A habilidade de escrita, eloquência e interpretação são itens essenciais para diversas profissões e também na formação cidadã dos indivíduos. O conhecimento sobre diferentes tipos de textos é útil para a versatilidade das informações, por exemplo, os escritos dos gêneros argumentativos são necessários em situações de debates políticos, posicionamentos sociais, estratégias de marketing e publicidade, apresentação de propostas, entre outros acontecimentos cotidianos.
Dada a importância da boa argumentação e comunicação, muitos dos vestibulares para as melhores universidades do país buscam, dos vestibulandos, uma capacidade argumentativa de excelência. No principal exame para o Ensino Médio para o Brasil, o Enem, a dissertação precisa de argumentações.
Para te auxiliar na construção desse conhecimento, tanto para a escrita quanto para a interpretação de gêneros argumentativos, o Estratégia Vestibulares desenvolveu este artigo. Continue lendo e encontre a definição de argumentação, usos e principais tipos de textos argumentativos.
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O que é argumentação?
A palavra argumentação, em seu sentido mais amplo, indica a ação de buscar convencer interlocutores de que seu discurso é importante e que a tese defendida é relevante e fatídica. Para isso, devem ser apresentadas informações que contribuam para o posicionamento levantado.
Essas informações são os argumentos, de forma que precisam ser escolhidos, construídos e posicionados de forma estratégica dentro do discurso. A forma como a argumentação é desenvolvida deve ser encadeada para que o leitor ou ouvinte possa acompanhar o raciocínio e concordar com ele, em última análise.
Como é um texto argumentativo?
Um texto que se encaixe entre os gêneros argumentativos contém algumas características essenciais. Em primeiro lugar, é necessário que o tema em questão seja apresentado ao interlocutor, deixando-o a par do contexto que envolve o assunto.
Por exemplo, em uma redação que fala sobre “a realidade de pobreza entre os brasileiros e as relações étnicas-históricas”, é importante que haja uma contextualização tanto do ponto de vista socioeconômico quanto histórico para expor a situação ao leitor. Afinal, parte-se sempre do pressuposto de que o interlocutor não conhece o assunto e precisa saber sobre ele através do texto argumentativo.
Uma vez que o tema foi apresentado, é necessário desenvolver esse cenário, adicionando os elementos que serão debatidos. Por exemplo, uma vez que a questão histórico-social do Brasil foi discutida brevemente, é preciso apontar elementos que correlacionam situações atuais com eventos históricos.
Cada uma dessas partes deve ser encadeada para que, ao final do texto, haja uma conclusão do assunto, fechando a tese defendida. Ou seja, todos os argumentos apresentados devem se encaminhar para uma ideia central.
Gêneros argumentativos: tipos de textos
Editorial jornalístico
Um editorial jornalístico é um tipo de texto em que, funcionários do próprio meio de comunicação (jornais, revistas, rádios), chamados de editorialistas, expressam suas opiniões acerca dos temas que são debatidos nesse veículo de imprensa. Na maioria das vezes, é avaliado e debatido algum tema que foi relevante na última edição do jornal ou revista.
No geral, são temas dissertativos-argumentativos, mas com grande vertente subjetiva. É comum que a opinião do autor esteja implícita ou explícita dentro do texto, apesar de informações objetivas também construírem a argumentação apresentada.
“Pelas estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado foram roubados ou furtados no Brasil precisamente 999.223 celulares, ou quase dois por minuto. Se o número impressiona por si só, causa ainda mais espanto constatar que nem de longe reflete a dimensão da violência nas ruas do país. Os brasileiros que declararam ter sido vítimas de roubo ou morar com alguém que sofreu esse tipo de crime somam em média o quíntuplo do que sugerem os dados oficiais, revela um estudo da Fundação Getulio Vargas comparando os registros de ocorrência a relatos apurados pelo IBGE.
A discrepância é atribuída à subnotificação, que varia de estado para estado. No Rio de Janeiro, que enfrenta grave crise de segurança, as vítimas declaradas chegam a quase quatro vezes os registros de roubo. Na Bahia, que também sofre com o flagelo da violência, são mais que o quádruplo. Em Sergipe, os dados oficiais representam menos de um décimo das vítimas.
Violência: Discrepância entre os números de vítimas autodeclaradas de roubo e de registros na polícia expõe subnotificação do crime no país
A subnotificação varia de acordo com o tipo de crime, afirma a coordenadora do estudo, a economista Joana Monteiro, que comandou o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio entre 2015 e 2018. No caso de roubo de veículos, costuma ser baixa, porque as vítimas precisam do registro para dar entrada no pedido de ressarcimento às seguradoras. Em relação a roubos em geral, os fatores que mais pesam são o tempo gasto para fazer a comunicação e a falta de confiança no resultado, uma vez que os índices de elucidação dos crimes costumam ser baixíssimos.
É verdade que a subnotificação de crimes não é problema exclusivo do Brasil, mas tem impacto relevante nas políticas de segurança. Sem um diagnóstico preciso, o planejamento das ações fica comprometido. Há estados que registram mais, outros menos. Fica difícil saber se a violência aumentou porque houve mais registros ou porque as ações do crime cresceram. Nos casos de violência contra a mulher, a discrepância é ainda mais dramática, apesar das campanhas para incentivar denúncias.
Terrorismo: PF cumpre mais um mandado de busca em Goiás contra suspeitos de ligação com o Hezbollah
As estatísticas oficiais são importantes para o planejamento das políticas de segurança. É preciso considerar que as 27 unidades da Federação vivem realidades distintas em relação à compilação de dados. Muitas vezes gestores caminham às cegas em meio a informações imprecisas ou pouco confiáveis. Se União e estados querem debelar a violência no país, em primeiro lugar deveriam conhecer detalhadamente o terreno onde pisam. Para isso, pesquisas de vitimização como a do IBGE deveriam ser feitas regularmente e analisadas com os dados oficiais.
É fundamental entender a dimensão da violência que aflige os brasileiros. Gasta-se muito dinheiro em segurança e, muitas vezes, gasta-se mal, sem resultados efetivos, porque não se conhece a realidade. Quanto mais dados estiverem disponíveis, melhor será o planejamento. “Hoje o sistema de informações sobre segurança é extremamente limitado”, diz Monteiro. “Costumo fazer uma analogia com a saúde. Se você quer combater uma doença, precisa saber onde há maior incidência para poder agir. E é preciso ter várias fontes de dados para mapear bem a doença. Só que na segurança não se faz isso.”
Editorial – O Globo (13/11/2023)
Resenha
A resenha é outro texto argumentativo, que descreve uma obra, evento ou objeto, geralmente com subjetividade, uma vez que a opinião do autor pode ser relevante para a argumentação. Trata-se de uma estrutura comum entre pessoas que compartilham gostos e hobbies semelhantes.
Por exemplo, alguns sites da internet são específicos para escrever e ler resenhas de filmes, livros e obras teatrais. Em alguns casos, a resenha também pode ser feita em vídeos, com temas variados, inclusive sobre produtos, alimentos e serviços.
O objetivo da argumentação é convencer o leitor, seja para incentivar o interlocutor e elogiar o objeto debatido, ou para criticar e “prevenir” o interlocutor de se expor a um material, obra, produto ou serviço de baixa qualidade, na visão do resenhista.
É importante diferenciar uma resenha de um resumo. Embora ambos possam, sim, fazer uma síntese e descrição do objeto em questão, a resenha tem um componente crítico e subjetivo, enquanto que os resumos são puramente descritivos, objetivamente.
“A fábula “A Deliberação Tomada pelos Ratos”, escrita por La Fontaine, apresenta uma situação-problema desencadeada por um gato de nome Rodilardo que caça inúmeros ratos, matando-os e comendo-os. Os ratos, preocupados com sua situação, decidem se reunir para discutir e encontrar alguma solução. Assim, concluíram que se houvesse um sinal para alertá-los da presença do felino, poderiam ter tempo para se esconder e salvar suas vidas, o que foi proposto pelo rato mais velho e experiente. Os demais concordaram, inclusive com a ideia de pendurar-lhe uma esfera de metal barulhenta no pescoço. Porém, nenhum dos ratos se comprometeu a fazê-lo, tornando a ideia infrutífera.
La Fontaine, com esta fábula, transmite a moral de que, embora seja importante deliberar os assuntos, é imprescindível executá-los. Situação semelhante ocorre quando uma comunidade enfrenta problemas com a segurança pública. Em um determinado bairro com alto índice de violência, pouco adianta lastimar-se dos crimes ocorridos ou discutir soluções em uma rede social. Caso este alto índice de violência ocorra em razão da ausência de escolas ou atividades culturais, essa comunidade deverá se organizar e levar os fatos às autoridades competentes para que providenciem o necessário e, com a participação de todos, seja resolvido concretamente o problema.
O receio de eventuais retaliações pode levar essa comunidade a amedrontar-se, assim como os ratos da fábula. Para colocar o guizo no gato, ou seja, para efetivar uma transformação nesse bairro, é preciso sair da toca, enfrentar a questão e exigir os próprios direitos. No caso, um serviço de segurança e educação prestado adequadamente pelo Estado.
E. A.”
Modelo de resenha com nota acima da média, vestibular Unicamp 2016
Artigo de opinião
Um artigo de opinião é um texto do gênero argumentativo em que há apresentação de informações a respeito de um determinado tema, mas o debate é construído com base nas reflexões e convicções do autor.
Diferentemente de outros textos que são puramente objetivos e trazem informações factíveis, sem interferência da personalidade do escritor, um artigo de opinião é composto, essencialmente, da passionalidade do autor.
Geralmente, são temas mais provocativos, polêmicos, atualizados que chamam a atenção da sociedade. Para a persuasão, são utilizadas palavras mais simples, com conotação subjetiva, mas com elementos de objetividade, uma vez que geralmente se baseiam em situações do cotidiano.
“Jornal de São Paulo – Caderno Especial – Liberdade de Expressão
E.C., estudante da Unicamp, 20 anos de idade: É lamentável ainda termos que discutir sobre um tema tão batido: liberdade de expressão. Mas diariamente as redes sociais e os meios de comunicação nos confirmam de que ainda é um assunto não resolvido na sociedade. Me refiro, especificamente, à mensagem de ódio contra os nordestinos, postadas nesta semana no Facebook por um jovem aqui da minha cidade, Campinas. A mensagem possuía um conteúdo de extremo ódio em relação aos nordestinos que vêm buscar novas oportunidades no Sudeste. A partir deste fato foi possível analisar as duas vertentes sobre a liberdade de expressão, onde uma delas defende que esta deve ser expressa sem interferências, obedecendo a Constituição Federal que garante esse direito. A outra vertente defende que há liberdade de expressão quando nos posicionamos de forma a não ofender, ou ferir sentimentos alheios. Em especial eu concordo com a segunda vertente exposta, já que vivemos em uma sociedade tão diversa e complexa e que a base para se viver em sociedade exige respeito. Somos uma sociedade carregada de preconceitos que até hoje lutamos para desconstruir e para muitas pessoas a liberdade de expressão é uma “válvula de escape” para disseminar ódio e preconceito. Aplicar a alteridade é a melhor forma de analisarmos as nossas ações frente às outras pessoas, assim evitaremos ofender pessoas, crenças e sexos. A liberdade de expressão não pode ser um direito absoluto, senão as pessoas perdem a noção do respeito, da diferença. Com certeza se o jovem de Campinas aplicasse a alteridade em relação aos nordestinos, ele não teria postado aquela mensagem de ódio”
Modelo de artigo de opinião com nota acima da média, vestibular Unicamp 2018
+ Veja também: Texto jornalístico: entenda esse gênero textual
Ensaio
O ensaio é um texto em prosa, do gênero argumentativo, que também sofre interferências da opinião do autor. Em geral, são escritos com reflexões mais profundas sobre um tema, em que são levantados pontos de crítica com base nas questões que atravessam o escritor, com certo grau de subjetividade.
Alguns ensaios possuem conotação acadêmica e, nesses casos, há um viés filosófico, reflexivo, com base mais científica, apresentação de dados e informações escolhidas em artigos e publicações precisas, que são debatidos e criticados. Depois, é formada uma conclusão para as argumentações propostas.
Nesses casos, a linguagem é mais culta, a estrutura é formal, o encadeamento das ideias é mais complexo, há um forte embasamento teórico e, geralmente, são textos destinados a um nicho específico de estudos.
Textos acadêmicos argumentativos
Monografia, tese e dissertação são nomenclaturas utilizadas para os textos que concluem certa etapa acadêmica. As monografias são comuns nos trabalhos de conclusão de curso (TCCs), já as teses e dissertações são utilizadas para mestrados e doutorados.
Esse tipo de texto traz informações objetivas, com base em estudos científicos, coleta de dados e pesquisas desenvolvidas. Note que a subjetividade e opinião do autor não são relevantes para a construção dessa argumentação, então é necessário que os dados reais apresentados sejam bem expostos e convincentes para que a tese seja concluída com sucesso ao final da dissertação.
Texto class=”textannotation”>s acadêmicos argumentativos são construídos em etapas, com pré-projetos, projetos, elaboração de etapas, além da escrita final, que deve ser padronizada. A maior parte das instituições brasileiras requerem uma formatação com as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas para que as monografias, teses e dissertações sejam bem aceitas.
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