Muitos vestibulares nacionais contam com uma lista de livros exigidos para leitura, com o argumento de que trechos, contextos e partes da história poderão cair em perguntas distintas daquele processo seletivo.
O Estratégia Vestibulares selecionou 13 questões baseadas em obras obrigatórias de provas variadas, para que você entenda como elas podem aparecer e estar ainda mais preparado para cada pergunta.
Perceba que são várias as construções possíveis: perguntas dissertativas, alternativas com trechos para se notar quais de fato existem, perguntas sobre Língua Portuguesa que utilizam uma obra como pano de fundo e até mesmo questões que relacionam obras distintas presentes na lista. Acompanhe abaixo.
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Acafe (2018)
Sobre a obra Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, todas as alternativas estão corretas, exceto a:
A Mesclando a oralidade da gíria com o português formal, os 13 capítulos da obra empolgam pela linguagem ágil e narrativa naturalmente realista. Não por acaso, o livro despertou o interesse de produtores de cinema e de editores estrangeiros, interessados em explorar aspectos sociais inerentes à vida nas favelas.
B A protagonista relata seu “desgosto por ser mulher”, e diante das rivalidades e disputas entre as mulheres da favela (incluindo a narradora), ela afirma que gostaria de ter nascido homem e que isso tornaria sua vida mais fácil.
C Os textos que deram origem ao livro foram escritos entre 1955 e 1960 por uma moradora da favela que se expandia às margens do rio Tietê, no bairro do Canindé, e selecionados pelo repórter Audálio Dantas.
D Carolina em seu diário contrasta a ideologia desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, então presidente da república, com sua condição de vida na favela, o que a impede de nutrir simpatias por: “[…] o que o senhor Juscelino tem de aproveitável é a voz. Parece um sabiá […] residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá, para não perder esta gaiola, porque os gatos, quando estão com fome, contemplam as aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Têm fome”
Resposta: A alternativa A está incorreta, pois essa alternativa descreve a obra O Sol na Cabeça, de Giovani Martins. Nesse obra, o autor mescla gírias com linguagem formal.
Alternativa correta = A
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Mackenzie (2020)
O trecho abaixo é um fragmento do capítulo de abertura do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
CAPÍTULO PRIMEIRO / ÓBITO DO AUTOR
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
Assinale a alternativa correta.
A Ao afirmar que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor (linhas 05-06), o narrador do romance incorre em um jogo retórico, pois o personagem Brás Cubas está somente “morto” em termos metafóricos.
B Em Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte (linhas 01-03), identifica-se a marca de construção de uma linguagem metalinguística e autorreflexiva.
C Em Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei (linhas 25-26), encontra-se uma eloquente defesa do clássico tema das amizades desinteressadas na literatura.
D Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade (linhas 18-20): essa fala descreve com exatidão o desenvolvimento da personagem Brás Cubas ao longo do romance.
E No trecho é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo (linhas 28-29), observa-se o estabelecimento de um diálogo com o leitor, recurso muito raro na prosa machadiana.
Alternativa correta = B
Unitau (2015)
Pode-se afirmar, em relação a Angústia, de Graciliano Ramos, que
A é um romance de tese social, regionalista e tem narrador onisciente.
B é um romance de investigação psicológica, que também analisa questões sociais.
C é um romance naturalista, que se ocupa somente de questões regionalistas.
D é um romance neorrealista, que se ocupa de questões político-sociais.
E é um romance de tensão transfigurada, que se ocupa, majoritariamente, de questões existenciais.
Resposta: A predominância no romance é do drama psicológico do protagonista, de seus distúrbios e patologias.
Alternativa correta = B
UEA (2016)
Em “O alienista”, o narrador machadiano dirige-se, inúmeras vezes, diretamente ao leitor, conforme se observa em:
A “Era a vez da terapêutica. Simão Bacamarte, ativo e sagaz em descobrir enfermos, excedeu-se ainda na diligência e penetração com que principiou a tratá-los.”
B “Respondiam-lhe ora uma coisa, ora outra; afinal disseram-lhe a verdade inteira.”
C “Agora, se imaginais que o alienista ficou radiante ao ver sair o último hóspede da Casa Verde, mostrais com isso que ainda não conheceis o nosso homem.”
D “No fim de cinco meses e meio estava vazia a Casa Verde; todos curados!”
E “Neste ponto todos os cronistas estão de pleno acordo: o ilustre alienista fez curas pasmosas, que excitaram a mais viva admiração em Itaguaí.”
Alternativa correta = C
Fuvest (2022)
Nun´Álvares Pereira
Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.
´Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!
Fernando Pessoa. In: “A Coroa”, Parte I, Mensagem.
A primeira parte de Mensagem, organizada como um correlativo poético do Brasão das Armas de Portugal, perfila uma série de figuras míticas e históricas que teriam sido responsáveis pela formação nacional portuguesa. A seleção de Nun´Álvares Pereira para ocupar o lugar da Coroa
A sugere, pela imagem do halo de luz, que a verdadeira nobreza é de espírito.
B destaca, através da referência ao mito arturiano, o seu sangue bretão.
C distingue, por meio do substantivo “´sperança”, um regente digno de seu posto.
D enaltece, pela repetição da palavra espada, a guerra como estrada para o futuro.
E indica, associada ao adjetivo “consumada”, uma visão desenganada da história.
Resposta: “Mensagem” (1934) é um livro de poesia modernista que se insere no contexto do Orfismo português. É publicado em contexto inicial do Salazarismo (1933-1974) e transcreve o percurso de 3 partes: O Brasão; Mar Português e O Encoberto. A primeira parte do livro se centra nas figuras importantes para o orgulho nacional português, como Nuno Álvares Pereira, que foi um nobre e general português do século XIV. No poema, sua espada é comparada a um halo, símbolo de prosperidade, sendo que ele também é aproximado de Rei Artur, ganhando aura mítica.
Alternativa correta = A
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Unicamp (2022) Discursiva
“Lygia é uma escritora que trabalha com mistérios e pequenas revelações. Porém não se entenda errado: sua escrita não é religiosa, nem mística. Se há religiosidade, é no modo como ela escava a banalidade em busca de seu miolo. Se há misticismo, ele se esconde em sua inclinação para valorizar as zonas subterrâneas da existência.”
(José Castello, “Lygia na penumbra” in Seminário dos Ratos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 170.)
“Etimologicamente, o grego alegoria significa ‘dizer o outro’, dizer alguma coisa diferente do sentido literal. Regra geral, a alegoria reporta-se a uma história ou a uma situação que joga com sentidos duplos e figurados, sem limites textuais (pode ocorrer num simples poema como num romance inteiro), pelo que também tem afinidades com a parábola e a fábula.”
(Adaptado de Carlos Ceia, E-dicionário de termos literários. Disponível em https://edftl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/alegoria. Acessado em 18/08/2021.)
a) No conto “Seminário dos ratos”, há um fato banal que se torna extraordinário no percurso narrativo. Descreva esse fato e apresente dois elementos do enredo que colaboram para a construção do conflito narrado.
b) Há, no conto de Lygia Fagundes Telles, a elaboração de uma alegoria. Identifique qual é o elemento central dessa alegoria e explique seu sentido, considerando o período em que o conto foi publicado.
ITA (2019)
No Realismo, o adultério subverte o ideal romântico de casamento. Machado de Assis, porém, costuma tratá-lo de modo ambíguo, valendo-se, por exemplo, do ciúme masculino ou da dubiedade feminina. Com isso, em seus romances, a traição nem sempre é comprovada, ou, mesmo que desejada pela mulher, não se consuma.
Constatamos tal ambiguidade em Quincas Borba, quando
A Palha se enraivece com os olhares de desejo que os homens dirigem a Sofia nos eventos sociais.
B Sofia decide não contar ao marido que Rubião a assediou certa noite, no jardim da casa deles. C Palha, mesmo interessado na riqueza de Rubião, decide confrontá-lo ao perceber o assédio dele a Sofia.
D Sofia tenta esconder do marido o interesse que tem por Carlos Maria, que a seduziu em um baile.
E Sofia, mesmo interessada em Carlos Maria, faz de tudo para que Maria Benedita se case com ele.
Resposta: Sofia tem interesse em Carlos Maria e procura contornar a situação, uma vez que seu marido sente ciúmes do contato entre os dois.
Alternativa correta = D
UFPR (2021)
Assinale a alternativa correta em relação a Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum.
A A narração do atropelamento da menina Soraya exemplifica o registro predominante ao longo de todo o romance: relatos de memórias, apresentados em linguagem poética, contendo lacunas que impedem saber exatamente o que aconteceu.
B A leitura em conjunto dos vários depoimentos que compõem a obra esclarece detalhes desconhecidos de um ou outro narrador, desfazendo, assim, os mistérios relativos ao passado da família de libaneses cuja matriarca, Emilie, teve morte trágica.
C A obra é representativa da literatura regionalista de cunho social por ter como tema a desagregação de uma família de imigrantes libaneses motivada pelo prejuízo econômico que tiveram em suas atividades comerciais; assim como Manaus, eles não resistiram ao declínio causado pelo fim do ciclo da borracha.
D Alguns descendentes de Emilie foram excluídos do convívio familiar por adotarem atitudes rebeldes, motivadas por diferenças religiosas: uns optaram pela religião muçulmana do pai, enquanto outros adotaram o cristianismo da matriarca.
E O romance alterna a apresentação de espaços considerados exóticos, como a floresta amazônica e a Cidade Flutuante, com cenas que se passam em paisagens urbanas europeias, nas cidades onde a narradora principal e seu irmão biológico moraram.
Resposta: O leitor chega ao final da obra sem conhecer detalhes que envolvem a vida de várias personagens, por exemplo, quem era o pai de Soraya, o que aconteceu com a narradora central, pois ela se distanciou da família e permaneceu por um tempo em uma clínica; o que levou seu irmão a Barcelona, qual o motivo de terem sido adotados por Emilie; enfim, muitas lacunas não são preenchidas.
Alternativa correta = A
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UFU (2019)
“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como a couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha.”
KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 7.
A partir das sentenças iniciais de A metamorfose, de Franz Kafka, e de seu conhecimento sobre o livro, é correto dizer que
A o narrador kafkiano evita o desenrolar dos fatos, encadeando digressões e adjetivações que travam o prosseguimento do enredo.
B o narrador kafkiano apresenta, na primeira frase, o clímax da narrativa, demonstrando naturalidade e impassibilidade diante do absurdo.
C apesar de chocante, a metamorfose é elucidada, ao longo da trama, a partir dos fatos físicos que levaram a ela.
D a partir da conflituosa comunicação verbal do inseto com a família, o narrador passa a tomar partido de Gregor, gerando empatia do leitor com ele.
Resposta: Essa é a principal característica das obras de Kfka a naturalidade e a impassibilidade diante de fatos absurdos. Em A metamorfose, a situação não é diferente e isso fica claro logo no primeiro período da obra, quando temos acesso ao fato mais decidivo e marante da obra, ou seja, seu clímax, de forma tão casual.
Alternativa correta = B
UEL (2021)
15 de maio
Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz:
– Os políticos protegem os favelados.
Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café, bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar o favelado. Não nos visitou mais.
… Eu classifico São Paulo assim: o Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2014. p.32.
Assinale a alternativa que estabelece a exata correlação entre Quarto de despejo e os romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo, e Clara dos Anjos, de Lima Barreto.
A A miséria dos favelados de Quarto de despejo é experimentada também pelos moradores da pensão e pelos parentes do protagonista no romance Casa de pensão.
B As dificuldades enfrentadas pelas personagens de Quarto de despejo numa cidade grande como São Paulo têm pontos de contato com o individualismo que cerca as personagens de Casa de pensão.
C A distância do acesso ao poder representada em Quarto de despejo é equivalente ao caráter desprotegido que atinge o protagonista de Casa de pensão e as personagens que com ele convivem.
D A associação da favela ao lixo em Quarto de despejo é uma retomada das condições de moradia de personagens como Clara dos Anjos e Cassi Jones na narrativa de Lima Barreto.
E O descaso dos políticos focalizado em Quarto de despejo é o comportamento que conduz a protagonista Clara ao desespero quando ela se vê abandonada por Cassi Jones e pelas autoridades.
Resposta: A crítica social é presente em ambas as obras, sendo uma naturalista e outra contemporânea
Alternativa correta = B
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UFRGS (2019)
Leia as seguintes afirmações sobre as peças Hamlet, de Shakespeare, e Gota d’água, de Chico Buarque e Paulo Pontes.
I. – Hamlet e Joana caracterizam-se como heróis trágicos por sua retidão de caráter e pelo ímpeto de decisão.
II. – Os heróis são vítimas da situação corrupta em ambas as peças.
III – A presença de narradores reforça o aspecto moderno das duas tragédias.
Quais estão corretas?
A Apenas I.
B Apenas II.
C Apenas I e III.
D Apenas II e III.
E I, II e IIl.
Alternativa correta = B
Uerj (2019)
A QUESTÃO REFERE-SE À OBRA “O ALIENISTA”, DE MACHADO DE ASSIS.
A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. (capítulo IV)
Ao definir o campo de seu objeto de estudos, o alienista recorre à figura de linguagem denominada:
A metáfora
B hipérbole
C paradoxo
D eufemismo
Alternativa correta = A
UFMS (2021)
Leia o trecho a seguir do conto “Corpo Fechado”, da obra Sagarana, de Guimarães Rosa.
“José Boi, Desidério, Miligido, Dêjo… Só podia haver um valentão de cada vez. Mas o último, o Targino, tardava em ceder o lugar. O challenger não aparecia: rareavam os nascidos sob o signo de Marte, e Laginha estava, na ocasião, mal provida de bate-paus.
Havia, sim, os sub-valentões, sedentários de mão pronta e mau gênio, a quem, por garantia, todos gostavam de dar os filhos para batizar” (ROSA, Guimarães, 2015, p.245).
O termo em destaque, “sub-valentões”, faz parte de um fenômeno linguístico bastante comum na obra do autor. Trata de um(a):
A metonímia.
B pleonasmo.
C metáfora.
D catacrese.
E neologismo.
Resposta: O neologismo é o uso de palavra ou expressão nova, geralmente com base em léxico, semântica e sintaxe preexistentes, na mesma língua ou em outra; qualquer palavra ou expressão resultante desse processo (dicionário Aulete). No caso, “sub-valentões” é uma palavra inventada, a partir do processo de formação de palavras da prefixação. Lembrando que os neologismos são um dos principais traços estilísticos do escritor da terceira geração modernista Guimarães Rosa.
Alternativa correta = E
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