Graciliano Ramos foi um dos maiores escritores da literatura brasileira, conhecido por sua escrita direta, introspectiva e por abordar as dificuldades sociais do sertão nordestino.
Até os dias atuais suas obras continuam a ser lidas, estudadas e cobradas em vestibulares, não apenas por sua qualidade estética, mas também por sua capacidade de abordar temas universais, como a luta pela sobrevivência, a solidão e a opressão vividas pelos brasileiros.
Em 2023, a Fuvest trouxe o livro Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, como texto motivador da redação, que possuía como tema “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”. Já em 2024, a UniRV determinou Angústia (1936) como obra obrigatória para a realização dos vestibulares.
Por sua indiscutível relevância, o Portal Estratégia Vestibulares listou 11 citações do escritor para serem usadas nas redações dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira mais sobre a trajetória de Graciliano Ramos e suas frases icônicas!
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Quem foi Graciliano Ramos?
Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, em Alagoas. Filho de uma família numerosa, viveu sua infância entre Alagoas e Pernambuco, o que moldou sua visão crítica sobre as desigualdades e adversidades da vida no interior.
Desde cedo demonstrou interesse pela leitura e pela escrita, publicando seus primeiros textos em jornais locais. Antes de se dedicar integralmente à literatura, Graciliano exerceu diversas atividades, como a de jornalista e comerciante.
Em 1928, tornou-se prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, onde sua administração transparente ganhou destaque. Os relatórios que escreveu sobre sua gestão chamaram a atenção pela clareza e qualidade literária, marcando o início de sua notoriedade no meio intelectual.
Em 1933, publicou seu primeiro romance, Caetés, uma obra que, apesar de ainda não consolidar seu estilo característico, já apresentava sinais de sua preocupação com as questões humanas e sociais.
O reconhecimento definitivo veio com São Bernardo (1934), romance que narra a trajetória de Paulo Honório, um proprietário rural que, em sua busca pelo poder e riqueza, destrói tudo ao seu redor, inclusive suas relações pessoais. A obra é um marco do realismo psicológico e social na literatura brasileira.
Em 1936, Graciliano foi preso injustamente sob acusação de subversão durante o governo de Getúlio Vargas. A experiência da prisão influenciou profundamente sua visão política e literária, resultando no livro Memórias do Cárcere (publicado postumamente em 1953), um testemunho sobre a repressão e as injustiças de seu tempo.
Outra de suas obras mais aclamadas é Vidas Secas (1938), que retrata a vida de uma família sertaneja em meio à seca e à miséria do Nordeste. O romance, escrito de forma fragmentada e minimalista, é considerado um dos maiores clássicos da literatura brasileira e um exemplo de como a linguagem pode expressar o estado de aridez físico e emocional dos personagens.
A aridez no universo de Graciliano Ramos não é apenas uma característica do ambiente, mas também uma metáfora para as condições humanas no sertão: a luta pela sobrevivência, a submissão diante das dificuldades e a solidão emocional.
Graciliano Ramos faleceu em 20 de março de 1953, no Rio de Janeiro, deixando um legado literário valioso. Confira 11 de suas citações que podem ser usadas nas redações dos vestibulares e do Enem.
1 – “Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício, acho medonho alguém viver sem paixões.” – Memórias do Cárcere (1953)
Esta é uma citação de seu livro de memórias intitulado Memórias do Cárcere, no qual Graciliano relata sua experiência na prisão durante o governo de Getúlio Vargas, sob a acusação de subversão política. A obra foi publicada em 1953, após sua morte.
Nessa frase, o autor revela sua visão sensível e humanista, que, mesmo em condições adversas, valoriza as emoções e as paixões. A citação também pode ser lida como uma defesa da liberdade de expressão e do direito de sentir, contrastando com o ambiente repressivo em que ele vivia.
2 – “Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais, e nunca ficaria satisfeito.” – Vidas Secas (1938)
Esta citação está presente em Vidas Secas (1938), uma das obras mais emblemáticas de Graciliano Ramos. O romance retrata a vida de uma família de retirantes no sertão nordestino, expondo as dificuldades impostas pela seca, pela desigualdade social e pela falta de acesso à educação e à cultura.
A frase reflete a busca constante por conhecimento e a insatisfação como uma característica humana. Contudo, em Vidas Secas, esse desejo muitas vezes esbarra nas limitações impostas pela pobreza e pela falta de oportunidades.
3 – “Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça.” – Vidas Secas (1938)
Essa frase descreve o sentimento de revolta e impotência de Fabiano. Em certo momento do livro, o protagonista sente vontade de responsabilizar seu filho mais velho pelas adversidades que estavam passando. O garoto estava esgotado e não conseguia mais andar, atrasando a marcha da família.
Fabiano é um homem simples e marcado pelas dificuldades da vida no sertão, como a seca, a exploração dos patrões e a pobreza. Por isso, a citação pode ilustrar como a opressão e a miséria podem gerar sentimentos de revolta e a necessidade de responsabilizar terceiros, também vulneráveis, pelos problemas enfrentados.
4 – “Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam cipó de boi oferecia consolações: — ‘Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita’.” – Vidas Secas (1938)
Essa passagem de Vidas Secas evidencia a resignação e a normalização da violência e da injustiça social no sertão nordestino. O protagonista, Fabiano, internaliza a opressão como parte de sua realidade e repete um discurso conformista diante dos abusos do governo e das elites.
A frase reflete o ciclo de submissão que mantém os desfavorecidos em uma posição de sofrimento, já que as condições sociais podem levar as pessoas a aceitarem as injustiças como inevitáveis por falta de oportunidades e opções para reagir.
5 – “Os livros idiotas animam a gente. Se não fossem eles, nem sei quem se atreveria a começar.” – Angústia (1936)
Essa frase está em Angústia (1936), uma obra marcada pela introspecção e pelo pessimismo do narrador Luís da Silva, que vive em um ambiente de opressão social e pessoal.
Graciliano Ramos faz uma observação irônica sobre os “livros idiotas”, referindo-se a obras superficiais que, apesar de sua simplicidade ou falta de profundidade, podem servir como um ponto de partida para a leitura e o aprendizado.
6 – “O isolamento em companhia de uma pessoa era mais opressivo que a solidão completa.” – Angústia (1936)
Essa frase de Angústia (1936) destaca que, em algumas situações, a presença de outra pessoa pode piorar o sentimento de solidão, em vez de ajudar. Isso reflete as dificuldades das relações humanas e como elas podem ser complexas.
A citação ajuda a mostrar que, para evitar a solidão, não basta estar acompanhado, mas sim ter relações saudáveis e verdadeiras.
7 – “Mas é bom um cidadão pensar que tem influência no governo, embora não tenha nenhuma. Lá na fazenda o trabalhador mais desgraçado está convencido de que, se deixar a peroba, o serviço emperra. Eu cultivo a ilusão.” – S. Bernardo (1934)
Essa frase foi dita em São Bernardo (1934), uma obra que narra a trajetória de Paulo Honório, um homem ambicioso que ascende socialmente por meio de práticas exploratórias e autoritárias.
A citação reflete a ironia do protagonista ao abordar a relação entre os trabalhadores e a percepção de seu papel no sistema. Paulo Honório reconhece que a sensação de participação ou influência pode ser apenas uma ilusão útil para manter as pessoas motivadas e conformadas com sua posição na hierarquia social.
8 – “É o processo que adoto: extraio dos acontecimentos algumas parcelas; o resto é bagaço.” – S. Bernardo (1934)
Em São Bernardo (1934), Paulo Honório reflete sobre sua forma pragmática de lidar com os acontecimentos da vida. Ele prioriza aquilo que considera útil e descarta o restante como irrelevante, o que revela sua visão fria e objetiva do mundo.
A frase também demonstra sua personalidade calculista e utilitarista, características que definem seu comportamento tanto nos negócios quanto em suas relações pessoais.
Ela pode ser aplicada em reflexões sobre como o foco no essencial pode ser eficiente, mas, se exagerado, pode levar à perda de aspectos importantes da vida e das relações.
9 – “Se a única coisa de que o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano.” – para o livro Em liberdade (2011), de Silviano Santiago
A frase é atribuída a Graciliano Ramos e aparece no romance Em liberdade (2011), de Silviano Santiago, que apresenta uma versão ficcional de Graciliano como personagem.
Há uma mescla de humor e crítica social ao colocar o carnaval, um símbolo cultural do Brasil, como a única certeza da vida para os brasileiros, comparável à inevitabilidade da morte.
A frase reflete a forma como o carnaval representa tanto uma válvula de escape coletiva quanto uma característica identitária marcante do país, apesar das dificuldades e incertezas que os brasileiros enfrentam.
Em um tema como “O papel da cultura na construção da identidade nacional”, a frase pode ilustrar como o carnaval, mesmo em um contexto de instabilidade social e política, permanece como uma celebração simbólica que reúne e fortalece a população.
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10 – “Não há talento que resista à ignorância da língua.” – em entrevista a Homero Senna (1948)
Essa frase foi dita por Graciliano Ramos em uma entrevista concedida a Homero Senna em 1948. Ela reflete a visão rigorosa de Graciliano sobre a escrita e a importância do domínio da língua como instrumento essencial para a expressão artística e literária.
Para o autor, o talento só pode ser plenamente desenvolvido quando há um profundo conhecimento do idioma, já que a língua é a ferramenta que dá forma às ideias e às emoções do escritor.
11 – “Só posso escrever o que sou. E se os personagens se comportam de modos diferentes, é porque não sou um só.” – em entrevista a Homero Senna (1948)
Essa frase reflete a compreensão de Graciliano sobre o processo de escrita e a complexidade humana. O escritor reconhece que seus personagens são extensões de si mesmo, cada um representando diferentes aspectos de sua personalidade ou perspectivas.
A citação reforça que, assim como na literatura, cada indivíduo carrega diversas facetas, o que enriquece tanto a criação artística quanto a convivência social.
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