Redação nota mil no Enem: conheça textos que usaram músicas como repertório

Redação nota mil no Enem: conheça textos que usaram músicas como repertório

De sucessos nacionais e internacionais, passando do rock ao pagode, as citações musicais podem ser usadas de várias formas para alcançar a nota máxima

Todos os anos, no primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) os participantes respondem 90 questões objetivas e produzem uma redação dissertativa-argumentativa. Esse gênero textual exige a defesa de um ponto de vista sobre determinado tema, e, para isso, os participantes precisam utilizar um bom repertório sociocultural.

Algumas das primeiras referências que vem à mente na hora de formar um repertório sociocultural para a redação são livros, conceitos, citações de grandes pensadores ou até filmes, por exemplo. Mas, você já parou para pensar na possibilidade de usar obras musicais?

Foi isso que alguns dos participantes que tiraram a nota máxima na redação do Enem, fizeram. Conheça, a seguir, algumas redações que receberam nota mil usando músicas no repertório e as considerações do professor Fernando Andrade, que ensina redação para os alunos do Estratégia Vestibulares, sobre as produções textuais:

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O que é repertório sociocultural da redação?

O repertório sociocultural é o uso de conceitos e conhecimentos de campos variados para defender um argumento. Na proposta de redação do Enem, ele faz parte da competência dois de avaliação.

Nessa competência, a banca avalia se o participante da prova conseguiu “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.” 

Um bom repertório sociocultural pode trazer referências a acontecimentos históricos, conceitos filosóficos, citações a obras do cinema e da música, literatura e muito mais.

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Redações que receberam nota mil usando músicas

Confira, a seguir, algumas das redações que receberam a nota máxima no Enem usando músicas no repertório sociocultural, e as avaliações do professor Fernando Andrade sobre os textos:

Enem 2024

Tema: Desafios da valorização da herança africana no Brasil
Por Rafael Santana Assunção

“O álbum musical ‘Duas Cidades’, da banda brasileira Baiana System, aborda, em algumas de suas canções, o apagamento da influência histórica africana no Brasil. Inegavelmente, em dias atuais, é possível constatar uma relação direta entre a composição artística citada e a desvalorização da herança africana no país. Isso é explicado devido à falta de política pública de ensino e à ausência de lei específica. Logo, é essencial analisar e intervir sobre essa problemática.

A princípio, deve-se observar que o pouco fomento governamental em ações de gestão educacional é um problema a ser combatido. Sob a perspectiva de Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos, é urgente a necessidade de iniciativas para a inclusão da história e da cultura afro-brasileira nas escolas. Para entender melhor tal posicionamento, é importante compreender que o atual ensino sobre os povos africanos é apenas relatado em aulas específicas de algumas disciplinas, como história e literatura, sem se aprofundar na grande influência cultural que a África possui no Brasil. Dessa forma, de acordo com Chico César, cantor e compositor de músicas afro-brasileiras, as crianças e os adolescentes necessitam ter uma formação ampla sobre a temática, com aulas multidisciplinares, por exemplo, de música e de capoeira, bem como as tradicionais aulas já existentes, porém integradas à herança africana presente na sociedade. Nesse sentido, é substancial modificar esse contexto e desenvolver uma forte política pública de ensino.

Ademais, é imperativo pontuar que atitude insuficiente do Poder Legislativo Federal em atuar no tema é um problema a ser combatido. Sob a ótica de Duda Salabert, deputada federal e professora de literatura, é imprescindível a alteração da lei que orienta a educação básica brasileira. Isso pode ser explicado pelo entendimento de que apenas com empenho legislativo é possível transformar o mecanismo legal que define as matrizes de referência do ensino nacional. Dessa maneira, com a união de parlamentares para o reconhecimento da importância da herança africana na formação educacional, poderá ocorrer a consolidação de políticas públicas, como o investimento da capacitação de professores e de profissionais especializados em cultura afro-brasileira. Assim, o crescimento do fomento estatal no setor, garantido por aparato legal, contribuirá para a efetivação de uma forte identidade nacional. Em suma, se o Congresso Nacional se omite de enfrentar tal cenário danoso, entende-se o porquê de sua perpetuação.

Portando, com o intuito de solucionar esses desafios, o Poder Executivo Federal, por meio do aumento de ações governamentais, deve estimular iniciativas educacionais relacionadas à herança africana, a fim de valorizar a temática. Além disso, o Poder Legislativo Federal, por intermédio da criação de um projeto de lei, necessita elaborar uma nova política nacional de ensino, com a obrigatoriedade de investimento público na área, com a definição de medidas de gestão pública capazes de instituir aulas multidisciplinares, como de música e de cultura afro-brasileira nas escolas, com o objetivo de reconhecer a importância do tema na formação da sociedade. Feito isso, o apagamento da influência africana abordado na obra da banda Baiana System será, enfim, combatido.”

Apesar do texto ter recebido a nota máxima, o professor Fernando entende que a citação musical não foi muito bem explorada pelo participante, que não descreveu exatamente alguma canção que abordasse o tema da redação. “Mesmo assim, como se tratava de um uso introdutório, ele cumpriu o papel de apresentar a temática, mostrando que ela é discutida nos meios artísticos”, esclarece o professor.

Para Fernando, o uso simplista da referência musical foi compensado pelo desenvolvimento do texto. “O  autor soube evitar frases curinga, que, por sua generalidade, têm pouco valor argumentativo. Diferentemente do uso do repertório musical, ele descreveu o que Macaé Evaristo e Duda Salabert disseram e, além disso, justificou as ideias apresentadas. O repertório é coisa séria, e o autor soube dar o devido lugar a ele”.

Enem 2023

Tema: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil
Por Victória da Silva Nascimento

“A canção ‘Se eu largar o freio’, do cantor Péricles, fala sobre a indignação de um homem que não se sente mais amado por sua esposa, já que ela abandonou os afazeres domésticos. Os versos do sambista não se limitam ao âmbito artístico, mas configuram um reflexo da triste realidade enfrentada por muitas mulheres brasileiras, cujo trabalho de cuidado é invisibilizado em razão do machismo e da negligência governamental. Destarte, é primordial combater as origens do revés, a fim de mitigá-lo. 

Nesse sentido, vale salientar que a mentalidade sexista vigente na sociedade brasileira é determinante para manutenção desse cenário caótico. De acordo com Simone de Beauvoir, ‘não se nasce mulher, torna-se mulher’. Sob essa perspectiva, é possível ampliar o conceito de gênero, haja vista que é necessário desconstruir a ideia de que homens e mulheres desempenham papéis fixos na sociedade em razão, exclusivamente, de sua genética. Na verdade, a concepção sobre o feminino excede a Biologia, uma vez que, em conformidade com Beauvoir, a função da mulher é imposta pela sociedade que, por sua vez, é majoritariamente machista. Dessarte, pode-se dizer que a desvalorização dos serviços de cuidado fornecidos pelas mulheres está diretamente relacionada à noção equivocada de que elas nasceram para realizar tais atividades. Logo, reverter a mentalidade sexista é imprescindível para superar o entrave. 

Outrossim, a ineficiência da máquina pública é também um fator que fomenta a perpetuação desse quadro alarmante. Segundo o filósofo John Rawls, é dever do Estado garantir a igualdade de oportunidade para todos. Dessa forma, a omissão do poder público agrava a invisibilidade do trabalho doméstico feminino e, consequentemente, impossibilita sua justa remuneração. Além disso, o tempo gasto pelas mulheres em suas jornadas de ofício para a família impede que elas estudem, trabalhem e cuidem da própria saúde. Dessa maneira, a ineficácia do governo em valorizar essas mulheres acentua problemas de desigualdade de oportunidades, conforme pontuava Rawls, especialmente entre homens e mulheres. Isso porque pessoas do sexo masculino são socialmente isentas desses trabalhos, como afirmava Simone de Beauvoir. 

Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para dar notoriedade às atividades laborais de cuidados desempenhadas por mulheres. Para isso, o Ministério da Educação, como órgão responsável por construir a mentalidade dos cidadãos, deve incluir, na Base Nacional Comum Curricular, a disciplina ‘tarefas domésticas’, de modo a orientar também os homens na realização desses trabalhos, a fim de reverter a mentalidade machista que impera. Ademais, o governo federal, como instância máxima executiva, deve criar uma agenda econômica democrática, por intermédio da destinação de recursos voltados à remuneração das mulheres que prestam serviços de cuidado, com a finalidade de valorizá-las e garantir a igualdade de oportunidades. Assim, os versos da canção do Péricles deixarão de representar o corpo social brasileiro.”

“Como usar repertório musical na sua redação? Essa candidata deu a letra”, comenta o professor. Ele entende que a escolha de citar o nome da música e depois selecionar, na canção, os versos que têm a ver com o tema foi uma decisão muito acertada.“Esse trabalho de seleção mostra ao corretor sua capacidade de associar ideias. Mas a nossa autora vai além: mostra também o que significa valer-se de um repertório filosófico”.

Fernando aponta que não basta apenas citar a música, ela merece ser explicada. “Vale observar o esforço feito em todo o segundo parágrafo para que o leitor entenda Simone de Beauvoir e compreenda como se pode associar as ideias dela ao tema em discussão. Uma verdadeira aula de uso de repertório”, conclui.

Enem 2022

Tema: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil
Por Zeck Ferreira Gomes 

“Na música “Imagine”, de John Lennon, é retratada uma sociedade que se une, apesar das diferenças culturais, a fim de alcançar a felicidade. Assim como na obra, fora da canção, a harmonia social é imprescindível para o desenvolvimento de uma nação. Contudo, no Brasil, desafios como a negligência estatal, somada à presença de um ideário colonial no pensamento coletivo, prejudicam a valorização das comunidades e dos povos tradicionais, impedindo a concretização dessa união. Desse modo, torna-se fundamental a atuação do Estado para solucionar esse óbice. 

Diante disso, é válido analisar, primeiramente, a improficuidade estatal perante o cumprimento dos benefícios normativos. Nesse sentido, segundo a Constituição Federal de 1988, todo cidadão brasileiro possui o direito à educação, cabendo ao Estado a sua efetivação no corpo social. Todavia, percebe-se, na realidade, que esse preceito não é difundido por completo, haja vista que, em virtude da escassa mobilização governamental referente à promoção de campanhas educacionais sobre as distintas comunidades tradicionais que residem no Brasil, diversas pessoas desconhecem a importância desses povos para a nação, a exemplo da utilização do conhecimento indígena para a preservação das florestas nativas, o que contribui para a desvalorização dessa população na atualidade. Logo, conclui-se que as autoridades públicas devem promover ações sensibilizadoras para reverter essa conjuntura. 

Ademais, é imperioso postular como a perpetuação de um pensamento retrógrado afeta a sociedade tradicional. Nesse contexto, durante a colonização do Brasil, houve um processo de imposição da cultura eurocêntrica dos colonos nas comunidades colonizadas, ocasionando uma desvalorização dos povos tradicionais. Tendo isso em vista, observa-se, na contemporaneidade, a existência desse fenômeno, dado que persiste a exaltação de uma cultura globalizada em detrimento dos costumes das comunidades originárias, o que gera, por consequência, o apagamento de diversos hábitos tradicionais, como a mudança da vestimenta utilizada por algumas tribos indígenas, destacando a adaptação à cultura hegemônica. Dessa forma, faz-se essencial a criação de projetos governamentais que combatam esse pensamento antigo. 

Evidencia-se, portanto, que atitudes são necessárias, com o fito de extinguir os desafios para valorização das comunidades e dos povos tradicionais no Brasil. Posto isso, o Estado deve, por meio do Ministério da Educação — órgão federal detentor do papel educacional da nação —, realizar parcerias com os meios de comunicação existentes, a exemplo dos canais televisivos, com a finalidade de divulgar informações acerca da importância das distintas populações que residem no país, elucidando os brasileiros e eliminando a mentalidade colonial da sociedade. Somente assim, diferentes povos serão valorizados e a harmonia cantada por Lennon se concretizará no Brasil.”

Sobre esta redação, o professor Fernando faz um alerta: “com um pouco mais de exagero, sua interpretação da música seria falsa; se fosse fiel ao sentido original, não conseguiria encaixá-la coerentemente na introdução”. Isso ocorre, segundo ele, a interpretação do autor foi bastante enviesada. “John Lennon defende que, se todos nós imaginarmos um mundo sem guerras, sem fome e sem injustiça, ele poderá existir. Não faz menção à felicidade, nem menciona ‘uma sociedade que se une’”, aponta.

Ainda assim, o professor defende que é desejável adaptar fatos aos interesses da argumentação, e que é possível aprender isso com o autor da redação. “Ele escolheu essa leitura porque ela cai como uma luva para a conclusão que se segue – ‘a harmonia social é imprescindível para o desenvolvimento de uma nação’ – que, por sua vez, servirá como parâmetro para a avaliação negativa do Brasil.

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Enem 2018

Tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
Por Carolina Mendes

“Em sua canção ‘Pela Internet’, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.

Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.

Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livre arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.

Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos.

Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.”

Para o professor Fernando, “o repertório musical na introdução pode encantar ou pode simplesmente comunicar ao leitor: ‘o tema é este’, e ele aponta que a autora optou apenas por fazer o segundo. 

“Há um verso [na música] em que ele diz ‘Que veleje nesse informar’. Essa metáfora de se viajar num mar de informações poderia ser evocada pela autora para encantar seus leitores. Ao invés disso, ela resume o poema de forma quase sem graça, dizendo que Gilberto Gil ‘louva a quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários’, explica.

Entretanto, ele ressalta que não há problema algum na forma como a música foi usada, já que cumpriu a tarefa de apresentar o tema. “Ainda mais porque, se ela não explorou tão bem esse repertório, o mesmo não acontece com a citação de Habermas no segundo parágrafo. Não basta citar; é preciso comentar e aplicar a ideia do filósofo – o que a autora  fez com maestria”.

Enem 2018

Tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
Por Rylla Lídice Varela de Melo

“A obra musical ‘Admirável Chip Novo’, da cantora Pitty, retrata a manipulação das ações humanas em razão do uso das tecnologias, que findam por influenciar o comportamento dos indivíduos. Não obstante, tal questão transcende a arte e mostra-se presente na realidade brasileira através da filtragem de dados na internet e sua utilização como ferramenta de determinação de atitudes, consequência direta do interesse do mercado globalizado e da vulnerabilidade dos usuários. Assim, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.

Convém ressaltar, a princípio, o estabelecimento do comércio virtual e sua contribuição para a continuidade da problemática. Quanto a esse fator, é válido considerar a alta capacidade publicitária da web, bem como sua consolidação enquanto espaço mercantil – possibilitador de compra e venda de produtos. Sob esse aspecto, o célebre geógrafo, Milton Santos, afirma a existência de relação entre o desenvolvimento técnico-científico e as demandas da globalização, justificando, assim, a constante oferta de conteúdos culturais e comerciais que podem ser adquiridos pelos usuários, de modo a fortalecer o mercado mundial e o capitalismo. 

Paralelo a isso, a imperícia social vinculada ao déficit em letramento digital fomenta a perpetuação do impasse. Nesse viés, as instituições educacionais ainda não são eficazes na educação tecnológica, por não contarem com estrutura profissional e material voltado ao tema. Ademais, a formação de indivíduos vulneráveis possibilita a ação do mecanismo que pode transformar comportamentos, tornando-os passíveis de alienação. Essa conjuntura contraria o Estado proposto pelo filósofo John Locke – assegurador de liberdade -, gerando falsa sensação de autonomia e expondo internautas a um ambiente não transparente, em que decisões são previamente programadas por outrem. 

Em suma, faz-se imprescindível a tomada de medidas atenuantes ao entrave abordado. Posto isso, concerne ao Estado, mediante os Ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia, a criação de um plano educacional que vise a elucidar a população quanto aos riscos da navegação na rede e à necessidade de adaptação aos novos instrumentos digitais. Tal projeto deve ser instrumentalizado na oferta de aparelhos tecnológicos às escolas, para a promoção de palestras e aulas práticas sobre o uso da tecnologia, mediadas por técnicos e professores da área, objetivando a qualificação dos usuários e a prevenção de casos de manipulação de atitudes. Dessa maneira, o Brasil poderá garantir a liberdade de seus cidadãos e o Estado lockeano poderá ser consolidado.”

“O uso do repertório musical foi genérico, como em muitas redações. A autora poderia ter sido mais precisa: ‘na música, o eu lírico se percebe desconfigurado quando a máquina pára e se reconhece dependente da tecnologia’. Esse comentário seria mais sedutor”, comenta o professor Fernando.

Ainda assim, ele entende que a introdução cumpriu seu propósito de apresentar o tema e atrair o leitor. “A música que mostra a manipulação já prepara o caminho para a tese: é muito grave que, fora da ficção, essa situação realmente exista. Nesse sentido, ela reforça a urgência da questão”, explica.

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