Para discutirmos sobre a dialética moderna e compreendermos sobre a filosofia desses dois grandes pensadores, vamos entender o mais do contexto histórico e como se desenvolveu os ideais de Friedrich Hegel e de Karl Marx. Veja a seguir mais sobre esse tema e como são cobrados em vestibulares.
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Hegel e sua filosofia
Sendo um dos mais influentes do idealismo alemão, Friedrich Hegel era conhecido pela complexidade das suas ideias que é centrada na dialética. Ele viveu um período de intensas transformações sociais e políticas na Europa.
Hegel, influenciado pelo movimento iluminista que criticava o autoritarismo e defendia a liberdade e a razão, vivenciou a transição para o Romantismo, corrente que surgiu em contrapartida do racionalismo, defendendo a espiritualidade e as emoções
Ele também se inspirou em pensadores como Schelling e Kant, usando suas ideias para refletir sobre a relação entre sujeito e objeto, assim criando o conceito de uma unidade absoluta entre espírito e natureza.
As obras de Hegel impactaram a filosofia em diversas áreas, como a metafísica, a história e a política. Pode-se destacar as obras “Fenomenologia do Espírito” e “Ciência da Lógica”, já que estas abordam e explicitam algumas das concepções centrais desenvolvidas pelo pensador.
Na obra da Fenomenologia, Hegel aborda sobre como o desenvolvimento da consciência humana e o processo dialético que levam à autoconsciência. Nela nos deparamos com a dialética do senhor e do escravo.
Dialética do Senhor e do Escravo
Ela inicia com a consciência humana, onde a pessoa experimenta a realidade para ter uma compreensão do mundo, com esse entendimento a pessoa analisa questões sobre a diferença de pensamento e percepção, levando a consciência a si própria, ou seja, a autoconsciência.
Para alcançar a autoconsciência plena, ela precisa ser reconhecida por outra autoconsciência, o que causa confronto entre indivíduos, já que ambos tentam firmar sua independência, o resultado do conflito gera uma relação desequilibrada onde um indivíduo se torna o senhor, que depende do escravo para confirmar uma posição de dominação, e o outro se torna o escravo, que adquire senso de liberdade, autonomia e autoconhecimento, pois transforma o mundo com o trabalho, essa é a dialética do senhor e do escravo.
A partir da autoconsciência, usando da razão, da percepção do mundo e das relações entre sujeito e objeto, espírito e natureza, o indivíduo se vê como parte da comunidade e da história e praticante da ética e da cultura. Assim, com a consciência e compreensão plena de si e do mundo, é alcançado o que Hegel denominou de Espírito Absoluto.
A dialética idealista
Outra filosofia de Hegel é a dialética idealista, ela é base do sistema hegeliano e analisa a realidade como um processo dinâmico e que está constantemente em transformação, onde a dialética atua em três partes:
- Tese: é o ponto inicial, uma afirmação ou ideia que por si só não é completa;
- Antítese: negação da tese, onde evidencia os contrapontos e limites da ideia; e
- Síntese: é o desenvolvimento da contradição entre a tese e a antítese, leva para um maior nível de compreensão da ideia.
Hegel foi um grande pensador, sua filosofia era sistêmica e contemplava contradições como razão e emoção, natureza e espírito, indivíduo e sociedade, em busca do desenvolvimento da autoconsciência, conectando os pensamentos, a realidade e a história num processo orgânico.
Marx e sua dialética materialista
Para compreender as críticas e ideais de Marx, precisamos evidenciar que ele vivenciou a Revolução Industrial, a ascensão do capitalismo, as revoluções burguesas, todos foram fatores de intensas mudanças sociais, políticas e econômicas na época.
Marx foi fortemente influenciado pelas vertentes filosóficas do período, teve contato com diversos pensadores e movimentos, como o Iluminismo, Adam Smith, Hegel, onde pegou a dialética hegeliana e analisou a partir das relações materiais e econômicas, juntando toda sua bagagem desenvolveu sua própria abordagem denominada materialismo histórico e dialético.
Sendo um forte crítico do capitalismo, as obras de Marx revelam claramente seu posicionamento e suas ideias quanto a economia, a história e a política, e seu apoio a movimentos revolucionários. Dentre suas principais obras destacamos “O Capital”, “Teses sobre Feuerbach” e “Manifesto Comunista” que tem a conhecida citação “A história de todas as sociedades existentes até agora é a história das lutas de classes.“.
O materialismo histórico e dialético de Marx
A base filosófica de Marx é o materialismo histórico e dialético, o materialismo histórico compreende o materialismo no estudo da história humana, explicando as mudanças políticas e sociais com base nas condições materiais, ou seja, como as condições materiais determinam a organização social.
O materialismo dialético se baseia no constante estado de transformação dos pensamentos, da sociedade e da natureza, buscando o entendimento das mudanças. Esse conceito rompe o idealismo e analisa as condições que provocam as transformações.
De acordo com Marx, o que acabou impulsionando os novos modos de produção na história, e se tornou a força motriz da mudança, é a luta de classes. Esse é mais um dos conceitos principais do pensador, ele argumenta que as sociedades humanas, desde o princípio, se organizam em diferentes classes, e a luta de classes é o conflito entre esses grupos sociais que possuem diferentes interesses econômicos.
A luta de classes
As classes são definidas de acordo com a posição no sistema de produção vigente, onde a classe dominante detém os meios de produção e a classe subordinada tem sua força de trabalho explorada, o que intensifica as desigualdades sociais.
Em suas críticas ao capitalismo, Marx descreve algumas das ferramentas de exploração as quais a classe trabalhadora é submetida, como a mais-valia, que é a valor a mais que o trabalhador produz além do que ele recebe, sendo a base do lucro capitalista, e a alienação do trabalho, que é quando o trabalhador é desconectado daquilo que produz, como se fosse só mais uma engrenagem na máquina de produção.
Para ele, a maneira de acabar com o conflito de classes seria o rompimento com o sistema de exploração capitalista a partir da revolução, ele defende que a burguesia em seu papel de dominação, não cederia o poder por livre escolha, portanto a revolução seria a solução para o fim da estrutura de classes e fim da exploração.
No lugar do capitalismo o comunismo seria a estrutura ideal, segundo o pensador, onde haveria igualdade e cooperação entre todos, os modos de produção seriam coletivos e tudo que é produzido seria dividido entre todos.
Hegel e Marx: Idealismo vs. Materialismo
Pode-se diferenciar o idealismo e o materialismo usando uma perspectiva do sujeito central, ou seja, a quem se trata os ideais. Para Hegel, o sujeito central é a consciência e as ideias, onde os indivíduos e a sociedade são o modo de alcançar o espírito absoluto.
Para Marx, o sujeito central são as classes sociais e as condições materiais, e a luta de classes é o que leva à mudanças na sociedade, o fim da exploração e a igualdade entre classes.
Apesar de valorizarem os processos históricos na formação da realidade, Marx, rejeitando o idealismo de Hegel, afirma que “não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas o ser social que determina sua consciência“.
Contraste da dialética de Hegel e Marx na contemporaneidade
Analisando conflitos sociais, movimentos políticos e transformações culturais utilizando abordagens da dialética de Marx e Hegel, pode-se interpretar os problemas pelas contradições materiais e ideológicas.
O uso massivo de tecnologias para armazenamento de informações é um ótimo exemplo, numa análise marxista o uso intensivo de tecnologia para análise de dados possibilita a exploração dos dados como mercadoria, e para Hegel seria mais uma questão ética sobre como os dados são utilizados.
Outro exemplo seria a luta por igualdade racial como conflito social, para Marx tal questão pode ser analisada como uma luta de classes racializada, enquanto que para Hegel, fazendo um estudo ético e institucional da questão, seria observado como um movimento em busca da liberdade universal.
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