Movimentos sociais: saiba o que são e como eles impactam a sociedade

Movimentos sociais: saiba o que são e como eles impactam a sociedade

Veja o que são movimentos sociais, suas diferenças para partidos políticos e organizações de rua e como eles atuam na sociedade ao longo dos tempos

Desde o início das civilizações, os movimentos sociais foram construindo as sociedades que conhecemos hoje. Reconhecimento de direitos, resistências civis, inclusões sociais e culturais e seus desdobramentos ao longo do tempo passam por como cada grupo se organizou por uma transformação tida como necessária na sociedade.

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O Portal Estratégia Vestibulares vai te mostrar nesse artigo como os movimentos sociais foram importantes para a humanidade, semelhanças que caracterizam essas movimentações, e alguns direitos conquistados por grupos organizados e suas reações ao longo da história. Para isso, contamos com a ajuda da professora de Sociologia Alê Lopes. Vamos lá?

O que é um movimento social?

O movimento social está ligado a três conceitos: ação coletiva, mudança e transformação. Ao longo do século XIX houve uma mudança do paradigma individual para o coletivo. “É um fenômeno social que relaciona-se com uma ação coletiva organizada que gera uma transformação da sociedade, que não é partido social e nem organização de rua”, conceitualiza Alê Lopes.

Para ilustrar, Alê cita um caso de um assalto em que pessoas ao redor se mobilizam para tentar capturar o assaltante. Isso caracteriza uma reação coletiva, mas não um movimento social, até por ser desorganizado. 

Os movimentos sociais também não são partidos políticos porque eles não disputam, em tese, o poder de forma direta. É possível ver pessoas conhecidas por fazer parte de um movimento social disputando cargos políticos, mas apenas representando um grupo e não por meio dele.

“Os movimentos sociais não disputam cargos de governança. O modo de agir deles depende da época histórica e do regime político. Em um regime social democrático, supostamente eles têm mais espaço para colocar suas demandas”, pontua a professora. 

Alê Lopes mostra também como os movimentos podem atuar na esfera política. “Um governo democrático é aquele que ouve os grupos da sociedade. Os movimentos sociais não querem ganhar o governo, mas eles podem buscar influenciar ou se aliar a um partido, que possa defender melhor suas pautas”.

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Como surgem os movimentos sociais?

Os movimentos sociais surgem nas primeiras civilizações, principalmente nas pólis gregas, em que o debate público era feito para decidir os próximos passos da população residente no local. O surgimento da esfera política, portanto, passa por uma necessidade de organizar a sociedade em que se vive para o bem público.

Alê Lopes comenta sobre os conceitos postos à mesa. “Quando a gente está falando de política, a gente está falando também de cidadania. A ideia de pólis é a ideia de cidade, e a ideia de cidadania é a ideia de participação na governança da cidade”.

“Os gregos, quando começam a desenvolver a ideia de política, eles se questionaram: ‘se política é isso, quem vai falar? Se a palavra é instrumento de poder, quem pode falar? Quem tem o poder? quem pode organizar o bem de toda a sociedade? quem tem essa habilidade, essa competência?’. E quem tem esse poder é o cidadão”, complementa Alê sobre a formação da política nas pólis da Grécia Antiga.

Tipos de movimentos sociais

É possível dividir os movimentos sociais em dois tipos: conjunturais e estruturais. Um movimento conjuntural surge para atender a uma demanda específica, com um curto espaço de tempo, como o “não é pelos vinte centavos”, de 2013. 

Ainda que tenha desencadeado uma série de protestos e originado diversos grupos organizados, o mote principal nasceu de uma demanda específica, que era o preço das passagens.

Já um movimento estrutural busca conquistar direitos e outras demandas a longo prazo, mesmo que as solicitações mudem ao longo do tempo. É o caso do movimento feminista, que lutou por direito ao voto, maior participação de mulheres na política e paridade salarial em décadas diferentes, mas com uma organização pautada nos direitos igualitários femininos.

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Movimentos de classes e identitários

Os movimentos sociais de classes indicam um grupo que se une em torno de um espectro político, como o nazismo, liberalismo e comunismo, até mesmo no surgimento de sindicatos de trabalhadores de um setor ou empresa, que tem como objetivo agir em prol de melhores condições trabalhistas.

Já os movimentos identitários surgem na década de 60, em que pautas que ultrapassam a questão de classe passam a ter maior notoriedade. São efervescentes no momento de eclosão da contracultura, representando, portanto, etnias, gêneros e até questões específicas como movimentos ecológicos. 

Além disso, há também a crise das organizações representativas tradicionais como partidos e os próprios sindicatos, citados acima. Isso acontece por fatores como a globalização, que fragmentou a classe trabalhadora ao descentralizar a produção dos bens de consumo.

Exemplos de movimentos sociais atuais

Atualmente, são muitos os movimentos sociais existentes em um país ou até mesmo de forma internacional. Veja alguns exemplos:

Movimento estudantil

Com foco em pautas voltadas para a educação, o movimento estudantil é contínuo e ativo desde a década de 60. A União Nacional dos Estudantes (UNE), no Brasil, é um exemplo de organização desse segmento. 

Em determinados momentos da história, o movimento estudantil se manifestou contra ou a favor de governos, mas não há uma representação política, ainda que integrantes desse movimento migrem para partidos em outros momentos.

Movimento ecológico

O impacto causado pelo ser humano no planeta e como isso pode prejudicar a vida na terra é um dos principais temas do movimento ecológico. Dentro disso estão, por exemplo, as pautas de redução do consumo de carbono, diminuição do desmatamento, redução dos níveis de poluição, consumo sustentável e destino de materiais degradantes ao meio ambiente.

Em alguns países há a existência de um partido voltado para a ecologia, como o Partido Verde (PV), no Brasil. Via de regra, o movimento busca fiscalizar atos contra o meio ambiente, conscientizar a população sobre o assunto e intermediar, por meio de estudos e ações, medidas tomadas pelos governos e empresas ao redor do mundo.

Movimento feminista

Historicamente é dividido em três ondas, em que diferentes reivindicações são feitas pelas mulheres. O direito ao voto, por exemplo, é uma conquista do movimento feminista ao longo do tempo. Atualmente, lutas como paridade salarial e igualdade numérica de mulheres na política em comparação aos homens são debatidas.

Além disso, o movimento discute também o papel da mulher na sociedade e como o gênero é oprimido de diversas formas pelo patriarcalismo e machismo existente na sociedade. Vale ressaltar que, como um movimento identitário, o feminismo possui recortes de classe, raça, etnia e outros.

Movimento negro

Contínuo, o movimento negro também conta com diferentes lutas ao longo da história. A discriminação étnica, racial e cultural se faz presente desde a escravidão, em que negros foram considerados sem alma e até mesmo de uma raça inferior.

Políticas de reparação pelo passado escravista e demais discriminações são pontos debatidos pelo movimento negro, e vão desde a inserção da história da África nos livros didáticos e revisão de demais discursos preconceituosos nos mesmos livros até a existência de cotas raciais para ingresso em universidades públicas e concursos públicos.

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Movimento LBGTQIA+

Voltado para pessoas com diversas sexualidades, o movimento LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo e Assexual e mais) busca igualdade social e de direitos civis como o casamento ou a adoção.

Além disso, soma-se o preconceito existente por parte da sociedade, que enxerga, por valores tidos como tradicionais ou religiosos, a existência dessa população como um ‘absurdo’ ou ‘aberração’. A pauta, também identitária, possui demandas distintas, que são levadas para o âmbito político e judicial, como a lei anti-homofobia e políticas públicas de inserção de pessoas queer ao mercado de trabalho.

Movimento indígena

A luta por manutenção de direitos fundamentais dos indígenas partem principalmente da terra e sua relação com o espaço nos tempos atuais. Invasões e degradações constantes ameaçam a vida e os costumes de tribos originárias que pertencem a um determinado lugar.

A demarcação de terras e a manutenção desse direito é um dos pontos discutidos por líderes indígenas no mundo todo. Ao garantir o espaço, garante-se também a cultura, liberdade e modo de vida dessas populações perante uma civilização dominante e que cometeu diversos genocídios contra povos originários na história.

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