Revolução Francesa: o que foi, contexto histórico, importância e questões

Revolução Francesa: o que foi, contexto histórico, importância e questões

A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade, pois está intimamente ligada ao fim dos privilégios aristocráticos e do chamado Antigo Regime. Pautada em conceitos revolucionários, como o direito de todos os homens e a oposição aos nobres, esse movimento que aconteceu na Europa é muito citado nas provas de vestibulares!

Para te ajudar a compreender melhor esse assunto de grande importância nas provas, o Estratégia Vestibulares preparou um resumo com as principais definições da Revolução Francesa: o que ela foi, em qual contexto histórico está inserida, quais as causas e consequências de seu acontecimento. Acompanhe agora!

O que foi a Revolução Francesa?

A Revolução Francesa é o conjunto de transformações e acontecimentos que aconteceram na França durante o século XVIII, mais precisamente entre 1789 e 1799. Esses movimentos foram responsáveis pela queda do absolutismo, modelo político que centrava toda a autoridade política na figura de um único rei. 

Nesse processo, estiveram envolvidas pessoas de diferentes estratos sociais: burgueses, camponeses e diversas camadas populares.

Diante de tais atos revolucionários, a aristocracia rural, os privilégios feudais e as mordomias eclesiásticas foram enfraquecidos. De modo análogo, na política, as influências do iluminismo embasaram uma luta por maiores direitos para os indivíduos, como veremos mais detalhadamente adiante. 

O lema principal dos revolucionários era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Esse tema foi tão importante que se espalhou pela Europa e amedrontou governantes de diversas nações, aflitos de que o radicalismo também chegasse aos seus territórios — o que de fato ocorreu, em muitos casos. 

Contexto histórico da Revolução Francesa

Antes da Revolução Francesa acontecer, os franceses eram apenas súditos de um monarca absolutista, Luís XVI. A partir de sua posição social ou proximidade familiar com o rei, os indivíduos eram divididos em diferentes estratos sociais.

Aqueles que apresentavam grandes cargos eclesiásticos, como bispos e membros do Alto Clero, estavam no 1º Estado e tinham privilégios relacionados a essa posição. 

À semelhança do modelo feudal, os nobres do Segundo Estado estavam relacionados com a defesa da nação francesa, seja por meio de guerras e empenhos militares, seja por meio da argumentação jurídica. Essa é a classe social conhecida como aristocracia francesa. 

Por fim, existia ainda um Terceiro Estado, composto por toda a burguesia, os membros do Baixo Clero e as populações mais comuns, como comerciantes, trabalhadores, camponeses, entre outros — quase toda a população estava presente nessa classificação social.

A grande questão, aqui, é que o Terceiro Estado trabalhava para garantir a própria subsistência e ainda para pagar impostos aos Primeiro e Segundo Estado. Com essas taxas eram garantidos todos os privilégios e mordomias para os bispos, familiares do rei e aristocratas. 

Esse contexto social se agravou quando a França se envolveu na Guerra dos Sete Anos e na Guerra da Independência dos EUA. O investimento empregado nessas batalhas e auxílios acumulou-se como dívida para o Estado Francês, o que influenciou na qualidade de vida da população francesa. 

Ao mesmo tempo, o líder absolutista não deu abertura para a instalação de indústrias na nação, o que tornava a economia cada vez mais retrógrada. Para piorar a situação, as colheitas durante a segunda metade do século XVIII estavam mais escassas. 

Diante de todos esses fatores, a nação francesa estava imersa em crises de diversas ordens, algo que a população sentiu e foi um fator de impulso para o surgimento da Revolução Francesa. 

Baseados em ideias iluministas, em busca de maior liberdade e igualdade de direitos entre os indivíduos, os revolucionários resolveram cobrar do Estado monárquico resoluções para as crises que assolavam a França.

+ Veja mais: Estratificação Social: o que é e como aparece nos vestibulares

Etapas da Revolução Francesa

Reunião dos Estados Gerais 

O primeiro passo da Revolução Francesa foi uma reunião entre todos os Estados da sociedade. Historicamente, esse tipo de congregação tinha como objetivo encontrar soluções para as crises que a França passava. 

Nela, estavam presentes representantes de cada um dos Estados. A conclusão da reunião era feita por meio de votos, mas cada Estado tinha direito a apenas um voto, de forma que a opinião individual não tinha peso suficiente para realizar alterações na sociedade. 

Diante disso, podemos imaginar que os dois primeiros estados gostariam de manter seus privilégios e, por isso, votariam em comunhão. Obviamente, em um processo de três representantes, dois votos são suficientes para encerrar a votação. 

Dessa forma, os luxos da aristocracia e Alto Clero eram sempre preservados, enquanto que a voz do Terceiro Estado era silenciada e ofuscada. 

Conforme perceberam essa realidade, o Terceiro Estado reivindicou que as votações fossem feitas individualmente. A ideia não foi bem aceita e acirrou as relações entre os grupos sociais. 

Foi então que os revolucionários propuseram a criação de uma nova Constituição, pedido que não fora atendido pelo rei. A partir disso, o Terceiro Estado entrou ativamente na transformação da sociedade e propôs uma Assembleia Nacional Constituinte.

Assembléia Nacional Constituinte

A Assembléia Nacional Constituinte é o marco do rompimento do Terceiro Estado com  a ordem social pré estabelecida. A partir de agora, eles estavam empenhados em criar um novo modelo político e social para a França, a partir de uma constituição.

O rei se opôs a esse movimento, mas o resultado não foi favorável à monarquia: a população, que já estava insatisfeita com a situação francesa, apoiou o Terceiro Estado e tomou a Bastilha. 

A Bastilha era uma prisão francesa em que os opositores do governo monárquico estavam. Então, a Queda da Bastilha, demonstra o início de uma força revolucionária que duraria uma década.

Ao mesmo tempo, lutando contra a fome e com medo de represálias, os camponeses saquearam propriedades aristocráticas — essa investida ficou conhecida como “O Grande Medo”.

Diante das incertezas sociais, nobres fugiram do país para outras regiões da Europa. A Igreja perdeu parte de seu poder quando foi subjugada ao Estado por meio da Constituição Civil do Clero. Dessa forma, as autoridades eclesiásticas e a aristocracia francesa passaram a planejar atos contra revolucionários.

Monarquia constitucional (1789-1792)

Quando a nova constituição foi aplicada, em 1791, a França não se tornou uma República, como era o desejo de muitos dos revolucionários. Na verdade, o governo tornou-se uma Monarquia Constitucional, e a Nacional Constituinte tornou-se uma Assembleia Legislativa. 

Essa Assembleia teria como função limitar os poderes do Rei. Além disso, os privilégios e ordens sociais foram desfeitos, o voto censitário foi adotado, entre outras mudanças importantes.

Depois de certo ponto, os revolucionários perceberam que suas ideias para as mudanças eram diferentes. Um grupo, os girondinos, era composto por representantes da alta burguesia e pregava uma mudança mais contida, com posicionamentos mais moderados e apoio à monarquia constitucional.

Do outro lado, os jacobinos estavam incluídos na média e baixa burguesia, buscando alterações bruscas e radicais. Eram abertamente republicanos e apoiavam um governo popular, em que o povo tivesse voz perante as situações políticas.

Em oposição aos dois grupos revolucionários, as forças conservadoras da França se juntaram à Áustria e à Prússia para iniciar uma investida contra os radicalismos. O rei não imaginava que essa questão teria um fim tão trágico. 

A população francesa, ao perceber qual era o plano arquitetado pelo rei Luís XVI, foi até o palácio de Tuileries, onde a família real estava abrigada, e assassinou os membros reais.

Com isso, a Monarquia Constitucional se findou, assim como a Assembleia Constituinte. Inicia-se, então, um novo período da Revolução Francesa: a Convenção Nacional.

Convenção Nacional (1792-1795)

Durante a Convenção nacional, houve predomínio do poder jacobino. A monarquia foi, então, substituída por um governo republicano, de forte caráter revolucionário. 

Nessa época, os populares franceses formaram também um exército nacional, que tinha como função proteger a nação das investidas de países monárquicos. Como os jacobinos estavam no poder e tinham acabado de guilhotinar Luís XVI, a Áustria e a Prússia estavam cada vez mais amedrontados.

Robespierre e o Terror (1793-1794)

A morte do rei foi também um marco inicial para o Terror jacobino, sob a liderança de Maximilien Robespierre, Saint-Just e Danton. 

A partir de uma nova instituição, chamada de Comitê de Salvação Pública, esses radicais perseguiam a todos os indivíduos que se opunham ao governo revolucionário. Para isso, foi criada a Lei dos Suspeitos, que condenava os supostos traidores, com morte na guilhotina ou por afogamento.

Os números são alarmantes e justificam a ideia de Terror: durante os 14 meses de governo jacobino, cerca de 17 mil pessoas foram assassinadas. 

Apesar do caos instaurado, muitos problemas foram solucionados na ditadura jacobina: a moeda francesa se estabilizou, a economia projetou-se para ascensão, os votos tornaram-se universais e não censitários, a escravidão perdeu ainda mais seu espaço na sociedade, entre outras mudanças importantes.

Diretório

Em meio às atrocidades cometidas pelos jacobinos, os girondinos conseguiram articular um golpe para retomar o poder. Esse plano ficou conhecido como Reação Termidoriana, em 1794.

Logo após a tomada do poder, Robespierre foi guilhotinado e muitas mudanças foram revertidas, conforme o caráter mais contido e conservador da revolução girondina. 

Essa nova fase da Revolução Francesa é o Diretório, com cinco diretores da Alta Burguesia no poder da nação. O cenário desse governo é muito melindroso: a população queria medidas mais radicais, sem o terror anterior. Os vizinhos de fronteira tinham medo do crescimento da revolução, então queriam invadir a França e, ao mesmo tempo, a família gostaria de reaver seu trono.

Com tantas questões para lidar, os diretores convocam o exército francês para solucionar o problema. Nesse quesito, surge a figura de Napoleão Bonaparte, o general que coordenaria o cenário. 

Nesse sentido, Bonaparte aplica um novo golpe: o Golpe do 18 de Brumário, em que foi instalado o Consulado. Essa forma de governo finalizou a Revolução Francesa, com o início da Era Napoleônica.

+ Veja também: O que são os termos esquerda e direita?

Consequências da Revolução Francesa

As consequências da Revolução Francesa foram, sobretudo, de caráter social:

  • A aristocracia e o Alto Clero perderam seus privilégios e luxos — a desigualdade social tornou-se menos acentuada;
  • Os camponeses já não tinham a obrigação de servir aos nobres;
  • O comércio se fortaleceu, pois a burguesia não estava mais limitada aos moldes do Antigo Regime;
  • A França saiu de um modelo antigo para a inovação do capitalismo;
  • Pela primeira vez um rei foi subjugado à vontade da população;
  • Os poderes foram separados;
  • Uma constituição foi instituída;
  • Foi criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que garantia a liberdade, a segurança, a propriedade e a possibilidade de resistir à opressão;
  • Aos poucos, a base do absolutismo se rompeu em toda a Europa; e, por fim,
  • A Revolução Francesa inspirou movimentos em diversas partes do mundo, inclusive na Segunda Revolução Industrial, nas Independências na América Latina e na Inconfidência Mineira;

Questões de vestibulares sobre Revolução Francesa

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A Revolução é feita de sombra, mas, acima de tudo, de luz.
Michel Vovelle. A Revolução Francesa explicada à minha neta, 2007.

A frase apresenta a Revolução Francesa, destacando 

a) a aliança de setores católicos, associados à luz da revelação divina, com a ação revolucionária, que representava as trevas da morte.
b) o contraste entre a obscura violência de alguns de seus momentos e a razão luminosa que guiou muitos de seus propósitos.
c) a vitória do projeto aristocrático, que representava a luz, sobre as lutas burguesas, que representavam as sombras.
d) o contraponto entre o esforço obscuro de impor o terror e a vontade iluminista de restaurar a monarquia parlamentar.
e) a derrota do ideal republicano, que associava a revolução às trevas, e o sucesso da monarquia absoluta, liderada pelo Rei Sol.

Em termos de ideais, a Revolução Francesa estava pautada em conceitos racionais, principalmente o iluminismo (que remete à luz). Ao mesmo tempo, durante o governo jacobino de Robespierre, houve uma opressão muito forte, que pode ser representada por uma escuridão tremenda. Assim, a melhor alternativa é a letra B.

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