Planejar e escrever uma redação em um vestibular é sempre um momento tenso. Escolher as palavras corretas, formar frases e sentenças que façam sentido e ter uma argumentação alinhada com o que foi solicitado, em uma situação como essa é o terror de muita gente. Mas não precisa ser assim.
O Portal Estratégia Vestibulares tem uma série de textos com dicas para redação, citações sobre diversos assuntos, repertórios socioculturais e outras coisas mais. E esse artigo mostra para você palavras que NÃO devem ser usadas na redação de um vestibular ou do Enem.
Escolher as palavras certas em uma redação exige vocabulário e planejamento, e por isso ter umas dicas para usar não faz mal a ninguém. O professor de Redação e Filosofia do EV, Fernando Andrade, listou e comentou alguns termos e situações que se deve evitar ou tomar cuidado em um texto para o vestibular ou Enem. Confira a lista abaixo!
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1 — Expressões coloquiais
Fernando explica que expressões como “um monte”, “um bocado”, “é isso aí”, “né”, “tá beleza”, ou formas usadas na Internet, como “blz”, “vc”, “eh” e outros “denotam domínio parcial da norma culta, exigida pela banca na competência 1 do Enem, por exemplo.
Além disso, o professor destaca, dentro das expressões coloquiais, o uso de diminutivos e aumentativos como “basiquinho” e “muitão”, reduções, como “pra” e “pro” e abreviaturas, como “p/” (no lugar de “para”) ou “c/” (no lugar de “com”).
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2 — Expressões como “hoje em dia” e “em muitos países”
Quando falamos nesse tipo de expressão tida como imprecisa, Fernando opina de forma diferente do que é citado em muitos manuais de redação desenvolvidos Brasil afora.
“Muitos manuais costumam desqualificar essas expressões, algo que não procede. Já vi em redações nota máxima da Fuvest com “hoje em dia”. Claro que expressões mais precisas são melhores, mas não deveria haver proibição para expressões que demarcam tempo e espaço, algo tão essencial para a escrita”.
A dica expressa, portanto, que nem tudo deve ser totalmente ignorado, mas é necessário entender o contexto específico para se usar algo, dosando o que deve ser evitado sem perder a qualidade de um texto.
3 — Generalizações e radicalização
Aqui é necessário ter cuidado com a forma de expressar uma ideia, já que, segundo Fernando, “o texto dissertativo deve ser objetivo e captar com a máxima precisão o que se pode dizer do real. A realidade não pode ser descrita a partir do tudo ou nada”.
Portanto, deve-se evitar expressões como “todos”, “nunca”, ou “nada mudou”. Nesse caso, Fernando Andrade recomenda usar termos como “na maioria das vezes”, “muitos traços do passado permanecem”, “a maioria”.
4 — Clichês
Aqui temos outro “mito dos manuais”, como define o Fernando. “Um texto não é avaliado só por uma expressão. Claro que um clichê aponta para uma certa pobreza de recursos, mas se o que vier depois disso for um argumento bem estruturado, o corretor nem liga para a expressão. Entende que foi um recurso para começo de construção frasal”.
A dica é, portanto, não abusar dos clichês e, se for usar, ter certeza que o argumento apresentado na sequência será arrebatador.
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5 — Palavras tidas como típicas do vocabulário infantil
Aqui são usados três exemplos de palavras: coisa, bom e mau. Veja a explicação do professor abaixo:
“O domínio vocabular expressa também a capacidade de compreender melhor a complexidade da realidade. Os fenômenos não podem ser divididos em bons e maus. Melhor dizer traz benefícios ou prejuízos, por exemplo. Quanto à palavra coisa, ela serve para qualquer coisa e sempre que você utilizar um vocabulário que serve para tudo, ele perde precisão e informatividade”.
6 — Conectivos não comuns como cujo ou conquanto
Fernando explica que os usos desses conectivos são muito precisos e que geralmente os alunos erram ao usá-los. Cujo, por exemplo, é resquício do latim e conquanto não é sinônimo de “mas”, mas sim de “embora”, sendo um conectivo concessivo. “Perceba que há diferença. Se não percebeu, não use”, explica.
7 — Onde ou aonde
A dica aqui consiste em saber quais são os usos de “onde” e “aonde”. Acompanhe a explicação do professor. “O uso do onde para retomar algo que não seja lugar faz o candidato perder ponto na competência 4 do Enem. O uso do aonde no lugar do onde faz o aluno perder ponto na competência 1. Aonde deve ser usado quando o verbo indica movimento: ele ia aonde o vento o levava. Ou seja, ele é extremamente raro”.
“O onde não deve retomar outros termos que não sejam relacionados a local: o tempo em que vivemos ou onde as pessoas não se preocupam com as outras, por exemplo. Tempo não pode ser onde, já que não é lugar.
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8 — A priori no lugar de “em primeiro lugar”
O professor explica que “a priori” não tem o mesmo significado de “em primeiro lugar”, e por isso deve ser evitada a troca. “A priori significa um princípio inato, uma premissa, uma ideia que dá base para o restante do argumento. Na Filosofia significa o que não é dado pela experiência. Em nenhum caso, significa em primeiro lugar”.
9 — Uso de palavras não comuns para você
A última dica é a mais simples: evite usar termos que você não conheça ou que não tenha o costume e conhecimento sobre seu significado. Parece óbvio, mas é um erro comum, geralmente na tentativa de se diferenciar ou destacar qualidades de escrita, o que pode ser um erro sério.
“A tentativa de impressionar pelo uso de palavras difíceis não dá certo. É como brincar com um cão que você não conhece, pois ele pode te morder. As palavras são usadas em determinados contextos e combinações. Quando você não conhece a palavra você faz outras combinações que soam estranhas para um leitor experiente”, pontua o professor.
“No caso de palavras que são usadas fora do padrão de uso, o estilo fica comprometido, e o leitor percebe que o escritor não tem intimidade com a língua. Esse uso pode não tirar nota objetivamente, mas faz com que o corretor fique com uma certa prevenção contra o texto e se torne mais rigoroso”, finaliza Fernando.
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