Interpretação de imagens: importância, elementos e passo a passo

Interpretação de imagens: importância, elementos e passo a passo

Você sabia que as imagens carregam intencionalidade? Aprenda a identificar os elementos visuais que moldam a percepção do observador e como fazer uma análise crítica de imagens no vestibular

Você já reparou que o mundo está dominado por imagens? Elas estão nas redes sociais, nas ruas e, especialmente, na maioria das questões do Enem e dos vestibulares. Por isso, dominar a interpretação de imagens é uma competência essencial para acertar questões na prova e alcançar a aprovação.

Pensando nisso, o Portal do Estratégia Vestibulares preparou este guia para te ajudar a interpretar imagens, com um passo a passo prático para você ir além do que os olhos veem e decodificar a mensagem oculta por trás de cada figura. Confira!

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O que é leitura não verbal?

A leitura não verbal é a habilidade de interpretar e compreender mensagens que são comunicadas sem o uso de palavras. 

Quando aplicada à leitura de imagens, consiste na capacidade de decodificar as mensagens, emoções e intenções transmitidas pelos elementos visuais e pela composição da imagem, e não apenas pelo texto que possa acompanhá-la.

Por que saber interpretar imagens é importante?

Desse modo, as imagens — sejam charges, gráficos, ou pinturas — nunca são meras ilustrações. Elas são textos não verbais que expressam significados, fornecem dados e carregam uma intenção.

Saber como analisar imagens permite que você:

  • Identifique padrões;
  • Faça inferências;
  • Conecte a informação não verbal aos conhecimentos prévios; e
  • Relacione texto e imagem com segurança.

Elementos essenciais na interpretação de imagens

Para uma boa interpretação, você deve decompor a imagem em seus componentes estéticos e técnicos, pois estes elementos manipulam a nossa percepção. Alguns deles são: 

  • Cor: as cores costumam ter um simbolismo universal e transmitem mensagens ao observador. Por exemplo, o vermelho pode significar paixão ou perigo; o azul, calma ou frio. A oposição entre cores quentes e frias cria diferentes sensações e focos de atenção;
  • Luz e sombra (claro-escuro): a iluminação também é crucial, pois uso de luz forte em uma direção pode direcionar o olhar do leitor para um ponto específico (foco). A sombra ou o claro-escuro acentuado, como pode ser visto nas pinturas barrocas, é uma técnica não verbal que sugere mistério e dramatismo, ao mesmo tempo que cria a ilusão de profundidade, volume e tridimensionalidade nas figuras;
  • Composição e enquadramento:
    • A composição é a disposição dos elementos na tela. A famosa regra dos terços, por exemplo, sugere que os pontos de maior interesse visual estão nas intersecções das linhas de divisão do quadro;
    • O enquadramento (ou ângulo de visão), afeta a nossa percepção de poder. O ângulo picado (câmera de cima para baixo) tende a diminuir e fragilizar o objeto; o ângulo contra-picado (câmera de baixo para cima) tende a engrandecer e dar poder. Há ainda o plano geral, que mostra o cenário completo e a pessoa ou objeto dentro dele, enfatizando a insignificância momentânea do indivíduo dentro daquele espaço; e o close-up que preenche a tela com um objeto ou parte do corpo, excluindo o ambiente;
  • Linhas e formas: linhas horizontais transmitem estabilidade e calma, enquanto linhas diagonais sugerem movimento e tensão.

Como fazer a leitura de imagem?

Para fazer uma boa análise visual, é necessário organizar o raciocínio. Por isso, separamos algumas etapas para serem seguidas:

1. Identificação e contextualização

Identificar e contextualizar a imagem é o primeiro passo para uma interpretação bem-sucedida. Não comece a interpretar antes de responder às perguntas:

  • Identificação: qual é o tipo de imagem? Uma fotografia? Uma campanha publicitária? Um mapa? Uma pintura histórica?
  • Contexto: Em que época foi produzida? Qual é o autor? Qual é o propósito (informar, criticar, vender)? Essa contextualização fornece as chaves para a interpretação correta.

2. Denotação x conotação

Para analisar imagens de forma crítica, é fundamental saber a diferença entre denotação e conotação visual:

  • Denotação: é o que a imagem literalmente representa, sem espaço para ambiguidade. Exemplo: uma balança na imagem, sem significados adicionais;
  • Conotação: é o significado simbólico, cultural e subjetivo que a imagem sugere ou implica. Exemplo: uma balança na imagem simbolizando justiça ou equilíbrio. 

Nas provas, a conotação é o que gera a reflexão e exige a mobilização do seu repertório cultural.

3. Analise os principais elementos

Busque os principais elementos da imagem, especialmente aqueles que manipulam a nossa percepção:

  • Pessoas, personagens, objetos, figuras;
  • Cores; 
  • Luz e sombra (claro-escuro); e
  • Composição e enquadramento.

Desse modo, observe qual é a relação estabelecida entre os elementos da imagem, se o objeto está centralizado, se ele parece maior ou menor em comparação ao ambiente ou outros elementos, se há algum simbolismo na cor usada ou se a iluminação direciona o foco para um ponto específico. 

4. Analise emoções e intenções

Qual emoção o autor está tentando despertar?

  • Em campanhas: pense se a intenção é provocar desejo, medo ou felicidade no público-alvo;
  • Em charges: indignação, humor e reflexão são os propósitos mais comuns;
  • Logo, durante a análise, pergunte-se: “será que o autor está fazendo uma crítica?” “Quer persuadir?” “Quer apenas informar?” Identificar a intencionalidade e unir isso ao comando da questão é fundamental.

5. Conexões e interdisciplinaridade

Relacione a imagem com seu conhecimento de mundo. Busque na memória e use seus repertórios para encontrar referências culturais, históricas ou científicas que deem sentido à imagem. As obras de arte, por exemplo, demandam o conhecimento prévio de História da Arte e características de movimentos artísticos. 

6. Tenha um pensamento crítico

Por fim, adote uma postura crítica: questione-se sobre os possíveis motivos que levaram o autor a representar o assunto desta forma e não daquela outra. Ou ainda: “por que o autor escolheu esta cor ou este ângulo?”, “Qual é o objetivo desta escolha de enquadramento?”. Essa reflexão vai melhorar sua interpretação e prepará-lo para as questões que exigem análise de posicionamento.

Tipos de textos visuais mais cobrados

Para dominar a prova, você também deve conhecer as especificidades dos gêneros textuais mais recorrentes:

Charges, cartuns e tirinhas

Nesses textos, o foco está na crítica social e no humor e frequentemente utiliza-se a linguagem mista (verbal e não verbal). Nas charges, a caricatura e o exagero são essenciais. 

Além disso, lembre-se de que as charges estão ligadas a um momento histórico, ou seja, dependem do contexto para serem compreendidas, e sua mensagem pode perder o impacto com o tempo.

Publicidade e propaganda

A intenção é sempre a persuasão e a mudança de comportamento do público-alvo, por meio da utilização da função conativa da linguagem. Portanto, fique de olho em:

  • Apelos emocionais: o que a imagem tenta fazer você sentir para comprar ou mudar o comportamento?
  • Relação texto-Imagem: o slogan e a imagem se validam mutuamente para vender a promessa.

Um exemplo icônico de propaganda política é o pôster da Revolução Constitucionalista de 1932. Esses cartazes tinham como principal objetivo mobilizar e incitar a população paulista ao engajamento na luta contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas. Observe a imagem a seguir:

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Cartaz de convocação de voluntários para a Revolução Constitucionalista de 1932. Acervo do Memorial 32.

Note que a imagem faz uso de elementos persuasivos e contextualizados. O recurso visual mais impactante e persuasivo é o soldado em primeiro plano que, com um gesto apelativo (referenciando o famoso ‘Tio Sam’ das propagandas de recrutamento dos EUA), aponta o dedo diretamente para o espectador. 

Adicionalmente, pode-se notar a bandeira de São Paulo no fundo, símbolo de identidade e orgulho regional. Todos esses elementos conversam diretamente com os textos da imagem.

Obras de arte

A chave para entender as obras de arte muitas vezes está no contexto histórico. Assim, entender as principais características dos movimentos artísticos (Renascimento, Barroco e Impressionismo, por exemplo), o autor e a época permite que você decifre a função estética e social da obra.

Gráficos e mapas

A leitura não verbal de gráficos e mapas é essencialmente a habilidade de extrair e interpretar dados e informações espaciais através de elementos visuais estruturados, como símbolos, cores, legendas e eixos. 

Essa habilidade, crucial para as provas de Linguagens, Matemática e Ciências Humanas, aplica-se especialmente à análise de infográficos, um gênero textual multimodal (verbo-visual) muito frequente no Enem. 

Para uma análise eficaz do infográfico, é fundamental identificar seu objetivo: ele é expositivo (informa sobre um tema), comparativo (contrasta dados) ou argumentativo (defende um ponto de vista)?

Questão de vestibular sobre interpretação de imagens

Enem (2024)

Interpretacao-imagens-questao-vestibular
Disponível em: https://revistareacao.com.br.
Acesso em: 11 jan. 2024 (adaptado).

Nesse cartaz, a articulação do texto verbal com imagens de peças de quebra-cabeça corrobora a ideia de que é preciso 

a) respeitar as singularidades de cada criança para evitar preconceitos.
b) restringir brincadeiras para resguardar a criança de riscos.
c) assegurar proteção às crianças contra os perigos da vida
d) observar os comportamentos desafiadores das crianças.
e) enfrentar os desafios da educação das crianças.

Resposta:

Para resolver essa questão, é preciso atentar-se à simbologia das peças de quebra-cabeça, que frequentemente são associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

O cartaz usa uma imagem de peças de quebra-cabeça com crianças em situações de risco (brincando com tesoura, subindo em banco). Quando associadas ao texto verbal, sugere que é fácil confundir comportamentos de autistas com simples travessuras e reforça a ideia de que é necessário ter um olhar além do comportamento superficial.

Há, portanto, um apelo claro para combater preconceitos e julgamentos, considerando que comportamentos específicos podem estar relacionados ao autismo, e não apenas a “travessuras”. 

Alternativa correta: A.Para resolver essa questão, é preciso atentar-se à simbologia das peças de quebra-cabeça, que frequentemente são associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

O cartaz usa uma imagem de peças de quebra-cabeça com crianças em situações de risco (brincando com tesoura, subindo em banco). Quando associadas ao texto verbal, sugere que é fácil confundir comportamentos de autistas com simples travessuras e reforça a ideia de que é necessário ter um olhar além do comportamento superficial.

Há, portanto, um apelo claro para combater preconceitos e julgamentos, considerando que comportamentos específicos podem estar relacionados ao autismo, e não apenas a “travessuras”. 

Alternativa correta: A.

+ Veja também: Interpretação do texto jornalístico: características, estrutura e linguagem

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