Linguagem conotativa: definição, exemplos e questões de vestibular

Linguagem conotativa: definição, exemplos e questões de vestibular

A linguagem conotativa é um recurso da Língua Portuguesa que permite trazer diferentes significados para uma única palavra. Por meio dela, os termos podem adquirir um sentido figurado, um recurso muito explorado em músicas, textos poéticos e também no linguajar cotidiano. 

Conhecer a linguagem conotativa e o sentido não-literal das expressões pode ser útil para a compreensão de textos literários que utilizam esse recurso e, também, para reconhecer quando esses termos podem ou não ser empregados em redações — afinal, o sentido conotativo pode tender para a coloquialidade, algo que não é bem visto em bancas como o Enem. 

Se você quer aprender mais sobre o tema e manter-se antenado sobre os principais recursos da Língua Portuguesa, continue lendo este artigo. Neste texto, confira  as principais características da linguagem conotativa e como esse assunto aparece em provas de vestibulares. 

Linguagem Conotativa na Literatura

A linguagem conotativa, que também pode ser referida pelo sinônimo sentido conotativo, é uma forma de adaptar o significado da palavra conforme o contexto em geral. É uma forma de trazer mais expressividade para as orações, muito utilizada no cotidiano, de forma que pode ser entendida em diferentes cenários sociais. 

A principal marca da conotação é a sua capacidade de transmitir a mensagem por meio de termos que estão deslocados de seu sentido original. Por exemplo, o verbo “morrer” está relacionado ao fim da vida, cessação do metabolismo de um ser vivo e esse é seu significado literal. 

Apesar disso, é comum ouvir expressões como “estou morto de amores por ela”, “vou morrer de fome”, “estamos morrendo de calor”. Note como, em nenhum dos exemplos, o autor da oração refere-se ao morrer em seu sentido real. Trata-se de uma forma de conotação, que traz um significado de intensidade para as frases, que poderiam ser traduzidas como “estou sentindo um amor intenso por ela”, “ estou com muitíssima fome!”, “estamos sentindo um calor extremo”. 

Uma marca da linguagem conotativa é a sua dinamicidade. Afinal, é comum que novas expressões linguísticas surjam na sociedade ao longo do tempo, a depender das tendências da moda, das músicas mais escutadas da estação, dos memes que surgem em redes sociais, entre outros fatores. 

Na maior parte das expressões populares, os termos estão deslocados de seu sentido primitivo e assumem um novo significado. Um exemplo comum da atualidade está relacionado com o verbo “jantar” que, habitualmente, indica o ato de fazer uma refeição no período noturno ou ao fim do dia. 

Aproximadamente em 2020, surgiu uma nova gíria na internet em que os internautas comentavam “jantou cedo” em vídeos e memes. O significado da expressão é um modelo claro de linguagem conotativa, uma vez que “jantar”, nesse caso, significa o ato de argumentar bem, trazer um discurso acalorado e coerente para desbancar uma discussão, por exemplo. 

Linguagem conotativa x linguagem denotativa

O oposto da linguagem conotativa é a linguagem denotativa. Se a conotação trata sobre termos com sentidos novos e figurados, a linguagem denotativa representa o significado mais literal daquela palavra. Trata-se do sentido fiel ao que está proposto nos dicionários, geralmente em sua definição mais pura e direta.

Conhecer essas duas linguagens permite uma liberdade maior na escrita de textos, evita erros e ainda ajuda na interpretação de textos. O fazer poético geralmente se relaciona com a conotação, pois trata sobre temas sentimentais, subjetivos, metafísicos que suscitam o uso de uma linguagem mais figurada e elaborada. 

Já em textos jornalísticos, artigos científicos e matérias informativas, por exemplo, é adequado adicionar termos mais sóbrios, com sentidos literais, diretos e objetivos. Afinal, os temas são sérios, de importância social e não devem abrir margem para ambiguidades e interpretações subjetivas. 

Esse conhecimento deve ser levado em conta no momento de realizar uma redação. No Enem, geralmente opta-se pelo sentido denotativo, que traz mais seriedade e confiabilidade para o texto dissertativo-argumentativo. 

Já em bancas como a Unicamp, em que os gêneros textuais são variados ano a ano, é necessário avaliar a proposta de redação e se é possível adicionar expressões conotativas ou não. Em cartas e textos mais poéticos, é uma escolha a ser pensada, já se a pauta contiver um texto mais informativo-dissertativo, é interessante manter-se na linguagem denotativa. 

+ Veja mais: Denotação e Conotação: qual a diferença?

Figura de linguagem

As figuras de linguagem representam uma das formas mais clássicas de empregar a linguagem conotativa. São uma entidade da Língua Portuguesa que classifica as expressões populares e os exageros da linguagem, por exemplo.

O modelo mais clássico e famoso de figura da linguagem é a hipérbole. Acontece quando o autor desenvolve uma oração para trazer mais intensidade à fala, exagerando nos verbos, valores e números. 

“Foi dito um milhão de vezes que essa escolha é perigosa, ainda assim ela decidiu ir em frente”. 

Veja que, na frase acima, a expressão “um milhão de vezes” não assume seu sentido literal, mas um sentido conotativo. Nesse caso, há a intenção de explicitar que foi dito “muitas e muitas vezes”, mas o autor optou por utilizar a hipérbole. 

Questões sobre linguagem conotativa

(Enem/2009) 

Texto l 

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra […]

ANDRADE. C. D. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio. 1971 (fragmento). 

Texto ll 

As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo […]. A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se reúne ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que a nova pedra a acompanha em surdina… 

[…]

ANDRADE. C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Caderno B. 17/7/1979 (fragmento) 

Com base na leitura dos textos, é possível estabelecer uma relação entre forma e conteúdo da palavra “pedra”, por meio da qual se observa

a)  o emprego, em ambos os textos, do sentido conotativo da palavra “pedra”. 

b) a identidade de significação, já que nos dois textos, “pedra” significa empecilho.

c)  a personificação de “pedra” que, em ambos os textos, adquire características animadas.

d)  o predomínio, no primeiro texto, do sentido denotativo de “pedra” como matéria mineral sólida e dura.

e) a utilização, no segundo texto, do significado de “pedra” como dificuldade materializada por um objeto.

No texto I, a pedra representa um percalço, um obstáculo. Deve ser entendida de maneira metafórica como as dificuldades que precisamos enfrentar ao longo da vida.

No texto II, a pedra representa a tradição familiar do trabalho da lavadeira. A pedra e a mulher são parte de um todo que constitui esse trabalho. A pedra é, assim como a mulher, também uma trabalhadora.

Em ambos os textos, portanto, a palavra “pedra” é empregada em seu sentido conotativo, ou seja, figurado, não literal. A alternativa correta é a A.

+ Veja também: Poemas de Drummond: biografia e principais obras do autor
Função conativa: o que é essa função da linguagem?

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