Na semana em que se celebram os 101 anos do educador, que é o principal nome da Pedagogia e da educação brasileira, o Portal Estratégia Vestibulares preparou um artigo que conta a você quem foi Paulo Freire e porquê ele é considerado o Patrono da Educação. Bora lá?
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Quem foi Paulo Freire?
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, na cidade de Recife, em Pernambuco. Foi em sua cidade natal que Paulo se formou em Direito, mas optou por seguir na área da educação, na qual fez história e é tido como referência mesmo 25 anos após sua morte.
Seu trabalho como educador mudou a forma de alfabetização dentro e fora do Brasil, e ao tratar o processo educacional como um ato de conscientização, Paulo Freire acabou sendo preso, acusado de “subversão”, pela ditadura militar brasileira (1964 – 1985), e após 72 dias em cárcere foi um dos primeiros brasileiros exilados.
Exilado primeiramente no Chile — que na década seguinte também sofreria um golpe militar —, o educador trabalhou com projetos de alfabetização no Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária (Icira) e escreveu seu principal livro: “Pedagogia do Oprimido”, de 1968. Depois, foi convidado para lecionar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e atuou como consultor e coordenador emérito do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), com sede em Genebra, na Suíça.
Em 1980, Paulo Freire retornou ao Brasil, onde lecionou na Universidade de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), além de ter trabalhado como Secretário Municipal de Educação de São Paulo, na gestão da prefeita Luíza Erundina (PT).
Na vida pessoal, Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. O educador faleceu em 02 de maio de 1997, aos 75 anos, vítima de um ataque cardíaco, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias.
Contribuições de Paulo Freire para a educação brasileira
Durante a Guerra Fria, o governo estadunidense de John F. Kennedy criou o programa “Aliança para o Progresso”, que tinha como objetivo impulsionar o crescimento econômico na América Latina e acabar com o que os países capitalistas chamavam de “crescente comunista”. Foi neste cenário que o estado do Rio Grande do Norte recebeu verba para um projeto experimental de erradicação do analfabetismo.
Paulo Freire foi o responsável por elaborar o projeto de alfabetização e treinar professores para aplicá-lo. A ideia do educador, contrariamente o que sugeria a “Aliança para o Progresso”, baseava-se na ideia de fazer com que o aluno assimilasse o conteúdo ensinado por meio de uma prática dialética com a realidade, em contraposição a, por ele denominada, “educação bancária”.
A crítica que Freire fazia ao modelo de “educação bancária” era de que nesse método o professor era o centro do processo educacional e detentor do conhecimento, e apenas depositava seu conhecimento nos alunos. Ou seja, no modelo de alfabetização criado por ele, o estudante construiria seu próprio rumo de aprendizado, sem se prender a modelos alienantes e previamente construídos, além de criar consciência política e de classe.
Seu novo modelo educacional foi responsável por alfabetizar, no ano de 1963, 300 jovens e adultos em 40 horas na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. Uma vez alfabetizados e com sua consciência política aflorada, alguns dos trabalhadores formados pelo método freireano entraram em greve para ter seus direitos previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) respeitados pelos patrões. Esse foi o primeiro acontecimento que fez com que as elites associassem Paulo Freire ao Comunismo.
Plano Nacional de Alfabetização
A experiência positiva de Paulo Freire na cidade de Angicos fez com que o então Ministério da Educação e Cultura (MEC), sob o governo do presidente João Goulart (PTB), criasse, em janeiro de 1964, o “Plano Nacional de Alfabetização”, com o objetivo de levar “A Pedagogia do Oprimido”, método educacional de Freire, para todo o Brasil.
Durante a preparação do plano, o educador fez um levantamento do número e da localização dos analfabetos brasileiros na época, identificando 20,4 milhões de pessoas entre 15 e 45 anos em todo o território nacional. Com os dados levantados e o curso pronto, o objetivo era alfabetizar ao menos seis milhões de pessoas.
Política por natureza, a pedagogia freireana no Plano Nacional de Alfabetização incomodou a classe dominante a nível nacional, uma vez que, na época, só podiam exercer o direito de votar os eleitores que fossem alfabetizados. E antes mesmo da eleição seguinte, o plano de alfabetização foi extinto pela ditadura militar que passou a governar o Brasil a partir de abril de 1964.
Instituto Paulo Freire
Criado em 1991 pelo próprio Paulo Freire, o instituto tem sede em São Paulo e nasceu a partir do desejo do educador de reunir pessoas e instituições que quisessem trabalhar em prol de uma educação humanizadora e transformadora, aprofundando suas reflexões, melhorando suas práticas para a construção de “um outro mundo possível”.
Atualmente, o IPF desenvolve projetos de assessoria, consultoria, pesquisas, formação (presencial e a distância) inicial e educação continuada, orientados pelas dimensões socioambiental e intertranscultural, constituindo três áreas de atuação: Educação de Adultos, Educação Cidadã e Educação Popular.
De acordo com o próprio instituto, seu trabalho se fundamenta nos princípios da horizontalidade e do trabalho coletivo, utilizando metodologia essencialmente dialógica, inclusiva, respeitosa da diversidade, das diferenças e das semelhanças entre as culturas e os povos, fundada no incentivo à auto-organização e à autodeterminação.
Obras de Paulo Freire
O principal livro de Paulo Freire é “Pedagogia do Oprimido”, de 1968, mas o educador foi autor de outras obras que mudaram os rumos da pedagogia e da educação tradicional. Conheça-as:
- Pedagogia do Oprimido: escrito enquanto Paulo Freire estava exilado no Chile, o livro propõe uma revisão da relação entre educadores e alunos. Levando em conta seu pressuposto de que “o diálogo é uma exigência existencial”, o autor argumenta que a educação dialógica é o caminho para um modelo educacional libertador para às massas, sem excluí-las do processo de aprendizagem;
- Educação como Prática da Liberdade: também escrito durante seu tempo exilado, neste livro Freire detalha seu trabalho de alfabetização com jovens e adultos a partir do seu método de ensino, no nordeste brasileiro, antes de ser preso e expulso do País;
- Cartas à Guiné-Bissau: o livro reúne 17 cartas trocadas entre Paulo Freire e Mário Cabral, Ministro da Educação de Guiné-Bissau, sobre os trabalhos de alfabetização no país após sua independência de Portugal, que só aconteceu em 1974;
- Pedagogia da Autonomia: publicada um ano antes da morte do educador, a obra apresenta propostas de práticas pedagógicas necessárias à educação como forma de construir a autonomia dos educandos, valorizando e respeitando sua cultura e seu acervo de conhecimentos empíricos junto à sua individualidade.
Patrono da Educação
“Patrono” é um substantivo masculino que se refere a alguém que “luta e/ou defende uma causa, uma ideia”, e a partir do significado literal da palavra fica mais fácil entender porque Paulo Freire foi nomeado o Patrono da Educação. E sim, ele foi nomeado, de forma oficial, pela Lei nº 12.612, de abril de 2021.
“Paulo Freire é a figura de maior destaque na educação brasileira contemporânea, pelo olhar novo que ele constrói sobre o processo educativo. Ele tem ajudado muitos países no mundo a repensar a visão vertical que temos nas salas de aula, de um professor que sabe tudo e do estudante que é uma tábula rasa e nada sabe”, afirmou Jaqueline Moll, diretora de currículos e educação integral do MEC, em matéria publicada pelo Ministério após a sanção da Lei.
Títulos concedidos a Paulo Freire
Além de ganhar o título póstumo de Patrono na Educação, Paulo Freire recebeu ainda em vida o Prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência (Unesco) DE Educação para a Paz, em 1986.
O educador também recebeu mais de 40 títulos como doutor “honoris causa” de universidades nacionais e internacionais, como a Unicamp e a Universidade de Genebra. O título de doutor honoris causa é concedido pelas universidades a pessoas que se destacam por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade.
Curiosidades sobre Paulo Freire
Além das contribuições pedagógicas e dos títulos conquistados, o legado de Paulo Freire na educação ainda inclui diversas homenagens, rendendo a ele, inclusive, o posto de brasileiro mais homenageado da história.
Freire dá nome a cerca de 350 instituições educacionais, como escolas, universidades, centros acadêmicos e bibliotecas, em todo o mundo. Além disso, uma pesquisa de 2017, feita pelo jornal Gazeta do Povo, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, revelou que o educador é a pessoa mais homenageada por nomes de escolas nesses locais.
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