A expansão marítima é considerada, por muitos estudiosos, o primeiro passo para o processo de globalização. Foi nesse período que o homem entendeu sua capacidade de explorar novos territórios, a partir de tecnologias de transporte e da ciência.
Além de toda a importância no contato entre diferentes continentes, a expansão marítima fortaleceu o comércio e abriu espaço para o racionalismo. Ao mesmo tempo, também está associada aos processos de colonização das Américas e África.
No texto a seguir, você pode entender melhor como ocorreu a expansão marítima, quais nações europeias foram protagonistas no processo, quais os interesses e contextos envolvidos, além dos desdobramentos sociais, políticos e históricos dessa época. Continue lendo!
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O que foi a expansão marítima?
Expansão marítima é o nome dado a um fenômeno que ocorreu na Europa do século XV, por volta de 415 d.C. O período se estende até o século XVIII, com forte desenvolvimento durante as Grandes Navegações.
O objetivo principal das navegações era comercial, buscava-se contato com as terras orientais, em buscas de especiarias, materiais preciosos e até mesmo para propagar a mensagem do cristianismo. Nesse ponto observamos, também, a importância da Igreja Católica durante a expansão marítima europeia.
Contexto histórico da expansão marítima
O processo de navegação se expandiu quando a Idade Média estava em crise. As bases do feudalismo estavam abaladas principalmente devido à fome generalizada que ocorria em toda a Europa, à pandemia de peste negra que dizimou grande parte da população e às guerras e cruzadas.
Diante disso, os estados nacionais estavam em crescente fortalecimento, com centralização do poder em torno de um só líder. Para recuperar seus territórios e conferir a sobrevivência da população, as nações precisavam agora de moedas, territórios, poder e rotas comerciais — esses eram os principais interesses envolvidos na expansão marítima.
Nesse cenário, a articulação entre o rei, a nobreza, a burguesia e a Igreja favoreceram o desenvolvimento de tecnologias e inovações importantes no ramo das navegações. A partir disso, as expedições começaram a acontecer.
Pioneirismo português
A expansão marítima portuguesa se diferencia dos outros estados europeus porque foi a pioneira no processo de exploração do mar. Muitos fatores facilitaram o processo de navegação dessa nação, como veremos a seguir.
Portugal foi o primeiro estado centralizado da Europa, de certa forma isso facilitou uma articulação política e econômica importante para o desenvolvimento das embarcações e financiamento das expedições.
Algum tempo antes ocorreu a Revolução de Avis, quando Portugal e Espanha disputaram a herança do trono português. O herdeiro que recebeu o trono precisava provar sua credibilidade e mostrar um crescimento comercial, o desenvolvimento do território e construir uma imagem positiva, algo muito importante para a monarquia da época.
Além disso, Portugal tinha uma burguesia enriquecida. Sabe-se, historicamente, que a burguesia sempre busca o aumento do mercado consumidor, da produtividade e dos lucros. Por essa razão, essa classe social se dedicou no financiamento da expansão marítima portuguesa.
A posição geográfica do país e as rotas propostas pelos navegadores pareciam favorecer o desenvolvimento da atividade marinheira. Portugal é um país que possui litorais, além de ser uma rota de passagem de muitos comerciantes e mercadorias, principalmente com o porto de Lisboa.
No contexto da expansão marítima, os caminhos criados por navegadores portugueses foram impressionantes para a época. A hipótese de contornar todo o continente africano, indo em direção leste, foi um marco para o conhecimento náutico.
A respeito disso, até mesmo o poeta Luís de Camões escreveu em seus sonetos, narrando a difícil trajetória dos portugueses, que visavam atravessar o “Cabo das Tormentas” (atual Cabo da Boa Esperança), local de grande terror devido às correntes marítimas presentes. Veja um exemplo no trecho abaixo de “Os Lusíadas”:
“As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram […]”
Expansão marítima espanhola
A expansão marítima não ficou restrita a Portugal, em algum nível, as potências europeias se dedicaram a essa atividade inovadora, que ajudou na aprimoramento dos mapas, desenvolvimento das bússolas e das tecnologias de navegação.
Com o fim da Guerra de Reconquista, quando lutavam contra os muçulmanos, os espanhóis resolveram se dedicar ao ramo navegante. O primeiro navegador sob responsabilidade espanhola foi Cristóvão Colombo, que alcançou terras americanas e é mundialmente conhecido.
É interessante citar que, devido aos interesses nas especiarias e mercadorias exclusivas do Oriente, o objetivo de Colombo era chegar às “índias”, como eles chamavam. A rota traçada seria diferente do habitual, como se não existissem as Américas e as terras orientais pudessem ser acessadas diretamente.
Fato é que as Américas existiam, assim como importantes civilizações pré-colombianas que, infelizmente, foram afetadas pela chegada dos europeus. Assim, o descobrimento da América foi acidental, em meio ao cenário de expansão marítima, ou Grandes Navegações.
Rivalidade entre portugueses e espanhóis
Historicamente, até mesmo com a questão da descendência de Avis, a nação espanhola e a nação portuguesa desenvolveram certa rivalidade. Esse clima continuou durante a expansão marítima.
Conforme iam descobrindo novas terras, do ponto de vista europeu, cada país queria a posse do território. Ao longo do tempo, um queria dominar o espaço do outro e, por isso, foram assinados muitos acordos ao longo do tempo, para dividir o mundo entre Portugal e Espanha. Entre esses documentos estão o Tratado de Toledo, a Bula Intercoetera, o Tratado de Tordesilhas, entre outros.
Questão de vestibular sobre expansão marítima
Compreender a expansão marítima é, também, entender o panorama histórico por trás do descobrimento das Américas e, posteriormente, o achamento do Brasil por Pedro Álvares Cabral. Dada toda a importância nacional do tema, ele costuma cair em vestibulares, como na questão que está resolvida a seguir:
(UFPB 2009)
A conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, interrompeu o comércio por terra entre a Europa e a Ásia, obrigando os europeus a buscarem novas rotas comerciais, agora pelo mar. Esse fato beneficiou os países atlânticos e ajudou a deslocar o eixo econômico para a Europa Ocidental. Portugal e Espanha tomaram a dianteira nesse processo, que ficou conhecido como expansão marítima.
Além do acontecimento da tomada de Constantinopla e suas decorrências, algumas outras condições favoreceram os países ibéricos na expansão marítima, entre elas:
a) A existência de uma burguesia mercantil forte, responsável pelo financiamento e administração do empreendimento marítimo sem a participação do Estado.
b) Um sólido conhecimento das rotas do Oceano Atlântico, apesar da inexistência de instrumentos seguros de navegação.
c) A centralização política e administrativa dos Estados português e espanhol, em torno de monarquias absolutistas.
d) A disponibilidade de um grande excedente populacional para as viagens marítimas, além dos pequenos riscos dessas viagens para as tripulações das embarcações.
e) A restrição do mercado de especiarias do Oriente, com a busca consequente de novos mercados no Ocidente.
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