Formação de palavras na Língua Portuguesa

Formação de palavras na Língua Portuguesa

A área da linguística que estuda a formação de palavras na Língua Portuguesa é a morfologia. Com esse conhecimento é possível entender a relação entre as palavras radicais e ainda alterar o sentido de uma palavra por meio de sufixos, prefixos, entre outros elementos morfológicos.

Neste artigo, serão apresentados os principais processos e elementos na formação de palavras da Língua Portuguesa, com exemplos, além de questões de vestibulares resolvidas e comentadas sobre a temática. Continue lendo e informe-se!

Conceitos em formação de palavras

Na Língua Portuguesa, especialmente na área da morfologia, o processo de formação de palavras permite criar diferentes verbos, substantivos, advérbios, entre outras classes, somente a manipulação de fonemas. Com isso, a língua é rica e diversificada, tanto do ponto de vista cultural quanto na grafia.

Palavras primitivas e palavras derivadas

As palavras que estão na base da linguagem são chamadas de palavras primitivas, elas são independentes e não se originam de nenhum outro termo do português. Isso significa que são originadas historicamente, muitas vezes como adaptações de outras línguas antigas, como o latim e o guarani. 

A partir dessas palavras primitivas, é possível utilizar processos de formação de palavras para constituir novos significados e sentidos para o termo. Então, surgem as palavras derivadas, que são uma ramificação das palavras primitivas. 

Por exemplo, a palavra primitiva pedra tem etimologia grega e latina (petra), então, mediante as alterações morfológicas para a formação de palavras na Língua Portuguesa é possível formar as derivadas: pedreira, pedregulho, pedraria, pedrisco, pedreiro, pedragem, pedrinha, entre outras.

Radicais e afixos

No processo de formação das palavras da Língua Portuguesa, cada parte do termo possui um nome. O elemento base de uma palavra é chamado de radical, responsável por trazer o sentido essencial, o primeiro significado ao observar aquele termo. Radicais tem uma estrutura fixa, e sempre indicam um único conceito ou objeto.

Entretanto, ao construir os vocábulos, é possível alterar o significado mudando para negativo, positivo, transformando em advérbios, somando ao sentido de outra palavra. Para isso, podem ser utilizados os afixos. 

Afixos são os menores morfemas que podem formar uma palavra da língua portuguesa. Geralmente, possuem duas ou três letras e podem aparecer antes, depois ou até no meio do radical para alterar a semântica.

Por exemplo, toma-se o radical “folh”, somente ao observar a estrutura da palavra Fnota-se a referência a algo como “folha”. De fato, a palavra folha é formada pela união entre o radical “folh” + afixo “a”, que também pode ser chamado de vogal temática — uma letra vocálica que consegue completar o sentido do radical. 

Outros afixos podem ser adicionados para alterar o sentido, como utilizar “inha” para alcançar o diminutivo “folhinha”. Ou ainda, adicionando um afixo “agem” ao fim do radical, pode-se construir um substantivo derivado. Note como diversas possibilidades surgem pela união entre afixos e radicais. Essa é uma das bases da formação de palavras na Língua Portuguesa. 

Afixos podem ser chamados de:

  • Prefixos, quando são inseridos anteriormente ao radical;
  • Infixos, se estão posicionados no meio da palavra; e
  • Sufixos, quando opta-se por morfemas que fixem-se ao final do radical. 

Processo de formação de palavras

Com base nos principais conceitos e elementos apresentados anteriormente, as palavras da Língua Portuguesa são formadas, principalmente, por meio de derivação e composição. Em casos menos comuns, também podem ser construídas pela junção de diferentes etiologias, imitação de algum som ou processos mais rudimentares para preencher um significado que ainda não tenha um vocábulo específico, acompanhe detalhes nos tópicos abaixo.

Derivação

Derivação é o nome dado para o processo de formação de palavras em que existe um radical e os afixos são utilizados para trazer um sentido único ao termo. 

Prefixação

Na derivação do tipo prefixal, o afixo aparece anteriormente ao radical ou palavra primitiva. Existem diversos prefixos na Língua Portuguesa e cada um deles trará um sentido para a formação do termo. 

Por exemplo, dada a palavra felicidade é possível prefixar com “in-”, que traz uma noção de negatividade: infelicidade. Por outro lado, ao adicionar o prefixo “pseudo” (pseudofelicidade) evidencia-se a ideia de falsa felicidade. 

PrefixoSignificadoExemplo
Ante-AnterioridadeAntevéspera
Auto-Relativo a si mesmoAutomóvel
Bio-Relativo à vidaBiografia
Entre-Que fica no meio;intermediárioEntreposto
Intra-Que fica dentro, internoIntrauricular
Pre- AnterioridadePreconceito
Re-RepetiçãoReconstruir

Sufixação

A ideia da sufixação segue o mesmo princípio que o processo anterior, a principal diferença é está na posição dos afixos: eles devem ficar ao fim da palavra, depois do radical. Esse tipo de derivação é especialmente interessante para a criação de advérbios como “feliz + mente = felizmente” ou “oportun + mente = oportunamente”. 

PrefixoModificaçãoExemplo
-anteQualifica um sujeitoAndante
-ãoAto ou efeitoFalação
-dadeSubstantivação a partir de adjetivoRealidade
-osoAdjetivação a partir de substantivoApetitoso
-menteFormação de advérbioFalsamente
-velFormação de adjetivo a partir de verboAdaptável

Regressiva

A derivação regressiva, por sua vez, reduz a palavra primitiva para construir um novo sentido. Ou seja, não há aplicação de afixos. Geralmente é o processo de formação para substantivos que derivam de verbos, como demonstrado abaixo.

Trabalhar → retira-se o r → “o trabalho”

Perder → retira-se o r → “a perda”

Atacar→ retira-se o r → “o ataque”

Parassíntese

Parassíntese ou derivação parassintética é aquela em que ocorre a união de um prefixo + um sufixo no mesmo radical ou palavra primitiva, ao mesmo tempo. Então o radical fica no entreposto entre dois afixos. 

É um processo de grande utilidade para a transformação de um radical em um advérbio + alteração de sentido. Por exemplo, in (prefixo de negação) + feliz (palavra primitiva) + mente (sufixo de modo) → infelizmente. Essa palavra nega o sentido do elemento de base + adiciona uma qualidade de modo/maneira para o termo. 

Imprópria

Por fim, existe ainda a formação de ncement-1aba7ff3-5be6-4250-91df-5152ae979746″ class=”textannotation disambiguated wl-thing” itemid=”https://data.wordlift.io/wl110249/entity/palavras”>palavras por derivação imprópria. Nesse caso, a palavra em si não é alterada, não são adicionados afixos, sufixos, nem mesmo ocorre regressão do termo. O que muda é a classe gramatical da palavra primitiva, simplesmente com manobras gramaticais.

Por exemplo, a ef=”https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/portugues/gramatica/” target=”_blank” rel=”noreferrer noopener”>gramática prevê que os termos que surgem após um artigo são considerados substantivos. Então, ao escrever um verbo após um artigo, é possível alterar a classe da palavra, como em:

  • O chorar trás alívio a alma;
  • O jantar está servido.

Derivação imprópria também pode ocorrer com a transformação de outros tipos de palavras, como “O homem formiga veio aqui ontem”, em que a palavra formiga transiciona de substantivo para adjetivo. 

Composição

O segundo tipo mais comum de processo para formar palavras na Língua Portuguesa é a composição. Nesse caso, ocorre a junção de dois ou mais radicais para construir um novo e a nova composição pode ser classificada entre aglutinação e justaposição.

Justaposição

Justaposição é a composição em que a união dos radicais não altera suas estruturas originais. De forma sucinta, é a união simples entre dois termos principais, sem qualquer modificação sonora importante, adição ou exclusão de elementos. Acompanhe os exemplos abaixo:

  • Guarda + sol = guarda-sol;
  • Gira + sol = girassol;
  • Terça + feira = terça-feira;
  • Quebra + nozes = quebra-nozes; e
  • Passa + tempo = passatempo.

Aglutinação

No caso da composição por aglutinação, ao unir os dois radicais, pelo menos um deles sofre alterações importantes para constituir o novo termo. Então, o som não é igual a pronunciar as duas palavras separadas, há uma alteração morfológica e fonética nos termos, via de regra. 

Toma-se como modelo a ancement-f4a91621-4ecc-4a54-bfc7-c3612335879d” class=”textannotation disambiguated wl-thing” itemid=”https://data.wordlift.io/wl110249/entity/palavras”>palavra planalto. Seu significado e origem vem da união entre as palavras primitivas plano + alto. No processo de formação do vocábulo, então, o fonema vocálico “o” é suprimido, assim como a letra o da grafia, caracterizando uma composição por aglutinação. 

Hibridismo

Outro processo de formação de palavras que norteia a Língua Portuguesa é o hibridismo. Nesse caso, a construção é baseada na origem dos radicais. Um termo híbrido é construído por dois radicais de origens linguísticas diferentes, por exemplo em televisão: “tele” do grego + “videre” do latim. 

Neologismos

Neologismo é o nome dado para um tipo de formação de rn:enhancement-344f2d32-de0a-479b-a20c-f870edf8fcf0″ class=”textannotation disambiguated wl-thing” itemid=”https://data.wordlift.io/wl110249/entity/palavras”>palavras em que não há uma regra bem definida. São termos construídos para criar um sentido novo, um novo significado para um conceito existente, mas que não tenha nenhum vocabulário específico ainda. Um neologismo clássico é a palavra “juridiquês”, criada para fazer referência à linguagem utilizada no mundo jurídico, que geralmente está longe do léxico popular.

Onomatopeia

Por fim, as onomatopeias são ancement-2d89d9a7-eae3-4d7c-aa06-444da0e488b6″ class=”textannotation disambiguated wl-thing” itemid=”https://data.wordlift.io/wl110249/entity/palavras”>palavras formadas com o intuito de imitar sons do cotidiano. O processo de formação baseia-se na semelhança entre o som que se deseja representar e os fonemas escolhidos.

São termos muito utiliz6-444da0e488b6″ class=”textannotation”>ados em revistas em quadrinhos, animes e outras artes que tenham essa interface entre o visual e o auditivo. Além disso, também podem ser empregadas em prosas para conferir intensidade à leitura. Veja alguns exemplos:

  • Latido do cachorro: au-au;
  • Miado do gato: miau;
  • Buzina: bi-bi, fom-fom;
  • Trovão: cabrum;
  • Batida na porta: toc-toc;
  • Explosão: boom, bum.

Questão sobre formação de palavras na Língua Portuguesa

Unicamp (2022)

Leia, a seguir, o título e subtítulo de uma reportagem.

(Fonte: Correio 24horas. 21/06/2021.) 

Ao longo da pandemia da Covid-19 tornou-se cada vez mais recorrente o uso da expressão de língua inglesa home office (em tradução literal, “escritório em casa”) para se referir a trabalho a distância ou a teletrabalho. Indique a alternativa que descreve o processo de composição do neologismo “roça-office”, conforme empregado no título da reportagem.

A) A substituição do vocábulo em inglês “home” por “roça” torna o uso desse estrangeirismo mais adequado à grafia do português.

B) A justaposição de “roça” e “office” produz um efeito cômico pelo contraste entre os meios rural e urbano na formação do neologismo.

C) A justaposição de “roça” e do neologismo “office” baseia-se na similaridade fonético-fonológica entre os vocábulos “home” e “roça”.

D) A aglutinação dos radicais “roça” e “office” adapta o neologismo aos imóveis brasileiros e produz o efeito de humor na manchete.

Nesse caso, como não há modificação de nenhum dos dois radicais, compreende-se que temos a construção de uma formação por composição justaposta. Inclusive, não podemos compreender que essa justaposição ocorre por similaridade fonético-fonológica entre as palavras, mas pela necessidade de construção de uma nova palavra, um neologismo. 

É importante ressaltar também que não1c20186-bc77-4ee9-b1f3-24da5d57a705″ class=”textannotation”> temos a adequação à norma escrita do português no termo “roça-office”, dado que não há necessidade de aportuguesar a expressão, mas apresentar uma modificação do conceito inicial.

O autor busca ainda, por meio da comicidade, construir o contraste entre o meio urbano, ligado ao Office, e o meio rural, ligado à ideia de “roça”. É a construção de uma quebra de expectativa de onde funcionariam os escritórios em casa.

Alternativa correta: B.

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