Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, uma das primeiras necessidades da Coroa era reunir informações sobre a nova terra. Foi nesse contexto que surgiu a chamada Literatura de Informação, vertente do Quinhentismo que corresponde aos relatos e documentos produzidos pelos colonizadores, com o objetivo de descrever o território, seus habitantes e suas riquezas naturais.
Esses documentos buscavam registrar aspectos da geografia local, da fauna, da flora e dos costumes indígenas. Tratava-se, portanto, de um retrato funcional e estratégico, feito para orientar os interesses coloniais.
Neste artigo, vamos explorar como a Literatura de Informação se manifestou no Brasil Colônia, quais foram seus objetivos, características e principais representantes. Continue lendo e, ao final, confira uma questão com seu gabarito comentado.
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Conceito de Literatura de Informação
A Literatura de Informação corresponde ao conjunto de textos produzidos por viajantes, cronistas, navegadores e administradores portugueses no século XVI, período em que o Brasil começava a ser explorado e colonizado. Essa produção tinha um caráter essencialmente pragmático e documental.
Seu propósito principal era relatar e descrever as terras “recém-descobertas” — e, mais tarde, a colônia que se formava — para a Coroa Portuguesa e para outros setores interessados na Europa. Esses registros cumpriam diversas funções:
- Informar sobre a geografia, o clima, a fauna, a flora e os povos indígenas;
- Justificar a posse da nova terra, ressaltando a importância da expansão marítima portuguesa; e
- Atrair investimentos e apoios para a manutenção do projeto colonial, mostrando o potencial econômico da colônia.
Pode-se dizer, portanto, que a Literatura de Informação é um espelho do olhar europeu sobre o Brasil do século XVI. Para além de contar histórias, ela buscava convencer e documentar, construindo uma imagem da colônia que fosse útil aos interesses de Portugal e ao espírito expansionista da época.
Contexto histórico da Literatura de Informação
A Literatura de Informação no Brasil nasceu em um cenário marcado pelas Grandes Navegações e pela expansão marítima promovida pelas potências europeias a partir do século XV.
O século XVI foi o auge desse movimento, de modo que novas rotas oceânicas foram abertas, territórios desconhecidos pelos europeus foram explorados, e o contato entre diferentes povos transformou a visão de mundo da época.
Nesse contexto, Portugal desempenhou papel central. O país havia se consolidado como pioneiro das navegações, e a chegada ao Brasil inseriu o território “recém-descoberto” dentro de um projeto maior: o da colonização ultramarina.
O Brasil era visto como parte de uma rede de possessões que garantiam prestígio político, expansão territorial e, sobretudo, benefícios econômicos para a Coroa.
A produção escrita desse período estava diretamente ligada ao espírito mercantilista que imperava na Europa. O mercantilismo, sistema econômico baseado no acúmulo de riquezas e na exploração colonial, estimulava a busca por novos recursos naturais, metais preciosos e produtos que pudessem movimentar o comércio internacional.
Assim, o detalhamento da terra brasileira transformava-se em um recurso para legitimar sua importância estratégica e econômica perante Portugal.
Além disso, a Literatura de Informação refletia o expansionismo europeu, caracterizado pelo desejo de ampliar fronteiras e consolidar poder político-religioso. A descrição de paisagens, de riquezas potenciais ou dos povos indígenas servia tanto para informar, como também legitimar a posse portuguesa diante de outras nações rivais e para reforçar a ideia de uma “missão civilizatória”.
Público e destinatários da Literatura de Informação
Os textos da Literatura de Informação eram produzidos principalmente para atender às necessidades da Coroa Portuguesa — o rei, os nobres, os administradores — e também dos patrocinadores das expedições. Em geral, eram relatórios oficiais ou semioficiais que tinham como função registrar, relatar e convencer.
Características principais
- Caráter documental e histórico: o foco era documentar fatos, lugares e pessoas, funcionando como fonte primária para o estudo do Brasil Colônia;
- Objetividade: buscava-se uma descrição clara e direta, mas sempre filtrada pela visão europeia/colonizadora, guiada por seus valores e interesses;
- Predomínio da descrição: abundância de detalhes sobre fauna, flora, geografia, clima e, principalmente, sobre os habitantes nativos;
- Linguagem simples e direta: ausência de grandes preocupações estéticas ou literárias; a prioridade era a clareza da informação; e
- Função utilitária: os textos tinham um propósito prático — informar para explorar, organizar e administrar a colônia.
Conteúdo abordado
- A terra: riquezas naturais, clima, paisagens (descritas muitas vezes como paradisíacas para atrair interesse);
- O indígena: aparência física, costumes, crenças e organização social. Era visto tanto com estranhamento quanto com potencial de utilidade (mão de obra, conversão religiosa). Representava o olhar europeu sobre o “outro”;
- Os primeiros contatos: a narrativa do encontro entre portugueses e indígenas, com trocas culturais e impressões iniciais; e
- O potencial de exploração: identificação de recursos naturais, como o pau-brasil, e análise da viabilidade da colonização.
Autores e obras fundamentais
Pero Vaz de Caminha
- Obra: Carta de Pero Vaz de Caminha.
- Considerada o “documento de nascimento” do Brasil.
- Primeira descrição detalhada da terra e dos povos nativos, fundamental para compreender o olhar inicial do colonizador.
Pero de Magalhães Gândavo
- Obras: Tratado da Terra do Brasil e História da Província Santa Cruz.
- Contém descrições mais extensas e organizadas sobre o território.
- Caráter mais sistemático; funcionam como guias para conhecer a nova colônia.
Gabriel Soares de Sousa
- Obra: Tratado Descritivo do Brasil.
- Rico em detalhes sobre a vida na Bahia.
- Considerada a crônica mais importante da época pela profundidade e abrangência das informações.
Questão sobre o assunto
Simulado Enem (inédita)
“Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou arrumar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.”
(Carta de Achamento do Brasil, Pero Vaz de Caminha)
O trecho da carta de Achamento do Brasil transcrito acima confirma seu caráter de texto de informação, descrevendo eventos que se deram quando da chegada dos portugueses em território brasileiro. Além do aspecto informativo, fica evidente na situação descrita
A) a curiosidade dos europeus para com o primeiro contato com os indígenas.
B) o caráter pacífico do contato com os indígenas, já que todos compartilhavam crenças.
C) o objetivo central das grandes navegações de encontrar riquezas nas novas terras.
D) a investigação da possibilidade de construção de cidades e plantios no território.
E) a importância da religião católica para Portugal no período das grandes navegações.
Resposta:
A alternativa E está correta, pois esse trecho mostra que a religião católica era muito importante para os portugueses na época, visto que não se descuidaram do calendário religioso e rezaram a missa de Páscoa mesmo longe da sua terra natal. Isso será importante para entender as missões de cunho catequizador que se seguirão no Brasil.
Alternativa correta: E
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