Quarteto: o que é, características e aplicações

Quarteto: o que é, características e aplicações

Compreenda como é a estrutura poética dos quartetos, suas características e qual sua importância para a tradição literária

O quarteto, em resumo, é uma estrutura poética composta por quatro versos que, juntos, formam uma unidade de sentido. Pode apresentar diferentes esquemas de rima e métricas variadas, sendo amplamente utilizado tanto na poesia clássica, sobretudo na composição do soneto, como em formas poéticas mais modernas.

O estudo do quarteto é importante porque amplia a compreensão sobre a organização estrutural e os recursos expressivos da poesia, um gênero recorrente tanto na literatura quanto nas provas de vestibular.

Continue lendo este artigo para compreender melhor o que é o quarteto, como ele funciona dentro de um poema e qual a sua relevância para a tradição literária. 

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Qual é o conceito de quarteto? 

O quarteto é uma estrutura poética que contém quatro versos, como vimos anteriormente, que, juntos, criam uma ideia completa em termos de ritmo, sentido ou construção gramatical. 

Pode ter diferentes combinações de rima (como ABBA ou ABAB) e costuma seguir uma métrica regular. Ele aparece com frequência em poesias líricas e, principalmente, nos sonetos, onde costuma apresentar ou desenvolver o tema do poema.

Na literatura ocidental, por exemplo, o quarteto chama atenção pela clareza e equilíbrio, pois permite organizar ideias de forma concisa sem perder expressividade. 

A relação entre os quatro versos gera um espaço propício para apresentar imagens poéticas, emoções ou reflexões, além de facilitar o uso de contrastes e repetições, ou seja, cria também um terreno fértil para utilização de figuras de linguagem.

Essa forma de organizar os versos ajuda, ainda, a dar musicalidade ao texto e tornar a mensagem mais marcante para quem os lê.

O quarteto na história da literatura

A origem do quarteto remonta à tradição poética da Antiguidade, embora seu uso de forma mais reconhecida tenha se consolidado na literatura europeia a partir da Idade Média

Na poesia greco-romana, estruturas fixas de versos já eram exploradas, mas foi com o desenvolvimento do soneto italiano, no século XIII, que o quarteto passou a ocupar um papel de destaque. O poeta Giacomo da Lentini, considerado o criador do soneto, e mais tarde Petrarca, foram importantes para fixar a forma clássica com dois quartetos e dois tercetos.

Veja um exemplo de quarteto retirado do soneto 61 do Canzoniere, de Petrarca, traduzido por Vasco Graça Moura:

“Bendito seja o dia, o mês, o ano,
e a estação, o tempo, a hora, o instante
em que os meus olhos viram tão distante
a luz que me deixou de amor insano.”

Observe que os quatro versos formam rimas em esquema ABBA, e organizam uma sequência de exaltações que introduzem o tema do poema: o amor idealizado. 

Durante o Renascimento, o quarteto ganhou força como elemento essencial da poesia lírica. Poetas como Luís de Camões, em Portugal, e William Shakespeare, na Inglaterra, utilizaram com proficiência essa estrutura. No soneto shakespeariano, por exemplo, três quartetos organizam a progressão do pensamento poético antes do verso final.

Veja um exemplo de quarteto retirado do Soneto 18, de Shakespeare, com respectiva tradução livre:

Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date
(Devo comparar-te a um dia de verão?
És mais amável e mais apaziguante:
Ventos fortes sacodem os botões de maio,
E o verão dura sempre muito pouco.)

Esse quarteto inicial introduz o tema central do soneto, que é a beleza do ser amado em comparação com a natureza, e a busca por eternizá-la por meio da poesia.

Avançando um pouco mais na linha do tempo da história da literatura, no período barroco e nas escolas poéticas posteriores, o quarteto continuou sendo explorado, muitas vezes por sua capacidade de organizar o discurso com ritmo e equilíbrio.

No Romantismo, autores como Castro Alves e Almeida Garrett usaram quartetos para expressar emoções fortes e imagens de impacto. Já no Simbolismo e no Modernismo, a estrutura foi adaptada e reinventada por poetas como Fernando Pessoa e Cecília Meireles, que experimentaram novas formas de sonoridade e liberdade métrica.

Veja um exemplo de quarteto retirado de “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa:

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”

No exemplo, é possível notar que Pessoa brinca com a ideia de autenticidade e ilusão na arte poética, tema basilar de sua obra. Os versos, de métrica regular e rima intercalada ABAB, formam uma unidade de sentido completa, que abre o poema com uma reflexão sobre o papel do poeta e a natureza da criação artística. 

Já na literatura contemporânea, o quarteto permanece como uma forma expressiva importante, ainda que em meio à diversidade de estilos e à liberdade formal do verso livre. 

Autores como Adélia Prado e Ferreira Gullar mostram como a estrutura do quarteto pode ser ressignificada e continuar relevante, atual. Poetas contemporâneos, especialmente nas redes sociais, com o advento da internet, ou em formatos mais visuais, também adotam o quarteto como forma de condensar ideias e sentimentos com intensidade e clareza.

Análise e interpretação de quartetos

A interpretação de um quarteto envolve uma leitura focada e a observação de sua estrutura formal e de seu conteúdo. Analisar os quatro versos exige atenção à métrica, à rima, ao ritmo e às figuras de linguagem, além do contexto em que foram escritos.

Uma dica importante é: sempre leia mais de uma vez o poema completo, pois muitas vezes é em uma segunda ou terceira leitura atenta que captamos mensagens e significados que estão ocultos, em uma camada mais profunda do texto.

Veja a seguir um quarteto retirado do poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade:

“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,”

Vamos analisar alguns aspectos desse trecho:

  • Rima: há um esquema de rimas toantes em “acabou”, “apagou” e “sumiu”, que conferem musicalidade (fica perceptível sobretudo recitando o quarteto em voz alta) e corroboram o tom de desamparo;
  • Métrica: os versos são livres, o que é típico da poesia modernista, permitindo maior espontaneidade e aproximação com a oralidade;
  • Ritmo: o ritmo marcado e repetitivo da enumeração contribui para construir a sensação de vazio e questionamento existencial; e
  • Figuras de linguagem: destaca-se, nesse trecho, a anáfora (repetição de “a” no início de dois versos) e a interrogação retórica (“E agora, José?”), que demonstram certa angústia do eu lírico diante da solidão e da falta de sentido.

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