Atualmente, os reality shows são um grande fenômeno cíclico, indo além da TV aberta e dominando os debates públicos e as redes sociais. O Big Brother Brasil, produzido pela Rede Globo, é o reality show mais conhecido em todo o País e já está em sua 22° edição.
Com diferentes perfis de participantes, as últimas edições foram marcadas por inúmeras pautas extremamente importantes e acarretaram diversos ensinamentos para a vida dos telespectadores.
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Vale ressaltar que a ideia do programa Big Brother Brasil foi concebida a partir do “Grande Irmão”, presente na obra 1984 de George Orwell. Nesta obra, encontramos diversos aspectos que podem ser usados para repertórios socioculturais, como controle da vida privada pelo Estado, punição, vigilância e falta de liberdade.
A seguir, confira diversos acontecimentos e personalidades que ficaram marcados nas edições do BBB e podem ser usados como repertórios socioculturais para a redação, desenvolvendo argumentos com temas atuais e reais da sociedade, como racismo, feminismo, representatividade, preconceito, cancelamento, xenofobia, pressão psicológica e muito mais.
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Racismo
A ganhadora do Big Brother Brasil 2019, Paula Von Sperling, causou polêmicas durante o confinamento ao fazer diversos discursos preconceituosos. Com atitudes racistas veladas e sutis a ponto de passar batido por muitos telespectadores, Paula conseguiu chegar a final e ser a campeã nesta edição.
Se atrelando ao conceito de Banalidade do Mal de Hannah Arendt, em que afirma que “Quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas param de vê-la como errada”, a série poderia ser usada como repertório sociocultural em propostas de redação, como violência, preconceito e desigualdade, além de argumentação em temas como “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil”, da Unesp 2015.
Não obstante, na edição seguinte a vencedora da edição, Thelma Assis, trouxe a esperança do público de volta em virtude dos acontecimentos da edição anterior. Com mais de 44,10% dos votos, Thelminha foi a campeã da primeira edição do BBB que contou com dois grupos, Pipoca e Camarote.
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Feminismo
Após fala da sister Manu Gavassi no Big Brother Brasil 2020, as buscas pela palavra “sororidade” subiram 250%. Esta edição, marcada pela união das mulheres, foi de grandes ensinamentos para muitos brasileiros a respeito do feminismo, a importância das mulheres e a luta pelo seu espaço.
Dessa maneira, a união das participantes e todos os assuntos abordados em meio ao confinamento poderiam ser usados para argumentação ou contextualização em propostas de redação com os temas de feminismo, igualdade de gênero e sororidade.
Representatividade Negra
Na edição do Big Brother Brasil 2021 os telespectadores observaram uma grande mudança no perfil dos brothers confinados. Diferentemente das edições anteriores, essa temporada contou com o maior número de participantes negros nesses 22 anos de transmissão, sendo esses nove de 20 brothers.
Com o programa marcado por atitudes racistas, preconceituosas e injuriosas em 2019, essas personalidades trouxeram novamente a esperança e representatividade para os telespectadores.
O conceito de Ação Comunicativa, de Jurgen Habermas, que afirma que “A linguagem é uma verdadeira forma de ação”, diz respeito aos problemas que o silenciamento causa e como a voz faz diferença em determinadas situações. Este conceito poderia ser atrelado a esses brothers que debateram sobre diversas pautas relevantes em uma programa de rede nacional, ensinando grande parte da sociedade que acompanha o BBB.
Homofobia
No Big Brother Brasil 10, Serginho Orgastic e Dicésar Ferreira deram um selinho, o que já causou grande repercussão para a época. Já na edição de 2014 as sisters Vanessa Mesquita e Clara Aguilar tiveram um relacionamento durante o confinamento, e foram exibidos diversos beijos entre elas.
Recentemente, Gilberto Nogueira e Lucas Penteado, participantes do BBB 2021, protagonizaram o primeiro beijo entre homens na história do reality show. Mesmo anos de diferença, esses três casais foram marcados por grandes ataques de homofobia por parte dos telespectadores, e até mesmo dos seus companheiros de confinamento.
Não obstante, a edição do BBB 10 ainda foi marcada por diversas falas homofóbicas, direcionadas a Dicésar Ferreira, que também era drag queen, por parte de Marcelo Dourado, o campeão desta edição.
O tema pode ser abordado em redações sobre preconceito, liberdade, movimento LGBTQIA+, e construções sociais de gênero e identitárias, como a proposta do Enem 2007 “O desafio de viver com a diferença”.
Xenofobia
Ainda na edição do Big Brother Brasil 2021, a vencedora da edição, Juliette Freire, sofreu diversos ataques por parte dos brothers durante seu confinamento. A paraibana foi motivo de risada e críticas a respeito de seu jeito de falar, sotaque e personalidade.
Essa temática poderia ser utilizada como argumentação e contextualização em propostas de redação que envolvam xenofobia, conflitos pessoais e dignidade humana.
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Pressão Psicológica
Como observado, o Big Brother Brasil 2021 foi marcado por diversos acontecimentos que até hoje são debatidos entre os telespectadores. Um dos maiores marcos desta edição foi a eliminação de Nego Di e Karol Conká, que bateram o recorde de rejeição com 98,75% e 99,17%, respectivamente.
Karol Conká “causou” ao mexer com o psicológico de outros participantes, tendo sua eliminação desejada por grande parte do público. Diversas ações da participante chocaram o público, que pediam até mesmo sua expulsão.
Após diversos comentários e ações contra Lucas Penteado, o mesmo pediu para sair do programa, desistindo do prêmio de 1,5 milhões de reais. Todas essas ações sensibilizaram os telespectadores, que diziam sentir na pele tudo o que os participantes sofreram na mão dos “vilões” dessa temporada.
Dessa maneira, esses acontecimentos poderiam ser usados como contextualização para redações que envolvam saúde mental, ética, conflitos pessoais, pressão psicológica e dignidade humana.
Cultura do Cancelamento
Como dito anteriormente, na edição do Big Brother Brasil a cultura do cancelamento talvez tenha sido o tema mais discutido entre telespectadores e, até mesmo, os confinados. Nego Di bateu o recorde, com 98,76%, após se aliar a Karol Conká, Projota e Lumena, conquistando a antipatia dos fãs do reality show. Já Karol Conká foi eliminada na semana seguinte, com 99,17%.
Em um programa que é regido e movido pelo julgamento popular, o cancelamento é a garantia de audiência, envolvendo os telespectadores que estão em busca de uma identificação moral.
Dessa maneira, mesmo após a eliminação e encerramento desta edição, os brothers ainda sofreram com a cultura do cancelamento. Perdendo diversos contratos, amigos e respeito pelos profissionais da área, alguns se viram perdidos e arrependidos de suas ações.
Com isso, esses acontecimentos podem ser usados como repertório em redações com temas relacionados à cultura do cancelamento, exposição nas mídias sociais e identificação moral.
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