O Carnaval é certamente a maior festa popular do Brasil, com comemorações distintas nos quatro cantos do País. O evento tem origem no catolicismo e antecede a quaresma, em uma tradição milenar que vem desde a antiguidade europeia.
O costume de celebrar a data é tão antigo que o próprio nome, “carnaval”, vem do latim “carnis levale”, que significa levar, retirar a carne, indicando justamente a quaresma, que é o período de jejum de carne vermelha por 40 dias feito pelos católicos.
No Brasil, o evento tem início no período colonial, em que escravizados festejavam numa brincadeira de origem portuguesa – demonstração do sincretismo cultural da época – chamada entrudo, que consistia em molhar e sujar pessoas pelas ruas ou de forma privada.
Entenda mais sobre as origens do carnaval, como a festa se tornou o que é hoje no Brasil, veja algumas variações da data ao redor do mundo e construa um repertório sociocultural sobre a data, vendo também como ela pode cair nos vestibulares e no Enem, no artigo abaixo.
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Como o carnaval se desenvolveu no Brasil
Nos séculos XVIII e XIX, o entrudo passou por seu auge e queda, com participações até mesmo da família real, e decretos contra a brincadeira, por pressão da elite do País, desgostosa com a prática.
A partir da troca do sistema político monárquico para o republicano, as repressões contra o entrudo aumentaram e, assim como outras práticas populares, houve uma grande diminuição de tais atos e eventos. Em contrapartida, a elite passou a promover bailes de carnaval em clubes e teatros, com músicas variadas, mas principalmente polca.
A partir do século XX, portanto, a elite buscou sair dos clubes e teatros e ir para as ruas, em desfiles, ao mesmo tempo em que a repressão contra festas populares aumentava. Diante desse cenário, algumas adaptações foram feitas para ludibriar ações policiais ostensivas. Assim surgiram práticas como cordões e as famosas marchinhas.
Em cada grande centro, tradições locais foram sendo introduzidas, aspectos que caracterizam o carnaval de certas localidades até hoje. O maracatu, o frevo e os bonecos de Olinda, em Pernambuco, os afoxés e trios elétricos, na Bahia, o samba, suas escolas e desfiles, no Rio de Janeiro, são exemplos carnavalescos que possuem aspectos similares, e outros muito diferentes entre si.
A partir da década de 60, o carnaval passou a ganhar viéses comerciais e turísticos, com investimentos nos desfiles da Sapucaí, no Rio de Janeiro, no trios elétricos cada vez maiores e populosos, na Bahia, e no Galo da Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo, no Recife, apenas para citar alguns exemplos.
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Confira alguns temas sobre carnaval que podem aparecer nos vestibulares
O carnaval é um tema muito explorado culturalmente no Brasil, presente na literatura, citado em aspectos econômicos, sociais, folclóricos e também turísticos. Confira alguns temas que podem aparecer nos vestibulares e no Enem sobre a festa popular.
Surgimento e catolicismo
O carnaval surge como uma tentativa da igreja de controlar desejos mundanos dos fiéis, nos dias antecedentes ao jejum da quaresma. Mas as influências utilizadas na criação da data pela própria igreja podem remeter à tradições babilônicas, gregas e romanas.
Na Babilônia existiam duas festas com costumes adquiridos pelo carnaval atual: a subversão de papéis sociais e de gênero, com o rei, na época, se passando por prisioneiro e homens e mulheres se vestindo como o outro gênero se vestia.
A festa com rituais carnais e etílicos, digamos assim, vem dos gregos. Festas dionisíacas dedicadas à Baco, deus do vinho, eram marcadas por intensa embriaguez e orgias.
Em Roma, no Império Romano, havia festas com ambas as características citadas acima: a Saturnália e a Lupercália, festas que marcavam o solstício de inverno e o mês de fevereiro, conhecido por ser um período das divindades infernais e também de purificações de sua população. Nessas festas haviam aspectos como a inversão de papéis e fartura na comida e bebida, em comemorações que duravam dias.
Tais costumes se consolidaram no cristianismo medieval e na maneira como o carnaval era comemorado na época, inserindo o festejo pagão nas datas santas da religião. Soma-se a isso o surgimento de companhias de teatro na Itália, acompanhando os festejos e com seus integrantes vestindo máscaras brancas e roupas coloridas e ornamentadas, outra tradição incorporada pelo atual carnaval brasileiro.
Como é no resto do mundo
As variadas festas de carnaval ao redor do mundo também sintetizam características citadas acima, mas cada uma à sua maneira. Na matéria “10 lugares fora do Brasil onde o Carnaval também é uma festa”, da Veja, são citadas comemorações nos Estados Unidos, na Itália, no México, na Colômbia e em outras localidades, ilustrando também o tamanho das festas, número de dias e principais destaques de cada uma.
O maior espetáculo da Terra
Uma das alcunhas mais engrandecedoras do carnaval – e de eventos em geral – é chamar o período de “maior espetáculo da Terra”. Se é ou não, certamente está entre os maiores eventos do planeta, juntamente com outras festividades, sejam elas públicas ou privadas.
A festa de “La Tomatina”, na Espanha, de “St. Patrick’s Day”, na Irlanda, as festividades da “Oktoberfest”, na Alemanha, e o “Holi”, festival das cores, da Índia, são algumas das comemorações que estremecem seus países e movimentam a população local e a economia do País, atraindo turistas e gerando alta atividade comercial.
Carnaval como negócio
Uma pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo estima que houve movimentação financeira de R$ 3 bilhões durante as festividades de 2023, isso apenas na capital paulista.
Segundo projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), há a expectativa que as festividades do carnaval movimentem R$ 9 bilhões em 2024. Com isso, os eventos relacionados ao feriado podem alcançar os patamares anteriores à Pandemia de Covid-19 pela primeira vez.
A Billboard Brasil abordou “como o Carnaval se transformou em modelo de negócio para cantores e marcas”, mostrando estratégias distintas dos artistas e de marcas para engajar o público, explorar oportunidades e gerar dinheiro.
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Carnaval como espaço da diversidade
Atualmente o carnaval tem aspectos que integram diferentes aspectos sociais. As escolas de sambas de todo o Brasil representam comunidades e bairros pobres, muitos dos blocos e desfiles são feitos nas ruas, de forma gratuita ou a preços baixos, e a liberdade de expressão para manifestações sociais e artísticas estão presentes nas festividades.
A reportagem “Carnaval: a festa da diversidade”, da CNN aborda esses e outros aspectos como o acolhimento para pessoas da comunidade LGBTQIAP+. A matéria trata também sobre como a rua gera uma característica de “igualar” as pessoas, rompendo barreiras apresentadas na sociedade.
Questões sobre carnaval
UEA (2022)
Surgiu no Ceará, trouxe um pouco do Maranhão e desembocou no Amazonas. Trocaram o sacerdote, ressuscitaram o boi, dividiram-no em dois e o que era Bumba Meu Boi se tornou Boi Bumbá. A segunda maior celebração popular do país é de origem nordestina, mas se consolidou com sotaque amazonense e toque final carioca, com a inspiração das grandes alegorias carnavalescas. Essa festa é o Festival Folclórico de Parintins, a maior manifestação folclórica da América Latina, que ocorre anualmente junto às celebrações juninas no norte do país.
(Bruna Rezende Leite. “Boi Bumbá”. O Prelo, 2021.)
Segundo o excerto e a história do Boi Bumbá, esta manifestação folclórica
A encena a rivalidade entre regiões amazonenses.
B homenageia a colonização portuguesa.
C reproduz as tradições cearenses anualmente.
D resulta do sincretismo cultural brasileiro.
E origina os desfiles do carnaval carioca.
Alternativa correta: D
Unicisal (2020)
O frevo é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética densamente enraizada em Recife e Olinda, no estado de Pernambuco. Surgiu no final do século XIX, em um momento de transição e efervescência social, como expressão das classes populares na configuração dos espaços públicos e das relações sociais nessas cidades.
IPHAN. Frevo. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: nov. 2016.
Se, em sua origem, o frevo representava ou condensava as resistências de classe e de raça, hoje resiste às culturas de massas e à globalização de produtos culturais.
IPHAN. Frevo – Patrimônio cultural brasileiro: processo de registro. Brasília: IPHAN, 2007. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: nov. 2016.
As “resistências de classe e de raça” dos passistas de frevo no século XIX permanecem evidenciadas principalmente pela
A adoção da sombrinha como arma.
B presença dos capoeiras durante os cortejos de bandas musicais.
C ocupação de lugares públicos pelos negros durante o Carnaval.
D utilização de lama e frutas podres nos combates festivos anteriores à Quaresma.
E relação entre organizações de trabalho e entidades carnavalescas como Pás, Abanadores e Vassourinhas.
Alternativa correta: E
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