Redação dissertativa-argumentativa: o que é e como escrever

Redação dissertativa-argumentativa: o que é e como escrever

Você sabe como escrever uma redação dissertativa-argumentativa? O Estratégia Vestibulares preparou esse artigo para te ajudar!

Você sabia que a redação dissertativa-argumentativa é um gênero muito comum em vestibulares, como Universidade Estadual de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e que tem como objetivo discutir assuntos do nosso cotidiano e defender um ponto de vista

Como é a estrutura do texto?

O texto dissertativo-argumentativo é aquele que apresenta um ponto de vista por meio de argumentos. As principais características deste gênero são: uso da norma-padrão da língua portuguesa, presença de uma tese, desenvolvimento argumentativo que comprove a tese e conclusão em síntese ou proposta de intervenção. Portanto, sua estrutura é simples, sendo dividida em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

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“Textos argumentativos são textos de carácter persuasivos, que apresentam opinião e sustentação da opinião”, explica Wagner Santos, professor de Redação do Estratégia Vestibulares, na aula “Do Zero – Redação”, no canal oficial do curso.

Veja abaixo os detalhes de cada uma das partes que compõem uma redação dissertativa-argumentativa:

Introdução

A primeira parte do texto consiste em apresentar o tema e a tese, ou seja, o seu posicionamento sobre o assunto abordado. A apresentação do tema deve ser realizada por meio de uma contextualização, assim utilizando repertórios culturais para relacionar com o tema proposto. Além disso, há dois tipos de tese:

  • Tese Implícita: o candidato apresenta seu posicionamento mas não há a enumeração dos argumentos, somente a justificativa da opinião.
  • Tese Explícita: o candidato apresenta seu posicionamento, com pelo menos dois argumentos que o justifiquem.

Em 2018, o tema da redação do Enem foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Confira a introdução de uma das redações nota mil dessa edição:

“Em sua canção ‘Pela Internet’, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento”, escreveu a candidata Carolina Mendes Pereira.

Desenvolvimento

Os parágrafos intermediários devem ser utilizados como aprofundamento para os argumentos citados na introdução, confirmando seu ponto de vista. Para tornar o desenvolvimento ainda mais rico, o candidato não pode esquecer de utilizar tópico frasal, repertório cultural e a argumentação em si.

O professor Wagner Santos explica: “na introdução apresentamos o que trataremos em seguida, já no desenvolvimento, ampliamos e explicamos o argumento.”

Confira abaixo o desenvolvimento da candidata Carolina Mendes Pereira na redação do Enem 2018:

“Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.

Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livre arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.” 

Conclusão

A finalização do texto pode ocorrer de duas maneiras: síntese ou proposta de intervenção. Na síntese, o candidato retoma os argumentos com o objetivo de mostrar veracidade aos fatos e opiniões citadas. Já a proposta de intervenção, presente no Enem, consiste em criar intervenções que contribuam para a melhoria do problema proposto. 

As soluções ou medidas para conter a problemática devem ser detalhadas, apresentando agente (quem realizará a ação), ação (o que será realizado), meio (como será realizado) e objetivo (para que será realizado).

“Na conclusão, não devemos apresentar novas informações, somente retomar as anteriores”, enfatiza o professor de redação do Estratégia Vestibulares.

Por fim, confira a conclusão da nota mil do Enem 2018, de Carolina Mendes Pereira:

“Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.”

Como é a dissertação-argumentativa no Enem?

A redação do Enem é avaliada por meio de cinco competências, com o objetivo tornar a avaliação da redação dissertativa-argumentativa padronizada para todos os concorrentes. Confira abaixo:

  • Competência 1: Domínio da escrito formal da Língua Portuguesa
  • Competência 2: Compreender o tema e não fugir da proposta
  • Competência 3: Organização das ideias
  • Competência 4: Coesão e coerência
  • Competência 5: Proposta de Intervenção

Para saber mais detalhes e informações de cada competência, clique no botão abaixo

Ademais, há especificidades na redação dissertativa-argumentativa do Enem. Confira:

  • Mínimo de oito linhas e máximo de 30 linhas;
  • Proposta de Intervenção;
  • Não é preciso título;
  • Uso da norma-padrão da língua portuguesa; e
  • Respeitar os direitos humanos.

Exemplos de temas de redações dissertativas-argumentativas

A seguir, confira os temas das redação dissertativa-argumentativa de vestibulares nos últimos anos:

USP

  • 2022: As diferentes faces do riso
  • 2021: O mundo contemporâneo está fora da ordem?
  • 2020: O papel da ciência no mundo contemporâneo
  • 2019: A importância do passado para a compreensão do presente
  • 2018: Devem existir limites para a arte?
  • 2017: O homem saiu de sua menoridade?
  • 2016: As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?
  • 2015: Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia
  • 2014: Envelhecimento da população
  • 2013: Consumismo
  • 2012: Participação política: indispensável ou superada?
  • 2011: O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?

Unesp

  • 2022: A tristeza em tempos de felicidade compulsória
  • 2021: Tempo é dinheiro?
  • 2020: O carro será o novo cigarro?
  • 2019: Compro, logo existo?
  • 2018: O voto deveria ser facultativo no Brasil?
  • 2017: A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?
  • 2016: Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?
  • 2015: O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil
  • 2014: Corrupção no Congresso Nacional: reflexo da sociedade brasileira?
  • 2013: Escrever: o trabalho e a inspiração
  • 2012: A bajulação: virtude ou defeito?
  • 2011: Grafites: entre o vandalismo e a arte

Enem

  • 2021: Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil
  • 2020: O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira
  • 2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil
  • 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
  • 2017: Desafios para formação educacional de surdos no Brasil
  • 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
  • 2015: A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira
  • 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil
  • 2013: Os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
  • 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI
  • 2011: Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
  • 2010: O trabalho na construção da dignidade humana

O que você achou? Ainda tem dúvidas sobre redação dissertativa-argumentativa? Não deixe de acompanhar o Estratégia Vestibulares para te ajudar nesta jornada!

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