Qual é a estrutura de uma redação?

Qual é a estrutura de uma redação?

Introdução, desenvolvimento e conclusão: entenda como construir cada uma das partes do texto e veja exemplos

A prova de redação pode ser uma das partes de maior ansiedade na hora do vestibular: a expectativa sobre o tema escolhido pela banca, a incerteza se conseguiu agregar repertórios suficientes para o texto, e o planejamento para garantir um tempo adequado para essa parte do exame.

Para garantir uma boa preparação para a prova e conseguir produzir um bom texto, é imprescindível saber qual gênero textual estudar e treinar. A maioria dos vestibulares costuma exigir um texto dissertativo-argumentativo, como é o caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), da Universidade de São Paulo (USP) e  Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo. Essa informação é disponibilizada no edital dos processos seletivos.

A estrutura de uma redação que pede a produção de um texto dissertativo-argumentativo necessariamente precisa ser composto de introdução, desenvolvimento e conclusão. Confira como elaborar cada uma das etapas:

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Estrutura da redação dissertativa-argumentativa

Introdução

Como o nome sugere, na introdução do texto é necessário apresentar ao leitor o tema que será abordado naquela dissertação. Nesta etapa, o autor cita o problema a ser resolvido e sua principal tese para resolução.

Mostrar criatividade e instigar o leitor a continuar a leitura é fundamental durante a escrita da introdução. É nesse parágrafo que o texto precisa demonstrar que vale a pena ser lido.

Veja exemplos de introdução em redações nota 1000 na edição 2022 do Enem, cujo o tema foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”:

Ana Beatriz Senciel Machado, de São Paulo (SP)

“Na obra ‘Espírito das Leis’, Montesquieu enfatizou que é preciso analisar as relações sociais existentes de um povo para, assim, aplicar as diretrizes legais e abonar o progresso coletivo. No entanto, ao observar os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil, certifica-se que a teoria do filósofo diverge da realidade tupiniquim contemporânea. Haja visto a persistência de territórios desprotegidos e direitos desrespeitados, fato que impede a ascensão do Estado Brasileiro. Com efeito, é imprescindível enunciar os aspectos socioculturais e a insuficiência legislativa como pilares fundamentais da chaga.”

Giovanna Fagundes da Silva, de Birigui (SP)

“De acordo com os pensadores estóicos, o ser humano deveria viver em harmonia com a natureza, buscando um bem geral. Contudo, observa-se, no Brasil, a desvalorização de pessoas que seguem tal proposta de respeito ao meio natural, como as comunidades e povos tradicionais. Essa realidade é fruto de um etnocentrismo histórico, além de refletir a lógica de perseguição por lucro do sistema capitalista. Sendo assim, faz-se necessário analisar os desafios desse cenário, a fim de garantir a igualdade a todos os brasileiros.”

Desenvolvimento

Chegou a hora de usar o repertório e desenvolver a argumentação que escolheu traçar sobre o tema. Destrinche, debata e exemplifique sem repetições, com períodos curtos que não atrapalhem o acompanhamento do raciocínio e evite argumentar usando pontos que não possui domínio.

Entenda melhor o desenvolvimento com os exemplos de redação nota 1000 do Enem 2022:

Ana Beatriz Senciel Machado, de São Paulo (SP)

“É importante considerar, antes de tudo, o fator grupal. Conforme o pensador Jurgen Habermas, a razão comunicativa, ou seja, o diálogo constitui etapa fundamental do desenvolvimento social. Nesse ínterim, a falta de estímulo ao debate a respeito da valorização das comunidades e povos tradicionais do Brasil, todavia coíbe o poder transformador da deliberação e, consequentemente, ocasiona a queda da sociobiodiversidade no Brasil. Descarte, discorrer criticamente a problemática é o primeiro passo para a consideração do progresso sociocultural habermaniano. 

Além disso, merece destaque o quesito constitucional. Segundo Jean Jacques Rousseau, os cidadãos cedem parte da liberdade adquirida na circunstância natural para que o Estado garanta direitos intransigentes. A dificuldade na valorização de todos os povos e comunidades brasileiras, entretanto, contrasta a concepção do pensador na medida em que o conhecimento da população sobre a natureza, sociedades e culturas históricas seja de baixo nível. Dessa forma, as ações precisam ser executadas pelas autoridades competentes com o fito de diminuir o revés.”

Giovanna Fagundes da Silva, de Birigui (SP)

“Nesse sentido, cabe ressaltar as raízes históricas da desvalorização dos povos tradicionais, como os indígenas. Isso pode ser verificado no etnocentrismo vigente no país desde a sua colonização, haja vista o desprezo dos europeus pela população local, interpretando-a como “selvagem”. A partir de então, os indígenas sofreram violência simbólica – termo apresentado pelo sociólogo Pierre Bourdieu- pois, mesmo sem coerção física, estavam sujeitos a diversas formas de manipulação, como a cultural. Prova disso foi a atuação dos jesuítas no processo de cristianização desses indivíduos ao negar suas crenças e impor a fé católica. Logo, a hierarquização dos povos é antiga no Brasil, fato que desencadeou a desvalorização atual de certas comunidades.

Além disso, o país está inserido em um sistema capitalista de produção, o qual visa, primordialmente, ao lucro. Segundo o conceito de reificação, proposto pelo sociólogo Karl Marx, o valor do indivíduo está em sua contribuição para o capitalismo. Sob essa ótica, tendo em vista que eles buscam apenas a subsistência, os povos tradicionais são desvalorizados pela sociedade, porque não colaboram, diretamente, com a geração de riqueza. Desse modo, são apagados do corpo social e precisam reafirmar os seus direitos, devido à violação de suas necessidades, como a natureza – produto de exploração da esfera econômica.”

Conclusão 

Texto introduzido e desenvolvido, é hora de concluir. Nesta etapa, o autor precisa retomar a tese central, amarrando os argumentos e chegando a uma ideia que solucione a situação-problema a partir deles.

Confira como construir uma boa conclusão com as partes finais das redações nota 1000:

Ana Beatriz Senciel Machado, de São Paulo (SP)

“Entende-se, portanto, a temática como sendo um obstáculo, intrínseco de raízes culturais e legislativas. Logo, a mídia por intermédio de programas televisivos de grande audiência, irá discutir o assunto com profissionais especialistas nessa área, com o objetivo de mostrar as reais consequências do problema, apresentar visão crítica e orientar os espectadores a respeito do impasse. Essa medida ocorrerá por meio da elaboração de um projeto estatal em parceria com o Ministério das Comunicações. Desse modo, a deliberação de Habermas e a justiça de Rousseau, a sociedade brasileira terá progresso social concretizado como enfatizou Montesquieu.”

Giovanna Fagundes da Silva, de Birigui (SP)

“Portanto, urge que a mídia televisiva, responsável pela difusão de informações e entretenimento, por meio de documentários e novelas, retrate o cotidiano de comunidades e povos tradicionais no Brasil, apresentando sua cultura de forma positiva, com o intuito de legitimar os diferentes modos de vida a romper com o etnocentrismo histórico. Ademais, cabe à escola, instituição de transformação de valores, apresentar a natureza de uma maneira desvinculada do capitalismo e ressaltar sua importância a todos. Assim, espera-se um país que siga a proposta de estoicismo e valorize os povos tradicionais.”


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