Verbos: tipos, modos, transitividade, regência e muito mais

Verbos: tipos, modos, transitividade, regência e muito mais

Todo mundo se lembra daquela fase da professora do ensino fundamental: “verbos são palavras que expressam ação, estado ou acontecimento”. Embora seja verdade, esse enunciado não é capaz de expressar todas as informações sobre a classe gramatical. 

No artigo abaixo, você conhecerá as diferentes formas de classificar um verbo, quanto aos seus tipos, transitividade e regência. Com isso, além de compreender melhor os textos e enunciados do vestibular, você poderá escrever redações mais claras e corretas gramaticalmente. Continue lendo e saiba mais!

O que são verbos?

Os verbos constituem uma das dez classes gramaticais. As expressões verbais transmitem ideias de ação (correr, andar, gritar, falar, amar, viver), estado (estar, ser, ficar, permanecer) ou fenômenos (choveu, ventou).

Para isso, os verbos podem ser flexionados quanto ao seu tempo: passado, presente, futuro e todas as variações temporais da Língua Portuguesa, como veremos nos tópicos seguintes. 

Além disso, as palavras verbais são divididas em diferentes modos: indicativo, subjuntivo e imperativo. Cada uma dessas classificações são importantes para entender o significado de uma frase.

Os verbos também podem ser alternados entre singular e plural, transitando entre a primeira, segunda ou terceira pessoa. Além disso, dependendo do contexto, o verbo estará em uma voz ativa ou passiva. 

+ Veja também: Gramática: tipos, divisões e características da Língua Portuguesa

Estrutura do verbos

Os verbos são estruturados a partir de uma palavra mãe, que dá origem ao significado deles — especificamente, esse termo inicial é conhecido como radical. Como modelo, observe a lista abaixo:

  • Canto → cantar, cantei, cantou, cantarei 
  • Amor → amar, amei, amou, amarás
  • Comida → comer, comi, comeu
  • Escrita → escrever, escrevi, escreveras

Em seguida, os verbos possuem uma vogal temática. Ela aparece logo após o radical e cria todo o padrão de flexão verbal para aquela palavra — existem três tipos de conjugação possível, considerando essas letras temáticas:

  • Os verbos de primeira conjugação são aqueles que terminam com a letra -a, que geralmente aparece seguida do r.
    • Amar, cantar, chorar, amassar, abraçar, relacionar, vivenciar, experimentar.
  • Verbos de segunda conjugação, por sua vez, possuem como vogal temática a letra E. 
    • Correr, viver, lamber, fazer, espremer, escrever, depender. 
  • Por fim, os verbos da terceira conjugação possuem a vogal temática I. 
    • Dirigir, evadir, sacudir, conseguir, explodir, imprimir, abrir.

Além disso, a estrutura verbal é concluída com a desinência. Todo o sufixo que aparece após o radical e vogal temática representa o tempo e a pessoa a que se refere. Observe como a modificação da desinência consegue expressar ideias diferentes para os verbos: chorar, chorou, chorei, choramos, chorar, choraram.

Verbos regulares e irregulares

Embora toda essa padronização exista, muitos verbos não obedecem às regras das primeira, segunda e terceira conjugação. Essas palavras são chamadas de irregulares, porque seguem um fluxo próprio de flexão, principalmente no que diz respeito às desinências e radicais. Veja alguns exemplos:

  • O verbo odiar, em algumas conjugações, tem um radical diferente do padrão, como em ele odeia e nós odiamos; e
  • O mesmo acontece com a palavra trazer, que aparece como trouxe na primeira pessoa do singular do tempo presente, mas é flexionado como trazia no passado da primeira pessoa do singular.

+ Veja mais em: Verbos irregulares: aprenda a conjugar

Modos do verbo 

Indicativo

É o modo verbal que expressa certeza, veracidade em relação ao fato. Geralmente, é muito utilizado em textos argumentativos e temas mais sérios, como reportagens e documentários. Afinal, afirmar com clareza expressa maior confiança para o leitor. Veja os exemplos abaixo

  • “Assim que os assaltantes chegaram à casa, foram abordados por dois policiais à paisana.”
  • Fomos a praia e amamos a experiência.”

Subjuntivo

No caso dos verbos em modo subjuntivo, há maior espaço para a incerteza. Esse modo verbal expressa possibilidade, dúvida ou suposição para algo que ainda pode se tornar real. É comum ser muito explorado em textos poéticos, em que são abordados os anseios amorosos. 

Exemplo: 

  • “Quando estivermos juntos, viveremos uma vida de prazer e deleite.”
  • “Se ficarmos até tarde, correremos perigo.”

Imperativo

Verbos imperativos expressam ordens — o nome indica isso quando faz referência à “imperar”, “impor”. Em geral, são utilizados em textos publicitários ou campanhas de conscientização, em que se deseja conquistar uma ação do leitor, seja uma compra ou uma mudança de atitude. 

Exemplo: 

  • Conheça os cursos do Estratégia Vestibulares!”
  • Economize água. Salve o planeta!”

Transitividade do verbo 

A transitividade verbal é um conceito importante para entender a relação entre o verbo e seus complementos. Alguns verbos possuem sentido completo sozinhos, enquanto outros são dependentes de um ou mais elementos para transmitirem um significado.

Por exemplo, se alguém estiver andando na rua e gritar “Choveu!”, todos ao redor podem entender o que a exclamação significa. Mas, se no mesmo contexto, alguém gritar “Vamos fazer!”, haverá um desentendimento generalizado, pois é preciso entender “o quê” nós “vamos fazer”.

A mesma coisa acontece com os textos, então, vamos conhecer as diferentes transitividades dos verbos para entender, afinal, como construir frases e parágrafos de sentido completo.

Verbos intransitivos

Verbos intransitivos são aqueles que têm sentido completo em si mesmos: podemos considerar que eles são independentes e podem cumprir uma função sozinhos. Mas, lembre-se, isso não significa que eles são antissociais e não aceitam outros elementos ao seu redor. 

Na verdade, a utilização de palavras que especifiquem a ação verbal facilita a compreensão da mensagem e a construção do sentido. Veja o exemplo:

  • Cecília nasceu. A frase, por si, é completa e anuncia o nascimento de Cecília. Entretanto, se quisermos acrescentar mais informações sobre a bebê, podemos incluir: “Cecília nasceu às 9:00, com 3kg e 43cm). 

Verbos transitivos diretos

Como você pode imaginar, os verbos transitivos diretos já são mais dependentes de outros complementos para expressar um significado. 

Nesse caso, o verbo se liga ao seu complemento sem a necessidade de uma preposição. Os termos que se ligam ao verbo principal da oração, sem preposição, são chamados de objetos diretos e respondem às perguntas “o que?” ou “quem?”.

Veja as frases abaixo:

  • Comecei o trabalho ontem.  — começou o quê?
  • Terminei minhas lições do dia. — terminou o quê?
  • Quero abraçar você. — abraçar quem?

Verbos transitivos indiretos

No caso dos verbos transitivos indiretos, é necessário que haja uma preposição ligando o complemento à ação verbal. Geralmente, respondem aos questionamentos: “com quem”, “por quem”, “de quê “, “de quem”, “em quê”, “para quê” ou “para quem”.  Acompanhe os modelos:

  • Deixei o livro com ela. — deixou com quem?
  • O trabalho em cima da mesa pertence a Juliana — pertence a quem?
  • Eu acredito em Deus — acredita em quê?

Verbos transitivos diretos e indiretos ou bitransitivos

Verbos transitivos diretos e indiretos têm características de ambas as classificações. Eles precisam de um objeto direto e outro complemento indireto, que se ligue a ele por meio de preposições. 

Em geral, eles respondem a duas perguntas simultaneamente. Uma delas traz a resposta do objeto direto (“o que?” ou “quem?”) e a outra aborda o objeto indireto ( “com quem”, “por quem”, “de quê “, “de quem”, “em quê”, “para quê” ou “para quem”)

Exemplos:

  • Pedro devolveu todo o dinheiro à Rafaela — devolveu o que? E a quem?
  • Minha mãe entregou meu presente ao José — entregou o que? E a quem?

Como saber se um verbo é transitivo ou intransitivo?

De fato, a melhor forma para saber se um verbo é transitivo ou intransitivo é observar se ele responde a uma das perguntas citadas nos tópicos acima. Quando isso acontece, é porque o verbo se liga a um complemento da frase. 

Se a pergunta tiver preposição, assume-se que é um verbo intransitivo. Se a pergunta não tiver preposição, o verbo é transitivo e, por fim, se a expressão verbal responde a duas questões (uma preposicionada e a outra não), o verbo é bitransitivo (também chamado de transitivo direto e indireto).

Formas nominais dos verbos

Existem três formas nominais de verbos: infinitivo, gerúndio e particípio. O termo “nominal” é utilizado porque essa configuração verbal não permite encontrar características como tempo, gênero, número ou modo. 

Infinitivo

Os verbos no infinitivo são todos aqueles que expressam a ação em sua maneira mais pura. Essa forma pode ser utilizada de maneira impessoal, quando não está flexionada, com a vogal temática e a letra R no final, como em “Chorar não traz solução!”, “Amar é muito bom” e “Viver é uma dádiva”.

Existem, ainda, verbos infinitivos com teor de pessoalidade. Nesse caso, os verbos estão flexionados em número e pessoa, como acontece em “Deixe eles caminharem em paz”.

Gerúndio

O gerúndio, em geral, é a forma nominal que termina em “ndo”. Ele expressa a continuidade da ação, não se flexiona e pode aparecer como adjetivo ou advérbio, na classificação sintática. Observe a lista de exemplos:

  • Estava sorrindo e não podia parar! 
  • Vivia chorando pelos cantos da casa.
  • Ouvir você falando me trouxe paz na alma.

Particípio

A última forma nominal é o particípio, que transmite o resultado da ação. É comum que ele represente o estado de um indivíduo.

Além disso, alguns verbos possuem duas configurações de particípio, que variam de acordo com a construção da oração em que estão inseridos, observe nas frases a seguir:

  • Tinha aceitado as mazelas da vida;
  • O dinheiro tinha sido sua solução;
  • Amo comer frango frito!.

Vozes verbais

Voz ativa

Quando o sujeito da oração é quem executa a ação do verbo, consideramos que é uma voz ativa.

  • Eu chorei ao ver a situação;
  • Nós corremos até o carro;
  • Eles cortaram as cenouras.

Voz passiva

Nos casos em que o sujeito da oração sofre uma ação do verbo, encontra-se uma voz passiva, acompanhe os modelos.

  • O chocolate foi mordido por Pedro; e 
  • Meu cabelo foi penteado por meu namorado.

Regência verbal 

A regência verbal é um tema que merece atenção, pois é ela quem padroniza quais são as preposições que cada verbo deve receber. Alguns verbos, inclusive, admitem uma preposição diferente, a depender do contexto gramatical. 

Por exemplo, o verbo assistir pode ter o sentido de “ver TV, cinema ou espetáculo” ou aparece como sinônimo de “ajudar”:

  • Assisti à peça com muita empolgação. (a preposição é utilizada no sentido de ver filme ou similares)
  • Assisti o menino em suas tarefas escolares (a preposição não deve ser usada quando a expressão verbal está no contexto de amparo/auxílio)

Veja mais sobre o tema em: 

Questão de vestibular sobre verbos 

(Enem – 2002)

“Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis falavam mal das vespas de cintura fina – achando que era exagero usar coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados e de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando as flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo.”

(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho)

No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio, que servem para caracterizar o ambiente descrito. Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “pequeninando e não mordendo” criam, principalmente, efeitos de:

a) esvaziamento de sentido

b) monotonia do ambiente

c) estaticidade dos animais

d) interrupção dos movimentos

e) dinamicidade do cenário

Alternativa correta: letra E.

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