Idade média: história, características, períodos e sociedade

Idade média: história, características, períodos e sociedade

A Idade Média é o período da história em que se desenvolveu o sistema feudal, berço das universidades, com forte característica teocêntrica e organização hierárquica rígida. Divida em dois principais períodos, o medievalismo é um importante episódio da história ocidental. 

Saiba mais sobre essa época no texto abaixo, que resume as principais características e sistemas presentes na Idade Média. O artigo também explora questões de vestibular sobre o tema, com gabarito e resolução comentada.

O que é a Idade Média?

A Idade Média é um dos grandes períodos da história ocidental, que se estende entre 476 e 1453. Ela faz parte de um conjunto de importantes épocas históricas: a Antiguidade Ocidental e Oriental, a Idade Média propriamente dita, a Idade Moderna e o período contemporâneo.

O medievalismo aconteceu, com maior peso, no continente europeu. Foi nesse espaço que se estabeleceu a Igreja e o clero, onde se organizou a estrutura feudal e também onde nasceram os grandes eventos da Idade Média, como as Cruzadas. 

Como começou a Idade Média?

O início da Idade Média está relacionado com a queda do Império Romano do Ocidente, no século V. Nesse episódio, Roma foi invadida por estrangeiros e o imperador foi destituído — o acontecimento teve tanta importância para os povos da época que marcam o início de um novo período histórico ocidental.

A partir desse momento, a Europa passou por importantes transformações sociais, culturais e políticas, entre elas a ruralização dos povos, quando os indivíduos da cidade começaram a migrar para as zonas campestres, como fuga dos problemas causados com os estrangeiros nos centros mais movimentados.

Nesse contexto também a Igreja Católica se fortaleceu, com uma instituição social que regia e controlava os acontecimentos, para além de sua função espiritual, com a fé dos cidadãos. Na época, ainda, grande parte dos saberes utilizados para saúde e cotidiano eram transmitidos dentro do ambiente religioso. 

Além disso, houve um grande encontro cultural entre latinos e germânicos, um momento de alterações de padrão cultural para a criação de uma nova herança própria daquelas regiões que estavam sendo transformadas.

Alta Idade Média

Feudalismo

A sociedade e a política da Idade Média são marcadas, principalmente, pelo feudalismo. Seu período de maior relevância foi durante os primeiros séculos, na chamada Alta Idade Média.

Nessa época, o sistema de organização feudal permitia que um grande dono de terras, chamado de suserano, cedesse um pedaço de sua propriedade para que um outro homem, seu vassalo, cuidasse.

Esse vassalo, por sua vez, poderia ainda arrendar essas terras para outro vassalo. Assim, um vassalo poderia ser suserano de outros cidadãos, sucessivamente. Cada um desses homens eram responsáveis por um território e tiravam seu sustento desse sistema hierárquico. 

Sociedade

Diante de tantos encadeamentos de posses, a sociedade da Idade Média era muito marcada pela divisão de estamentos sociais. A pirâmide era composta, majoritariamente, por três grupos de pessoas, cada qual com privilégios diferentes entre si. 

Primeiramente,o senhor feudal e sua família, bem como membros de maior prestígio do clero tinham maior poderio social. Nesse conjunto estão agrupados detentores de terras e os influenciadores religiosos. Isso demonstra o poder dessas pessoas, por abrigar os indivíduos e também comandar sua fé.

Em segundo lugar estava uma segunda parte da nobreza, que tinha a função de proteger o feudo, Havia um terceiro grupo, os camponeses, que trabalhavam nas terras: plantando e colhendo, com o intuito de sobrevivência, mas deveriam pagar impostos e sustentar as camadas superiores.

No último estamento social, sem muitos direitos, estavam os soldados e povos marginalizados. Muitos deles foram conquistados durante guerras e cumpriam ordens compulsoriamente dentro do sistema feudal.

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Economia

A economia dos povos medievais era baseada, basicamente, em produtos agrícolas. As trocas comerciais cessaram por um tempo na história europeia, então, as matérias primas eram utilizadas, em grande parte, para subsistência do próprio feudo.

Alguns poucos artesãos ainda se dedicavam a esse trabalho, com um status social um pouco melhor do que dos camponeses, mas não ao nível em que se encontravam os nobres. Ou seja, eram um grupo com posição social intermediária.

Nesse sentido, a Idade Média foi um período em que a verdadeira riqueza de um cidadão era a posse de terras. Por isso, o senhor feudal tinha grande poder social. Ao mesmo tempo, o maior suserano de todos, que cedia a terra a diversos vassalos, não tinha grande influência política dentro dos feudos, mas estava em uma posição privilegiada frente aos outros. 

Eventos importantes 

A Idade Média é importante religiosamente porque, além de um grande fortalecimento da Igreja Católica, foi nessa época que nasceu o islamismo, outra das grandes crenças monoteístas do mundo. 

Com a ruptura espiritual, houve uma maior separação entre Ocidente e Oriente, principalmente depois que os islâmicos começaram a disseminar sua fé e dominar territórios próximos aos povos católicos.

Nesse mesmo sentido, alguns anos depois, os católicos resolveram reagir contra o crescimento do islamismo ao redor deles e também no Oriente. Por meio das Cruzadas, papas ordenaram que os povos fossem guerrear contra os muçulmanos e lutar por uma conquista de Jerusalém e outras cidades orientais.

Ainda em termos religiosos, é importante citar a Inquisição, movimento católico de efeito repressor contra as pessoas que contrariassem as doutrinas da Igreja, resultando em ameaças, agressões físicas, perseguições e até mesmo morte.

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Baixa Idade Média

A Idade Média é dividida em duas grandes fases: a Alta Idade Média, quando o sistema social estava em ascensão e a organização funcionava, sem grandes crises que gerassem revoltas significativas no território europeu, como foi mostrado anteriormente. 

Depois disso, por volta do século XI, o medievalismo perdeu o seu vigor. Devido a crises sociais, fome, miséria, conflitos políticos e religiosos, doenças e revoltas por parte dos próprios camponeses, a estrutura entrou em ruínas. 

Essa época é conhecida como a Baixa Idade Média e ficou marcada pelo renascimento comercial e urbano. Nesse período, o processo social alterou-se completamente, quando comparado aos motivos que deram origem ao sistema feudal

Afinal, os cidadãos começaram a intensificar a atividade comercial e se dedicar a isso. Ao redor das construções que delimitavam os feudos começaram a se estabelecer os burgos, locais de troca de mercadorias e circulação de moedas.

Aos poucos, os burgueses (nome dado aos povos que sobrevivam nos burgos) se deslocavam para as cidades, se interligaram com outras rotas comerciais e trouxeram à Europa, novamente, a comercialização de bens e o espaço urbano.

Nesse ponto da História, o mundo ocidental se encaminhava para a transição do medievalismo para a Idade Moderna, onde surgiu o capitalismo mercantil, conhecido como mercantilismo. Inclusive, esse sistema social embasou as Grandes Navegações e a chegada dos europeus ao território americano.

Crises da Idade Média

As crises da Idade Média se desenvolveram, sobretudo, durante seu período de declínio, a partir do século XI. Um dos grandes problemas enfrentados pela população está relacionado com o clima e alterações ambientais que impossibilitaram a produção agrícola. Nesse ponto, uma fome generalizada se espalhou pela Europa. 

Ao mesmo tempo, o pouco conhecimento sobre higiene de alimentos, corpos e ambientes, favorecia o desenvolvimento de doenças entre os medievais. A mais marcante dessas enfermidades foi a Peste Negra. 

Causada por uma bactéria chamada de Yersinia pestis, a Peste Bubônica, outro nome da doença, dizimou quase um terço da população europeia na época. O microrganismo era transmitido por meio da picada de pulgas de rato, roedores que circulavam normalmente entre os habitantes. 

Esse problema também se relaciona com a fome, já que a mão de obra para o plantio e colheita diminuiu, alterando ainda mais o cenário de miséria. Todo o cenário gerou, aos poucos, revolta entre os servos feudais, resultando em diversos focos de contrariedade dentro do sistema. 

Além de tudo isso, o fracasso de várias cruzadas, com a perda de soldados e recursos, contribuiu para o enfraquecimento dessa sociedade medieval. Alguns reinos europeus passaram a batalhar entre si, isso só enfatizava as revoltas camponesas além de declinar ainda mais o sistema.

Fim da Idade Média

A Idade Média terminou em um processo de centralização do poder, com o desenvolvimento dos Estados Nacionais, que se tornaram absolutistas ao longo dos séculos seguintes. Inclusive, em muitos territórios, a Igreja foi perdendo gradativamente sua total influência sobre os povos.

Cada vez mais, a razão ganhava espaço no mundo intelectual e, agora, as verdades instruídas religiosamente eram questionadas: seriam válidas também no mundo racional? Note que isso não significa que a sociedade tornou-se ateia ou deixou de ser cristã, mas a ciência se desenvolveu com grande afinco, com um novo aspecto do conhecimento. 

Por fim, o exemplo que marca o término da Idade Média é a tomada de Constantinopla. Essa cidade era um grande centro comercial da época, a ponto de ser conhecida até mesmo como “ Nova Roma”, a capital do Império Romano do Oriente

Ao longo do tempo o local tornou-se cada vez mais relevante, principalmente porque o comércio se fortalecia e a cidade estava posicionada em um ponto geograficamente estratégico: entre o mundo ocidental e orienta. 

Por essa importância, quando Constantinopla foi invadida por tropas do Império Turco Otomano, no século XV, a Idade Média terminou. Afinal, somada aos outros problemas e crises enfrentadas, o sistema já não tinha mais condições de prevalecer.

Questões de vestibulares sobre Idade Média

(URCA 2016/2)

Observe o texto a seguir:

No século XIV, os portões dos feudos se fecharam para os visitantes, que passaram a ser vistos como inimigos. O isolamento entre os reinos tornou-se ainda maior e havia um crescente sentimento de xenofobia. Ninguém era bem-vindo e todos eram suspeitos de carregar a peste. Nos anos que se seguiram, os europeus viveram dominados pelo medo e por uma só pergunta: quando ela vai voltar?

(Superinteressante)

Assinale a alternativa que melhor condiz com o texto:

a) O período em questão remonta à Baixa Idade Média durante o renascimento comercial e urbano, quando a peste negra surgiu predominantemente no campo.

b) Como o europeu não sabia tratar a peste e nem suas formas de contágio, ela acabou se expandindo com uma grande velocidade, acarretando milhões de mortos e, como consequência, a escassez da mão de obra, prejudicando o comércio e a produção agrícola.

c) Com menor reserva de mão de obra houve uma redução da exploração servil, pois as pessoas se tornaram mais sensíveis, religiosas e humanitárias.

d) No campo religioso, todas as doenças eram vistas como castigo divino, o que possibilitou o fortalecimento do poder da Igreja Católica que manteve sua unidade na Europa, ao longo dos séculos que se seguiram após a peste.

e) A peste fez com que as pessoas abandonassem a crença e a devoção nas feitiçarias e outras formas místicas, buscando respostas e curas para as doenças nas orações da Igreja Católica.

A peste negra surgiu, principalmente, em um cenário de abertura comercial, mais relacionada com o ambiente urbano do que rural.

Com a escassez de mão de obra decorrente das mortes por peste, a servidão tornou-se mais exaustiva aos indivíduos. Ao mesmo tempo, as crises colocavam em xeque alguns dos conhecimentos transmitidos pela Igreja, que foi perdendo sua unanimidade ao longo dos séculos da Idade Média.

Ao mesmo tempo em que não se sabia como lidar com a peste, com a falta de informação científica da época, as pessoas não abandonaram sua fé, conservando o caráter cristão que era pregado dentro do feudalismo. Nesse sentido, a alternativa que melhor responde a questão é a letra B.

(Vunesp) “Na sociedade feudal, o vínculo humano característico foi o elo entre subordinado e chefe mais próximo. De escalão em escalão, os nós assim formados uniam, tal como se se tratasse de cadeias infinitamente ramificadas, os menores e os maiores. A própria terra só parecia ser uma riqueza tão preciosa por permitir obter ‘homens’, remunerando-os.” (Marc Bloch. A sociedade feudal.)

O texto descreve a:

a) hierarquia eclesiástica da Igreja Católica;
b) relação de tipo comunitário dos camponeses;
c) relação de suserania e vassalagem;
d) hierarquia nas corporações de ofício;
e) organização política das cidades medievais.

A relação entre suseranos e vassalos era encadeada e ramificada, conforme aponta a alternativa C.

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