Se você já prestou ou pretende se inscrever no Enem, sabe muito bem que a redação é uma das áreas de conhecimentos avaliada pelos corretores da prova. Aliás, a redação corresponde a um quinto da nota final, ou seja, para garantir uma boa nota no Enem, é imprescindível produzir uma boa dissertação.
Por isso, é preciso reservar um tempo na rotina de estudos para treinar exclusivamente a redação, seja aprendendo o formato do tipo de texto que é cobrado pela banca ou lendo e analisando as redações nota 1000 das edições anteriores. Afinal, dessa forma, você consegue aprender quais foram os pontos positivos de cada candidato e descobrir como adaptar isso ao seu modelo de redação.
Para te ajudar, o Portal Estratégia Vestibulares listou 10 redações que tiraram a nota máxima na última edição do Enem, o Enem 2023. Bora começar a estudar?
Leia mais: Modelos de redação nota 1000 no Enem desde 2009
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10 redações nota 1000 do Enem 2023
Rafaela Muller, de Pelotas (RS)
Historicamente, o mundo do trabalho foi dominado pelos homens, restando para as mulheres, principalmente, o trabalho doméstico e de cuidado com a família. Com efeito, no Brasil não foi diferente, e, ainda hoje, existem desafios que precisam ser enfrentados para reduzir a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no país, uma vez que esse grupo da sociedade permanece em situação de exclusão e subserviência no mercado trabalhista. Diante desse cenário, é fundamental compreender as causas desse revés, dentre as quais a desigualdade social e o patriarcalismo enraizado na sociedade são fatores agravantes dessa problemática.
Em uma primeira análise, destaca-se a desigualdade social como um dos desafios a ser enfrentado para amenizar a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. Nesse sentido, a escritora Carolina Maria de Jesus, em sua obra literária “Quarto de Despejo”, escrita em meados do século XX, traz uma denúncia social, com uma visão feminina de uma moradora da favela, na qual retrata a invisibilidade das pessoas que vivem em regiões desprestigiadas pelo poder público e que precisam se submeter a situações degradantes para conseguir sobreviver e não morrer de fome. Sob essa ótica, percebe-se que a desigualdade social gerada pela ausência do amparo estatal para as camadas mais pobres da população acarreta na aceitação de trabalhos mal remunerados e informais, principalmente pelas mulheres. Assim, é fundamental que haja políticas públicas que reconheçam a importância do trabalho de cuidado no país e tragam garantias para essa atividade que será cada vez mais demandada com o envelhecimento da população.
Outrossim, salienta-se que o patriarcalismo enraizado na sociedade brasileira é outro fator que contribui para a falta de visibilidade do trabalho de cuidado desempenhado pela mulher no país, sendo a desconstrução dessa cultura de inferioridade feminina mais um desafio a ser superado para solucionar esse gravame social. Segundo preconiza a Constituição Federal, em seu artigo 3º, é objetivo do Estado a construção de uma sociedade justa e igualitária, sem distinção de gênero, raça, etc. No entanto, as mulheres ainda são prejudicadas quanto aos direitos trabalhistas, recebendo salários menores e não sendo valorizadas especialmente nos trabalhos realizados em ambientes domésticos. Dessa forma, é preciso que haja uma mudança cultural no pensamento patriarcal a fim de ampliar a importância desse trabalho de cuidado feminino com o reconhecimento das garantias constitucionais.
É evidente, portanto, que medidas precisam ser tomadas para solucionar esse problema. Para tanto, o Congresso Nacional, por meio da elaboração de leis específicas, deve criar normas que assegurem a visibilidade do trabalho de cuidado existente no país, executado majoritariamente por mulheres, com a regulamentação de direitos trabalhistas para essa categoria, a fim de que essas trabalhadoras possam ter uma vida digna, uma jornada legal de trabalho e uma remuneração justa que lhes permita ter acesso à moradia, alimentação, saúde e lazer.
Quer algumas dicas para a garantir a sua redação nota 1000 no Enem? Assista o bate-papo entre os professores de redação do Estratégia Vestibulares:
Catharina Ferreira, de São Paulo (SP)
O trabalho de cuidado se mostra necessário na medida em que é o responsável pelo zelo de crianças, idosos, pessoas com deficiências e afazeres domésticos. Entretanto, nota-se, na comunidade brasileira, a invisibilidade desse serviço e seu protagonismo majoritariamente feminino. Isso ocorre por duas causas principais: o baixo prestígio social estigmatizado a essas tarefas e as convenções de gênero estabelecidas pela sociedade brasileira.
A princípio, o prestígio social de um trabalho é um fator importante para a determinação de seu reconhecimento e remuneração. Nesse raciocínio, atividades de cuidado são estigmatizadas dentro do corpo social como inferiores e descriminalizadas pelo seu baixo nível de escolaridade. Isso acontece, pois com a predominância do capitalismo no ocidente e a Revolução Tecnológica introduzida a partir da 3ª Revolução Industrial no mundo contemporâneo, houve a crescente valorização de serviços de alto grau de especialização e nível acadêmico. Dessa forma, atividades de baixo ou nenhum valor tecnológico, como o trabalho do cuidado ou tarefas domésticas, foram socialmente marginalizadas em escala global.
Além disso, percebe-se a predominância de mulheres na realização de serviços de assistência. Essa é uma realidade que demonstra que as transformações sociais ocorridas no Brasil não foram suficientes para desconstruir convenções de gênero e seus papéis sociais, pois atividades relacionadas ao cuidado e de cunho doméstico são predominantemente associadas a mulheres. Como exemplificação, “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, retrata esse cenário pela personagem Macuabé, nordestina que trabalha como empregada doméstica no Rio de Janeiro. Descrita ao longo da narrativa como pequena e inviável, ausente de acontecimentos ou importância em sua própria história. Clarice representa, dessa maneira, a invisibilidade e o preconceito da sociedade brasileira pelas mulheres que realizam o trabalho do cuidado e seus desafios.
Portanto, é necessária a aplicação de medidas para o enfrentamento da desvalorização do trabalho de cuidado no Brasil. Para isso, o Governo Executivo Federal deverá realizar ações de combate à desigualdade social sofrida por essa atividade, por meio de políticas de valorização do serviço de assistência, como a validação legal dessa prestação como trabalho remunerado e a obrigatoriedade do pagamento do salário mínimo. Assim, o Brasil se tornará um país que enxerga e prioriza todos os tipos de serviços.
Karoline Soares Teixeira, Ji-Paraná (RO)
O filme “Como você consegue?” explora as transformações que envolvem a figura feminina durante a chegada da maternidade e o gerenciamento das tarefas domésticas. Semelhante a obra cinematográfica, no atual contexto social brasileiro, observam-se desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres relacionados às configurações de gênero historicamente construídas e a inadequação da legislação trabalhista do país. Urge, então, a modificação de tal conjuntura, tendo em vista a necessidade de acompanhar as mudanças sociais ocorridas nos últimos anos.
De início, é válido elencar o processo de construção dos parâmetros de gênero que ainda permeiam a sociedade brasileira. Nesse sentido, no período da República Velha e do coronelismo, as ideias patriarcalistas, que atribuem aos homens os papéis de chefia e de destaque, foram fortalecidas e conferiram as mulheres uma postura de subordinação, acompanhada da responsabilidade reprodutiva e da organização domiciliar, estrutura abordada no filme “Como você consegue?” e que, além de ter sido reproduzida por muitos anos, foi transferida às gerações futuras.
Sob esse viés, apesar das diversas mudanças sociais que incluem a participação da mulher no mercado de trabalho formal e a progressiva redução da taxa de fecundidade, ainda existem resquícios dos paradigmas históricos, que se manifestam por meio da permanente associação do ideal de cuidado à figura feminina, do insuficiente e reconhecimento do assistencialismo das mulheres como forma de trabalho e da contínua necessidade de reafirmação dos direitos conquistados. Dessa forma, é possível estabelecer a parcela de participação da cadeia social na invisibilização dos serviços realizados pelas mulheres.
Ademais, não há uma especificidade legislativa que reconheça o trabalho de cuidado feito pela população feminina dentro dos padrões de formalidade. Nesse ponto, ainda que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) tenha ampliado e normatizado os direitos dos trabalhadores brasileiros, há uma incoerência no que diz respeito à ausência de uma lei específica sobre o trabalho das chamadas “donas de casa” e sobre a garantia de sua cidadania fato que reverbera seus efeitos pelo elevado contingente de mulheres que desempenham funções de assistência com pouca ou nenhuma remuneração, ficando à margem dos benefícios promovidos pela admissão em cargos formais. Dessa maneira, faz-se necessária uma reorganização do complexo legislativo nacional.
Logo, torna-se evidente a necessidade da adoção de medidas que visem a minimização dos desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado desempenhado pelas mulheres no Brasil. A partir disso, o governo, como principal responsável pela manutenção do bem-estar dos brasileiros, junto aos complexos midiáticos, deve debater sobre o tema, por meio da criação de campanhas publicitárias sobre o essencialismo dos serviços feitos pelas mulheres, com o intuito de estimular a sociedade a dar mais atenção ao tema.
Francisco Roney Sousa Suriano, de Fortaleza (CE)
A Constituição Federal, promulgada em 1988, foi esboçada com o objetivo de delinear direitos básicos para todos os cidadãos – como condições satisfatórias de trabalho. Contudo, hodiernamente, esse postulado constitucional é deturpado, visto que o contato com a área trabalhista, por meio do trabalho de cuidado realizado por mulheres, se encontra na invisibilidade e não efetivado na sociedade nacional. Acerca disso, para discutir a questão de maneira ampla, hão de ser analisados os seguintes fatores: as desigualdades no acesso à informação e a inobservância governamental.
Em primeiro âmbito, é válido perceber o panorama de assimetria social como fator potencializador da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. Segundo Ariano Suassuna, ilustre pensador brasileiro, o território nacional está dividido em dois países distintos; o dos privilegiados e o dos despossuídos. Sob essa lógica, o autor faz um alerta a respeito da desigualdade de renda, de oportunidades e de acesso à informação vigente no Brasil. Nesse sentido, parcela da população feminina, majoritariamente jovem e preta, padece frente à carência de informações relacionadas às garantias de assistência previstas para esse setor trabalhista, pois tem dificuldade em obter meios de comunicação, como o aparelho celular, pelo custo elevado. Esse cenário potencializa a invisibilidade do trabalho de cuidado, tendo em vista que a desinformação permite que muitas mulheres fiquem passivas e inativas na busca por seus direitos, ocasionamento, consequentemente, explorações de jornadas de trabalho exaustivas, muitas vezes, não remuneradas. Dessa maneira, por não reconhecer a importância da assistência e da regulamentação do trabalho, por exemplo, muitas mulheres assumem trabalhos de cuidado sozinhas e na informalidade, conduta que dá margem à formação de diversos problemas, como desgastes físicos e psicológicos, dificultando, assim, o combate à invisibilidade do trabalho de cuidado. É essencial, então, a difusão de informações sobre a assistência para esse setor laboral.
Outrossim, cabe enfatizar a negligência governamental como um dos principais fatores que viabilizam a invisibilidade do trabalho de cuidado no tecido social. Nesse aspecto, por não investir suficientemente na criação e na implementação de projetos que fiscalizem e promovam assistência para as trabalhadoras de cuidado, o país omite esse impasse do meio comunitário e permite, dessa forma, a continuidade desse infeliz cenário de exploração feminina. Nessa perspectiva, como afirmou o filósofo Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação brasileira é ineficaz, dado que, embora aparente ser completa na teoria, muitas vezes não se concretiza na prática. Prova disso é a escassez de políticas públicas satisfatórias voltadas para a aplicação do Artigo 23 da “Constituição Cidadã”, que garante, entre tantos direitos, condições dignas e satisfatórias de trabalho. Sob esse viés, evidencia-se que a pouca atuação do Estado no que concerne à garantia de condições laborais dignas para as mulheres possibilita, de certa forma, a existência de várias “cidadãs de papel”, no Brasil, uma vez que embora um ambiente de trabalho satisfatório seja um direito constitucional, muitas mulheres sofrem com a falta de assistência ao realizar trabalhos de cuidado. É preciso, pois, como alternativas ao enfrentamento da invisibilidade do labor de cuidado, a reformulação dessa postura estatal.
Portanto, é nítido que o debate sobre o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil é relevante e precisa ser difundido. Para tanto, urge, que as instituições educacionais, a exemplo de escolas e faculdades, promovam, por meio de verbas governamentais, campanhas e palestras em espaços públicos, validando a importância da valorização do trabalho de cuidado e informando as garantias assistenciais desse setor para a sociedade, visando garantir a construção de uma mentalidade crítica na coletividade. Ademais, cabe ao Ministério do Trabalho desenvolver, em parceira com o Ministério da Mulher, fiscalizações em ambientes de trabalho de assistência, aspirando mitigar formas de exploração de laborais de cuidado. Quiçá, nessa vida, tornar-se-á notável a amenização do infortúnio, e a Constituição será cumprida de forma precisa.
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Heloísa Vitória Silva, de Lagarto (SE)
Na obra “Utopia”, de Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita e em harmonia, a qual é livre de conflitos e mazelas. Todavia, fora de ficção, a realidade contemporânea está distante disso, haja vista os desafios para enfrentar a invisibilidade do trabalho de cuidado exercido pela mulher no Brasil. Por certo, a negligência governamental e a desigualdade social são fatores que favorecem esse quadro.
Percebe-se, a princípio, que o descaso estatal possui íntima relação com o revés. Nessa ótica, de acordo com o filósofo John Locke, configura-se como um rompimento do Contrato Social, já que o Estado não cumpre com sua função de garantir que todos desfrutem de seus direitos. Assim, devido à débil ação do Poder Público e à insuficiência de legislações, os impasses para acabar com a invisibilidade vivenciada por aquelas que realizam o trabalho de cuidadoras, sejam elas babás, donas de casa ou empregadas domésticas, têm crescido cada vez mais no Brasil. Dessa forma, é inadmissível que esse cenário continue a perdurar.
Ressalta-se, ademais, a situação de vulnerabilidade em que diversas cuidadoras estão inseridas como impulsionadora do problema. Nesse contexto, segundo o escritor Ariano Suassuna, o Brasil é dividido em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos. Sob esse viés, grande parte dessas mulheres vivem em condições precárias, por isso, tendem a aceitar qualquer coisa e realizam até mesmo trabalhos sem remuneração; o que faz com que as dificuldades para enfrentar essa problemática aumentem e tornem essas mulheres cada dia mais invisíveis perante o corpo social. Destarte, é imprescindível que haja mudança.
Infere-se, portanto, a necessidade de combater essa problemática no Brasil. Logo, cabe ao Governo, como Ministério do Trabalho, desenvolver leis mais rígidas e projetos sociais, por meio de petições e da criação da campanha “Cuidar também é trabalhar”, a fim de vencer os impasses enfrentados pelas cidadãs que exercem a função de cuidadoras e garantir que passem a ser enxergadas e não sofram mais com a invisibilidade e a desvalorização. Por conseguinte, uma sociedade mais próxima da que é citada em “Utopia” será consolidada.
Arthur Sanches Sales, de Belém (PA)
Conforme estudos demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de idosos crescerá drasticamente nas próximas décadas. Nesse contexto, o trabalho de cuidado realizado pelas mulheres é fundamental para acolher essa parcela populacional. Todavia, a invisibilidade e a omissão estatal são desafios que perpetuam o descaso sofirdo por essas trabalhadoras no Brasil. Logo, faz-se imperioso a tomada de medidas que resolvam esse contexto de emergência generalizada.
Sob essa perspectiva, é crucial que a escassez de debates acerca da importância das atividades de assistência seja superado. A esse respeito, a ilustre filósofa Djamila Ribeiro defende que, para atuar em uma situação, deve-se, antes de tudo, tirá-lo da invisibilidade. Entretanto, o panorama nacional destoa do pensamento da autora, já que o alto índice de empregadas domésticas em condições ocupacionais precárias não é enxergado pelo círculo social, de modo que discussões sobre essa questão não sejam priorizadas, dificultando intervenções nesse problema. Então, essa nebulosidade prescisa ser exposta para conscientizar a sociedade.
Outrossim, vale ressaltar de que maneira a negligência do Estado fomenta a marginalização das cuidadoras. A partir disso, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman utiliza o termo “Instituição Zumbi” para simbolizar as entidades que não cumprem seu papel previamente estabelecido. Segundo o raciocínio, é possível compreender o Poder Executivo como um exemplo da ideia do expoente da Sociologia, uma vez que a sua função de garantir dignidade profissional a todo não está sendo cumprida em sua totalidade, pois muitas trabalhadoras de acolhimento ainda encontram-se em situações indignas. Por isso, a conduta governamental necessita ser reformulada para assegurar os direitos dessas profissionais.
Portanto, torna-se primordial mitigar a marginalidade do trabalho de cuidado realizado pelo gênero feminino. Dessa forma, o Ministério da Cidadania, enquanto responsável por políticas cidadãs, deve propagar dados e pesquisas que revelem a gravidade do esquecimento sofrido pelas cuidadoras, por meio de plataformas midiáticas de destaque, a fim de atingir o maior contingente possível e conscientizá-lo. Ademais, a coletividade, por intermédio do Ministério Público, precisa cobrar do Governo Federal ações efetivas de proteção ocupacional às empregadas domésticas, com o intuito de promover o labor digno a esses indivíduos. Assim, a acolhida da nova geração de pessoas de terceira idade poderá ser efetiva.
Millena Martins Bacelar, do Piauí
Em seu poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, o autor modernista Manoel Bandeira vislumbrou uma sociedade idealizada, para se refugiar de uma realidade na qual o eu lírico não era feliz, evidenciando a insatisfação no tocante ao mundo concreto. Nesse sentido, fora da ficção, no Brasil, muitos indivíduos são acometidos por tal disfunção, uma vez que são vários os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher. Logo, entre eles, estão a negligência estatal e a precária formação do ser.
Sob esse viés, vale pontuar, como uma das principais dificuldades associadas à não visibilidade do cuidado exercido em forma de labor pela mulher, no país, a indiligência governamental. Nessa perspectiva, o jornalista Gilberto Dimenstein elucida que a letargia das instituições públicas predispõe um empecilho significativo na materialização dos direitos preconizados na Carta Magna. À luz dessa asserção, é notório que o Estado não tem cumprido seu papel de modo adequado, visto que são ínfimas as políticas de remuneração adequada promovidas, as quais visem ao oferecimento de salários suficientes para viabilizar melhores condições de vida, como o aumento do poder compra de itens básicos e essenciais à sobrevivência, a exemplo de artigos de alimentação e de higiene pessoal. Como efeito, observa-se um cenário de desfacelamento da dignidade humana de muitas mulheres no ofício em voga.
Outrossim, faz-se mister destacar, como outra dificuldade a ser defrontada para combater a invisibilidade do trabalho de cuidadoras, na nação, a deficitária formação civil, que leva ao preconceito social. Nesse contexto, pode-se citar o fato de que muitas escolas são ineficientes em promover uma maior conscientização acerca da importância dos serviços de cuidado desempenhado, principalmente, por pessoas do sexo feminino, o que provoca um panorama de desvalorização e de descriminação das profissionais que, em grande parte das vezes, são subjugadas por suas características fenotípicas. Na linha desse raciocínio, cabe mencionar a “Teoria da Coercitividade”, do sociólogo Émile Durkheim, ao afirmar que, se o pensamento hegemônico defende determinada ideia, nesse caso, de que essas atividades de cuidado não são relevantes para o desenvolvimento do país e de que as mulheres que a praticam são inferiores, por questão de raça ou gênero, o povo tende a segui-la.
Portanto, com o fito de dar visibilidade ao trabalho de cuidado realizado pela mulher, no Brasil, o Governo Federal, pilar inicial da pátria, deve investir mais em políticas de remuneração adequada e justa, por meio da destinação de um maior erário, que deverá ser retirado do Produto Interno Bruto, correspondente ao fornecedor de capital para fins como esse. Ademais, as Escolas, como agentes de socialização, precisam promover uma maior conscientização, mediante a elaboração de palestras e de debates, os quais informem a relevância desse ofício e da não discriminação das mulheres que o exercem, com o intuito de minimizar o preconceito. Assim, os brasileiros deixarão de protagonizar a distopia de Bandeira.
Indira Morgana de Araújo Silva, de Simão Dias (SE)
A Constituição Cidadã traz, entre suas diretrizes legais, a igualdade entre homens e mulheres, nas diversas áreas, o que inclui a esfera laboral. No entanto, na prática, a realidade brasileira tem sido diferente do que propõe a lei, sobretudo, no que se refere aos desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado, em grande parte, realizado pelas mulheres. Logo, debater sobre os principais fatores relacionados à problemática — raiz cultural e negligência estatal — é indispensável para a reversão do atual quadro no Brasil.
De início, é válido salientar que os impasses relativos à ausente visibilidade do trabalho feminino de cuidados decorre de padrões culturais construídos ao longo dos séculos. Nesse sentido, a sociedade brasileira naturalizou as atribuições de zelo como o outro de trabalho doméstico, fundamentalmente, às mulheres, como se tais atividades estivessem associadas às suas características biológicas. Entretanto, segundo o que afirma a socióloga Simone de Beauvoir, em seu livro “O Segundo Sexo”: “Não se nasce mulher, torna-se”. Sob a ótica “beauvoiana”, percebe-se, então, que aquilo que vem a ser tido do escopo feminino, por exemplo, os cuidados com o próximo e com o lar às mulheres e não aos homens. Em consequência do exposto, dificulta-se a valorização desse tipo de labor em termos legais e remunerativos, pois, já que é “natural”, em consequência, para o senso comum, não haveria motivos para reconhecimentos formais. Portanto, corrigir as visões deturpadas não apenas de contradizer a Constituição de 88, como também é essencial para o enfrentamento do problema no país.
Ademais, é imprescindível destacar o falho papel do Estado quanto ao endosso da invisibilidade do mundo laboral das cuidadoras da nação, principalmente, a partir de um olhar socioeconômico. Isso acontece, porque, conforme apontava o sociólogo brasileiro Florestan Fernandes, desde o final da escravatura, no Brasil, pouco foi feito pelo governo no que diz respeito à inserção do negro na sociedade; sendo, naquele contexto, os meninos pretos destinados aos trabalhos nas feiras e as meninas pretas, para o serviço doméstico. Assim, como de outrora até os dias atuais, pouco foi feito pelo poder público, para modificar tal padrão, é esta última a maioria a qual permanece como empregadas domésticas ainda pouco valorizadas, cuidadoras mal remuneradas e donas de casa com pouca qualificação educacional e profissional. Dessarte, gerar mais benefícios legais a esse público é medida incontroversa para reverter o cunho de desigualdade de etnia e de classe relacionadas à questão.
Destarte, para enfrentar a invisibilidade do trabalho feminino de cuidado, algumas ações devem ser adotadas. Dessa forma, o Poder Legislativo, na figura das deputadas (estaduais e federais) e das senadoras, dada a sua representatividade do coletivo feminino, deve difundir informações e ampliar direitos às cuidadoras de pessoas e de lares. Isso pode ser feito através do desenvolvimento de projetos de lei responsáveis por criar campanhas modificadoras das construções sociais de gênero e por meio da elaboração de emendas constitucionais (inclusive para a PEC das domésticas). Com tais atitudes, objetiva-se corrigir desproporcionalidade de gênero no desempenho das referidas atividades, bem como, aumentar a visibilidade e as benesses legais às mulheres pretas cuidadoras, reduzindo-se, consequentemente, as desigualdades ligadas ao tema.
Letícia Fernandes, de Inhumas (GO)
São inegáveis os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. A obra literária “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, retrata o desejo da Sra. Bennet de casar as cinco filhas. Fora da ficção, observa-se a semelhança entre a Sra. Bennet e a sociedade, a qual associa o casamento e o cuidado familiar ao sucesso feminino. Todavia, nota-se a falta de valorização, que gera invisibilidade, ao trabalho de cuidado realizado pela mulher. Portanto, é imprescindível verificar os motivos que impedem a solução do problema.
Em primeiro lugar, há de se ressaltar a omissão governamental diante da invisibilidade do trabalho de cuidado feito pela mulher. Consoante sociólogo Thomas Hobbes, o Estado deve garantir o bem-estar social. Entretanto, a ausência de valorização do trabalho de cuidado feito pela mulher contraria o pensamento de Hobbes. Nesse contexto, 75% do trabalho de cuidado não remunerado é realizado por mulheres. Dessa maneira, as mulheres têm a qualidade de vida privada ou prejudicada, uma vez que não há programas governamentais os quais garantem segurança financeira para as mulheres que deixam o trabalho remunerado para cuidar dos entes. Sendo assim, a falta de apoio governamental corrompe o bem-estar social.
Em segundo lugar, sabe-se que a sociedade contribuí para a ausência de valorização do trabalho de cuidado realizado pela mulher. Nessa perspectiva, a história brasileira apresenta valores e percepções sociais enraizadas em relação ao trabalho feminino. Desse modo, a imagem da mulher caracterizou-se como reprodutora e cuidadora, devido ao passado no qual a mulher foi inferiorizada. Paralelamente, na atualidade, a perpetuação de tal imagem referente à mulher impediu a valorização e o reconhecimento do trabalho de cuidado realizado pela mulher, formando assim, uma sociedade baseada no preconceito e na discriminação de gênero.
Logo, para superar os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, cabe ao poder público, em parceria com o Ministério da Família, promover a valorização do trabalho feminino de cuidado. Dessa forma, por meio de campanhas na mídia nacional que sensibilizem a população, bem como pela promulgação de projetos de apoio financeiro destinados às mulheres que saem do trabalho formal para realizar o trabalho de cuidado, tem-se o intuito de mitigar o legado histórico de preconceito e garantir o devido valor do trabalho de cuidado feito pelas mulheres no Brasil. Posto isso, espera-se assegurar a importância do trabalho de cuidado feito pela mulher e superar o cenário mostrado por Jane Austen.
Mariana Goulart, de Porto Alegre (RS)
Conforme o pensamento aristotélico, a justiça é a base da sociedade. Contudo, o contexto do Brasil, no século XXI, contraria esse conceito, uma vez que a permanência de invisibilidade do trabalho de cuidado realizado por mulheres é uma injustiça ao bem-estar social. Dessa forma, a desvalorização da figura feminina e a falta de apoio são alguns dos desafios desse impasse que precisam ser enfrentados.
Em primeira análise, o ato de não valorizar mulheres como cidadãs que têm os mesmos direitos que a população masculina é uma das causas para que suas atividades de cuidado sejam menosprezadas. De acordo com a pensadora Simone de Beauvoir, “o maior dos escândalos é que nos habituamos a eles”. A partir do exposto, o habito de delegar integralmente às mães, às avós o cuidado de crianças e dos afazeres domésticos , por exemplo, demonstra o enraizamento de ideias machistas. Desse modo, o estado de subserviência é visto como inerente à realidade feminina, que é invisibilizada. Assim, o esforço físico e psicológico da rotina diária de mulheres que cuidam de outras pessoas não é visto ou valorizado por conta do não enfrentamento da discriminação de gênero.
Além do mais, o escasso apoio ao público feminino que trabalha auxiliando indivíduos também é uma das razões para que tais práticas laborais permaneçam invisíveis. Segundo o filósofo Émile Durkheim, é dever do estado gerenciar questões relacionadas ao bem-estar da coletividade. Todavia, ao não haver o reconhecimento e o auxílio às mulheres que exercem trabalhos como cuidadoras, tal preceito não é efetivo por completo. Dessa maneira, patologia como depressão e ansiedade podem ser desenvolvidas pelo desgaste da alta carga horária de tarefas não remuneradas e pela sensação de desamparo social e governamental. Logo, a falta de apoio contribui para o apagamento da colaboração dessa parte da população ao corpo social.
Portanto, mudanças são necessárias para alterar essa realidade. É preciso que o Ministério da Mulher promova campanhas sobre o trabalho do cuidado realizado por mulheres. Tal ação pode ser feita por meio de documentários divulgados nos meios de comunicação – televisão, redes sociais, afim de instigar a valorização da personalidade feminina. Ademais, é necessário que as prefeituras dos municípios realizem projetos regionais de integração de mulheres cuidadoras. Isso podem ocorrer com apoio de psicólogos e auxílios financeiros às trabalhadoras que estão em vulnerabilidade social e sem renda própria , com a finalidade de diminuir o desamparo. Posto isso, espera-se uma sociedade mais justa e igualitária possa ser formada.
Qual é o formato da redação do Enem?
De acordo com o Inep, o candidato deve produzir um “texto dissertativo-argumentativo a partir de uma situação-problema”.
Além disso, essa texto deve ter até 30 linhas, já o mínimo são 7 linhas. Caso o candidato não cumpra o determinado, a redação é anulada.
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Quais são os critérios de correção da redação do Enem?
A redação do Enem segue o gênero textual dissertativo-argumentativo, ou seja, apresenta um ponto de vista por meio de argumentos. A estrutura é simples, sendo dividida em três partes:
- Introdução: apresentar o tema e o posicionamento sobre o tema proposto.
- Desenvolvimento: aprofundamento dos os argumentos citados na introdução, fortalecendo o ponto de vista que o candidato defende.
- Conclusão: criar intervenções que contribuam para a melhoria da problemática.
Além disso, a redação do Enem é avaliada por meio de cinco competências, com o objetivo tornar a avaliação padronizada para todos os concorrentes. A seguir, confira o que cada uma das competências pede do candidato:
- Competência 1: Domínio da escrito formal da Língua Portuguesa
- Competência 2: Compreender o tema e não fugir da proposta
- Competência 3: Organização das ideias
- Competência 4: Coesão e coerência
- Competência 5: Proposta de Intervenção
+ Competência 1 da redação do Enem;
+ Competência 2 da redação do Enem;
+ Competência 3 da redação do Enem;
+ Competência 4 da redação do Enem; e
+ Competência 5 da redação do Enem.
Leia mais: Veja a lista com 10 redações nota 1000 do Enem 2021 e inspire-se para alcançar a nota máxima
Histórico de temas de redação do Enem
Apesar das polêmicas sobre um possível tema de redação mais livre, o Enem manteve o mesmo padrão dos últimos anos. Veja abaixo o histórico de temas de redação do Enem:
- Enem 2023 – Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidados realizados pela mulher no Brasil
- Enem 2022 – Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil
- Enem 2021 – Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil
- Enem 2020 – O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira
- Enem 2019 – Democratização do acesso ao cinema no Brasil
- Enem 2018 – Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
- Enem 2017 – Desafios para formação educacional de surdos no Brasil
- Enem 2016 – Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
- Enem2015 – A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira
- Enem 2014 – Publicidade infantil em questão no Brasil
- Enem 2013 – Os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
- Enem 2012 – O movimento imigratório para o Brasil no século XXI
- Enem 2011 – Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
Leia mais: Descubra como criar uma redação nota 1000 no Enem com modelos e dicas essenciais
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Veja algumas das informações que você encontrará no Guia do Enem:
- Enem Impresso x Digital
- Calendário do Enem
- TRI: como funciona a nota do Enem
- Checklist: veja o que mais cai no Enem por disciplina
- Como desenvolver repertório sociocultural para a redação?
- Exemplos de redação nota 1.000
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Saiba mais sobre a redação do Enem
- Tendências da redação do Enem
- 28 citações de redações nota 1000 no Enem
- Redação nota 1000: 10 redações última edição Enem
- Repertório Sociocultural para redação: 7 citações coringa
- 5 alusões históricas coringa para usar na redação
- O que pode zerar a redação do Enem?
- Quais os temas de redação das últimas edições do Enem e vestibulares?
- Como estimar a nota do Enem?