Os temas sobre idosos, embora tenham um certo apelo, não têm sido cobrados como deveriam. Entre 2009 e 2025, a questão foi abordada direta ou indiretamente nove vezes por bancas diferentes, quase sempre ligada à forma como a sociedade enxerga os idosos e aos desafios trazidos pelo envelhecimento populacional.
Nessas propostas, as bancas buscaram estimular reflexões sobre preconceito etário, políticas públicas voltadas à terceira idade e a necessidade de garantir dignidade e valorização às pessoas mais velhas em diferentes contextos sociais.
O Portal Estratégia Vestibulares selecionou sete propostas de redação sobre o tema, apresentadas por bancas diversas entre 2014 e 2025. Convidamos também o professor de Redação e Filosofia do Estratégia Vestibulares, Fernando Andrade, para comentar os temas e ampliar ainda mais o repertório formado!
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Unicentro 2025 – Causas do etarismo e as formas de combate a esse preconceito
No vestibular 2025 da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), foram disponibilizadas três opções de temas para a redação dissertativa-argumentativa. Em um deles, o candidato deveria discutir as causas do etarismo e as formas de combate a esse preconceito.
Para isso, ele tinha como apoio o texto “Voz para todos: a luta contra o etarismo na sociedade”, publicado na plataforma de conteúdo Meio&Mensagem, e uma charge de Luiz Fernando Cazo sobre o etarismo (confira abaixo).
UFU 2024/2 – Artigo de opinião sobre o impacto do etarismo na sociedade brasileira atual
A banca da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) disponibilizou duas opções de temas e gêneros textuais para que os candidatos escolhessem.
O primeiro deles era um artigo de opinião sobre o impacto do etarismo na sociedade brasileira atual, no qual era necessário explorar como esse preconceito influencia o mercado de trabalho e as relações sociais.
O texto de apoio foi o trecho da reportagem “O que é etarismo e por que o Brasil não está preparado para o envelhecimento da população“, do site Valor Econômico.
Udesc 2024 – As políticas públicas para idosos no Brasil
No vestibular 2024, a Udesc selecionou três temas de redação para que os candidatos escolhessem entre eles para a execução de um texto dissertativo-argumentativo.
Um dos temas foi “As políticas públicas para idosos no Brasil”, como apoio foram disponibilizados dois textos e uma charge. O primeiro foi retirado do Portal do Envelhecimento e falava sobre a Lei nº 8.842, chamada de Política Nacional do Idoso.
O segundo texto era um trecho do livro “Velhos” (2020), de Alê Motta. E o último uma charge sobre os direitos dos idosos. Confira abaixo:
PUC-SP 2024 – O etarismo e seus impactos na vida dos indivíduos e da sociedade
A partir de três textos motivadores e seus conhecimentos prévios, os candidatos do Vestibular PUC-SP 2024 tiveram que dissertar sobre o tema: “O etarismo e seus impactos na vida dos indivíduos e da sociedade”.
O primeiro texto motivador, intitulado “Brasil exclui do consumo idosos 60+, que já superam jovens de 20 anos”, foi publicado na Folha de S. Paulo e escrito por Daniele Madureira.
O segundo texto, “Romper o etarismo passa por ocupar espaço na educação”, foi escrito por Maria Filomena Brandão, para o Correio Braziliense, e acompanhado de uma charge de Caio Gomez.
Já o terceiro e último, apresentava a imagem de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, com o título “Contran muda imagem da placa de trânsito sobre idosos”.
Vestibular de Verão UEM 2023 – Combate ao etarismo no ambiente acadêmico
A proposta de redação do Vestibular de Verão 2023 da Universidade Estadual de Maringá (UEM) solicitou aos candidatos a produção de uma carta aberta sobre o combate ao etarismo no ambiente acadêmico. Para isso, foram disponibilizados dois textos de apoio.
O Texto 1, retirado do UOL Notícias, relatava um caso que viralizou nas redes sociais: três alunas de uma universidade particular de Bauru (SP) debocharam de uma colega por ela ter 40 anos. O episódio gerou indignação e levou colegas de curso e usuários das redes a exigirem providências da instituição.
O Texto 2, publicado na Folha de Londrina, era um artigo de opinião de Sylvio do Amaral Schreiner que refletia sobre o etarismo como fruto da hipervalorização da juventude.
Com base nesses textos de apoio e na situação hipotética apresentada, o candidato deveria assumir a voz de um estudante universitário indignado diante de um ato de discriminação contra um calouro de 50 anos.
UEA 2018 – Envelhecimento da população: os desafios da saúde pública para garantir o bem-estar dos idosos
O tema de redação do vestibular 2018 da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) foi “Envelhecimento da população: os desafios da saúde pública para garantir o bem-estar dos idosos”. Para escrever a dissertação, os candidatos tiveram o apoio de três textos motivadores.
O primeiro, de Carol Knoploch, intitulava-se “Idosos serão um quinto do planeta em 2050, diz OMS”, e foi publicado no O Globo. O segundo foi um relatório mundial de envelhecimento e saúde, da OMS. E, por fim, o terceiro, “Conjunto de ações do governo foca na saúde dos idosos”, era do Portal Brasil.
Fuvest 2014 – Aspectos éticos e sociais do envelhecimento populacional
A proposta de redação da Fuvest 2014 solicitava dos candidatos a produção de um texto dissertativo, com título obrigatório, destinado a um veículo de comunicação, seja jornal, revista ou site.
O tema central era a polêmica declaração do ministro de finanças do Japão, Taro Aso, publicada pelo jornal inglês The Guardian em 2013, segundo a qual os idosos deveriam “apressar-se a morrer” para reduzir os gastos do Estado com saúde pública.
O texto motivador apresentava trechos da reportagem, destacando as falas de Aso, que se referiu de maneira ofensiva aos pacientes idosos em estado terminal, chamando-os de “pessoas-tubo”.
A proposta exigia que o candidato refletisse sobre as implicações éticas, sociais, culturais e econômicas das declarações, avaliando em que medida tais opiniões são isoladas ou se refletem problemas mais amplos das sociedades contemporâneas.
Além disso, a banca orientava o candidato a discutir a possibilidade de discursos semelhantes ocorrerem no Brasil, relacionando o tema ao modo como as gerações mais jovens enxergam os idosos e ao papel do Estado no cuidado com essa população.
Análise do professor: os temas sobre idosos se dividem em quatro aspectos
Segundo o professor de Redação e Filosofia do Estratégia Vestibulares, Fernando Andrade, o tema do etarismo deveria ser mais cobrado nas provas. Afinal de contas, “a população está envelhecendo, o que levanta questões sobre a qualidade de vida a que os idosos têm direito”.
Para ele, não é um tema fácil. Já que parece óbvio que o preconceito contra o idoso deve ser condenado, os argumentos principais acabam beirando o senso comum, sem muitas variações.
Entre 2009 e 2025, a questão dos idosos foi abordada direta ou indiretamente nove vezes por bancas diferentes. Analisando as propostas, o professor dividiu as propostas da temática em quatro aspectos. São eles: as causas; as consequências; o enfrentamento da questão; e a indignação. Confira abaixo sua explanação sobre cada eixo e tema:
As causas
Unicentro 2025
“A Unicentro, em 2025, resolveu ampliar o tema. Considerou o termo ‘etarismo’ no sentido abrangente de forma explícita. A coletânea era incômoda e incluía os mais jovens: somente idosos sentem o preconceito em relação à idade? E os mais jovens? Eles também não são frequentemente desprezados? Isso nos encaminha diretamente para as causas sociais. Parece haver uma regra que estipula como digno aquele sujeito capaz de ser produtivo socialmente. Velhos e jovens, que estão à margem do sistema de produção de capital, parecem ser descartados, a não ser quando tornam-se alvos do marketing. O argumento do valor moral (ser uma pessoa respeitada) atrelado ao valor do capital é um ótimo exercício para começar a compreender a realidade a partir de causas sociais profundas.”
Fuvest 2014
“A Fuvest, em 2014, provocou os vestibulandos ao colocar como centro da reflexão um texto motivador chocante sobre o tema. Meses antes, o primeiro-ministro japonês teve a ousadia de dizer que os velhos deveriam se apressar para morrer, evitando sobrecarregar o Estado. A Fuvest perguntava: o que isso diz sobre nossa época? Dentre outras coisas, diz que somos uma civilização miserável em que o valor do mercado está acima do valor humano. Em todo caso, essa é uma resposta dentre outras. Depois de ler a reportagem, realmente, você se sentirá motivado a dar uma resposta escrita a essa opinião, no mínimo, deselegante.”
As consequências
UFU 2024/2
“Depois de considerar as causas, vamos às consequências. O texto de apoio oferecido pela UFU em 2024 dava destaque às dificuldades para a permanência no mercado de trabalho para aqueles que passam dos 60 anos. Você deveria produzir um artigo de opinião ‘sobre o impacto do etarismo na sociedade brasileira atual’. Considerando esse ponto de vista, valia a pena tirar consequências desse fato: qual é o impacto para a autoestima desses idosos? Para a qualidade de vida? O que o mercado e o Brasil perdem com essa desvalorização? Qual o impacto para as famílias?”
PUC-SP 2024
“Quer refletir mais sobre o assunto? Considere fazer a redação proposta pela PUC: ‘O etarismo e seus impactos na vida dos indivíduos e da sociedade’. Os textos de apoio trazem outras perspectivas. Se o número de idosos cresce, claro que cresce também um nicho de consumidores que merece respeito. Claro que, nesse caso, é preciso lutar todos os dias contra o preconceito dos mais jovens, que desconfiam do potencial dos mais velhos. Ao trazer esses dois aspectos, a banca já indicava que também era desejável uma abordagem sobre a necessidade de mudança de mentalidade social.”
O enfrentamento da questão
Udesc 2024
“Depois de considerar as consequências para os idosos, claro que o passo seguinte deve ser pensar em como o Estado pode minimizar as mazelas associadas ao etarismo. Essa foi a questão da Udesc, em 2024, com a proposta ‘As políticas públicas para idosos no Brasil’. Os textos de apoio eram simples e não ajudavam muito. Creio que, nesse caso, vale a pena resgatar o sentido de política pública. Políticas públicas são ações, programas, leis e diretrizes que um governo adota para atender às necessidades da sociedade e garantir os direitos dos cidadãos, como saúde, educação, segurança e saneamento básico. Fazer uma redação sobre o que o Estado deveria fazer é um caminho fácil para o senso comum. Uma discussão mais instigante é aquela que faz um levantamento dos problemas que os idosos enfrentam e que demandam algum tipo de política social.”
UEA 2018
“A UEA, em 2018, deu uma proposta com lógica semelhante: ‘envelhecimento da população: os desafios da saúde pública para garantir o bem-estar dos idosos’. Trata-se de uma proposta à la Unesp, que exige análise, ou seja, a reflexão sobre os problemas que devem surgir com o envelhecimento da população, sobretudo na área da saúde, e como o Estado deve se preparar.”
A indignação e o mapeamento do problema
UEM 2023
“Para essa banca, o candidato deveria produzir uma Carta Aberta sobre a necessidade de combate ao etarismo. O fato motivador foi a divulgação de um vídeo nas redes sociais, no qual três alunas de uma universidade particular de Bauru (SP) debochavam de uma colega por ela ter 40 anos. A escolha do argumento não deveria recair sobre as causas do etarismo, mas sobre as causas para se recusar o etarismo. Dentre elas, a coletânea trazia um texto interessante sobre a hipervalorização dos corpos jovens. Em outras palavras, combater o etarismo significa também combater uma ideologia cruel que prende as pessoas num imaginário possível de ser alcançado somente durante alguns poucos anos de nossa vida. Vale a pena começar por esse exercício de indignação.”
Encceja 2020
“Outra proposta que ajuda a pensar na questão sob uma perspectiva diferente é a do Encceja 2020, sobre o abandono afetivo do idoso no Brasil. A proposta era simples, mas fugia um pouco do olhar comum: geralmente pensamos em etarismo sob a perspectiva do preconceito e da crueldade. Que tal pensar nas necessidades emocionais dos mais velhos? Trata-se de uma questão complexa. Os idosos passaram pela fase em que tiveram de mostrar independência emocional. Quando perdem parte de sua independência física, podem se sentir tolhidos e humilhados. Ajudar alguém nessas condições pode ser desafiador. Pense um pouco nisso: o idoso pode não querer ajuda, os mais jovens podem achar que podem decidir pelos pais e avós, pode ser difícil mostrar carinho para quem pareceu nunca precisar disso etc.”
Enem 2009
“O Enem também navegou nesses mares. Em 2009, na prova de reaplicação, pediu que o candidato escrevesse um texto sobre a valorização do idoso. Como texto de apoio, a banca fornecia o Estatuto do Idoso. A reflexão sobre os direitos expressos no documento legal e a realidade é um bom ponto de partida para se pensar na questão.”
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