Filosofia medieval: resumo, principais pensadores e conceitos

Filosofia medieval: resumo, principais pensadores e conceitos

A filosofia medieval, como aponta o nome, é toda a produção filosófica que ocorreu durante a Idade Média. Nesse momento, os questionamentos racionais tornaram-se mais evidentes na sociedade, e muitos estudiosos se dedicaram a entender a vida e suas nuances, sem abandonar os preceitos religiosos.

As explicações mais tradicionais, como os mitos, não satisfaziam mais os pensadores. Aqui, o ser humano sofre um crescimento exponencial do senso crítico argumentativo, com o desejo de entender o que está por trás dos fenômenos cotidianos. 

No artigo abaixo, você encontrará um resumo sobre a filosofia medieval, com as divisões temporais da disciplina, os principais pensadores de cada época e suas teorias. Veja também, um exemplo de questão do vestibular que aborda o assunto. Continue lendo e saiba mais!

O que é filosofia medieval?

O fazer filosófico da Idade Média é uma junção entre os conhecimentos da Antiguidade, como Platão e Aristóteles, com as teorias religiosas, tão difundidas pela Igreja Católica. Vale lembrar que na Europa medieval, a religião cristã católica tinha grande influência sobre a sociedade.

Afinal, o povo estava organizado em feudos. O feudalismo é um sistema social em que a maior posição hierárquica é ocupada pelos membros do clero, pessoas de alta patente religiosa. Assim, todas as decisões e pensamentos passavam, antes de tudo, pelo poder do catolicismo.

Em meio a esse cenário, então, a filosofia medieval surge como uma sistematização dos conhecimentos teológicos. Agora, os estudiosos queriam unir a razão com as crenças religiosas.

+ Veja também: Filosofia: o que é, períodos e muito mais!

Características da filosofia medieval 

Em geral, os filósofos medievais utilizaram a filosofia greco-romana como pontapé inicial nos seus estudos e teoria. Então, consideramos que a Antiguidade Clássica é uma grande referência e característica para a disciplina. 

Grande parte dos pensadores eram membros do clero ou tinham algum vínculo com a Igreja Católica. Nesse sentido, os temas abordados norteiam questões bíblicas, como a fé, a salvação, o pecado, a redenção, a existência de Deus, o livre-arbítrio, as visões de bem e mal, a ética cristã e etc.

Para alguns, os conhecimentos clássicos eram aplicados para unir razão e fé. Diferentemente do que vivenciamos atualmente, os dois conceitos eram aplicados de maneira simultânea. Estudiosos acreditavam, por exemplo, que a razão era uma forma dos humanos alcançarem a verdade divina.

Outros filósofos da mesma época se opunham à ideia de união entre a fé e a lógica, justificando uma completa separação entre as duas vertentes, só assim a vontade divina poderia ser completamente respeitada.

Perceba, portanto, que a filosofia medieval não é uma ciência homogênea, mas um conjunto de saberes desenvolvidos no mesmo período. As teorias tinham o mesmo enfoque, porém com interpretações diferentes sobre um mesmo assunto. Vamos conhecer as duas principais divisões que ocorreram na época. 

Divisões e pensadores da filosofia medieval

Patrística

A primeira fase da filosofia medieval é a patrística, em que ocorre uma estruturação da fé cristã, com maior elaboração dos dogmas católicos e intensificação da perseguição aos pagãos, ou seja, aos não cristãos. 

A ideia principal dos patrísticos era de que a união da fé com a lógica humana fornecem a realidade. Note, então, que eles apoiam uma crença racional: a fé é construída a partir de mecanismos lógicos. 

O pensador mais conhecido foi o padre filósofo Santo Agostinho, também conhecido como Agostinho de Hipona.

Em sua teoria, ele defendia que o mal é a ausência do bem. Assim, todas as coisas da vida são baseadas em escolhas, para o bem ou para a falta dele. Em termos religiosos, isso significa que o Sto. Agostinho acreditava no livre arbítrio.

Em relação às decisões erradas, ele considera que as confissões são uma forma do indivíduo se responsabilizar por suas ações e consequências. No momento de falar sobre suas falhas, o cidadão teria a capacidade de entender e raciocinar sobre elas e, então, assumir um papel ético.

Envolvido nessa relação igreja e sociedade, Santo Agostinho criou a teoria de que existe uma cidade de Deus, onde há harmonia, consciência e serenidade divina. Ao mesmo tempo, a cidade dos homens é marcada por conflitos, disputa de poderes e falta de consenso nas decisões. 

Acredita-se também que essa teoria tinha influência dos poderes eclesiásticos, pois justificava a unificação entre o clero e a sociedade, afinal, um povo de harmonia só poderia ser estabelecido em união com Deus. 

Existe ainda a Teoria da Iluminação, que afirma que “Deus é a luz e o caminho para a razão”, ou seja, o conhecimento só pode ser racionalmente acessado se Deus iluminar esse processo.

Todas essas ideias têm um fundamento na filosofia platônica, principalmente, pela divisão do mundo entre duas categorias distintas. 

Escolástica

A segunda fase da filosofia medieval é contemporânea ao nascimento das universidades na Europa, na época do Império Carolíngio. Essas escolas eram voltadas para o estudo teológico e relacionadas com a Igreja. 

Diferentemente do que vimos na patrística, a escolástica teve maior influência dos conhecimentos aristotélicos. 

A principal marca dessa influência foi o desenvolvimento de argumentos que defendem a religião cristã. Esse trabalho esteve nas mãos de São Tomás de Aquino, que utilizou a razão para justificar a fé, como uma forma de unificar as duas ideias. 

O pensador desenvolveu muitas ideias, como a Teoria das Quatro Causas e da Ato-potência e a Teoria das Cinco Vias.  

Ele acreditava que, para todo efeito, existe uma causa. Nesse sentido, tudo que foi criado no mundo é um efeito (humanos, animais, plantas e etc). Para que isso acontecesse, era necessário a existência de uma causa primeira, que surgiu antes de tudo. Para ele e outros escolásticos, o motor para todos os efeitos é Deus. 

Tomás de Aquino ainda reúne informações para afirmar que Deus é perfeito, e quem define os propósitos de vida de cada um, além de ser capaz de transformar todas as coisas. 

Dessa forma, ele acredita que Deus permite que os humanos acessem algumas verdades, como a afirmativa de que Deus existe e é único. Algumas outras verdades, como as questões da trindade, estão fora do alcance humano e precisam ser aceitos por nós.

Questão do Enem: filosofia medieval

(Enem 2019) De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usar para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse da sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?

AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)

a) Desvio da postura celibatária.
b) Insuficiência da autonomia moral.
c) Afastamento das ações de desapego.
d) Distanciamento das práticas de sacrifício.
e) Violação dos preceitos do Velho Testamento.

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