Contracultura: o que é o movimento e como acontece no Brasil

Contracultura: o que é o movimento e como acontece no Brasil

O movimento de contracultura, como indica o nome, se opõe aos padrões culturais de uma sociedade ou época, com o objetivo de romper barreiras que criam limitações entre diferentes classes sociais, gêneros ou grupos da população.

Esse tipo de atitude é muito importante para a transformação de normas que, ao longo do tempo, são modificadas. Em geral, a contracultura tende a apresentar algumas rupturasa dos padrões observados no país ou região.

No texto a seguir, conheça com mais detalhes a relevância desse tema, como ele surgiu e quais são as manifestações culturais observadas desde então. Veja também como esse tema pode ser importante para o seu desenvolvimento nas provas de vestibular, tanto em relação à sociologia e história, como na redação de textos dissertativo-argumentativos. Vamos lá?

Significado do movimento de contracultura

Se o movimento de contracultura é a contrariedade às normas e padrões sociais, pode-se dizer que trata-se de uma ação de “rebeldia”. Em geral, os grupos que lutam contra aquilo que já está estabelecido são mal vistos pela sociedade.

Isso acontece, principalmente, porque as pessoas tendem a acreditar que a cultura de um país deve ser seguida por todos os indivíduos, sem questionamentos. Ao longo da história, entretanto, observa-se que milhares de pessoas em diferentes sociedades não estão dentro dos padrões estabelecidos naquela região.

Nesse cenário, a oposição às normas torna-se um instrumento essencial para a transformação social, promovendo maior inclusão das diferenças nos locais. A ideia final é que não haja um padrão hegemônico de cultura, mas cada indivíduo possa escolher livremente seu comportamento, religião, padrões estéticos e outras questões referentes a sua existência no mundo.

Origem da contracultura

Nos estudos sociológicos, o movimento de contracultura tem sua origem nas décadas de 1950 e 1960 nos Estados Unidos. Essa época é marcada pelo surgimento de jovens americanos libertários (e vistos como rebeldes) que manifestaram-se pacificamente para contestar radicalmente as regras sociais do país. 

O movimento foi tão abrangente que envolveu a produção filosófica, os estudos sociológicos, o fazer artístico, como as pinturas, as letras e o ritmo das canções. Tudo isso se opunha completamente à cultura erudita, criando uma produção cultural “marginal” e alternativa ao que era visto como “normal”. 

A geração inicial da contracultura é conhecida como “Beat”, que pregavam uma liberdade baseada no amor, respeito à natureza e na simplicidade da vida. De certa forma, isso significa também um afastamento do capitalismo e reconhecimento das minorias sociais. 

Até os dias atuais, a questão da discriminição e preconceito contra os povos minoritários é muito importante. Nesse ponto, pode-se notar a relevância de trazer esse tema à tona desde tempos tão antigos e a necessidade de que a questão das liberdades sejam valorizadas.

Ainda, é possível considerar que as transformações defendidas não agradavam às elites econômicas e sociais. Afinal, com menor índice de consumo, a indústria cultural e o acúmulo de capitais estavam ameaçados.

Na década de 70, surge o movimento hippie, muito citado até os dias de hoje. Esse momento foi um auge da contracultura, propagando as mesmas ideias já defendidas desde a geração Beat, como a mudança de valores e comportamentos padrões, e lutando contra a ideia de hegemonia cultural.

Características do movimento

O movimento de contracultura é bem lembrado, por exemplo, pelo slogan “peace and love” que significa “paz e amor”. Afinal, essas duas palavras representam com clareza as ideias defendidas por esse grupo jovem.

Ao mesmo tempo, o engajamento político da corrente de pensamento ia contra o totalitarismo e controle das pessoas por meio de instituições sociais. Em muitos sentidos, as guerras são representações do domínio de um povo sobre o outro, Em vigência da Guerra do Vietnã, então, os revolucionários pregavam a frase “make love not war”, que traduzido diz “faça amor, não faça guerra”.

Outros pontos importantes levantados pelos jovens da época foram a liberdade amorosa e sexual, a busca por religiões mais orientais, como o hinduísmo e o budismo, a transformação da alimentação, com a introdução do vegetarianismo. 

Muitas vezes, esse movimento utilizava encontros e festivais para propagar suas ideias inovadoras. Entre os costumes desses eventos estava o uso de substâncias psicodélicas, que produzem alucinações. 

Com o passar dos anos, os hippies adquiriram até mesmo uma forma de vestimenta e visual próprios do grupo. O essencial, contudo, era que a composição fosse contrária aos padrões, por isso o uso de roupas muito coloridas e não discretas, sandálias, camisetas rasgadas e os homens mantinham seus cabelos longos. 

Em termos de estilo de vida, ainda, muitos dos adeptos à contracultura se juntaram em comunidades e admitiram um estilo de vida nômade. Com isso, essas comunidades possuem um comportamento mais naturalista e libertários. 

Como foi citado anteriormente, a música foi uma ferramenta necessária para a propagação do movimento. O rock and roll, por exemplo, é um gênero musical que vai contra os padrões eruditos de sonoridade. Entre os artistas da contracultura, podemos citar Bob Marley, Jimi Hendrix e Jim Morrison.

Inclusive, a popularização do estilo de vida “rebelde” foi rápida, se espalhando dos Estados Unidos para outras partes da América do Norte, América Latina e atingindo até mesmo grupos populacionais na Europa.

Contracultura no Brasil

O engajamento político da juventude brasileira durante o período da Ditatura Civil-Militar, durante os anos 60, era contra o autoritarismo político que a sociedade enfrentava. Por exemplo,  o movimento estudantil se fortaleceu nessa época, embora as repressões fossem mais fortes devido ao cenário ditatorial vivido no país.

O grupo dos punks também se popularizou nas regiões de São Paulo e Brasília. A vestimenta e comportamento ia contra as ideias conservadoras pregadas à época, causando profundo incômodo na sociedade. 

Em termos musicais, a Tropicália foi o grupo de artistas que mais conseguiu se engajar politicamente, contestando a cultura hegemônica do país. O fazer musical irreverente e fora do padrão abalava a sociedade brasileira, por trazer a liberdade de expressão tanto na melodia como nas letras entoadas. 

Vozes como Tom Zé, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Ney Matogrosso, tão famosas no dia de hoje, iniciaram suas carreiras dentro do movimento de contracultura.

+ Veja mais: Indústria Cultural: o que é, conceito, escola de Frankfurt e cultura de massa

Contracultura no vestibular?

O movimento de contracultura pode ser utilizado durante as redações, em temas que tratem sobre transformações sociais, hegemonia cultural, importância política da arte, liberdade de expressão, poder do engajamento jovem, entre outras pautas. 

Em termos de questões de vestibulares, ainda, observe o enunciado abaixo, retirado da prova do Enem de 2009. 

O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: “É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas”.

Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado)

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,

a) Foram manifestações desprovidas de conotação política, que tinham o objetivo de questionar a rigidez dos padrões de comportamento social fundados em valores tradicionais da moral religiosa.

b) Restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a industrialização avançada, a penetração dos meios de comunicação de massa e a alienação cultural que deles resultava eram mais evidentes.

c) Resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social e religioso que prevaleceu nos países ocidentais durante as décadas de 70 e 80.

d) Tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura.

e) Inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o ambientalismo, a promoção da equidade de gêneros e a defesa dos direitos das minorias.

Alternativa A incorreta porque o movimento tinha conotação política. 

Alternativa B incorreta pois a contracultura se disseminou entre diferentes países, desenvolvidos e em desenvolvimento. 

Alternativa C está errada porque os jovens lutavam contra o conservadorismo. 

Alternativa D é falsa já que a repercussão política foi sim significativa. 

Alternativa E traz somente informações verdadeiras, por isso é a resposta para essa questão.

+ Veja mais: Surgimento da Sociologia: contexto histórico

Confira a aula de Cultura da série Sociologia do Zero para o Enem

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