Sócrates é um dos filósofos mais importantes da história da humanidade. Não à toa, existe uma divisão entre as teorias pré-socráticas e as teorias que surgiram após ele. Mas, afinal, o que esse pensador propôs em seus discursos?
Confira, neste artigo, uma breve biografia do autor, veja o que ele descreveu em suas obras, em qual contexto histórico ele está inserido e como ele morreu. Ao fim, veja como o filósofo pode aparecer em suas provas de vestibular.
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Quem foi Sócrates?
Considerado como o pai da filosofia ocidental, Sócrates foi um filósofo da Grécia Antiga, contemporâneo da Antiguidade Clássica, nascido em Atenas, no ano de 469 a.C. Isso significa que ele estava no ápice da democracia original, em um contexto de muitos debates políticos.
Naquele tempo, era comum que os mestres formassem discípulos, pessoas que ouviam seus ensinamentos para aprender e também para difundir isso. Era como a transmissão de um legado, que envolvia tanto questões morais e religiosas, como também os pensamentos intelectuais.
No cenário de Atenas, Sócrates estava cercado de homens chamados de sofistas. Eles tinham a incumbência de argumentar a respeito de algum assunto, com um objetivo específico. O que marcava o discurso sofista eram as inverdades: em função de convencer seu interlocutor, eles construíam lógicas não verídicas, mas que faziam sentido racionalmente.
Uma forma simples de exemplificar é isso seria dizer que o queijo é feito de leite e que bombom é feito de chocolate. E, a partir disso, criar um sofisma dizendo que o chocolate ao leite é um bombom de queijo. Perceba como, embora racionalmente haja uma lógica, não há concordância no significado das frases.
Diante disso e das questões cívicas que observavam em Atenas, Sócrates e os outros filósofos da época passaram a se questionar sobre a organização da sociedade, como chegar à verdade, como definir o que é justo ou injusto, entre outros temas.
+ Veja mais: Filosofia pré-socrática e socrática: características, teorias e principais filósofos
Filosofia de Sócrates
Em meio ao cenário sofista, Sócrates apresenta-se como um grande opositor do debate inverídico. Para ele, a verdade não é uma técnica, uma forma de convencimento, de forma que cada indivíduo deve ser livre para acessar a verdade por meio da própria lógica e razão, sem a manipulação de outros cidadãos.
Nesse sentido, o filósofo dedicou-se a criar um método em que se dá ao ouvinte as ferramentas necessárias para acessar uma verdade, sem a necessidade de manipular as informações ou esconder fatos.
Então, ele acreditava que existem verdades que abrangem a todos os seres humanos, independentemente da cultura, espaço ou tempo em que estejam inseridos. E a única forma de descobri-las é por meio do questionamento.
Nas proposições socráticas, esse questionamento só poderia acontecer quando o homem notasse que tem pouquíssimo conhecimento acerca das coisas da vida. O reconhecimento de sua ignorância seria o ponto de partida para acessar a razão e, depois, as verdades universais.
Inclusive, a questão do autoconhecimento tem grande repercussão por sua origem. Conta-se que Sócrates seguia costumes da mitologia grega e, em certa ocasião, o deus Apolo lhe entregou uma mensagem (oráculo) com a frase “conhece-te a ti mesmo”.
Essas experiências de Sócrates deram origem à famosa frase “só sei que nada sei”. Um enunciado que representa a eterna ignorância humana, o que permite estar aberto para novos pontos de vista, levando ao conhecimento da verdade.
O Método Socrático
Depois de reconhecer o pouco conhecimento a respeito das coisas, o homem pode ser conduzido, por meio da razão, até as verdades universais. Para Sócrates, isso poderia acontecer através de um diálogo, que deveria seguir um padrão proposto pelo “Método Socrático”.
A primeira etapa desse método é iniciar um diálogo com outro indivíduo, com perguntas e argumentos que o levem a percepção de sua ignorância a respeito de determinado assunto. Essa parte é chamada de ironia.
A próxima fase tem a função de trazer à luz a verdade universal em questão, é a maiêutica. Nesse momento, as informações não são fornecidas claramente para o cidadão. Na verdade, são apresentados argumentos que o levem a raciocinar sobre o assunto, até que sua lógica o guie até o dado verídico.
Ou seja, o locutor traz um direcionamento para o interlocutor por meio de perguntas que refutem certas ideias errôneas, com novas argumentações, mas a verdade universal é alcançada única e exclusivamente pela racionalidade do indivíduo.
Essa noção está associada à ideia que Sócrates nutria sobre as verdades. Segundo ele, as informações verídicas estão contidas em cada homem e, a partir do momento em que a ignorância é reconhecida, a razão humana pode alcançar esses conteúdos. Afinal, o reconhecimento do não saber traz um questionamento a respeito do que achamos que sabemos, o que permite desvendar ideias errôneas.
Como Sócrates morreu?
Sócrates não foi bem aceito socialmente, principalmente em se tratando dos políticos. Afinal, seus ensinamentos eram inovadores e chocantes para a época, além de que permitia certa liberdade de pensamento para os indivíduos, o que, muitas vezes, desagradava as camadas dominantes da sociedade.
Ao mesmo tempo, sua fé na racionalidade tornou-o réu por ser considerado um ateu, que estava tentando transformar a mentalidade das pessoas e convertê-las a uma vida não religiosa. Diante disso, ele foi condenado pelo Conselho dos Quinhentos, um órgão ateniense.
O pensador não abandonou suas ideias, teorias e métodos apesar das acusações. Ele tinha total crença em suas filosofias e, diante deste cenário, optou por findar sua vida ao ingerir uma quantidade de veneno. Isso aconteceu em 399 a.C., quando ele já era um idoso de 70 anos.
Questões de Sócrates no vestibular
UNCISAL 2011
Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos.
Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia
a) transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população ateniense.
b) transmitia conhecimentos de natureza científica.
c) baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
d) ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo Platão.
e) procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza mitológica.
A resposta correta é a letra D. Uma informação relevante que essa questão traz à tona é a forma como a sociedade ocidental teve acesso aos conhecimentos socráticos. Em sua vida, Sócrates não se dedicou a escrever suas ideias ou teorias, esse encargo era dado aos seus discípulos, entre eles estava Platão, o principal responsável pela redação desses diálogos, que permite-nos conhecer os métodos do pensador ateniense.
+ Veja mais: Caverna de Platão: o que é?
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