, na fabricação das vacinas de Covid-19, foi observado que o sistema imunológico reconhecia o coronavírus (Sars-cov-2) por meio da proteína Spike. Então, a principal ideia é criar mecanismos para que essa proteína esteja dentro da vacina, gerando a imunidade contra o vírus da pandemia de 2020. 

Abaixo estão listadas as principais tecnologias aplicadas em diferentes vacinas, para garantir a imunização contra os vírus e bactérias que causam doenças muito sérias e mortais. 

  • Um conteúdo vacinal inativo é produzido pela inativação química ou física do patógeno, para que ele não cause doença, apenas imunidade. É a tecnologia utilizada na proteção contra Hepatite A;
  • No caso das vacinas atenuadas, os patógenos estão vivos e podem se replicar, mas estão enfraquecidos para não causar doenças. Nesse caso, eles se multiplicam no corpo e permitem uma memória imunológica ampla, como na vacinação em gotas contra a poliomielite;
  • Depois, existem vacinas de subunidades, que procuram uma proteína ou polissacarídeo reconhecido pelo sistema imunológico. Apenas essa pequena molécula é inserida no organismo e é suficiente para criar anticorpos, como no caso das vacinas contra a gripe;
  • A vacina contra o tétano baseia-se nos toxoides produzidos pela bactéria. Após a imunização, o corpo fica treinado para reconhecer os microrganismos que produzirem aquela substância tóxica e combatê-los; e 
  • As vacinas de ácidos nucleicos já são baseadas no DNA ou RNA do microrganismo em questão. São uma tecnologia mais recente, que garantem uma imunidade eficiente ao mesmo tempo em que o conteúdo viral inoculado no organismo é mínimo.

Possíveis contraindicações de vacinas

As principais contraindicações para vacinas estão relacionadas com a vacina de materiais atenuados, em pacientes que possuem uma debilidade imunológica séria, como transplantados que tomam medicamentos fortes, ou que estejam gestantes. 

Mesmo que atenuados, os patógenos estão vivos e têm um risco mínimo de desenvolver uma doença em pessoas que estão com a imunidade seriamente comprometidas (de forma comprovada, com hemogramas e outros exames). No caso da gestação, existe um risco associado de baixa da imunidade das mulheres grávidas, além de qualquer doença mínima ser um risco sério para a mãe e o feto. 

O que é soro?

Os soros imunobiológicos são materiais que transferem a imunidade para os patógenos de maneira passiva. São utilizados nos momentos em que o paciente tem contato com uma substância potencialmente tóxica e o corpo não teria tempo suficiente para criar imunidade, antes que o paciente morra. 

Então os hospitais possuem esses imunizadores que contém anticorpos prontos contra o material intoxicante. Uma vez que o soro é injetado na corrente sanguínea, já começa a agir contra aquele conteúdo e permite melhor recuperação do paciente. Esses anticorpos são momentâneos e não conferem imunidade de memória ao paciente, veja no gráfico.

Gráfico anticorpos x soro

Em geral, os tipos de soros presentes em cada hospital e a disponibilidade dos materiais dependem da região em que estão. No Brasil, são comuns os acidentes com cobras, aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos, então, os soros contra as toxinas desses animais são muito utilizados no território nacional. 

Diferença entre vacinas e soros

A diferença entre soros e vacinas está em sua atuação sobre o sistema imunológico. A vacina estimula de forma ativa que o próprio organismo trabalhe para a criação de anticorpos e células de memória. Enquanto que os soros agem passivamente entregando os anticorpos prontos para combater o conteúdo agressor. 

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