Consolidado como o maior grupo de rap do Brasil, os Racionais MC’s têm uma carreira de quase 40 anos, com canções que denunciam racismo, desigualdade social, falam de história, política e violência. E, por isso, possuem grandes contribuições à cultura e à arte brasileira.
Conheça algumas frases de músicas do grupo, entenda um pouco mais sobre cada composição e saiba como usar as letras dos Racionais MC’s como citação na redação.
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Quem é o grupo Racionais MC’s?
Formado em 1988, no Capão Redondo, bairro periférico da região sul de São Paulo (SP), o Racionais MC’s tem como integrantes Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay.
Desde seu primeiro álbum, chamado “Holocausto Urbano”, lançado em 1990, o quarteto denuncia racismo e desigualdade social, falam de história, política, e violência nas letras de suas canções.
Nos vestibulares 2020, 2021 e 2022, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) cobrou a versão em livro do álbum “Sobrevivendo no inferno”, lançado pelo grupo em 1997, como leitura obrigatória.
Em 2025, a Unicamp também concedeu o título de Doutor Honoris Causa aos quatro integrantes dos Racionais. Segundo a universidade, a nomeação reconhece a “importância social, intelectual, histórica e estética do grupo”.
Citações dos Racionais MC’s
A seguir, conheça uma seleção de frases presentes em músicas do grupo de rap:
1 – “Desde o início, por ouro e prata, olha quem morre, então veja você quem mata”
A frase faz parte da música “Negro Drama”, do álbum “Nada como um dia após o outro dia”, de 2002. Na canção, o grupo canta sobre um jovem da favela que alcança o sucesso através do rap e tem nele seu refúgio contra a criminalidade.
A música também fala de abandono parental, negligência estatal, desigualdade social, discriminação racial e cultural, além das falsas promessas do crime frente à falta de oportunidades aos jovens negros e pobres.
2 – “Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu”
Também parte da música “Negro Drama”, a frase faz parte da crítica sobre o cotidiano violento e sem perspectivas para pessoas negras e periférias na cidade de São Paulo (SP). Cenário que se sustenta pela desigualdade social, o racismo e o abandono do Estado.
3 – “Minha vida não tem tanto valor quanto seu celular, seu computador”
Parte do álbum “Sobrevivendo no inferno”, de 1997, a música “Diário de um detento” fala sobre o cotidiano no antigo presídio do Carandiru, na capital paulista, e sobre o dia do massacre ocorrido no local, em outubro de 1992.
Na frase, o grupo aponta como a vida de pessoas perdem valor a partir do momento em que elas são encarceradas, e obrigadas a viver com necessidades básicas negligenciadas e sem respeito aos direitos humanos, sem compromisso do Estado com reabilitação ou reinserção social.
4 – “Nossa lei é falha, violenta e suicida”
Ainda no álbum “Sobrevivendo no inferno”, os Racionais cantam a música “Fórmula mágica da paz”, e a frase faz parte de um trecho que trata sobre como a violência nas periferias, seja ela vinda do crime ou da polícia, tira a vida de jovens negros.
O eu lírico reflete sobre como ele mesmo poderia ser uma dessas vítimas e sua mãe mais uma das mães que vão ao cemitério no feriado de Finados, com “a roupa humilde, a pele escura, o rosto abatido pela vida dura”.
5 – “500 anos de Brasil e o Brasil aqui nada mudou”
Na música “A vida é desafio”, do álbum “Nada como um dia após o outro dia”, os Racionais se juntam ao rapper Afro-X para cantar sobre as dificuldades de viver e superar um contexto de desigualdade social e racial e violência.
Na frase, a letra critica como desde a época do Brasil Colonial os problemas persistem e as mesmas pessoas negras e pobres são privadas de direitos e oportunidades.
6 – “Me ver pobre, preso ou morto já é cultural”
De volta à “Negro Drama”, a frase dos Racionais chama a atenção para o racismo estutural presente na construção do Brasil. O trecho defende que o preconceito racial inato à sociedade traz normalidade ao fato de que muitas pessoas negras levam uma vida de pobreza e violência.
7 – “O ser humano é descartável no Brasil”
O massacre do Carandiru foi a maior chacina da história dos presídios brasileiros. Ao todo, 111 detentos foram mortos pela Polícia Militar durante uma rebelião, e desse total 89 homens ainda não haviam sido julgados.
Nenhum dos 74 policiais condenados pela ação chegou a cumprir pena e todos tiveram suas sentenças revogadas, após um indulto presidencial em 2022. A frase citada vem da música “Diário de um detento”, na qual os Racionais tratam da chacina.
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