A escrita é uma área importante no estudo para os vestibulares. A partir dela é possível aprimorar sua interpretação de textos, elaborar boas respostas e redigir boas dissertações. Por isso, conhecer os recursos linguísticos, tipos de discurso e outras ferramentas idiomáticas pode ser muito interessante no estudo pré-prova.
Para te auxiliar no entendimento da Língua Portuguesa, você encontrará neste artigo os diferentes tipos de discursos: direto, indireto, indireto livre, narrativo e dissertativo. Além disso, veja os principais usos e sentidos admitidos por cada um deles. Venha aprender com o Estratégia Vestibulares!
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Discurso narrativo e dissertativo
A primeira classificação dos tipos de discurso diz respeito à maneira como a ideia é transmitida. Por exemplo, se a mensagem é transmitida a partir de um olhar mais impessoal e objetivo e as pessoas mencionadas aparecem como citação e recurso argumentativo, notam-se características de um discurso dissertativo.
Por outro lado, quando ocorre a presença de um enunciador, o texto será narrativo e pode conter outras vozes e personagens que compõem a história. É nas escritas narrativas que encontramos os diversos tipos de discurso que trataremos adiante, e que podem ser aplicados independentemente do gênero textual.
Tipos de discurso: direto
No discurso narrativo direto, a personagem da história tem espaço para expor suas ideias sem a interferência dos ideais e valores do narrador. Ou seja, a ideia é transmitida com as palavras escolhidas pelo indivíduo descrito.
Nesse caso, é interessante notar que os protagonistas e coadjuvantes da história ganham a oportunidade de se expressar fiel e livremente. Assim, suas falas não são uma projeção das opiniões do narrador, mas constituem uma personalidade única.
Esse tipo de discurso é marcado por verbos de dizer, também chamados de verbos dicendi. Eles nada mais são do que palavras utilizadas na introdução de um diálogo, como: afirmar, falar, contar, dizer, declarar, perguntar, indagar, entre outros.
Além disso, no discurso direto, são comuns sinais gráficos como travessões ou aspas, que marcam a fala do personagem. Veja, a seguir, um exemplo de discurso direto:
“E então Marília afirmou veementemente:
— Você não pode falá isso sobre nossa filha. A gente ama ela independente das suas ignorâncias, homi!
Nesse momento o homem se calou.”
Perceba que o verbo de dizer está destacado no trecho e que a frase da personagem está precedida por um travessão. Ao mesmo tempo, veja que a construção da fala permite a liberdade de expressão de Marília, com a presença de oralidades e coloquialidades.
Tipos de discurso: indireto
O discurso indireto é aquele que introduz a voz do personagem a partir de uma perspectiva do narrador. Diferentemente do caso anterior, a expressão é prejudicada, pois o enunciador consegue interferir na construção da ideia.
Um dos marcos importantes dessa interferência é a perda das marcas típicas da fala e do efeito de verdade. Para introduzir esse tipo de discurso, muitas vezes, o narrador altera os tempos verbais, de forma que altera o recorte total da cena.
Acompanhe, com o mesmo exemplo do tópico anterior, a construção de um discurso indireto:
“Marília afirmou que o homem não poderia falar aquelas coisas sobre a filha. Disse ainda que o amor deles pela garota era independente das ignorâncias que o marido construiu ao longo da vida”
Note que a escolha das frases e o encadeamento das ideias permite que o narrador construa uma interpretação sobre a situação retratada, de forma que influencia na captação da mensagem transmitida.
É importante notar que, embora tenha suas diferenças com o discurso direto, a escolha do tipo de narração e discurso é de responsabilidade do autor. Cada texto, cada história, cada obra possui uma necessidade única para esse quesito.
Ou seja, não é uma questão de classificações ruins ou boas para o tipo de discurso, mas a utilidade deles para uma escrita específica. Por exemplo, textos teatrais tendem a apresentar discurso direto porque essa é a essência desse tipo textual.
Ao mesmo tempo, um diário contém um relato subjetivo sobre o dia a dia. Assim, podem aparecer falas indiretas de personagens, com o objetivo de expressar a opinião do narrador frente àquelas situações.
Tipos de discurso: indireto livre
No caso do discurso indireto livre, a personagem não tem um único espaço no texto onde pode colocar suas ideias. Apesar disso, o narrador traz as falas com a marca da expressão e subjetividade do personagem.
Além disso, uma forte característica desse tipo de discurso é a mistura entre a fala do personagem e do narrador. Em alguns momentos, é quase impossível distinguir qual voz está presente, mas é notável que a expressão do personagem é garantida e preservada.
No exemplo adiante, o texto foi escrito em discurso indireto livre:
“E Marília tinha muita raiva dentro de si e se asperava com o marido. Como você pôde, homem dizer essas coisas sobre nossa filha? A mulher estava atordoada e não se continha. Nós a amamos independentemente dessas suas ignorâncias.”
Observe que os elementos da fala de Marília estão presentes e expressam tanto a visão do narrador quanto a indignação da personagem, que se mistura com a voz do enunciador em alguns pontos desse trecho — itens que podem ser identificados em uma leitura e interpretação de texto atenciosas.
Questão de tipos de discurso
Agora que você já conhece os principais tipos de discurso da língua portuguesa, como eles se diferenciam e se classificam, está na hora de colocar seu conhecimento à prova com questões de provas sobre o assunto! Responda o exercício abaixo e acompanhe a resolução proposta pela equipe da Coruja.
Espcex
Assinale a alternativa que apresenta exemplo de discurso indireto livre.
a) – Desejo muito conhecer Carlota – disse-me Glória, a certo ponto da conversação. – Por que não a trouxe consigo?
b) Omar queixou-se ao pai. Não era preciso tanta severidade. Por que não tratava os outros filhos com o mesmo rigor?
c) – Isso não pode continuar assim, respondeu ela; – é preciso que façamos as pazes definitivamente
d) Uma semana depois, Virgília perguntou ao Lobo Neves, a sorrir, quando seria ele ministro. Ele respondeu que, pela vontade dele, naquele mesmo instante.
e) Daí a pouco chegou João Carlos e, após ligeiro exame, receitou alguma coisa, dizendo que nada havia de anormal…
O discurso indireto livre é marcado pela fusão entre a voz do narrador e do personagem. Nesse caso, a alternativa que mostra esse tipo de relação é a letra B.
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