A comunicação é essencial para o convívio social e influencia nas mais diversas áreas da vida. Para que as conversas sejam produtivas, é necessário que haja um equilíbrio entre a linguagem culta e coloquial, conforme o contexto em que se está inserido.
Esses assuntos aparecem com frequência nos vestibulares, que buscam do aluno um conhecimento sobre a aplicação prática da língua portuguesa. Afinal, é muito importante que, em qualquer profissão ou curso, os indivíduos saibam as regras básicas da comunicação.
Para criar se aprofundar nesse tema, acompanhe o artigo abaixo, construído pelo Estratégia Vestibulares: nele você encontra as principais diferenças, usos e regras presentes nessa parte do estudo linguístico.
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O que é linguagem culta?
Em termos gerais, a linguagem culta é aquela que se aprende nos livros didáticos e deve ser aplicada em contextos mais formais, que requerem maior eloquência e autoridade.
Os trabalhos acadêmicos, revistas científicas, congressos, documentos, audiências, ambientes jurídicos são bons exemplos do uso da linguagem culta no cotidiano. Nesses casos também ocorre maior preocupação com a estética da linguagem, a fala é mais polida e busca uma dicção mais rebuscada.
Além disso, a linguagem culta está muito relacionada com prestígio social. Em geral as pessoas admiram e idealizam intelectualmente os indivíduos possuem grande domínio da formalidade.
Nesse caso, percebe-se que a língua pode ser utilizada como instrumento de poder: a fala mais normatizada é capaz de admitir uma imagem positiva para o emissor e reforçar sua autoridade frente aos outros membros de uma mesma comunidade.
Nas redações de vestibulares, geralmente, a linguagem culta é requerida para a construção de textos. O Enem deixa isso explícito no enunciado de suas propostas: “A partir da leitura dos textos motivadores seguintes (…) redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema”.
Por outro lado, algumas provas podem pedir uma organização menos normatizada. Uma das pautas de redação da Unicamp 2021, por exemplo, cobrou um diário, gênero textual que permite maior liberdade de expressão e pensamento do autor, no qual a linguagem culta não é o principal foco da escrita.
O que é linguagem coloquial?
A linguagem coloquial, por sua vez, é aquela em que os locutores têm maior liberdade na construção das frases: a norma culta é aceita com menos rigidez, as gírias estão presentes e a comunicação é mais espontânea.
Os coloquialismos, expressões próprias da língua portuguesa falada, também marcam presença: “tipo assim”, “se manca”, “tá ligado?”, “que tá pegando”. Além disso, as palavras podem aparecer de forma contraída, como em “cê” (você), “pra” (para), “pera” (espera) e “tô” (estou).
Veja um exemplo de diálogo com linguagem coloquial:
“ — Cê vai na igreja? — perguntou a sogra.
— Vou sim, a gente vai cantar alguns hinos com o coral. Tipo, vai ser legal, mesmo que tô cansada — respondeu a menina, contente.
— Beleza, peraí que vou organizar as coisas para ir também.”
Note que a terceira pessoa do plural (nós) foi substituída por “a gente”, costume comum desse tipo de comunicação. Perceba as contrações e marcas da oralidade destacadas em negrito.
Qual a diferença entre linguagem culta e coloquial?
Desde o começo deste resumo tratou-se sobre a linguagem culta e coloquial, mas um grande ponto a se perceber é que a língua é um elemento dinâmico da comunicação.
Isso significa que ela se altera e se adapta ao momento em que o emissor se encontra. Em um churrasco com os amigos é completamente aceitável dizer que “nós vai”, mas essa construção não pode ocorrer na redação do Enem, por exemplo.
Nesse sentido, a principal diferença entre os dois tipos de linguagem é que uma segue a regra formal e as normas gramaticais, enquanto a outra está mais fora dos padrões e segue variações individuais, regionais e sociais.
Em uma entrevista de emprego não é adequado utilizar palavras como “mano”, “véio”, “vamo”, assim como não soa confortável falar “busque-me um copo d’água, por obséquio, caro amigo” em uma reunião entre colegas.
Com as características citadas anteriormente para cada linguajar, é possível reconhecer os ambientes sociais e/ou acadêmicos para utilizá-las adequadamente — afinal, é a confusão entre os conceitos que causa a inconveniência linguística.
Preconceito linguístico
No mesmo ponto de vista, é importante reconhecer as variações entre os usos e aplicações da coloquialidade ou formalidade. Muitas vezes, por não notar o ambiente de fala, os preconceitos linguísticos são reforçados.
As gírias, jargões e modos de falar de cada região, cultura, religião e grupo social não devem ser discriminados. Compreender o contexto da fala, a mensagem, o interlocutor e o objetivo é muito importante para desenvolver esse pensamento.
Como a função da linguagem é transmitir uma ideia, a forma como uma pessoa se comunica não deve ser denominada “certa” ou “errada” — o que acontece é uma adequação ou inadequação frente ao meio em que se encontra.
Nessa lógica, é também importante desconstruir a ideia de que certas regiões e estados brasileiros são inferiores por possuírem uma forma comunicativa diferente da norma culta.
Sejam os mineiros o “uai”, os cariocas com o “caô” ou “mermão”, os paulistas com seu “mano”, os baianos com o “oxente”, todos estão incluídos em variações linguísticas que não devem afetar a visão social ou política dos indivíduos.
Questão de linguagem culta e coloquial
Percebeu como é necessário entender as vertentes da linguagem culta e coloquial, seja para a vida social, seja para conquistar a aprovação? Então veja como esse assunto aparece nos vestibulares:
ENEM 2014
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber
a) descartar as marcas de informalidade do texto.
b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.
O texto versa sobre a dinamicidade da linguagem e a forma como ela pode variar com o contexto. Nesse raciocínio, a linguagem culta e coloquial estão ambas corretas, mas devem ser aplicadas em diferentes ambientes. Por isso, a alternativa correta é a letra D.
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