Como usar o filme Barbie no repertório sociocultural da redação?

Como usar o filme Barbie no repertório sociocultural da redação?

Reunimos o assuntos do longa que podem contribuir para a sua argumentação em vários temas; vem conferir

O filme “Barbie” estreou mundialmente no último dia 20 de julho e em menos de uma semana já é a maior bilheteria do ano nos Estados Unidos e no Canadá, arrecadando US$ 155 milhões no primeiro final de semana de exibição.

Escrito e dirigido por Greta Gerwig, que começou a carreira de diretora em 2017 e foi indicada ao Oscar de Melhor Direção no ano seguinte, o longa também conta com nomes como Margot Robbie, Ryan Gosling, Dua Lipa e Michael Cera no elenco. 

A obra é uma produção live action, ou seja, a adaptação de animações com atores reais, mas não segue um roteiro infantil como os filmes tradicionais da personagem Barbie. Por isso é que o Portal Estratégia Vestibulares reuniu as temáticas importantes dessa nova narrativa da boneca e te conta como usar o filme da Barbie no repertório sociocultural da redação:

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Atenção: esse texto contém spoilers

O que é repertório sociocultural da redação?

O repertório sociocultural é o uso de conceitos e conhecimentos de campos variados para defender um argumento. Na proposta de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ele faz parte da competência dois de avaliação.

Nessa competência, a banca avalia se o candidato conseguiu “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.” 

Um bom repertório sociocultural pode trazer referências a acontecimentos históricos, conceitos filosóficos, citações a obras do cinema e da música, literatura e muito mais.

Barbie: o filme

Barbie (Margot Robbie) vive uma vida perfeita em Barbieland, sempre feliz, e rodeada de outras Barbies que, assim como ela, desempenham papéis importantes naquela sociedade e são convencidas de que os problemas de desigualdade de gênero foram extintos no mundo real. 

Tudo muda quando ela não consegue mais se sentir feliz com a vida no mundo cor- de-rosa, passa a ter pensamentos negativos e mudanças na sua aparência de “Barbie Esteriotipada”. É a partir daí que ela precisa ir até o mundo real e encontrar as respostas para que sua vida volte a ser perfeita.

Agora que você já está por dentro do enredo, vamos conhecer os pontos da história que podem render bons repertórios para diversos temas de propostas de redação.

Patriarcado

Em sua viagem ao mundo real, Barbie é acompanhada por Ken (Ryan Gosling), que ao chegar no destino percebe que aquela é uma sociedade patriarcal, com total protagonismo das figuras masculinas, muito diferente de Barbieland. O boneco fica encantado, enquanto Barbie passa a enfrentar os problemas gerados pelo machismo, como o assédio sexual, por exemplo.

De volta ao seu mundo, Ken subverte os princípios de Barbieland e compartilha ideias patriarcais e de servidão e submissão feminina com os outros Kens, que passam a subjugar as Barbies. 

Mito da Caverna

No Mito da Caverna, o filósofo Platão trata de uma história na qual prisioneiros que viveram a vida inteira em uma caverna, só tendo acesso a sombras e ecos do mundo real, desenvolvem percepções distorcidas do que é, de fato, realidade.

A conexão do filme com o conceito grego pode ser feita a partir da experiência da Barbie no mundo real. Carregando suas percepções a partir de sua terra natal, onde as mulheres estão em cargos de poder e naqueles considerados “masculinos”, a protagonista se frustra ao perceber que no mundo real as oportunidades para mulheres são desiguais, e que há objetificação do corpo feminino.

Além disso, há também a crença, por parte da Barbie, de que todos os problemas de desigualdade de gênero do mundo real foram sanados graças a sua existência, que, para ela, trouxe empoderamento para as mulheres reais.

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Diversidade

Em Barbieland a sociedade formada por bonecas e bonecos é muito diversificada e lida muito bem com as diferenças. Isso é expresso pela pluralidade de etnias e tipos físicos de seus habitantes. A própria protagonista, que representa fisicamente o imaginário coletivo sobre a boneca Barbie, é chamada de “Barbie Estereotipada”.

A existência harmoniosa dos diferentes habitantes do mundo cor-de-rosa só muda de forma negativa quando os Kens passam a adquirir comportamentos de uma sociedade patriarcal. A mensagem sobre a origem da repressão em torno de ideais de diversidade fica clara nesse ponto da narrativa. 

Desigualdade de gênero

Como já vimos, a criação da boneca Barbie não solucionou os problemas de desigualdade de gênero do mundo real. E o filme traz cenas específicas nas quais a protagonista se dá conta disso: quando Barbie encontra aquela que acredita ser a pessoa que brinca com sua versão brinquedo no mundo real, ela espera aclamação e gratidão por tudo que, supostamente, proporcionou às mulheres, e essa é a primeira vez em que a boneca percebe que não está certa sobre o que acreditava.

Mais tarde, visitando a sede da Mattel, empresa responsável pela sua criação, Barbie não encontra nenhuma mulher ocupando um cargo de liderança. E logo percebe que a empresa que usa o discurso de boneca feminista é, na verdade, comandada totalmente por homens.

Já em contato com Gloria (America Ferrera), que é dona da sua versão de brinquedo, a Barbie protagonista e outras habitantes de seu mundo acompanham um discurso de denúncia sobre a desigualdade de gênero e a inferiorização de figuras femininas, vindo da humana.

Objetificação da mulher

Uma vez no mundo real, Barbie passa a receber um tipo de atenção masculina que não conhecia em seu mundo, vendo seu corpo sexualizado por desconhecidos. Inclusive, após agredir um homem que a assedia sexualmente na rua, a boneca acaba presa.

A partir da descoberta da protagonista sobre a falta de representatividade feminina na Mattel, e no mundo corporativo como um todo, o filme apresenta a ideia de que a aparência da Barbie Estereotipada, é, na verdade, fruto de idealizações masculinas nocivas às mulheres, que são indiretamente forçadas a buscar um padrão de beleza. 

Mesmo que, na vida real, Barbie tenha sido criada por uma mulher, a boneca atendia às especificações de gênero de seu tempo, a década de 1950.

Amadurecimento

Ao sair do mundo perfeito de Barbieland e conhecer os problemas do mundo real, a personagem principal passa por um processo de amadurecimento que não seria possível vivendo no mundo cor-de-rosa. Barbie aprende a chorar e a lidar com sentimentos de tristeza e frustração, por exemplo. Uma construção de personagem que, ao fim da trama, permite à boneca escolher como viver sua própria vida.

O Ken principal também passa por um processo de desenvolvimento e amadurecimento, com a ajuda da Barbie. Durante boa parte da trama, ele busca mais romantismo em seu relacionamento com a boneca, que não está muito interessada em corresponder. E é a partir de uma conversa na qual ele expõe suas frustrações sobre a relação, que Barbie aconselha que ele busque enxergar-se como mais que o par romântico dela. 

Feminismo

Feminismo é, com certeza, o assunto pelo qual o filme mais tem se destacado. Além de toda a narrativa estar ligada ao conceito, denunciando a sociedade patriarcal do mundo real, há cenas específicas em que a busca por igualdade de gênero e a cooperação entre as mulheres se sobressai.

Quando Ken volta à Barbieland e convence os outros bonecos a inferiorizar as Barbies, colocando-as apenas como interesse sexual ou de servidão, as bonecas se unem para que seu mundo volte a ser como era antes.

Com a ajuda de Glória, que conhece o machismo do mundo real, uma a uma as Barbies são trazidas de volta de uma espécie de transe do patriarcado e conseguem retomar seus lugares como mulheres autônomas na sociedade.

Mais sobre a boneca Barbie

Muito antes de ganhar um filme versão live action que se propôs a discutir o mundo dos adultos, a boneca já estava imersa em detalhes que fazem dela e de sua história fontes ricas de repertório. Confira:

Representação de gênero

Criada no final da década de 50, a Barbie expressa o “American way of life” e foi a primeira boneca que não era bebê. Sua representação limitada de gênero desperta críticas ao reforçar estereótipos de feminilidade relacionados à aparência perfeita, moda e beleza. 

Essa informação histórica da Barbie oferece um repertório sociocultural valioso para ser explorado em propostas de redação sobre o papel da mulher e suas relações com as representações culturais. 

Por exemplo, pode ser utilizado em propostas que busquem discutir a influência dos brinquedos na construção social de papéis de gênero, os desafios enfrentados na desconstrução de estereótipos femininos e a importância de promover uma visão mais inclusiva e diversificada da feminilidade na sociedade contemporânea. 

Padrões estéticos e autoimagem 

A Barbie é conhecida por suas proporções corporais irreais, o que pode ter efeitos na autoimagem e autoestima das crianças. Ao abordar os padrões estéticos impostos pela Barbie, podemos explorar como esses ideais inatingíveis podem impactar negativamente a percepção que as crianças têm de si mesmas. 

Essa discussão é relevante em propostas de redação que buscam analisar o papel da sociedade na formação da autoimagem e a influência dos padrões estéticos na construção da identidade. 

Podemos refletir sobre se estamos promovendo uma cultura que valoriza excessivamente a aparência física, em detrimento de outras qualidades valiosas, como inteligência, talento e bondade. Essa análise crítica permite a compreensão dos efeitos desses padrões na formação da autoimagem e a busca por uma valorização mais equilibrada das qualidades humanas. 

Consumismo e influência da mídia

A boneca, com sua ampla gama de acessórios, roupas e produtos relacionados, é um exemplo marcante do consumismo. Essa característica da Barbie possibilita uma discussão profunda sobre como a publicidade e a mídia influenciam crianças e jovens, despertando desejos de consumo e estabelecendo padrões de estilo de vida baseados em marcas. 

Ao analisar a influência da boneca nesse contexto, podemos questionar os valores que estamos transmitindo às gerações mais jovens e refletir sobre alternativas mais saudáveis de consumo e expressão pessoal. 

Essa temática é relevante em propostas de redação que visam a análise crítica do papel da mídia na sociedade contemporânea, a influência do consumismo na formação de identidades e a busca por uma relação mais consciente e equilibrada com o consumo.

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