Geopolítica: conceito, importância e organizações 

Geopolítica: conceito, importância e organizações 

O termo geopolítica é formado pela união entre geografia e política, como referência às relações entre as nações. É um tema de importância mundial porque afeta a vida pública em diversas partes do mundo, além de ser a ciência que estuda focos de tensão, guerras, acordos políticos, até mesmo de notação financeira e ambiental. 

Os vestibulares nacionais cobram dos estudantes, um conhecimento geral sobre geopolítica e como ela influenciou grandes acontecimentos da humanidade, bem como um panorama de como as relações internacionais podem afetar o Brasil, por exemplo. Além de ser um conhecimento importante para a resolução das provas, tratam-se de informações necessárias para a correta interpretação e crítica sobre acontecimentos mundiais.

Para aprender mais sobre o assunto, leia este artigo do Estratégia Vestibulares, em que são abordadas as principais características e relevância da ciência geopolítica, além de abordar as principais organizações que participam desse movimento político internacional, como os grandes blocos econômicos. Ao final, ainda, você encontra a resolução de uma questão de vestibular que aborda o tema. 

O que é geopolítica?

A geopolítica é uma área de estudo multidisciplinar, caracterizada por compreender as relações internacionais, sempre a partir da localização geográfica e do passado histórico das nações e território mundo afora. 

Os especialistas em geopolítica possuem um olhar amplo para os conflitos, trocas comerciais, viagens, acordos e objetivos de cada nação. Afinal, muitas vezes, as decisões de um povo podem influenciar completamente o desenvolvimento do outro.

Um dos pontos relevantes no estudo da geopolítica está em compreender as relações entre os Estados ao longo da história. Por exemplo, durante a Idade Média, a Europa manteve-se fechada para relações comerciais com outros continentes; já na Idade Moderna, avançaram em direção à América e África, para a colonização, em uma relação colonial de subordinação. Muito tempo depois, as colônias passaram por processos de independência e as relações tornaram-se cada vez mais globalizadas.

Assim, é importante notar que a forma como os países se relacionam no passado influenciam na cultura, linguagem, costumes, atividades econômicas, religião e política dessas regiões. Portanto, a geopolítica nada mais é do que um estudo amplo sobre a dinâmica de poder mundial, analisando as estratégias, métodos e sistemas de cada nação, e como eles interagem entre si. 

Geopolítica e globalização

A importância dessa ciência aumentou gradativamente com a globalização, quando as barreiras geográficas já não impediam a comunicação, comercialização, trocas culturais e políticas entre as regiões. Assim, as relações internacionais tornaram-se ainda mais estreitas, mesmo entre países que não estão próximos geograficamente. 

Importância da localização geográfica

Ao mesmo tempo em que a geopolítica tem se voltado para as questões globais de forma mais ampla, a localização geográfica ainda tem grande importância sobre o tema. Afinal, nações e povos que possuem territórios próximos e entram em conflito podem desencadear guerras. Na atual década dois grandes embates chamam a atenção, nesse sentido: a guerra entre Rússia e Ucrânia e os conflitos entre Israel e Palestina.

Diante disso, a geopolítica também atenta- se para dinâmicas entre nações vizinhas, também do ponto de vista de vigilância e possíveis estratégias para evitar embates de grandes proporções. Nesse ponto, entram as técnicas diplomáticas para a solução de choques políticos, culturais, religiosos, entre outros. 

Teorias Geopolíticas Clássicas

Teoria do Heartland

A tradução da palavra “heartland” é “coração de terra”, e esse significado tem total relevância para o que propõe a teoria de um geógrafo da Inglaterra, chamado Halford Mackinder. Desde a Idade Moderna, o desenvolvimento naval europeu foi muito expressivo e, com isso, garantiram colonização e matéria prima para o crescimento do mercantilismo e, posteriormente, do capitalismo. Na Revolução Industrial essa soberania marítima continuou expressiva, com rotas marítimas para a exportação dos produtos. 

Entretanto, o estudioso propôs que, após muitos anos, a supremacia naval não seria suficiente para garantir poderio internacional. Uma vez que as novas tecnologias apontavam para maior facilidade de locomoção por caminhos terrestres, com as ferrovias e motores à combustão — assim, nações com menor força naval poderiam crescer no campo geopolítico.

Teoria do Rimland

A teoria do Rimland, por sua vez, foi criada pelo americano Nicholas Spykman. Na visão desse estrategista, embora a posição geográfica dos Estados Unidos fosse relativamente favorável para acesso ao mar, por ser banhado por dois oceanos, isso também conferia mais vulnerabilidade para o país, que poderia ser atacado por ambos os lados.

Com base nessa visão geopolítica, defendia-se que os norte-americanos utilizassem uma intervenção mais imponente sobre as outras regiões, como Ásia e até mesmo Europa. Para isso, seria necessário poderio militar, para controlar o território “por cima” (frota aérea), como “por baixo” (tropas terrestres, marítimas e oceânicas).

Blocos Regionais e Organizações Internacionais

ONU

As organizações internacionais são uma forma de mediar e intervir em questões geopolíticas, sendo que a mais importante delas é a Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se uma instituição que une diferentes governos, com o objetivo de garantir a paz entre as nações sempre que possível, além de permitir segurança mundial, do ponto de vista coletivo. 

Blocos regionais e econômicos

Ao longo da história, as nações alinham-se para garantir vantagens econômicas, relações políticas, proteção e segurança, entre outras razões. Geralmente, essas uniões são chamadas de blocos regionais ou blocos econômicos. 

Um dos blocos mais expressivos dos tempos atuais é a União Europeia, em que o nível de união econômica e cultural é muito relevante. Nos países que aderem ao bloco, há uma moeda em comum, o Euro — esse é o modelo mais profundo de blocos econômicos existentes. 

Atualmente o Brasil participa de dois blocos econômicos, um deles é o Mercado Comum do Sul (Mercosul), em conjunto com  Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, com redução de taxas para a comercialização entre esses Estados. A nação brasileira também faz parte do BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, todos países que estão em desenvolvimento, ou emergentes, que buscam unir forças para um crescimento socioeconômico mútuo. 

Outros exemplos da união entre nações estão nas duas grandes guerras mundiais. Diferentes países firmaram alianças de proteção e defesa, de forma que tornavam-se “mais fortes” em conjunto do que guerreando sozinhas. Como a Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia) e a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália), da Primeira Guerra Mundial. 

Trata-se de uma estratégia geopolítica comum, no sentido de somar poderes, já que diferentes nações podem contribuir ricamente em áreas diversas e, assim, permitir guerras mais bem preparadas do ponto de vista armamentista, estratégico, de frotas navais, frotas aéreas, suprimentos e recursos para as tropas, entre outras necessidades das batalhas.

+ Veja também: Acordo Mercosul e União Europeia: desenvolva repertórios socioculturais para o vestibular

Conflitos Geopolíticos

Conflitos geopolíticos são gerados a partir de diversos fatores, muitas vezes relacionados com a história de antipatia entre duas nações, brigas centenárias, questões econômicas, embates políticos e ideológicos, além de outras motivações. 

Guerra do Paraguai

Na história do Brasil, por exemplo, no século XIX, o Brasil uniu-se em um grupo regional com Uruguai e Argentina. A Tríplice Aliança, como a união era chamada, participou da Guerra do Paraguai. A principal motivação eram os recursos naturais e o acesso à Bacia do Rio Prata, a hidrovia que serviria como rota comercial para os países latinos — nessa ocasião, o bloco atacou, principalmente, o Paraguai. 

Guerra Fria

Um outro período de grandes tensões geopolíticas, em nível mundial, foi a Guerra Fria. Como o mundo adotou um sistema bipolar, ou seja, nações eram ou capitalistas ou socialistas, formou-se uma disputa entre ambas as ideologias. Diante disso, Estados com posicionamentos opostos passaram a conflitar. 

É interessante notar que os Estados Unidos e a União Soviética, que encabeçavam a bipolaridade, nunca guerrearam diretamente entre si. Porém, muitas vezes, financiaram conflitos em territórios comandados por eles. Dessa época, restam diversas divisões, inclusive na Coreia do Sul e Norte, que mantêm certa inquietação geopolítica até os dias atuais. 

Oriente Médio

O Oriente Médio, historicamente, também é uma localização geográfica marcada por conflitos geopolíticos. Grande parte deles tem relação com questões religiosas e morais, como a disputa por Jerusalém. 

Outro fator que influencia a tensão na região é a posse de petróleo, já que mais de 60% do petróleo de todo o mundo concentra-se nessa parte do Planeta. Uma vez que os derivados do petróleo são materiais extremamente necessários para o desenvolvimento do capitalismo, como combustível ou matéria prima, a disputa pelo controle de territórios em qualquer parte do Oriente Médio é mais acalorada.

Desenvolvimento Sustentável e Geopolítica

O desenvolvimento sustentável, quando as economias e nações crescem com o mínimo de custos para a natureza, é um alvo importante para a manutenção da saúde do planeta Terra. Entretanto, esse tema sempre esbarra em questões geopolíticas, uma vez que pode afetar diretamente a organização de muitos países que exploram recursos naturais para manter suas economias funcionantes. 

É um tema delicado, como por exemplo o Acordo de Paris, que previa a redução da emissão de gases que intensificam o efeito estufa. A ideia é prevenir o aquecimento global exacerbado, que tornaria a vida humana e o cotidiano gradativamente piores. Foi um acordo assinado por 195 países, entretanto em 2017 o presidente americano, Donald Trump anunciou que os Estados Unidos não participariam mais do acordo. A ideia seria adotar outro tipo de solução para a questão ambiental, com menos prejuízos à economia americana. 

A atitude chamou a atenção do ponto de vista geopolítico, porque interfere diretamente nas dinâmicas de poder econômico, como também no cenário ambiental, o que preocupou muitos defensores do desenvolvimento sustentável.

Questão sobre geopolítica 

Unesp/2022

O terrorismo não tem outra ideologia que não seja a exaltação da morte, uma mentalidade legionária de múltiplas encarnações. Na Espanha, sofremos o do ETA [Pátria Basca e Liberdade] e o dos GAL [Grupos Antiterroristas de Libertação]; na Colômbia, o de guerrilheiros e paramilitares; no México, o dos cartéis criminosos e do narcoestado; no Chile, o dos sicários de Pinochet; no Oriente Médio, o de palestinos e israelenses. E tantos outros. Mas o que se instalou no âmbito global e transformou a vida política é o terrorismo de origem islâmico-fundamentalista e o contraterrorismo dos Estados, que fizeram do planeta um campo de batalha onde sobretudo morrem civis […]. 

(Manuel Castells. Ruptura: a crise da democracia liberal, 2018.) 

O excerto identifica o terrorismo contemporâneo como um fenômeno

A) mundial, praticado tanto por grupos externos ao controle estatal, quanto por regimes políticos institucionalizados

B) regional, presente nas distintas partes do planeta, mas sempre resultante de disputas restritas a interesses locais e particulare

C) relacionado ao crime organizado, que se manifesta tanto por meio de estratégias clandestinas quanto através de corporações legalizadas.

D) associado a ideologias extremistas de direita ou de esquerda, que agem para obter o controle de aparatos políticos estatais.

E) étnico e religioso, por resultar de ações de grupos perseguidos, que recorrem à ação armada para reivindicar seus direitos.

O texto é enfático ao mencionar que trata-se de uma situação em “âmbito global”, o que afasta a possibilidade de ser algo restrito a uma só região do mundo. Ao mesmo tempo, não há menções sobre o crime organizado e, os grupos perseguidos, geralmente, tornam-se refugiados em outras nações porque não estão organizados para suportar a opressão empregada pelas grandes potências mundiais. Ao mesmo tempo,  o texto não faz menção aos sistemas políticos ou divisão entre ideológica esquerda e direita. Como o excerto menciona diversos países, como Espanha, Colômbia, Chile, Palestina e Israel, entende-se que trata-se de um dilema mundial.

Alternativa correta: A

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