9 questões sobre Classicismo na Literatura que já caíram nos vestibulares
Autor português Luís de Camões

9 questões sobre Classicismo na Literatura que já caíram nos vestibulares

Parte do Renascimento Cultural na Europa, o movimento tem como autor mais importante para a literatura brasileira o português Luís de Camões

O Classicismo é um movimento literário que ocorreu na Europa, entre os séculos XV e XVI, e assim como o Humanismo, faz parte do Renascimento Cultural — período em que áreas como a arte e a filosofia voltaram-se ao racionalismo e ao antopocentrismo, em detrimento de valores da Idade Média.

Sem escitores brasileiros no Classisimo, o autor mais importante nesse movimento para nossa literatura foi o português Luís de Camões, que escreveu o famoso poema épico “Os Lusíadas”, que retarada a descoberta da rota para a Índia, pelo navegador lusitano Vasco da Gama, no século XV.

Para entender mais sobre o tema, e saber como ele pode cair na sua prova, reunimos uma seleção de questões sobre Classicismo que já caíram em diferentes vestibulares. Confira:

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Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) 2025

“Encarnando o espírito de resignação do eterno amor feminino, despedem-se primeiro duas mulheres: uma mãe e uma esposa, que sofrem com a ausência antecipada dos entes queridos. Elas simbolizam os sentimentos íntimos das famílias dos navegantes, o aspecto emocional do povo português. Criam a atmosfera de anseio e insegurança popular diante dos perigos da viagem. Representam a voz do sentimento, saída dos movimentos espontâneos do coração feminino. […] As próprias montanhas se emocionam, enquanto a areia da praia se inunda com as lágrimas dos parentes.” 

Fonte: TEIXEIRA, Ivan. Os Lusíadas: episódios. Cotia: Ateliê Editorial, 1999. 

A análise acima se refere a um dos mais notáveis episódios da epopeia de Luís de Camões. Assinale o excerto que pertence a esse episódio.

A) “Tu só, tu, puro Amor, com força crua, / Que os corações humanos tanto obriga, /Deste causa à molesta morte sua, / Como se fora ppérfida inimiga”
B) “Enfim, minha grandíssima estatura/Neste remoto Cabo converteram/ Os Deuses e, por mais dobradas mágoas, / Me anda Tétis cercando destas águas”
C) “Oh, que famintos beijos na floresta, / E que mimoso choro que soava! / Que afagos tão suaves! Que ira honesta, / Que em risinhos alegres se tornava!”
D) “A que novos desastres determinas/De levar estes reinos e esta gente? /Que perigos, que mortes lhe destinas /Debaixo dalgum nome preminente?”
E) “Quando os Deuses no Olimpo luminoso, /Onde o governo está da humana gente, /Se ajuntam em concílio glorioso/Sobre as cousas futuras do Oriente.”

Veja a resolução:

A alternativa D está correta.Trata-se do episódio das despedidas de Belém, mais especificamente, é a despedida de uma esposa. Essa alternativa tem mais pertinência temática, apesar de não ter referente explícito. É um trecho do Canto IV (Velho do Restelo).

Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) 2024

Leia o soneto, de Luís Vaz de Camões, a seguir.

Quando o sol encoberto vai mostrando
Ao mundo a luz quieta e duvidosa,
Ao longo de ~ua praia deleitosa
Vou na minha inimiga imaginando.

Aqui a vi, os cabelos concertando;
Ali, co’a mão na face tão, fermosa;
Aqui falando alegre, ali cuidosa;
Agora estando queda, agora andando.

Aqui esteve sentada, ali me viu,
Erguendo aqueles olhos, tão isentos;
Aqui movida um pouco, ali segura.
Aqui se entristeceu, ali se riu.

E, enfim, nestes cansados pensamentos
Passo esta vida vã, que sempre dura.

(CAMÕES, Luis De. Obra completa. Aguilar; 1963. p. 292.)

A partir da leitura desse soneto, assinale a alternativa correta.

A) Quanto à métrica, os versos são decassílabos, à exceção da última estrofe, o que ilustra o paradoxo entre duração da vida e tamanho menor dos versos.
B) As rimas ricas aparecem tanto nos quartetos, como em “fermosa” e “cuidosa”, quanto nos tercetos, como em “segura” e “dura”.
C) A imagem da “luz quieta e duvidosa” exemplifica o uso da linguagem poética, com riqueza dos sentidos, tão frequente na lírica camoniana.
D) O segundo e o terceiro versos da estrofe inicial já constituem rimas raras, por possuírem terminações sonoras e palavras muito incomuns.
E) A ideia de “vida vã” do sujeito lírico acentua a indiferença e o tédio pela figura feminina que é repudiada no poema.

Veja a resolução:

A alternativa C está correta.Trata-se de um soneto lírico com temática melancólica.

Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos (Facisb) 2023

Leia o soneto de Luís de Camões para responder à questão

Como quando do mar tempestuoso
O marinheiro, lasso e trabalhado¹,
Dum naufrágio cruel já salvo a nado,
Só ouvir falar nele o faz medroso,
E jura que, em que² veja bonançoso³
O violento mar, e sossegado,
Não entre nele mais, mas vai forçado
Pelo muito interesse cobiçoso,
Assim, senhora, eu, que da tormenta
De vossa vista fujo, por salvar-me,
Jurando de não mais em outra ver-me,
Minha alma, que de vós nunca se ausenta,
Dá-me por preço ver-vos⁴, faz tornar-me
Donde fugi tão perto de perder-me

(20 Sonetos, 2020. Adaptado.)

¹ lasso e trabalhado: cansado e experiente.
² em que: ainda que.
³ bonançoso: calmo.
⁴ Dá-me por preço ver-vos: obriga-me que a veja.

De acordo com o eu lírico, ainda que o marinheiro prometa a si mesmo não mais navegar, ele acaba por descumprir essa promessa

A) pelo medo da solidão.
B) para servir à humanidade.
C) por razões financeiras.
D) para satisfazer aos pais.
E) por motivos amorosos.

Veja a resolução:

A alternativa C está correta.

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) 2023

Qual tem a borboleta por costume,
que, enlevada¹na luz da acesa vela,
dando vai voltas mil, até que nela
se queima agora, agora se consome,

tal eu correndo vou ao vivo lume
desses olhos gentis, Aónia bela;
e abraso-me, por mais que com cautela
livrar-me a parte racional presume.

Conheço o muito a que se atreve a vista,
o quanto se levanta o pensamento,
o como vou morrendo claramente;

porém, não quer Amor que lhe resista,
nem a minha alma o quer; que em tal tormento,
qual em glória maior, está contente.

(Luís de Camões. Sonetos, 1942.)

¹enlevada: atraída, fascinada.

No trecho “em tal tormento, / qual em glória maior, está contente.”, o eu lírico faz uso do seguinte recurso retórico:

A) pleonasmo.
B) eufemismo.
C) paradoxo.
D) sinestesia.
E) personificação.

Veja a resolução:

A alternativa C está correta. As contradições inconciliáveis são comuns na poesia lírica amorosa camoniana.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) 2022

O POEMA A SEGUIR FOI ADAPTADO DO LIVRO SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO II

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.

O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza,
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro,
E o mais ledo¹ prazer em choro triste;
O tempo a tempestade em grã² bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.

¹ ledo − alegre
² grã − grande

No soneto II, o poeta descreve o impacto da ação do tempo, destacando sua capacidade de transformar algo em seu oposto.

Essa capacidade está exemplificada no seguinte verso:

A) O tempo acaba o ano, o mês e a hora, 
B) O tempo o mesmo tempo de si chora. 
C) O tempo a tempestade em grã bonança.
D) Mas de abrandar o tempo estou seguro.

Veja a resolução:

Alternativa C está correta. O tempo torna a tempestade (algo de valor negativo) em grã bonança (transformação positiva). Cuidado com termos elípticos.

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) 2022

Luís Vaz de Camões (1524-1580) foi um poeta do Classicismo português, autor da epopeia Os Lusíadas (1572). O poema a seguir faz parte de sua produção lírica.

Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o Mundo concertado.

Adaptado de: BERARDINELLI, Cleonice. Estudos Camonianos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Cátedra Padre António Vieira, Instituto Camões, 2000. pp. 164-165.

Sobre o poema em questão, assinale a alternativa correta.

A) Ao empregar a forma do soneto, o autor busca vincular-se a poetas fundamentais da tradição italiana, como Dante e Petrarca.
B) Ao apresentar o mundo dividido entre os “bons” e os “maus”, o eu-lírico reflete a visão maniqueísta do período medieval e aponta a importância de se agir de acordo com as normas morais e religiosas.
C) Ao tratar do tema do “desconcerto do mundo”, o eu-lírico registra a impotência do indivíduo diante de uma realidade vista como injusta e incoerente.
D) Ao aproximar-se da reflexão filosófica, o poema abre mão de recursos usuais do discurso poético, como a metrificação regular e o uso de esquemas de rimas.

Veja a resolução:

A alternativa C está correta.

Universidade Estadual Paulista (Unesp) 2022

Leia o soneto de Luís de Camões.

Enquanto quis Fortuna¹ que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento²
Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor³ que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento⁴,
Escureceu-me o engenho⁵ com tormento,
Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades, quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são, e não defeitos⁶,
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.

(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.)

¹ Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens.
² suave pensamento: sentimento amoroso.
³ Amor: entidade mítica que personifica o amor.
⁴ juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram.
⁵ engenho: talento poético, inspiração.
⁶ defeitos: inverdades, fantasia.

Segundo o eu lírico, Amor torna os amantes

A) mesquinhos.
B) melancólicos.
C) submissos.
D) imprudentes.
E) insensatos.

Veja a resolução:

A alternativa C está correta.O que se infere do verso: “Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos”. Nesse contexto, “submissos” é um termo sinônimo de “sujeitos”.

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) 2022

Na ribeira do Eufrates assentado,
Discorrendo me achei pela memória
Aquele breve bem, aquela glória,
Que em ti, doce Sião, tinha passado.

Da causa de meus males perguntado
Me foi: Como não cantas a história
De teu passado bem e da vitória 
Que sempre de teu mal hás alcançado? 

Não sabes, que a quem canta se lhe esquece
O mal, inda que grave e rigoroso? 
Canta, pois, e não chores dessa sorte.

Respondi com suspiros: Quando cresce
A muita saudade, o piedoso 
Remédio é não cantar senão a morte.

(Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113).   

Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular

A) “longe dos olhos, perto do coração”.
B) “mais vale cantar mal que chorar bem”.
C) “a cada canto seu Espírito Santo”.
D) “quem canta seus males espanta”.

Veja a resolução:

A alternativa D está correta. Esse ditado popular transmite uma mensagem esperançosa, positiva, ao passo que o eu lírico se revela o contrário: taciturno. O conselho é dado por alguém que não é o eu lírico, mas está aludido explicitamente no primeiro terceto.

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) 2020

Leia o texto abaixo para responder à questão:

SONETO 45 (53-57)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança
E do bem (se algum houve…), as saudades,

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E, em mi[m], converte em choro o doce canto,

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz mor espanto,
Que não se muda já como soía.

(CAMÕES, Luís de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1988.)

Na poesia lírica de Luís de Camões, um dos temas recorrentes é o da mudança que o tempo provoca nos seres e nas coisas. No poema acima, como o sujeito poético avalia o saldo das mudanças com as quais ele tem de lidar?

A) Positivamente – o passado desagradável foi substituído, ao longo do tempo, por um presente sem mágoas.
B) Indiferentemente – apesar das mudanças ocorridas no plano da natureza, nele próprio nada se alterou.
C) Impossível de avaliar – afinal, o tempo passa, as coisas mudam, mas ele continua a se reconhecer como o mesmo de sempre.
D) Negativamente – se houve alguma coisa de agradável no passado, dele restou apenas uma saudosa lembrança; e, no presente, o mal persiste como mágoa nos seus pensamentos.
E) Normalmente – uma vez que o bem e o mal estão envolvidos numa relação de perfeito equilíbrio.

Veja a resolução:

A alternativa D está correta.

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