Mia Couto é um dos escritores mais importantes de língua portuguesa da atualidade. Ele ficou conhecido por construir uma obra marcada pela mistura entre poesia, tradição oral africana e crítica social.
Entre suas obras mais conhecidas estão Terra Sonâmbula (1992), O Último Voo do Flamingo (2000) e O Fio das Missangas (2003), que abordam temas como identidade, memória, guerra, resistência e a relação entre seres humanos e a natureza.
O Portal Estratégia Vestibulares fez este artigo para apresentar o escritor moçambicano e listar 13 de suas citações, que podem ser usadas nas redações dos vestibulares e do Enem. Confira!
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Quem é Mia Couto?
António Emílio Leite Couto, mais conhecido como Mia Couto, nasceu em 5 de julho de 1955, na cidade da Beira, em Moçambique, filho de imigrantes portugueses. Desde jovem demonstrou interesse pela escrita, publicando seus primeiros poemas aos 14 anos no jornal Notícias da Beira.
Inicialmente ingressou no curso de Medicina em Lourenço Marques (atual Maputo), mas abandonou os estudos por volta de 1974 para seguir carreira no jornalismo, atuando em veículos como Tribuna, Tempo, Notícias e na Agência de Informação de Moçambique (AIM), especialmente durante os últimos anos da guerra de independência do país.
Em 1983, lançou seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, e pouco depois retomou os estudos, formando-se em Biologia na Universidade Eduardo Mondlane. Trabalhou como biólogo e dedicou-se também à preservação ambiental, chegando a fundar uma empresa de impacto ambiental.
Seu reconhecimento como escritor veio em 1992, com a publicação do romance Terra Sonâmbula, considerado um dos melhores romances africanos do século XX e premiado em Moçambique.
A partir daí, consolidou-se como uma das maiores vozes da literatura de língua portuguesa, com uma escrita marcada pelo uso criativo da linguagem, oralidade poética, neologismos e influências das tradições orais e mitologias africanas.
Seu estilo, muitas vezes classificado como realismo mágico ou “realismo animista”, explora temas como identidade, memória, guerra, espiritualidade e a relação entre seres humanos e a natureza.
Entre suas obras, traduzidas para mais de 30 idiomas, estão A Varanda do Frangipani (1996), O Último Voo do Flamingo (2000), O Fio das Missangas (2003) e A Cegueira do Rio (2024).
1 – “Todas as influências são parte de mim, que dão vazão à palavra, que constrói e inventa.”
Nesta citação, Mia fala sobre o processo criativo e suas influências. Ele compartilhou que, ao longo da vida, absorveu diversas referências, desde músicos e escritores até experiências pessoais e vivência africana.
Ao se expressar com essa frase, ele destaca que essas influências não apenas compõem seu universo interior, mas também alimentam a linguagem inventiva de sua escrita.
2 – “A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.”
A frase faz parte de um texto de Mia Couto, intitulado “São demasiado pobres os nossos ricos”, publicado na coleção de ensaios Pensatempos. No contexto do ensaio, ele fala sobre desigualdade econômica em Moçambique, mas o pensamento vale para outras nações em desenvolvimento.
Nesse texto, Mia Couto expande essa ideia ao dizer que, nesses países, muitas vezes surgem pessoas com dinheiro, mas sem real controle sobre meios de produção, sem gerar emprego ou riqueza real. Por isso, ele diz que essas pessoas não são “ricas” e sim “endinheiradas”.
O escritor critica essa situação como produto de corrupção, roubo de bens públicos e uma ordem social instável.
3 – “Quando um livro meu é adaptado para outra linguagem como o teatro ou o cinema, gosto que exista uma ruptura com os padrões tradicionais. Quanto mais longe e diferente estiver da minha obra, melhor será a tradução do livro para outra linguagem.”
O escritor defende que, embora a obra original seja seu ponto de partida, o criador da adaptação (seja cinema, teatro, etc) precisa desenvolver um trabalho autônomo.
Para ele esse distanciamento criativo que permite à história ganhar vida de forma singular no novo formato. Isso permite que a obra cresça e se transforme em algo múltiplo, vibrante e novo.
4 – “O escritor não é o que escreve bem, mas aquele sujeito que tem histórias e faz o leitor viajar dentro dele. É, de certa forma, um contrabandista de almas.”
Ele argumenta que, para ser um escritor, não basta apenas ter domínio técnico da escrita. Há muitos que escrevem bem, mas permanecem distantes do leitor. O que realmente define um autor é a capacidade de transportar o leitor para dentro da narrativa, de criar uma viagem interior.
5 – “Carregamos o nosso passado como uma doença e o nosso presente parece estar conectado com um culto pela velocidade, que não nos faz refletir sobre o que nós somos.”
No contexto da obra e do pensamento literário de Mia Couto, a frase pode significar que muitas vezes a história que vivemos, principalmente em países que passaram por guerras e colonização, como Moçambique, deixa marcas que ainda nos fazem sofrer. Esse passado não é só uma lembrança, é como uma ferida que não cicatrizou direito.
Ele também fala que hoje vivemos numa época em que tudo acontece muito rápido, num “culto à velocidade”. Isso significa que estamos sempre correndo, fazendo tudo depressa, sem tempo para pensar ou entender quem realmente somos e refletir sobre nossos valores e nossa identidade.
6 – “Muitas pessoas viajam de avião, mas quando fazem turismo parece que estão numa gaiola. Viajar é sair de nós mesmos.”
Para ele, muitas vezes as pessoas viajam, visitam lugares turísticos famosos, mas acabam apenas olhando tudo de fora, presos a roteiros, selfies e experiências superficiais, como se estivessem dentro de uma gaiola. Vendo, mas sem realmente se abrir para o diferente.
Viajar, na visão de Mia Couto, é mais do que ir a um lugar novo, é um processo de transformação interna, uma oportunidade de se desconectar do cotidiano, das certezas e dos hábitos, para descobrir algo novo dentro de si mesmo
7 – “A infância é ver o mundo como algo que não está acabado. Aquele adulto que não se surpreende com nada, sinto dizer, mas está morto.”
Mia Couto defende que a infância é o momento em que enxergamos o mundo com olhos abertos, cheios de curiosidade e imaginação, como se tudo pudesse acontecer, como se tudo estivesse em construção.
Já o adulto que não se surpreende mais, que acha que já sabe tudo e não se deixa tocar pela novidade, é visto pelo autor como alguém que perdeu a essência do viver.
8 – “Sobre o livro Terra Sonâmbula, eu descobri que o que faz andar a estrada é o sonho. É o sonho que deve nos mover como seres humanos.”
Mia Couto acredita que o sonho é o que nos impulsiona como seres humanos, é o motor que nos ajuda a superar os desafios e a encontrar caminhos, mesmo em meio à escuridão.
No livro Terra Sonâmbula, os personagens enfrentam uma Moçambique destruída pela guerra, cheia de dificuldades e perdas. Apesar desse cenário difícil, é o sonho que mantém a esperança viva, que faz eles seguirem em frente mesmo quando tudo parece perdido.
9 – “Rir junto é melhor que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.”
Para ele, nem sempre a comunicação acontece só falando a mesma língua ou usando as mesmas palavras. O riso é algo universal, uma forma mais pura e antiga de comunicação que une as pessoas independentemente da cultura ou idioma. É uma “língua” que vem antes das palavras, que tem o poder de criar vínculos e proximidade.
10 – “O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora.”
Nesta frase, Mia Couto afirma que uma casa não é apenas um lugar físico, uma construção de paredes e teto. O que realmente importa é o lugar dentro de nós onde sentimos que pertencemos, onde guardamos nossas memórias, sentimentos e identidade.
11 – “O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos.”
Para ele, o amor não se mede em quantidades limitadas, é sempre vasto, infinito, sem limites. Quem ama de verdade não se contenta com “o suficiente”, porque o sentimento é grande demais, e exige entrega total, crescimento e transformação.
12 – “Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga.”
Nesta citação do livro Mar Me Quer, Mia Couto brinca com a ideia de “passar um sonho no rosto” como se fosse um creme ou um cuidado de beleza. Mas, na verdade, está dizendo que o que realmente nos mantém vivos, jovens e cheios de sentido não é um produto ou uma aparência, mas a capacidade de sonhar.
13 – “O que nos faz ser pessoa não é o bilhete de identidade. O que nos faz pessoa é aquilo que não cabe no bilhete de identidade.”
A citação de Mia Couto nos convida a pensar que ser pessoa não é ter um documento, é ter histórias, afetos, valores e transformação. Ele critica reduções identitárias e nos lembra que a verdadeira identidade é viva, plural e invisível. Por isso, ser “pessoa” vai muito além do que está impresso num papel.
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