Atualmente, as redes sociais e o contato constante com informações constituem a realidade de grande parte da população que vive em um mundo globalizado. Com isso, frequentemente, diversos artigos, textos, conhecimentos são difundidos, muitas vezes de forma contraditória e o leitor internauta fica perdido com tanta informação.
Diante desse cenário, é importante desenvolver interpretação e crítica para a leitura dos materiais, criando maior liberdade para a formação da opinião própria, na vida pessoal ou profissional.
Neste artigo, serão abordados alguns pontos que devem ser levados em consideração para criar um senso crítico durante as leituras cotidianas. Cada vez mais essa habilidade tem sido necessária para a vida em sociedade e, do ponto de vista acadêmico e profissional, a crítica às informações pode ser um ponto de destaque entre os colegas de profissão.
Dada a importância dessa aptidão, inclusive para o combate às falsas notícias, cada vez mais as provas de vestibulares cobram questões com esse escopo. Então, ao final deste texto, veja um exemplo comentado e resolvido de como o tema pode ser relevante para o estudo pré-vestibular.
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Interpretação de texto
Para desenvolver um bom senso crítico durante as leituras, é importante que o leitor tenha uma compreensão plena da mensagem que está sendo transmitida. Então, a interpretação correta dos textos e das informações, relacionando corretamente as palavras e orações permite deter o conteúdo. Afinal, a crítica deve ser realizada com base na compreensão das informações, evitando possíveis desentendimentos entre o que o autor disse e o que o interlocutor entendeu.
Um dos pontos principais para a correta interpretação de texto é o conhecimento sobre a linguagem em que ele está escrito, isso significa que, para os vestibulares brasileiros, é importante desenvolver uma boa habilidade na leitura de textos em português culto, formal, coloquial e informal. Afinal, todas variações linguísticas são parte da cultura brasileira e podem aparecer em diversas provas.
Um exemplo claro de como a interpretação é proporcional ao conhecimento linguístico é a língua inglesa. Muitos vestibulandos e acadêmicos buscam conhecer o inglês, mas se o vocabulário no idioma for escasso, a interpretação é prejudicada e o aluno tende a perceber as mensagens de forma incompleta e/ou errônea.
Outro ponto importante é entender a estrutura da linguagem que está sendo utilizada, no Português é comum encontrar textos com inversões sintáticas. Então, é relevante atentar-se na relação entre os pronomes, objetos e verbos, garantindo que a mensagem não seja interpretada de maneira equivocada.
A interpretação textual também depende de reconhecer o tipo de texto que é objeto da leitura. Alguns materiais têm cunho mais informativo, como as matérias jornalísticas, então espera-se encontrar dados sobre a situação política de forma objetiva. Já na leitura de uma carta, por exemplo, a mensagem tem aspecto mais pessoal, emocional e subjetivo.
Essas e outras habilidades que são cruciais para a correta interpretação do texto são desenvolvidas a partir do contato com a linguagem, leitura constante e, se possível, sempre tentar resumir ou congregar as principais informações do material lido (nem que seja só falar em voz alta os principais tópicos do texto), para testar a retenção das informações.
+ Veja também: Contexto e Intertextualidade: elementos da interpretação dos textos
Textos verbais e não verbais: o que são e como interpretar?
Interpretação crítica
A interpretação crítica de um conteúdo acontece quando, ao ler o material, o leitor não apenas retém as informações, mas também questiona os argumentos, avalia se há uma coerência entre os dados fornecidos e se há concordância daquele texto com outros que debatem o mesmo tema.
Para que essa leitura crítica se desenvolva, é importante desenvolver um grande arsenal sociocultural, em que muitos dados do dia a dia estejam bem consolidados com o leitor. Então, quando ele se deparar com informações muitos destoantes daquilo que está consolidado como certo cientificamente e/ou social, poderá questionar esses argumentos.
Além disso, encontrar a fonte correta das informações é uma maneira assertiva de ter leituras mais críticas. Por exemplo, durante a vida acadêmica, muitos estudantes se deparam com artigos opostos entre si, argumentando dois pontos de vista diferentes. Nesses casos, é necessário encontrar os textos que tenham maior evidência de veracidade, mais aclamados por especialistas na área e, caso haja dados estatísticos, quais deles são mais relevantes e significativos dentro daquela pesquisa.
A partir do exemplo das ciências biológicas, pode-se dizer que todos os medicamentos e procedimentos médicos terão algum grau de risco para o paciente. Então, é possível encontrar um documento em que as informações demonstram os mais diversos problemas que um remédio X pode causar, nesses casos, é necessário buscar outras fontes (também significativas e confiáveis) que falem sobre as vantagens daquele fármaco.
Com isso, de forma crítica, é possível interpretar os dados, fazendo um balanço entre os riscos e benefícios e entender a porcentagem de cada um, quais fatores são mais importantes para determinar a escolha de um medicamento. Ao fim desse filtro crítico, define-se o uso ou não do tratamento.
Uma das maneiras mais eficientes de compreender um texto de forma crítica é questioná-lo, se deparar com um argumento e pensar quais são os dados que embasam aquela informação. Com isso, caso haja alguma digressão lógica na linha de raciocínio do autor, o leitor poderá captá-la.
+ Veja também: Interpretação de textos teóricos e científicos: como fazer?
Importância da interpretação e crítica
Como foi mencionado no início deste artigo, o mundo atual e globalizado é um centro de geração de informações. Mas, não necessariamente, todas elas são válidas, verdadeiras e confiáveis. Diante disso, muitos dados falsos são divulgados e, até mesmo, podem ser apoiados pela mídia e grandes massas.
As fake news, que estão em grande debate na sociedade contemporânea, são um exemplo de como a leitura crítica é importante, e também o rebate delas perante a população. Afinal, se esses argumentos falsos são propagados, podem trazer prejuízos sérios em diversos âmbitos, como saúde, educação, religião, política, economia, segurança, entre outros.
Por fim, a interpretação e a crítica correta dos textos e discursos garantem que o indivíduo desenvolva, por si só, uma emancipação em relação aos dados. O senso crítico garante que o cidadão não seja um repetidor passivo de conteúdo, mas um questionador que só divulga materiais que considera válidos.
Questão sobre interpretação e crítica
Fuvest (2024)
“A história do skate no Brasil passou por fases diferentes e até mesmo antagônicas. Em 1988, por exemplo, na cidade de São Paulo, sob acusação de ser prática displicente, foi promulgada a Lei n o 25.871, pelo então prefeito Jânio Quadros, que proibia a prática da modalidade nas ruas da cidade. Essa proibição foi alterada no ano seguinte, quando a nova prefeita da cidade, Luiza Erundina, em um de seus primeiros atos, revogou essa mesma lei e liberou a prática do skate nas ruas da cidade.
Anos depois, em 2015, o Brasil somava 8,4 milhões de praticantes de skate, segundo pesquisa Datafolha.
Já em 2021, quando o skate estreou como modalidade olímpica nos Jogos de Tóquio, o Brasil se destacou como o segundo país com mais medalhas olímpicas na modalidade.
No mesmo ano, a indústria nacional ligada ao esporte foi considerada a segunda maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, cujo mercado é estimado em US$ 4,5 bilhões ao ano.”
Thais Carrança, BBC News Brasil em São Paulo, 26 de julho de 2021. Adaptado.
A partir da leitura do texto, é correto afirmar:
A) O skate adentrou o mundo esportivo, entre outros motivos, por pressão dos praticantes da modalidade. No entanto, práticas esportivas que surgem pautadas pelo lazer ou por atividades cotidianas não deveriam ser consideradas modalidades esportivas por não terem sido institucionalizadas desde sua origem.
B) Eventos esportivos de grande alcance, tal qual a Olimpíada, deveriam considerar as estruturas normativas que dão origem aos esportes para inseri-los nas competições. Apenas dessa forma, seria possível garantir a autenticidade das modalidades e justificar a inserção do skate como esporte olímpico.
C) Os esportes são uma forma de representação das práticas sociais. Sendo assim, as transformações sociais podem resultar em alterações de regras esportivas, na esportivização de práticas de lazer e até na extinção de modalidades esportivas.
D) Os esportes podem sofrer alterações normativas ao longo dos tempos. Com tal efeito, torna-se equivocado datar a criação de um esporte, pois ele já pode ter sofrido alterações que descaracterizaram sua origem.
E) O skate, bem como outras práticas esportivas, foi criado de modo discreto, por grupos pequenos, e ganhou força e ascensão a partir do aumento de incentivo financeiro para sua realização, o que é determinante para um esporte alcançar reconhecimento mundial.
Resposta: o texto aponta como os esportes são práticas sociais e a maneira como eles são entendidos muda de acordo com o tempo e sociedade. Os esportes se transformam e podem ser modificados de acordo com a maneira como são performados.
Alternativa correta: C.
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