Sintaxe do período simples: conceito, elementos e funções sintáticas

Sintaxe do período simples: conceito, elementos e funções sintáticas

Construções frasais corretas são essenciais para uma comunicação eficiente, clara, em que o autor da frase consegue transmitir suas ideias com clareza. Para que isso ocorra, além de um vocabulário diverso, aquele que enuncia a oração precisa possuir conhecimentos mínimos de gramática como sintaxe do período simples e composto, funções sintáticas e funções da linguagem.

O objetivo deste artigo é aprofundar os principais tópicos que constituem a sintaxe do período simples. Ao longo do texto você pode encontrar informações sobre o conceito de sintaxe, como ele se encaixa no período simples, quais são os elementos que formam essas frases e as funções sintáticas que eles exercem em diferentes exemplos.

Além de conhecer esses temas, você verá diferentes exercícios de vestibulares que cobraram o assunto, de forma aplicada, para que o conhecimento fixe com mais facilidade e você tenha uma bagagem de informações mais relacionada ao estudo pré-vestibular. 

O que é período simples?

Na gramática, o período é um enunciado que possui pelo menos um verbo e tem sentido completo em si mesmo. Ou seja, as informações estão organizadas de forma que o interlocutor não depende de outras orações, períodos ou frases para que seja compreensível. 

Os períodos gramaticais podem ser divididos em simples ou compostos, a depender da quantidade de verbos que possuem. Nesse caso, todo enunciado de sentido completo com apenas um verbo ou expressão verbal em sua estrutura, ou seja, com apenas uma oração, é chamado de período simples. Já os períodos compostos possuem dois ou mais verbos em sua mensagem.

Como identificar um período simples? 

Na escrita e leitura, os períodos são separados por pontos finais (.). Isso significa que um período é um enunciado que inicia-se com letra maiúscula e só termina quando encontra um ponto final. Existem períodos mais curtos ou mais longos, períodos que possuem vírgulas, dois pontos, travessões e outros símbolos gráficos que constituem a gramática da Língua Portuguesa. Veja alguns exemplos!

  • Eu não fui à faculdade hoje. → período simples, apenas um verbo (fui);
  • A escola é um lugar de aprendizado, conhecimento, avanços, escolhas, desenvolvimento, crescimento, comunicação, socialização e muitas outras coisas!  → período simples, que tem apenas um verbo (é), mesmo que seja uma frase longa; e
  • Não quero mais sair com vocês.  → período composto, em que há dois verbos (quero e sair), mesmo que a frase seja curta. 

Veja que o tamanho do enunciado não prediz se ele é simples ou composto, mas sim a disposição de palavras escolhidas, em relação à quantidade de verbos existentes ao longo da frase observada. Então, para identificar um período simples é necessário conhecer bem a classe gramatical dos verbos e encontrá-la ao longo da leitura. 

O que é sintaxe?

Uma vez que o conceito de período simples é estabelecido, é importante entender o que é a sintaxe e como aplicá-la em um enunciado de sentido completo. O estudo sintático é a parte da gramática que busca compreender a relação entre diferentes palavras dentro da oração, com base em suas classes gramaticais, posicionamento e significados. 

Então, a sintaxe do período simples é estabelecida quando observam-se cada elemento da oração e entender qual sua função dentro daquele contexto, e como os cada termo da oração se relaciona para a construção do sentido. 

Elementos do período simples

Termo principal

Ao estudar um período simples, é possível estabelecer a palavra mais importante dentro daquele contexto, qual vocábulo se destaca e, sem ela, o sentido está completamente comprometido. Essa palavra será considerada o termo principal da oração, o termo a qual todas as outras se ligam.

“A chuva nos assustou”

Choveu!”

Termos modificadores

Em geral, os termos principais podem ser modificados por outros termos dentro da oração. Por exemplo, se o termo principal for um verbo, um advérbio pode adicionar um aspecto de tempo ou modo que explica mais sobre aquele verbo. Ou, ainda, um adjetivo pode se ligar a um substantivo e qualificá-lo dentro do enunciado. 

“A chuva torrencial de ontem nos assustou”
“Choveu assombrosamente ontem!”

Observe como, no tópico anterior, os períodos simples já eram completos em sentido. Mas, com a adição de termos modificadores, a chuva e o ato de chover ganharam qualificações, sobre como e quando foi esse evento meteorológico. 

A questão abaixo, adaptada da prova Fuvest 1998, aborda o sentido dos termos modificadores de um período simples, observe:

“Eles agiram, e rápido”, disse ontem o ex-presidente nacional do partido.

A frase em que a palavra sublinhada NÃO exerce função idêntica à de rápido é:

A) Como estava exaltado, o homem gesticulava e falava alto.
B) Mademoiselle ergueu súbito a cabeça, voltou-a pro lado, esperando, olhos baixos.
C) Estavam acostumados a falar baixo.
D) Conversamos por alguns minutos, mas tão abafado que nem as paredes ouviram.

E) Sim, havíamos de ter um oratório bonito, alto, de jacarandá.

Resposta: Observe que, na frase “eles agiram, e rápido” a palavra “rápido” se liga ao verbo para explicar como foi efetuada a ação, o modo como ela se estabeleceu. Então, devemos pesquisar nas alternativas uma palavra destacada que não modifica o verbo, mas surge como termo  modificador de outros elementos do período.

Em A, “alto” refere-se ao modo como o homem falava — então, o termo destacado qualifica o verbo. 

Em B, “súbito” indica a forma que se ergueu a cabeça — mais uma vez, o termo é modificador do verbo.

Em C, outra vez, a palavra “baixo” indica a intensidade com que se executa o falar, ou seja, é um termo modificador do verbo.

Em D, a construção frasal faz referência ao conversar de forma abafada, em tom baixo. Indica, portanto, uma qualificação ao verbo, tal qual está estabelecido na frase de exemplo

Já em E, a palavra “alto” refere-se às características do oratório. Como o vocábulo oratório é um substantivo, aqui, o termo destacado na alternativa é um modificador de substantivo e foge ao padrão apresentado, como pede o enunciado. 

Alternativa correta: E.

Funções sintáticas

Funções sintáticas são padrões de comportamento observado nas palavras, o papel que elas possuem dentro de um enunciado em relação aos outros termos. Na sintaxe do período simples, existem variadas funções sintáticas, algumas estão descritas nos próximos parágrafos. 

Sujeito

O sujeito de um período simples é aquele que executa a ação indicada no verbo, geralmente representado por nomes próprios, pronomes, substantivos, entre outras classes de palavras. Veja alguns exemplos.

  • João passeou com minha família no sábado;
  • Nós somos amigos de longa data;
  • Refrigerantes não são saudáveis; e
  • Não como chocolate há dois anos.

Veja, que a última frase não possui nenhum sujeito destacado em negrito. Na verdade, a função sintática do sujeito está presente nessa frase de maneira oculta. A forma como o verbo está conjugado, nesse período simples, indica que “eu” é um sujeito adequado para a frase, mesmo que ele não apareça diretamente no texto ou fala. 

Predicado

O predicado de um período simples são todas as palavras que não fazem parte do sujeito. Ou seja, o verbo e todos os termos modificadores constituem o predicado da frase, geralmente informa algo sobre o sujeito e sobre como a ação foi efetuada. Abaixo, veja o destaque para o predicado de todas as frases apresentadas no tópico anterior. 

  • João passeou com minha família no sábado;
  • Nós somos amigos de longa data;
  • Refrigerantes não são saudáveis; e
  • Não como chocolate há dois anos.

Objeto direto

Em um período simples, existe um verbo e algumas palavras ligadas a ele. Objeto direto é uma função sintática em que o vocábulo estudado se relaciona com o verbo sem a necessidade de uma preposição para estabelecer essa relação.

De forma geral, quando observa-se o verbo e são feitas as perguntas “o quê?” ou “quem” e há uma resposta dentro da frase, esses termos que respondem à pergunta são considerados objetos diretos, veja o exemplo:

“Coloquei a rosa em cima da mesa”
“Pegou o quê?” → “a rosa”
A rosa = objeto direto.

Objeto indireto

Os objetos indiretos também se ligam aos verbos, mas, para isso, é necessário que uma preposição faça a união entre o verbo e seu objeto indireto. Entre essas preposições estão a, quem, de, entre outras. 

Para identificar um objeto indireto, basta fazer as perguntas “a quem?”, “a quê?”, “de quem?”, “de quê?”, “para quê?”, “para quem?”. Se houver resposta e ela for precedida de preposição, essa resposta será um objeto indireto.

“Chegamos ao colégio atrasados”

“Chegamos aonde?” → “ao colégio”
Ao colégio = objeto indireto

“Ela entregou o chocolate ao namorado”
“Entregou o quê?” → “o chocolate”
“Entregou a quem?” → “ao namorado”
O chocolate = objeto direto
Ao chocolate = objeto indireto

+ Veja também: Objeto direto e indireto: o que são, como diferenciar, exemplos

Adjunto adnominal

Adjunto adnominal é uma função sintática em que há modificação de termos nominais da oração. Ou seja, são termos que modificam substantivos, como artigos, adjetivos e numerais. Observe os exemplos:

“Dois meninos foram em casa ontem”

A palavra “dois” qualifica a quantidade de meninos que foram à casa, ou seja, é um termo que modifica o substantivo “meninos”. 

“Os jogos de vôlei são muito divertidos”

Nesse caso, o artigo “os” e “de vôlei” qualificam o substantivo “jogos”, identificam que são um tipo específico de jogo, atribuído a um esporte.

A questão abaixo aborda essa temática, acompanhe e depois veja a resposta proposta pelo Estratégia Vestibulares. 

Fuvest (2022)

No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70% para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a flexibilidade e outros. Na prática, muitos alunos direcionam 100% do tempo para o fortalecimento. 

Como a prática cardiovascular é infinitamente mais significativa e determinante para a nossa saúde orgânica como um todo, podendo ser considerada o “coração” de um treinamento consciente e saudável, essa ordem deveria ser revista.

Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. Adaptado.

Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em “o treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular” é:

A) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
B) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.
C) a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis.
D) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
E) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.

Resposta: A alternativa A está correta, porque o termo “de seleção”, assim como ocorre com o termo “restaurativo”, desempenha a função sintática de adjunto adnominal, uma vez que particulariza o termo “atleta”, enquanto “restaurativo” modifica, por meio de particularização, do termo “treino”.

Alternativa correta: A. 

Adjunto adverbial

Os adjuntos adverbiais também são termos modificadores, mas, nesse caso, em vez de modificar o substantivo e sujeito, são palavras que alteram verbos, adjetivos ou outros advérbios. Expressam ideia de modo, tempo, lugar, causa, intensidade, afirmação, negação ou outras classificações. 

“Abraçou-me calorosamente após o evento”

Nessa frase, o adjunto adverbial “calorosamente” indica o modo com que o abraço ocorreu, liga-se ao verbo “abraçou-me” para qualificá-lo. 

“Com certeza iremos ao culto hoje”

Nesse caso, o adjunto adverbial surge para firmar certeza, afirmação sobre a ação de ir ao culto. 

+ Veja também: Figuras de Sintaxe (figuras de construção): o que são, classificação e exemplos

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