A ecologia é a área da ciência que se dedica ao estudo da relação entre os seres vivos com outros indivíduos e também com o ambiente. É por meio dela, por exemplo, que conhecemos quais alimentos são mais adequados para cada espécie, qual o horário que aqueles animais dormem e quais os climas adequados para uma determinada planta.

O tema, além de importante para o conhecimento e respeito pelo meio ambiente e suas diversidades, tem grande recorrência nas provas do Enem. Aponta-se que 37,42% das questões de ciências da natureza estão relacionadas com ecologia. Diante disso, vale a pena estudar esse assunto com afinco.

Então, leia este artigo do Estratégia Vestibulares. Estão reunidas as principais informações e conceitos em ecologia, como a relevância, as aplicações, definições, níveis de organização dos seres vivos e muito mais. Além disso, acompanhe a resolução comentada de questões do Enem que cobram tópicos ecológicos. Vamos lá?

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Importância da ecologia

Como foi mencionado, a ecologia observa como os seres vivos e os seres não vivos interagem entre si. Então, é importante para compreender, principalmente, o papel da natureza na conservação e evolução das espécies.

Veja, ao saber que uma espécie X de árvore é necessária para a reprodução efetiva de um grupo de pássaros, é possível criar medidas preventivas que impeçam a extinção dessa planta. Pense que, se a planta não estiver em números adequados, as aves também serão afetadas e, assim, todos os animais que se alimentam delas.

Nesse sentido, o estudo ecológico garante o entendimento de que as espécies são interdependentes entre si, assim como estão sujeitas às variações do ambiente. Claro, que alterações naturais acontecem e, por isso, existem a capacidade de adaptação e seleção natural dos seres vivos.

Entretanto, a ação antrópica (do homem) pode danificar o ambiente natural em velocidades exponenciais quando comparada às modificações orgânicas. Então, o conhecimento de ecologia visa também minimizar os impactos causados pelo desenvolvimento inconsequente da espécie humana.

Além do mais, é necessária para entender as dinâmicas das populações. Por exemplo, as aves migratórias navegam todos os anos das regiões mais frias para águas tropicais. Então, qualquer alteração nesse fluxo pode significar alterações importantes tanto em um ambiente como em outro.

Por fim, a ecologia é quem explica os hábitos alimentares e a circulação da energia entre as espécies. Sabe-se que os seres autótrofos produzem energia que são transmitidas dentro da cadeia alimentar e, depois, retornam ao solo/ar/água por meio da ação de microrganismo decompositores, como veremos mais adiante.

+ Veja também: Reino Plantae (Vegetal): classificação, evolução, reprodução e características

Conceitos em ecologia

Comportamento e hábitos dos seres vivos

Como já foi visto, um dos pilares da ecologia é estudar o comportamento e hábitos dos seres vivos. Diante disso, foram criados conceitos importantes para determinar essas diferenças entre as espécies, acompanhe!

Nicho ecológico

O nicho ecológico representa o modo de vida admitido por uma espécie ou organismo. Por exemplo, quais os hábitos alimentares, quais as estratégias de sobrevivência, locais onde se abrigam, forma de reprodução, cuidados com os filhotes, entre outras características.

Com isso, é possível compreender quais são as condições necessárias para que a espécie sobreviva e realize seu papel ecológico no mundo.

Hábitat

Na ecologia, o hábitat é o local em que uma espécie se desenvolve com mais eficiência. Geralmente é o abrigo de preferência desses indivíduos e garante as condições necessárias para alimentação e reprodução.

Cadeia alimentar

O diagrama acima representa os tipos de organismos que estão dispostos em uma cadeia alimentar.

Primeiramente, as espécies produtoras são capazes de produzir matéria orgânica, fonte primordial da energia em seres vivos. Esse grupo deve ter a capacidade de síntese, seja a partir da luz (fotossíntese) ou outros substratos, como a quimiossíntese. Na Terra, em geral, isso significa que os indivíduos produtores são de origem vegetal.

Depois disso, são adicionadas as espécies consumidoras. Elas não fazem o próprio alimento e dependem de outros organismos para sobreviver. Nós humanos e os outros animais estamos enquadrados nessa classificação.

ecologia: cadeia alimentar terrestre e marinha — Imagem: Reprodução/Wikimedia

As primeiras espécies que comem as plantas são chamadas de consumidores primários (C1). Os seres que comem C1, serão os consumidores secundários (C2), depois virão os consumidores terciários (C3), até que um animal de grande porte se localize no topo da cadeia alimentar. Por fim, quando esse grande consumidor morre, ele passa pelo processo de decomposição, quando fungos ou bactérias retornam as matérias essenciais para o meio ambiente.

Pirâmide ecológica

A pirâmide ecológica é um tipo de gráfico utilizado na ecologia para representar o fluxo de algum conceito. Por exemplo, o maior nível de energia em uma cadeia alimentar está concentrado entre os produtores. Quanto mais no topo da cadeia, menor a quantidade de energia disponível. Por isso, a pirâmide é representada conforme a imagem abaixo.

Exemplo de pirâmide na ecologia — Exemplo de pirâmide ecológica

Teia alimentar

Em um ambiente, não existe uma só cadeia alimentar acontecendo. Na verdade, a interação entre diferentes espécies traz a noção de uma teia alimentar, quando vários encadeamentos alimentares se relacionam entre si.

+ Veja também: Sucessão ecológica: o que é, tipos, exemplos e questões

O meio ambiente em ecologia

Fatores bióticos e abióticos

No estudo do meio ambiente, a ecologia separa os elementos do mundo em dois principais grupos, os fatores bióticos e os fatores abióticos.

O sufixo “bio-” surge do grego bios e tem o significado de vida. Então, um fator biótico é aquele que tem vida, ou seja, todos os seres vivos. Estão inclusos plantas, animais, fungos e bactérias, principalmente.

Por outro lado, um fator abiótico é aquele que não tem vida, mas causa influência sobre as relações e condições ecológicas. São químicos ou físicos, como a água, o clima, a energia solar, os gases atmosféricos, a umidade, os nutrientes, entre outros.

Ciclos biogeoquímicos

Dentro dos fatores abióticos, ainda, é possível observar um comportamento cíclico. Por exemplo, sabemos que a água é um recurso natural não renovável. Por isso, toda a água que temos acesso está no Planeta Terra desde sua origem.

A manutenção dessa molécula é feita por meio do ciclo da água. As chuvas são a forma de retornar a água que está na atmosfera para a superfície. A partir disso, o líquido é absorvido pela terra, plantas, animais ou preenche reservatórios. Depois, ela passará pelos organismos e pode voltar à atmosfera pelo processo de evaporação.

Eventos semelhantes acontecem com elementos químicos. Existem o ciclo do nitrogênio, o ciclo do nitrogênio, do carbono e do oxigênio — três moléculas de grande relevância para a sobrevivência de seres vivos.

Relações ecológicas

Relações interespecíficas x intraespecíficas

As relações ecológicas estudam as interações entre os seres vivos. Elas podem ser encontradas entre indivíduos de espécies diferentes, como quando um leão faz a predação de um veado, ou um tubarão come um peixe de menor porte.

Também podem ser intraespecíficas, quando organismos da mesma espécie relacionam-se entre si. Por exemplo, as abelhas e formigas estabelecem divisões de tarefas e vivem em conjunto, nas colmeias ou formigueiros

Relações harmônicas x desarmônicas

A harmonia ou desarmonia de uma relação ecológica diz respeito aos benefícios ou danos causados por aquela interação. Em alguns casos, como a relação harmônica entre fungos e líquens, em que o convívio é essencial para a sobrevivência. Por outro lado, o parasitismo é desarmônico para os cachorros, quando infestados por carrapatos.

Tabela relações ecológicas

Níveis de organização em ecologia

População

A ecologia sempre parte do princípio do grupo para estudar, então, o primeiro nível de organização observado são as populações.

Uma população é um conjunto de indivíduos da mesma espécie que compartilham o mesmo ambiente. Por exemplo, em uma floresta de araucárias, como as que vemos no sul do Brasil, os pinheiros de mesma espécie são uma população.

Comunidade

Ao observar um ambiente, existem diversas populações que se desenvolvem ao mesmo tempo. Então, uma comunidade é o conjunto de populações que estão em um espaço, com indivíduos de várias espécies convivendo juntos. Como exemplo, pense nas espécies de roedores, insetos, mamíferos, aves e outras plantas que estão nas florestas de araucárias supracitadas.

Ecossistema

O ecossistema, por sua vez, é o conceito que abrange os fatores bióticos e abióticos presentes em um determinado espaço. Aqui, estão incluídas as comunidades e componentes não vivos, que relacionam-se em termos de ciclos biogeoquímicos, fluxo de energia e comportamentos.

Biosfera

Por fim, a biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas existentes no Planeta Terra. Então, estão englobados ambientes tropicais, subtropicais, polares, amenos, desérticos, com as mais diversas espécies animais, vegetais, bacterianas e fúngicas.

Áreas de estudo em ecologia

Como toda ciência, existem subdivisões da ecologia que se dedicam ao estudo de uma ótica diferente uma das outras, conheça-as a seguir.

A autoecologia busca entender a relação de uma única espécie com o meio. Nesse sentido, explica as condições necessárias para a sobrevivência daquela espécie, como também explica quais fatores ambientais podem estar associados à extinção ou alterações de comportamento.

A sinecologia descreve os hábitos de uma comunidade, entendendo qual a relação entre as espécies e como elas se desenvolvem ao longo do tempo. Afinal, diversos indivíduos de comportamentos diferentes dividem o mesmo espaço e lutam, cada um, por sua sobrevivência.

A ecologia humana é outro tópico importante, porque analisa como as outras espécies se relacionam com os seres humanos. Nesse ponto, são observadas a influência da ação antrópica, bem como as doenças que podem surgir a partir dessa interação.

+ Veja também: Níveis de organização dos seres vivos: o que são?

Questões sobre ecologia no Enem

(ENEM 2013)

A posição ocupada pela vaca, na interação apresentada na tirinha, a caracteriza como

a) produtora.
b) consumidora primária.
c) consumidora secundária.
d) consumidora terciária.
e) decompositora.

Como a vaca está se alimentando diretamente do pasto, que é um vegetal fotossintético, admite-se que ela é um consumidor primário, como aponta a alternativa B.

(Enem 2021) Estudo aponta que a extinção de preguiças-gigantes, cuja base da dieta eram frutos e sementes, provocou impactos consideráveis na vegetação do Pantanal brasileiro. A flora, embora não tenha desaparecido, tornou-se menos abundante que no passado, além de ocupar áreas mais restritas.

BICUDO, F. Jardineiro da pesada. Ecologia. Pesquisa Fapesp, ed. 231, maio 2015 (adaptado).

O evento descrito com a flora ocorreu em razão da redução

a) Da produção de flores.
b) Do tamanho das plantas.
c) De fatores de disseminação das sementes.
d) Da quantidade de semente por fruto.
e) Dos hábitats disponíveis para as plantas.

Como a extinção dos animais resultou em uma diminuição da vegetação pantaneira, pode-se assumir que as preguiças-gigantes faziam algum papel ecológico importante para a preservação da flora.

A produção de flores, o tamanho das plantas e a quantidade de sementes por fruto não podem ser alteradas pela extinção de uma espécie. São características geneticamente determinadas que nao se modificam facilmente simplesmente com a falta das preguiças.

A falta de hábitats poderia ser uma resposta assertiva, mas o texto não aponta modificações no habitat e sim na fauna da região. Por isso, podemos assumir que as preguiças atuavam, de alguma forma, na disseminação dessa planta pelo ambiente — assim, a melhor alternativa para responder ao enunciado é a letra C.

+ Veja mais: Ecologia no vestibular: como o tema pode cair na sua prova

(Enem PPL 2020) Os impactos ambientais das usinas hidrelétricas são motivo de polêmica nas discussões sobre desenvolvimento sustentável. Embora usualmente relacionadas ao conceito de “energia limpa” ou associadas à ideia de “sustentabilidade”, essas usinas podem causar vários problemas ambientais. Destaca-se a proliferação de determinadas espécies aquáticas em relação a outras, ocasionando a perda de diversidade das comunidades de peixes (ictiofauna) do local.

Disponível em: http://ciencia.hsw.com.br. Acesso em: 25 mar. 2013 (adaptado).

Em um primeiro momento, as mudanças na composição dessas comunidades devem-se

a) Às alterações nos hábitats causadas pela construção das barragens.
b) À poluição das águas por substâncias liberadas no funcionamento da usina.
c) Ao aumento da concentração de CO₂ na água produzido pelo represamento do rio.
d) Às emissões de gases de efeito estufa pela decomposição da matéria orgânica submersa.
e) Aos impactos nas margens da barragem em função da pressão exercida pela água represada.

O enunciado aborda o problema em primeiro momento. E, de fato, o hábitat é alterado quando uma barragem é construída, já que a navegação fica comprometida, o acesso a outros ambientes, o que gera consequências negativas para o ecossistema, como afirma a alternativa A.

+ Veja também: 21 conceitos básicos de Biologia que caem no vestibular

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Ecologia: conceito, importância, níveis de organização e questões

Importância da ecologia