Revoluções de 1830 e 1848: movimentos liberais

Revoluções de 1830 e 1848: movimentos liberais

As revoluções liberais que ocorreram no século XIX, com maior efervescência nos anos de 1830 e 1848, iniciaram-se em nas nações europeias, mas repercutiram por diversas nações contemporâneas, por defender, propagar e difundir ideais liberais, inovadoras para o período. 

Embora tenham acontecido em dois períodos diferentes, as revoluções de 1830 e 1848 guardam semelhanças entre si. Principalmente no aspecto popular, em que os cidadãos levantaram-se para defender posicionamentos políticos, questionar as autoridades e demonstrar sua insatisfação.

Marcos de mudanças e transformações em diferentes espaços geográficos, os dois movimentos têm importância no estudo pré-vestibular: tanto porque constituem a história ocidental, quanto porque representam a força popular. 

Tais tópicos são relevantes não apenas no aspecto conteudista e histórico do conhecimento, mas também para a construção de críticas e argumentações em redações e questões dissertativas que abordam conteúdos relacionados. Continue lendo!

Revolução de 1830

Contexto histórico

O contexto histórico da Revolução Liberal de 1839 remonta, ainda, aos ideais propostos na Revolução Francesa. Em 1789, franceses levantaram-se politicamente em oposição aos ideais da monarquia absolutista, que favorecia uma intensa desigualdade social. 

O movimento do século XVIII, ainda que muito inspirador para a população e também para outras nações, não foi suficiente para alterar completamente o cenário francês. No fim da Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte assumiu o controle da nação.

Desenvolveu-se, então, a gestão imperialista de Napoleão. Quando o imperador foi derrotado, governantes europeus reuniram-se prontamente, no Congresso de Viena, para restituir as terras que foram perdidas na Era Napoleônica, bem como para reestruturar o sistema absolutista. 

Assim, a dinastia Bourbon se reintegrou na França na figura do rei Luís XVIII. Nesse governo, novas leis foram instauradas, que reestruturaram o poder do rei como autoridade máxima do Estado. 

A população, em consequência, enxergou a situação como um retrocesso de toda luta empenhada alguns anos antes. Diante disso, populares mobilizavam-se politicamente com insatisfação: alguns em favor do retorno de Napoleão ao poder, enquanto outros buscavam uma nova chama revolucionária como fora em 1789 — existia ainda um terceiro grupo, que era a favor da monarquia absolutista. 

O início da Revolução de 1830

No desenrolar de tais debates políticos, o rei Luís XVIII faleceu e um novo rei é empossado: Carlos X. Nessa nova governança, os valores absolutistas foram ainda mais reafirmados, inclusive, algumas conquistas democráticas, como a eleição de deputados, foram revogadas pelo novo monarca. 

A população não se calou e, engajados, criaram oposições severas, as jornadas gloriosas. Em menos de um mês, os protestos populares culminaram no exílio do rei Carlos X para as terras britânicas. 

Então, um novo membro da família real é empossado, o duque Luís Felipe de Orleans, que tentou manter a situação mais equilibrada: revogou algumas regras absolutistas e, principalmente, abriu mão de decisões do Congresso de Viena. Assim, a política francesa foi transformada e, nesse momento, a burguesia ganhou maior notoriedade na organização da nação. 

Ainda, uma vez que o monarca francês posicionou-se em oposição a uma das maiores decisões absolutistas da história da Europa, populações de diversas nações observaram que o povo teria força e voz para transformar sua sociedade. Nesse contexto, em outros países, houveram levantes liberais, como na Holanda e até mesmo no Brasil, que também estava no embate entre a monarquia portuguesa ou um governo liberal brasileiro.

Revolução de 1848

Alguns anos após os movimentos da população em 1830, uma nova onda de revoluções inicia-se no continente europeu no ano de 1848. O conjunto desses levantes populares fez com que o século XIX seja conhecido como o século das revoluções, especialmente pela ampla difusão do liberalismo na Europa e em outros continentes. 

Se 1830 fora suficiente para atingir outras nações na Europa e América, a Revolução Liberal de 1848 ficou marcada como “Primavera dos Povos”, porque houve uma série de revoltas da população em numerosas nações europeias. 

Contexto histórico

Conforme as ideias liberalistas eram difundidas na população, mais insustentável era o modelo monarquista e absolutista que imperava em muitas nações europeias. Conforme observavam o liberalismo e as amarras políticas promovidas pelo absolutismo, mais o povo clamava por liberdade política, direito a voto e outras medidas democráticas, que descentralizaram o poder. 

Ao mesmo tempo, o cenário social e econômico não era muito positivo no século XIX. Ao mesmo tempo em que se desenvolvia a Revolução Industrial, ainda havia uma importante dependência do setor agrícola para a sobrevivência de muitas famílias. 

Nesse contexto, uma dificuldade nas colheitas causou uma grande crise de fome em alguns países europeus, enquanto as condições de vida e trabalho eram degradantes, com  a urbanização recente e um modelo industrial hostil ao proletariado.

O início da Revolução de 1848

O primeiro passo da Revolução de 1848 foi dado pelos franceses que, mais uma vez, achavam-se insatisfeitos com a realidade da monarquia francesa. Nessa ocasião, aboliu-se o modelo monarquista e instituiu-se a Segunda República Francesa, que teria mais características democráticas e liberais.

Inspirados no movimento francês, alemães, italianos e austríacos desenvolveram grandes movimentos sociais que resultaram em transformações importantes. Por exemplo, a Unificação Italiana e a Unificação Alemã são decorrentes de protestos iniciados na Primavera dos Povos. 

Mesmo que os levantes fossem efetivos, as forças nobres e elitistas da Europa foram fortes o suficiente para reprimir as vozes revolucionárias nas diferentes regiões e, ainda em 1849, todos os movimentos já tinham finalizado.

Ainda que as repercussões no curto prazo pareçam pequenas, é importante observar as revoluções liberais do século XIX de uma visão mais ampla: em uma série de movimentos populares, o povo conseguiu desestruturar a monarquia absolutista europeia. Ao mesmo tempo, foram efetivos em introduzir, com afinco, os ideais democráticos e liberais na sociedade. 

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