Níveis de Linguagem: quais são e quando usar?
Jason Leung – Unsplash

Níveis de Linguagem: quais são e quando usar?

De maneira direta ou indireta, todos os seres humanos sabem que a comunicação é essencial para a sobrevivência e para o convívio social. E, para tornar as mensagens mais adequadas, os níveis de linguagem devem variar conforme o sujeito, o interlocutor e o contexto da fala.

No texto a seguir você encontra as principais informações e características sobre as variações linguísticas. Acompanhe os exemplos e lembre-se de anotar os pontos que achar necessários, já que esses dados podem ser úteis para a redação ou interpretação textual das questões.

O que são os níveis de linguagem?

O primeiro ponto a ser discutido é a conceituação dos níveis de linguagem: diferentes formas de arranjar a mensagem, de forma que a mensagem seja transmitida com clareza para o receptor, conforme a situação comunicativa existente.

Por exemplo, ao assistir um jogo esportivo com seus amigos, é comum que o palavreado inclua gírias, jargões, palavras abreviadas, onomatopeias, ditados, entre outras expressões próprias do cotidiano. 

Por outro lado, em um congresso acadêmico, a construção frasal é rebuscada, com palavras específicas para o público ouvinte. Assim, surgem termos mais científicos e com conceitos mais complexos, além de maior formalidade na mensagem.

Perceba que, nesses casos, a escolha entre os diferentes níveis de linguagem é essencial para uma adequação linguística

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A classificação da língua em diferentes tipos não serve para minimizar a importância de uma ou outra categoria. Na verdade, essa ferramenta é útil para adaptar a mensagem ao contexto

Afinal, não seria adequado utilizar termos como “por obséquio” em uma reunião casual de amigos, assim como não é polido dizer “cês tão ligado sobre minha pesquisa, né?” em uma apresentação acadêmica.

Linguagem culta

O primeiro nível de linguagem a ser discutido será a linguagem culta. Ela abrange:

  • As “palavras difíceis”, que são menos utilizadas no cotidiano;
  • Uma sintaxe complexa, com maior preocupação com a norma padrão da Língua Portuguesa; e
  • Maior adequação às regras gramaticais.

É importante ressaltar que esse tipo de linguagem está muito associado ao reconhecimento e poder social. Nesse sentido, muitos indivíduos utilizam de seu conhecimento linguístico para demonstrar maior autoridade

Dessa forma, a linguagem culta aparece como um instrumento da oratória e pode ser utilizada, até mesmo em situações em que se deseja convencer ou persuadir alguém. 

Perceba, portanto, que os níveis de linguagem ultrapassam a ideia de regra linguística: podem ser ferramentas de argumentação, muitas vezes necessárias no dia-a-dia (e nas redações de vestibulares!).

Por fim, é necessário citar que a linguagem culta não precisa ser difícil de entender: na verdade ela pode ser simplificada — por exemplo, os materiais didáticos do Estratégia Vestibulares utilizam a norma-culta da Língua Portuguesa, mas transmitem a mensagem com clareza.

Linguagem coloquial

A linguagem coloquial é o nível de linguagem em que a mensagem é transmitida com maior liberdade de expressão. A preocupação com a norma-culta é menor e as regras gramaticais são menos consideradas.

Geralmente, a coloquialidade está atrelada ao contexto em que se fala: o sujeito falante, os receptores e o ambiente em que se encontram. 

É importante dizer que a linguagem coloquial não é incorreta só porque não carrega as normas gramaticais com rigidez. Na verdade, esse tipo de comunicação transmite uma necessidade da população em adequar sua fala à situação comunicativa. 

Veja, a seguir, o poema “Aula de Português” de Carlos Drummond de Andrade. Ele trata sobre esse assunto e, inclusive, apareceu na prova do Enem em 2006:

“Aula de português

A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Gois, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.”

Note como o autor compara a linguagem culta da aula de português com aquela que ele utilizava em sua infância. Assim, o embate demonstra a diferença entre as situações formais e informais. No último verso, o poeta conclui que o português possui duas faces.

Linguagem regional

A linguagem regional (também chamada de regionalismos) é caracterizada por apresentar palavreado típico de uma certa região, comunidade ou povo. Essas variações linguísticas podem ser chamadas de dialetos regionais.

Veja alguns exemplos:

  • Mineiro: “Esse trem (doce) está muito bom da conta, sô!”;
  • Baiano: “Oxente, pegue lá um capote (agasalho) que hoje vai fazer frio.”; e
  • Gaúcho: “Meu café da manhã foi cacetinho (pão francês) com tererê (chimarrão)”.

Linguagem Vulgar

Na linguagem vulgar, os falantes não utilizam a regra gramatical e ocorre, muitas vezes, transgressão da norma culta. Geralmente, ela está associada a um acesso precário da educação e evidencia um problema social grave do país.

Dadas as condições de baixa escolaridade, os indivíduos conseguem entender a mensagem, ainda que ela seja transmitida de maneira não padronizada. Além disso, vícios linguísticos estão muito presentes nesse nível de linguagem:

  • “A gente fomos”;
  • “Nós vai”;
  • “Pra mim comer”; e
  • “Nóis pegou”, entre outros.

+ Veja também: Sociolinguística — relação entre a linguagem e a sociedade

Gíria

As gírias são expressões típicas da fala e, geralmente, estão atreladas a um grupo social. Elas são elementos presentes na linguagem coloquial, informal e até mesmo vulgar

Com o passar do tempo, as gírias se modificam: inclusive entre as gerações. Inclusive, a utilização frequente dela pode influenciar na linguagem formal. Muitas palavras são adicionadas nos dicionários depois que os falantes interagem com elas no dia a dia.

Veja uma tabela que mostra uma diferença entre gírias antigas e atuais:

AntigasAtuaisSignificado
PaqueraCrush, arrobapessoa por quem se é apaixonado(a)
Tipão, pãozinho, boa pintaGatohomem bonito
Pegadinha, pregar uma peçaTrollarenganar por brincadeira

Confira uma pergunta sobre níveis de linguagem no Enem

Veja uma questão do Enem sobre níveis de linguagem. Confira também a resolução discutida pelo Estratégia Vestibulares!

ENEM 2012

eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colegas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos…

A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG, 2010 (inédito).

Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é

a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português.
c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical.
d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante.

A fala descrita no texto não segue a linguagem formal e não possui marcas de regionalismos. Apesar de não estar correta gramaticalmente, o texto é compreensível e a coesão é garantida por meio da oralidade. 

Além disso, as reticências marcam pausas típicas da expressão oral. Por isso, a alternativa correta é a letra A.

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