The Last Of Us: como usar a série como repertório sociocultural da redação
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The Last Of Us: como usar a série como repertório sociocultural da redação

A saga de Ellie e Joel está cativando milhões de pessoas ao redor do mundo. Confira como The Last Of Us pode inspirar suas redações em temas variados

A série The Last Of Us vem fazendo sucesso no Brasil e ao redor do mundo ao contar a história de Ellie e Joel, companheiros em uma aventura que desbrava um cenário pós-apocalíptico, devastado por uma pandemia fúngica que aparentemente está longe de acabar.

Com muitos elementos que podem ser explorados como repertório sociocultural em uma redação, The Last Of Us despertou a curiosidade de muita gente justamente pela profundidade da narrativa e a inspiração em um fungo que realmente existe no planeta para basear todo o desastre que acontece na série.

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Soma-se isso ao fato de que a série já faz conta com uma base sólida de fãs, devido ao fato de que The Last Of Us é inspirada em um jogo de videogame. Jogo, inclusive, que era, até 2022, o mais premiado da história da indústria gamer. Acompanhe abaixo os temas da série e como usar nas redações de vestibulares e no Enem.

The Last Of Us: sinopse e contextos

Ellie é uma menina de 14 anos e também uma carga valiosa, que é entregue a Joel e Tess, contrabandistas da cidade de Boston, 20 anos após uma pandemia fúngica assolar o mundo todo rapidamente, condenando a humanidade a um caos jamais visto.  

Mas uma sucessão de fatores vão mudando os planos e aproximando Joel e Ellie em uma travessia repleta de pessoas infectadas, grupos de resistência e outros perigos que surgem em meio a essa realidade.

Temas que podem servir de repertório sociocultural

Agora que você conhece um pouco sobre a história, acompanhe alguns temas que podem ser usados como repertório sociocultural ou até mesmo como pano de fundo de redações e questões de vestibulares. Cuidado, alguns spoilers podem aparecer!

Pandemia de fungos?

O mundo está convivendo com o Covid-19, vírus que matou milhões de pessoas em uma pandemia desencadeada no ano de 2020. Mas, ainda que o mote de The Last Of Us seja parecido, há uma diferença: o agente que causa a pandemia, no jogo e na série, é um fungo, o Cordyceps.

E, sim, esse fungo existe e, inclusive, também transforma seus hospedeiros em uma espécie de “zumbi”. Cordyceps é um gênero de fungos ascomicetos, que crescem em insetos como formigas. Os indivíduos infectados passam a ser controlados pelo fungo até que ele consiga produzir esporos e contaminar outros seres.

O problema maior é que, segundo cientistas, os humanos não estão preparados o suficiente caso uma pandemia fúngica aconteça, seja por falta de tecnologia e até mesmo pela dificuldade que é exterminar um fungo, que tem características mais próximas às células humanas do que vírus e bactérias.

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Microbiologia

Por conta dos fatores mencionados acima, a microbiologia é um tema presente que também pode ser discutido pela ótica da série. A diferença entre reinos distintos, sistemas de defesa dos corpos humanos, motivos que impedem a contaminação humana por cordyceps e outros assuntos podem ser estudados.

Além disso, a série também trata sobre como há o contágio de novos indivíduos e estratégias de disseminação do fungo. E aí há uma diferença com o jogo: nos games, há locais fechados com esporos no ar, forçando os personagens a usar uma máscara com filtro. Já na série, há uma rede de micro tentáculos, que avisam contaminados próximos para que eles saibam onde há um humano saudável.

O Ophiocordyceps unilateralis é um fungo real que entra nas formigas e demais artrópodes através de seus esporos, cresce por dentro desses animais, consumindo estruturas musculares e, posteriormente, o sistema nervoso central. Após esse estágio, o fungo controla o animal até que ele morra, fixando suas mandíbulas em uma folha ou alguma parte de um vegetal. O fungo, por sua vez, termina seu ciclo, e gera esporos para contaminar outros animais.

Aquecimento global

Um ponto importante no surgimento de novas doenças causadas por fungos é o aquecimento global. Muitos fungos não conseguem sobreviver no organismo humano pela alta temperatura do nosso corpo. Mas, com a Terra cada vez mais quente, esses seres podem acabar se adaptando a novas condições.

O fungo Candida auris é um exemplo de fungo que mutou, passou a suportar temperaturas mais quentes e, consequentemente, a sobreviver em contato com o organismo humano. A primeira vez que tal agente causou uma doença em humanos foi no Japão, em 2009, mas já temos casos registrados inclusive no Brasil.

Ao adentrar no organismo humano, o C. auris pode causar infecção na corrente sanguínea e outras infecções, o que pode levar à morte, principalmente em pacientes já adoecidos ou com comorbidades. Além disso, pacientes podem ficar colonizados pelo fungo sem infecção, o que favorece a propagação dele em outros indivíduos.

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Tratamento de doenças

A série aborda também a dificuldade de se conseguir remédios e tratamentos em meio ao caos implantado naquela realidade. Avanços médicos são conquistados também em situações de guerra, mas menos do que em momentos de estabilidade, como vivemos atualmente.

Ellie é vista na série como esperança de cura para a humanidade, por ser imune ao Cordyceps, mas quase ninguém está preocupado em buscar uma cura, mas sim a sobreviver mais um dia, e isso mostra o que é a prioridade naquele momento.

Para encontrar pessoas que estão pensando nisso, ela e Joel atravessam todo o mapa dos Estados Unidos, sem nenhuma garantia de que isso funcionará. A série também aborda o contrabando de remédios, haja vista que a fabricação é escassa ou mesmo inexistente.

Mudanças na alimentação

Alimentação é cultura, é acostumar-se com o que normalmente é comido na sua casa, no seu país ou na sua região. Mas, com 20 anos de destruição, não há muitas opções disponíveis, muito menos preocupação em cozinhar pratos elaborados. Há cenas em que os personagens principais ingerem latas com alimentos produzidos antes da pandemia, por exemplo.

Em outro momento, Joel faz café, algo raro de ser visto, e a reação de Ellie é de repulsa e incompreensão de como aquilo pode ser bom. Em uma sociedade acostumada a supermercados e feiras abundantes, a ruptura vista na série ilustra bem a facilidade de acesso que temos à comida e, claro, como estamos em um momento de desperdício e desigualdade de condições na hora de comer algo.

Diferença entre gerações

A cena do café, inclusive, mostra uma diferença geracional existente nos tempos atuais: é raro uma adolescente de 14 anos tomar café, assim como é raro um adulto de cinquenta e poucos não tomar. Mas isso não significa que essa adolescente não irá tomar café e nem que a nova geração não liga para o produto.

As pessoas mudam e, com o passar do tempo, tendem a tomar café. Mas a série, além de ilustrar essa diferença comum, também mostra crianças e adolescentes que não conhecem o mundo de antes, muitas vezes que estão refugiadas em uma zona de quarentena de uma cidade qualquer e não sabem nem o que é andar de carro, por exemplo. Ellie mesmo passa por isso.

Questões geracionais são pontos que sempre poderão ser abordados em vestibulares, também pelo fato de que a imensa maioria dos candidatos fazem parte de uma única geração. Pensar e notar as diferenças entre as gerações pode trazer reflexões e respostas a questões históricas, filosóficas e sociológicas, por exemplo.

Novas organizações sociais

Vivemos em uma democracia no Brasil, mas nem sempre foi assim. Já passamos por regimes de exceção, ditaduras, monarquia, monarquia constitucional… Em The Last Of Us, as cidades foram reorganizadas por uma organização militar governamental, mas de um poder político que também se ruiu. 

O que sobrou foram locais restritos, com circulação controlada e imposição de novas regras de convivência, na maioria das vezes não-pacífica. Em algumas cidades, como em Kansas City, essa organização militar foi extremamente abusiva com os sobreviventes.

Como os lugares se conectam muito pouco, cada cidade tomou rumos diferentes, e novas organizações, como os vagalumes, citados na série, surgiram. Outras ideias de organizações virão, mas dá para notar as características de cada uma e aplicar também no mundo em que vivemos hoje e ontem.

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Relações de luto

Outro ponto abordado na série é como as relações de luto mudam em 20 anos. Uma sociedade forjada na destruição precisa lidar com as perdas de forma mais rápida e corriqueira, ainda que não seja fácil. The Last Of Us mostra, de forma sutil, como é lidar com a morte e as relações sociais que os personagens carregam em sua jornada.

O que chamamos saúde mental muda drasticamente na série, indicando que houve um costume com diversos hábitos, e não há muito tempo para sentir e refletir sobre o que acontece por ali.

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Natureza retomando espaços urbanos

Se não há espaço para escolhas alimentares, nem muitos remédios disponíveis, que dirá tempo para organizar os espaços urbanos. Não se vê manutenções, construções novas, ou planos de revitalização dos locais. A natureza passou a retomar o que antes era uma cidade, nascendo plantas em meio ao asfalto e afins.

Animais selvagens também são vistos e, juntamente com as plantas, eles passam a reivindicar seu lugar novamente, tornando os lugares mais verdes. Há, ainda, um recado filosófico no universo de The Last Of Us: a natureza venceu, a humanidade, não.

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Sexualidade

O episódio três da série traz a história do casal Bill e Frank, que se conhecem e se conectam após os eventos caóticos da pandemia de fungos. Bill é um sujeito retraído, inclusive sexualmente, e permite explorar a relação com Frank também por compreender que não há ali julgamentos a serem feitos. Não há terceiras pessoas, uma moralidade, a seguir.

A série também mostra uma relação não muito clara entre Joel e Tess e, mais a frente, Ellie terá, pelo menos nos jogos, momentos amorosos com outras personagens, mesmo que tenha que passar por momentos preconceituosos por conta disso.

As relações de sexualidade são pontos bem explorados nos jogos, de uma forma profunda, mas com situações que podem ser pensadas na nossa realidade e como lidamos com isso no momento.

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