O Brasil ocupa a posição de nono país mais desigual do mundo, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito com base em dados do Banco Mundial e divulgado em 2020. E por se tratar de uma informação tão importante, é que vestibulares como o da Universidade de São Paulo (USP) 2015, abordam o tema, como na proposta de redação “‘Camarotização’ da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia”.
A seleção de filmes sobre desigualdade social a seguir ajudará na preparação do seu repertório sociocultural sobre o tema e a entender as causas e consequências da desigualdade social na sociedade brasileira e em outras partes do mundo.
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Parasita (2019)
Campeão de seis Oscars em 2020, incluindo o de Melhor Filme, Parasita é um suspense que trata de diferentes faces da desigualdade social na Coreia do Sul. Os protagonistas são a família de Ki-taek, que usam um porão sujo e apertado como casa, realidade comum às classes mais baixas do país, e vivem da renda de bicos, já que todos estão desempregados.
A realidade dos Ki-taek começa a mudar quando todos eles, sem relevar que são parentes, passam a trabalhar na mansão de uma família rica. Entretanto, é na casa dos patrões que a família se depara com outra problemática da desigualdade: um homem, também pobre e sem alternativas, que vive escondido no bunker secreto da casa.
Ficha técnica
- Direção: Bong Joon Ho;
- Gênero: suspense;
- Classificação indicativa: 16 anos;
- Onde assistir: TeleCine.
O Caminho das Nuvens (2003)
Inspirado em uma história real, o filme traz Wagner Moura no papel principal e nomes como Cláudia Abreu e Fábio Lago no elenco. O protagonista é Romão, um caminhoneiro nordestino que está desempregado e tenta sustentar sua família, formada pela esposa e cinco filhos.
O filme conta a história da família em uma viagem de 3200 km, saindo de Santa Rita, na Paraíba, até o Rio de Janeiro de bicicleta. Eles vão em busca de uma oportunidade de trabalho para Romão, que sonha com uma remuneração específica de R$ 1000,00 mensais para oferecer uma vida digna aos filhos.
Ficha técnica
- Direção: Vicente Amorim;
- Gênero: drama;
- Classificação indicativa: 14 anos;
- Onde assistir: Looke.
Alphaville – Do Lado de Dentro do Muro (2009)
Documentário participativo em que a diretora, Luiza Campos, se muda para Alphaville, um bairro rico formado por um condomínio fechado de casas de alto padrão, onde seus pais moraram antes de seu nascimento. Uma vez dentro do condomínio, a diretora se propõe a mostrar o estilo de vida e pensamentos dos moradores do local.
De dentro do condomínio, as pessoas relatam um dia a dia totalmente incomum para o resto da Grande São Paulo — região onde fica o condomínio —, com extrema segurança e boas condições de vida para todos dali. Além de demonstrarem uma falta de noção sobre a realidade fora dos muros de Alphaville.
Ficha técnica
- Direção: Luiza Campos;
- Gênero: documentário;
- Classificação indicativa: livre;
- Onde assistir: YouTube.
Que Horas Ela Volta? (2015)
Mais uma obra nacional que expõe as contradições das desigualdades sociais. Val (Regina Casé) é uma empregada doméstica nascida no Recife, em Pernambuco, mas que trabalha e mora — na casa dos patrões — há mais de dez anos em São Paulo, deixando, inclusive, sua filha criança para trás, enquanto precisou criar o filho de seus empregadores.
Quando sua filha Jéssica (Camila Márdila) a procura para ir a São Paulo prestar o vestibular da Fuvest, Val consegue autorização de seus patrões para recebê-la e a convivência entre empregada e empregadores começa a ficar estremecida a partir dos questionamentos de Jéssica, que não se conforma com o tratamento inferior oferecido a sua mãe pelos donos da casa.
Ficha técnica
- Direção: Anna Muylaert;
- Gênero: drama;
- Classificação indicativa: 12 anos;
- Onde assistir: GloboPlay, TeleCine e Netflix.
Trash – A Esperança Vem do Lixo (2014)
Derivado do livro “Trash”, de Andy Mulligan, o filme é uma produção estadunidense e brasileira que conta a história de Gardo (Eduardo Luís) e Raphael (Rickson Tevez), duas crianças que vivem em um lixão no Rio de Janeiro, e sempre buscam algo de valioso no meio do lixo.
O longa metragem se desenrola quando Raphael encontra uma carteira com dinheiro e divide com seu amigo, sem saber que logo um policial a viria procurar a mando de um candidato a prefeito. A partir disso, os dois amigos se juntam com Rato (Gabriel Weinstein), também morador do lixão, para descobrir o que há de valioso guardado na carteira, além do dinheiro.
Ficha técnica
- Direção: Stephen Daldry e Christian Duurvoort;
- Gênero: aventura/comédia/drama;
- Classificação indicativa: 14 anos;
- Onde assistir: Netflix.
Histórias Cruzadas (2011)
Eugenia Phelan (Emma Stone) é uma jovem rica, que após se formar na faculdade, volta à sua cidade natal, no interior do Mississipi, determinada a se tornar escritora. O livro que Eugenia se dispõe a escrever escancara as desigualdades e preconceitos expressos pelas Leis Jim Crow, de segregação racial, que vigoraram no sul dos Estados Unidos entre os anos de 1877 a 1964.
Na obra, a autora, que também foi criada por uma empregada/babá negra, conta histórias de vida das mulheres negras e pobres que deixam suas famílias para trabalhar no cuidado de famílias brancas, enquanto sofrem todo tipo de preconceito racial inclusive de forma institucional, pelas leis de segregação.
Ficha técnica
- Direção: Tate Taylor;
- Gênero: drama;
- Classificação indicativa: 12 anos;
- Onde assistir: Star+.
O Poço (2020)
O filme se passa em um presídio vertical, de um mundo distópico, onde vivem dois presos por andar. No meio da construção, há um fosso por onde desce, todos os dias, uma plataforma com um banquete para alimentar os presos. O problema é que apenas os ocupantes dos andares mais altos conseguem se alimentar de forma decente, enquanto os demais ficam com restos. De tempos em tempos, os presos são mudados aleatoriamente de andar.
A produção se propõe, por meio de metáforas, a fazer críticas às desigualdades sociais presentes não em uma sociedade distópica. “O Poço reflete a fria desumanização do mundo em que vivemos”, afirmou o diretor Galder Gaztelu-Urrutia, em entrevista.
Ficha técnica
- Direção: Galder Gaztelu-Urrutia;
- Gênero: ficção científica/terror;
- Classificação indicativa: 16 anos;
- Onde assistir: Netflix.
O Som ao Redor (2013)
Do mesmo diretor de Bacurau, O Som ao Redor se passa em Setúbal, bairro de classe média abastada, situado na zona sul de Recife. Dono da maioria dos imóveis da região, Francisco (Waldemar José Solha) é um senhor de engenho que agora vive na cidade grande, mas que de certa forma ainda defende uma sociedade patriarcal e autoritária apenas disfarçada de modernidade.
E é sob as ordens de Francisco que uma milícia se instala na rua em que se passa a história. Enquanto isso, alguns moradores comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão.
Ficha técnica
- Direção: Kleber Mendonça Filho;
- Gênero: drama/suspense;
- Classificação indicativa: 16 anos;
- Onde assistir: Netflix.
Um Lugar Ao Sol (2009)
Com abordagem muito parecida com a que é feita no documentário sobre Alphaville, essa produção mostra o estilo de vida de moradores de coberturas luxuosas no Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.
Sem perceber a crítica empregada pelo documentário, os entrevistados, que pertencem a uma realidade econômica e social muito diferente da maioria dos brasileiros, dão suas visões sobre as cidades que cercam seus prédios.
Ficha técnica
- Direção: Gabriel Mascaro;
- Gênero: documentário;
- Classificação indicativa: livre;
- Onde assistir: YouTube.
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