Quais são os principais erros cometidos na redação do Enem e dos vestibulares?

Quais são os principais erros cometidos na redação do Enem e dos vestibulares?

Erros gramaticais e de argumentação; entenda cada um deles e saiba como melhorar o seu texto, de acordo com os professores do Estratégia

Escrever uma boa redação requer o conhecimento não só do gênero textual exigido pela banca aplicadora da prova, mas também o domínio da gramática e da estrutura argumentativa. Pensando nisso, o Portal Estratégia Vestibulares acompanhou o bate-papo entre os professores Fernando Andrade, que ministra aulas de Redação e Filosofia, e Marcos Siqueira, coordenador de redações do Estratégia Vestibulares, sobre os principais erros cometidos na redação do Enem e dos vestibulares. Confira:   

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Principais erros de gramática

Confira os erros gramaticais mais encontrados nas redações recebidas pelos corretores do Estratégia Vestibulares, segundo o professor Marcos:

Concordância verbal e nominal

A concordância verbal é a regra gramatical que garante que o verbo irá variar corretamente em número e pessoa, de acordo com o sujeito que o acompanha. Já a concordância nominal, trata da variação de número e gênero do substantivo em relação aos adjetivos, artigos, pronomes e numerais que o seguem. Veja os exemplos:

Concordância verbal

Neste exemplo, é possível observar a variação do verbo “estudar” para concordar com as condições do sujeito:

  • Eu estudei;
  • Tu estudas;
  • Ele estudaria;
  • Nós estudávamos;
  • Vós estudais;
  • Eles estudarão.

Concordância nominal 

Na frase a seguir, o pronome “estes”, o numeral “dez” e o adjetivo “dedicados” concordam com o substantivo “alunos”, que aparece no masculino e no plural:

“Estes dez alunos dedicados foram aprovados juntos no vestibular.”

Uso da crase

De acordo com o professor Marcos, o uso da crase também é um dos erros mais comuns em redações. “Por exemplo, em ‘devido a’, muita gente esquece de colocar uma crase antes de uma palavra feminina”, explica. 

A crase, também chamada de acento grave, só pode ser usada em condições específicas. Entenda:

Antes de palavras femininas

“Você vai à aula hoje?”

“Dormir cedo faz bem à saúde.”

Para indicar horas

“As inscrições para o vestibular acabarão às 23h59.”

“Precisamos chegar lá pontualmente às 18h.”

Neste caso, a crase não é usada para indicar horas contadas ou se antes das horas estiverem as preposições após, desde, entre, para. Confira: 

“Ele dormiu durante as duas horas de filme no cinema.”

“Ficamos esperando o início da sessão desde as 13h.”

Antes de locuções adverbiais femininas que expressam ideia de tempo, lugar e modo

“Precisei ir às pressas ao hospital.”

Às vezes é preciso tentar outra vez.”

Antes de aquilo, aquela, aquele

“Refiro-me àquela vez em que viajamos para o exterior.”

“Dedico agradecimentos àqueles que me apoiaram.”

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+ Uso da Crase: regras, exceções e exemplos!

Uso da vírgula

A vírgula é outro sinal gráfico que pode causar confusão na hora de construir uma boa redação. Por isso, o professor chama a atenção para alguns detalhes que devem ser lembrados no uso da vírgula: “Eu não posso colocar a vírgula entre o sujeito e o verbo”.

Marcos complementa: “Quando você tem estruturas sintáticas mais complexas, como uma oração subordinada e depois uma oração restritiva, e joga um adjunto adverbial longo ali no meio, pode acabar esquecendo se coloca uma vírgula ou não coloca, e às vezes não deve colocar”.

Entenda, a seguir, quando e como usar corretamente a vírgula:

Separar termos coordenados independentes um do outro na oração

“Minhas disciplinas favoritas são Português, História, Geografia e Biologia.”

Separar orações coordenadas

“Meu dia foi dedicado aos estudos. Resolvi questões de Matemática, escrevi três redações, decorei fórmulas de Física e comecei a leitura de uma obra obrigatória.”

Isolar elementos repetidos no enunciado

“Já,, faço uma pausa para almoçar.”

Separar o nome do lugar nas datas

“Brasília, 01 de janeiro de 2023.”

Destacar apostos

“Marcos, o coordenador de redações do Estratégia Vestibulares, deu dicas importantes para escrever um bom texto.”

Destacar vocativos

“Professora, tenho uma dúvida sobre a disciplina!”

Indicar partículas e expressões de explicação, correção, continuação

“Não tirei boas notas. Sendo assim, vou fazer mais simulados.”

Separar conjunções adversativas

“Prefiro disciplinas de humanas, porém, é necessário uma boa preparação em todas.”

Realçar hipérbatos

“Você poderia, por acaso, me passar seu método de estudos?”

Isolar anacolutos

“Sobre a não aprovação, prefiro esquecer e retomar os estudos.”

Indicar elipse de um verbo

“Quero cursar Engenharia. Meu irmão, Filosofia.”

Separar orações unidas pela conjunção “e” que tenham sujeitos diferentes

“Eu precisei recusar o convite para estudar, e meus amigos entenderam.”

Separar orações subordinadas adjetivas explicativas

“Eles, que já prestaram esse vestibular, devem saber o nível de dificuldade.”

Separar orações subordinadas adverbiais da oração principal

“Apesar de não ter tido muito tempo para estudar, consegui uma boa nota.”

Uso do “onde”

“A palavra ‘onde’ é para dar ideia de lugar”, esclarece o professor Marcos. A explicação é necessária, segundo ele, porque muitas redações usam, de forma incorreta, o ‘onde’ como sinônimo de outras palavras. Entenda:

  • Uso correto: “Voltei para São Paulo, onde vivi meus primeiros anos de vida.”
  • Uso incorreto: “Não gosto de filmes onde não há final feliz.” Neste caso, o correto é “Não gosto de filmes em que não há final feliz.”

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Texto rebuscado

“Escrever bonito” agrega na redação? Os professores Marco e Fernando explicam que isso é um mito. “Às vezes nem o próprio corretor sabe o que significa a palavra”, brinca Marcos. Para o professor, o importante é a coerência do texto “se você escreve uma redação que haja relação lógica entre os períodos, que haja relação lógica entre parágrafos, então você não precisa fazer nada rebuscado”.

O professor Fernando comenta que costuma comparar os conectivos da redação com sinais de operação matemática: “Se você está usando ‘mais’, eu sei que isso é uma soma e eu vou ver o resultado. Se você está usando ‘menos’, eu vou ver o resultado. Então quando você coloca o conectivo, o importante não é se ele é bonito, o importante é se ele está sendo usado corretamente naquela relação lógica que ele estabelece ali”.

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Principais erros de argumentação

Citações

Durante a conversa, os dois professores sentenciam “citação não é argumento”. “Nas redações nota mil, você vai perceber o uso de algumas citações, vai perceber o uso de algumas máscaras, mas também vai perceber o trabalho autoral. E o trabalho autoral dessas redações está na relação da citação e do evento que está sendo discutido”, comenta Fernando.

O professor aponta que nas redações que conquistam nota máxima, o autor consegue explicar ao corretor, no texto, como a citação conversa com o tema proposto. “Nas redações nota mil, o aluno consegue sair do que o John Locke disse, para o tema que ele está discutindo, que pode ser, por exemplo, registro civil. Ele mostra, detalhando, como cada coisa que Locke disse pode se aplicar ao caso”.

Já o professor Marcos, comenta sobre a falta de uma boa construção de um argumento. “Às vezes o aluno faz o tópico frasal e começa a ampliação, usando ‘isso ocorre porque’,  ‘isso acontece de fato’. Começa a falar sobre as causas, os problemas, e no final ele só falou exemplos”.

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Introdução

Marcos chama a atenção para o problema da contextualização mal feita na introdução. “ O aluno começa, por exemplo, a falar da Revolução Industrial, e conta toda a história, depois coloca um ponto final e vem com uma frase do tipo ‘nesse contexto, é válido analisar as causas e consequências’ e completa copiando o tema proposto”. 

Ele explica a necessidade de linkar a contextualização com o tema, sem que ele apareça só copiado do comando.“Eu gosto de fazer o link entre o tema e a contextualização usando a oração reduzida, principalmente a concessiva. Por exemplo, ‘mesmo sendo de épocas distintas, hoje o país vive complexos problemas’. Veja a riqueza do significado das palavras, a oração concessiva é um obstáculo da oração principal, mas mesmo assim a ação da oração principal acontece”.

Tese

Você sabe como defender sua tese a respeito do tema proposto pela redação? “Eu recebi uma redação que o aluno falava do tema, mas não apresentava tese”, conta o professor Fernando. Por que não apresentava tese? De acordo com o professor, o texto não trazia julgamento de valor. 

“A tese é o julgamento de valor. O tema era sobre doação de órgãos e ele falou que há um empecilho na doação, mas não disse ‘nós temos um problema sério no Brasil que é o número baixo de doação de órgãos’”, aponta.

Para concluir, Fernando explica: “Quando eu escrevo ‘temos um problema sério’, isso é julgamento, não é juízo de fato que diz  ‘o número de órgãos doados por ano é X’ isso é juízo de fato. Agora, quando eu digo ‘isso é um grande problema’, é juízo de valor. E juízo de valor gera tese. Se eu não tenho juízo de valor, eu tenho uma redação expositiva”.

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Conclusão

Redações como a do Exame Nacional do Ensino  Médio (Enem), por exemplo, exigem que o candidato retome sua tese na conclusão. Assim, o professor Marcos indica o erro de muitos alunos ao não fazer essa retomada. “O principal problema na conclusão, falando sobre coesão e coerência, é que às vezes o aluno escreve a conclusão com apenas um parágrafo e um período. Nossa! Falta a retomada de tese, as pessoas não colocam a retomada de tese”.

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