Revolução Industrial: resumo, contexto histórico, características e consequências

Revolução Industrial: resumo, contexto histórico, características e consequências

A Revolução Industrial foi o pontapé inicial para um desenvolvimento capitalista acelerado, que mudou o curso da humanidade, das relações sociais, econômicas e políticas. Dividido em três grandes fases, o processo é um dos mais importantes para a construção do mundo como é atualmente.

No artigo abaixo, você verá um grande resumo com todas as informações mais relevantes sobre as fases da Revolução Industrial, as características de cada uma, as consequências e efeitos para a História, além de compreender os aspectos sociopolíticos relacionados a ela. Continue lendo.

O que foi a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial é um processo que teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra. O surgimento e desenvolvimento das máquinas foi o primeiro passo para o estabelecimento de fábricas. Agora, os produtos poderiam ser produzidos em maior escala e com menos esforço humano, diferentemente do modelo produtivo predominante em épocas anteriores.

Com o passar do tempo, as tecnologias foram aprimoradas e a Revolução Industrial é dividida, historicamente, em três principais fases: a Primeira, a Segunda e a Terceira — além de uma quarta, que está em discussão entre os estudiosos. As formas de produção, as relações de trabalho, a escolha dos trabalhadores e o sistema de produção é o que diferencia uma etapa da outra, como veremos adiante. 

Além de toda a transformação econômica óbvia, as revoluções industriais mudaram a sociedade. Agora o perfil dos trabalhadores e a organização das pessoas no território se alteraram. A forma de enxergar o mundo sofre alterações radicais e, por isso, muitas das ciências sociais surgem ou se fortalecem a partir deste período.

Contexto histórico da Revolução Industrial

Anteriormente à Primeira Revolução Industrial, a sociedade inglesa tinha uma economia baseada na produção têxtil. Na época, a produção era artesanal, ou seja, cada indivíduo tinha o dever de construir uma peça inteira. A velocidade da produção dependia da agilidade do profissional e estava atrelada a outros fatores de ordem pessoal, afinal, ninguém tem a mesma produtividade todos os dias.

De repente, uma inovação tecnológica é lançada: surgem as primeiras máquinas a vapor, que serviam para permitir o tear de vários fios e peças ao mesmo tempo. 

Mas como explicar o pioneirismo inglês no desenvolvimento das tecnologias, considerando que outras nações europeias também estavam dedicadas à ciência?

A verdade é que, desde a Revolução Gloriosa, quando os burgueses lutaram contra os absolutistas católicos para estabelecimento da monarquia constitucional com uma maior força do Parlamento, a Inglaterra tinha uma burguesia muito grande e com grande peso social uma vez que o poder estava menos centrado nas mãos do rei. 

Com seus rendimentos, os burgueses investiam no desenvolvimento do capitalismo. Dentre outros fatores, o financiamento das Grandes Navegações ampliou os horizontes científicos e permitiu ao homem a percepção de que o mundo era muito maior do que o continente europeu, além de notar sua capacidade para gerar novas ideias. 

Ao mesmo tempo, as grandes embarcações e a habilidade comercial inglesa tornaram a nação uma grande potência comercial. Ao longo do tempo, observa-se que foram criadas leis que favoreciam os navegantes. 

Em uma dessas leis, tornou-se obrigatório que todas as mercadorias compradas ou vendidas dos ingleses fossem transportadas em navios próprios da nação. Com isso, a navegação foi “incentivada” e os lucros potencializados.

Esse período foi marcado, então, por produções científicas marcantes e, entre elas, as máquinas de vapor já citadas anteriormente. 

Ao mesmo tempo, a Inglaterra estava em processo de urbanização — o êxodo rural estava aumentando até mesmo por escolhas e leis implementadas pelo próprio governo. Alguns desses decretos tinham o objetivo de aumentar a área de pastos para a criação de ovelhas, os animais que fornecem a lã, umas das principais matérias primas da indústria têxtil. Com isso, a quantidade de pessoas disponíveis para o trabalho fabril aumentou.

Nesse contexto, o ciclo de transformações só crescia pois, à medida que as tecnologias eram implantadas, os lucros obtidos aumentavam. O valor arrecadado era destinado, em partes, para o estudo de novas ciências e, consequentemente, equipamentos mais eficientes eram lançados, aumentando a lucratividade do processo produtivo.

Primeira Revolução Industrial

A Primeira Fase da Revolução Industrial é, justamente, esse momento de crescimento da indústria têxtil, com fomento das tecnologias de vapor e hidráulicas. É o início da transformação socioeconômica que se prolonga até os dias atuais.

É de conhecimento geral que a Inglaterra abriga muitas minas de carvão e, a utilização dele como combustível permitiu o desenvolvimento dessas ferramentas fabris importantes. Nesse sentido, as locomotivas a vapor se tornaram famosas, com a construção de trilhos pelo território inglês.

Como você pode perceber, a mecanização do trabalho abrangeu quase todas as áreas industriais, a partir da produção de tecidos, setor de transportes, a metalurgia e, até mesmo, alterou as formas de plantio, cultivo e colheitas nas regiões de agropecuária.

+ Veja mais: Surgimento da Sociologia: contexto histórico

Segunda Revolução Industrial

A próxima fase da Revolução Industrial é marcada pelo fortalecimento da energia elétrica, o que expandiu a possibilidade de produção na região inglesa. Ela surgiu no século XIX e durou até a primeira metade do século passado. 

Agora, a fonte de energia não era mais o carvão mineral. O descobrimento do petróleo como combustível permitiu que os motores fossem aprimorados, assim como a energia elétrica se popularizou pouco a pouco. 

Nesse sentido, ainda, a Segunda Revolução Industrial é um processo mais global. Diversas nações europeias participam desse processo e entram no modelo produtivo chamado de capitalismo financeiro ou monopolista.

Isso significa que, agora, os países não competiam entre si pelo mercado consumidor. Agora, as instituições mais desenvolvidas dominavam a produção de mercadorias e a comercialização delas. Nesse sentido, inclusive, a Inglaterra foi uma potência por um tempo considerável na história da humanidade.

Aqui é que se fortalece o fordismo, uma organização da produção que foi muito criticada pelo trabalho maçante, repetitivo e exaustivo que era cobrado dos trabalhadores. Esse tema será abordado com mais profundidade no tópico “Transformações Sociais na Revolução Industrial”.

Terceira Revolução Industrial

Por fim, a Terceira Revolução Industrial marca a chegada da informática às fábricas. Ela surge no meio do século XX, pouco tempo depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Inclusive, as corridas espaciais, armamentistas e científicas que são características deste período, foram cruciais para o crescimento gigantesco da tecnologia. Esse é um dos fatores positivos deixados pela Guerra Fria

A informática e tecnologia permitiram maior automação industrial e menor necessidade de mão de obra humana. Agora, os trabalhadores precisam se especializar no entendimento e desenvolvimento das máquinas, buscando sempre o aprimoramento do trabalho. 

Alguns autores citam que, desde 2010, o mundo está passando por uma Quarta Fase da Revolução Industrial. Esta seria marcada por uma influência das inteligências artificiais, robôs, armazenamento de dados em nuvens, trabalho remoto e todo esse contexto tecnológico em que estamos inseridos.

+ Veja também: Industrialização brasileira e a Ford

Transformações sociais na Revolução Industrial 

Em meio a todas as consequências da Revolução Industrial, as transformações sociais são extremamente marcantes. 

Desde a primeira fase, pode-se observar uma alteração significativa: o artesão construía uma peça de roupa inteira em suas mãos, participando de cada etapa do processo produtivo. Ele sabia como fazer, o que estava fazendo e como era o resultado final. 

Com o surgimento e aprimoramento das máquinas, esses indivíduos foram realocados. Nesse contexto, eles deixam de participar de toda a produção e passam a se especializar em apenas uma parte do processo.

O cidadão não sabe mais como fazer uma peça inteira, ele só consegue manejar a máquina para fazer um pedaço daquele produto. Mais a frente, Karl Marx chamou isso de alienação da produção: quando o trabalhador não consegue entender direito o valor agregado na mercadoria final.

Em busca de tornar a industrialização cada vez mais lucrativa, foi lançado o fordismo. Esse modelo de produção fabril propôs que os trabalhadores deveriam ser cronometrados. O indivíduo que concluia sua tarefa em menos segundos era premiado ao final do mês.

A ideia do sistema era que os empregados fossem o mais produtivos o possível, com o maior tempo de trabalho também (algumas fábricas tinham a carga horária de 16 horas por dia!). Ao mesmo tempo, a remuneração não era compatível com o esforço empregado, o que causou desconfortos à população. 

Podemos dizer, então, que o modelo fordista tinha o intuito de transformar a produção humana equivalente à das máquinas. Um filme que ilustra bem esse processo é de Charles Chaplin, chamado “Tempos Modernos” — o longa é transmitido em cinema mudo e preto e branco, mas representa bem o período. 

Trailer do filme “Tempos Modernos”
Arquivo do acervo Wikimedia Commons

Diante de tantas transformações, nasceram os sindicatos e movimentos de trabalhadores, como o ludismo e o cartismo. Por meio de manifestações, protestos e greves, os cidadãos queriam ter seus direitos garantidos. Dentre as reivindicações estavam o aumento salarial, a diminuição da carga horária e a alteração das condições de trabalho.

Além disso, é importante ressaltar que a vida social se transformou: a urbanização e a concentração dos empregados ao redor das fábricas propiciou condições de higiene precárias, com risco à saúde, à integridade física e à qualidade de vida desses indivíduos.

Num cenário mais internacional, com a Partilha da África e a dominação dos territórios, as matérias primas produzidas naquele continente passariam a servir as nações industrializadas. Além disso, a mão de obra barata e o mercado consumidor eram disputados entre as potências. Essa época é conhecida como Neocolonialismo, que significa “uma nova era imperialista”.

+ Veja mais: História do Brasil: principais eventos e panorama histórico
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Questão de vestibular sobre Revolução Industrial

Agora que você já conhece as principais etapas e características da Revolução Industrial, vamos testar este conhecimento com uma questão de vestibular. Ao final, confira sua resolução e compare com a resposta proposta pelo Estratégia Vestibulares!

(PUC-Campinas) “O duque de Bridgewater censurava os seus homens por terem voltado tarde depois do almoço; estes se desculparam dizendo que não tinham ouvido a badalada da 1 hora, então o duque modificou o relógio, fazendo-o bater 13 badaladas.”

Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriundas do processo industrial inglês no final do século XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento histórico, pode-se afirmar que:

a) os trabalhadores foram beneficiados com a diminuição da jornada de trabalho em relação à época anterior à revolução industrial.

b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psicológicos significativos que marcou o desenvolvimento da maquinofatura.

c) os empresários de Londres controlavam com mais rigor os horários dos trabalhadores, mas como compensação forneciam remuneração por produtividade para os pontuais.

d) as fábricas, de modo em geral, tinham pouco controle sobre o horário de trabalho dos operários, haja vista as dificuldades de registro e a imprecisão dos relógios naquele contexto.

e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhadores que cumpriam corretamente o horário de trabalho.

O texto do enunciado mostra um controle maior sobre o tempo. Agora, o tempo era racional, ou seja, tinha valor monetário.

Com a Revolução Industrial a percepção da passagem do tempo tornou-se mais sobre o quanto você produz: quem faz mais em menos tempo é mais lucrativo. Essa visão capitalista foi uma das grandes transformações psicológicas que permeou o crescimento industrial. Assim, a alternativa correta é a letra b.

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