Pioneira nos estudos de interseccionalidade entre gênero, raça e classe social no Brasil, a professora e ativista Lélia Gonzalez também teve grande contribuição no desenvolvimento do Movimento Negro, resistiu à Ditadura Militar (1964-1985) e é, até os dias de hoje, um dos nomes mais importantes do feminismo negro brasileiro.
Com a relevância de suas produções, a professora e ativista possui uma rica coletânea de contribuições que podem ser usadas como repertório sociocultural na redação. Conheça Lélia Gonzalez e suas citações:
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Quem foi Lélia Gonzalez?
Lélia Gonzalez nasceu em 1935, na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Seu pai era negro e trabalhador ferroviário, enquanto sua mãe era indígena e empregada doméstica, e Lélia foi a décima sétima dos 18 filhos do casal.
Após a morte de seu pai, Lélia mudou-se, ainda criança, com a família para a capital carioca, onde concluiu os estudos no Colégio Dom Pedro II e ingressou na universidade enquanto trabalhava como babá e empregada doméstica. Gonzalez se graduou em História, Geografia e Filosofia na Universidade do Estado do Guanabara (atual Uerj).
Além disso, também concluiu mestrado em Comunicação Social e doutorado em Antropologia. Em 1973, tornou-se professora e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde mais tarde também foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo de diretora do departamento de Sociologia e Política.
Por viver na pele o racismo, o sexismo e a desigualdade social, esses foram temas centrais nas produções de Lélia. Tornando-a pioneira nos estudos sobre a relação de raça e gênero na desigualdade social brasileira, e fazendo-a, em seus livros e publicações em jornais e revistas, uma grande crítica da ideia de “democracia racial”, de Gilberto Freyre e Caio Prado Jr.
Na política, Lélia foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Nzinga: Coletivo de Mulheres Negras. Além de também ter participado da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual concorreu a deputada federal, em 1982. Em 1986, Gonzalez ainda concorreu pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), dessa vez como deputada estadual, mas não foi eleita em ambas as ocasiões.
Por sua atuação política, Lélia foi uma das pessoas perseguidas pela Ditadura Militar, teve sua ficha pessoal levantada e suas atividades, inclusive de promoção de cultura, monitoradas por agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI).
Lélia Gonzalez faleceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 1994, aos 59 anos, acometida por um infarto.
Citações de Lélia Gonzalez
A seguir, conheça uma seleção de frases da professora e ativista, bem como seus contextos:
1- “Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual”
O termo “amefricanidade” foi criado por Lélia Gonzalez para denominar a construção de uma identidade étnica a partir da incorporação de dinâmicas culturais que rompem com o sistema de dominação racista. Para ela, é importante superar visões romantizadas da África para assimilar a realidade vivida por negros no continente americano.
2- “A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora”
Na citação, Lélia faz uma referência direta ao conceito de “Não se nasce mulher, torna-se”, da filósofa francesa Simone de Beauvoir. No livro “Por um Feminismo Afro-Latino-Americano”, Gonzalez afirma que “no sentido da questão racial: a gente nasce preta, mulata, parda, marrom, roxinha etc., mas se tornar negra é uma conquista” ao entender e assumir a identidade.
3 “A conscientização da opressão ocorre, antes de qualquer coisa, pelo racial”
A citação está presente no livro “Por um Feminismo Afro-Latino-Americano”, publicado em 2020, que reúne uma coletânea de textos produzidos por Lélia Gonzalez entre as décadas de 1970 e 1990. A obra foi organizada por Flávia Rios e Márcia Lima, professoras da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade de São Paulo (USP), respectivamente.
4- “Para mim, uma pessoa negra que tem consciência de sua negritude está na luta contra o racismo”
De volta ao debate sobre a conquista de se entender como uma pessoa negra e compreender todos os significados atrelados à essa identidade, Lélia aponta que esse reconhecimento da própria negritude só se desenvolve junto à organização política contra o racismo.
5- “O que existe no Brasil, efetivamente, é uma divisão racial do trabalho. Por conseguinte, não é por coincidência que a maioria quase absoluta da população negra brasileira faz parte da massa marginal crescente”
Em 1979, Lélia Gonzalez usou a citação durante seu discurso na Segunda Conferência Anual da African Heritage Studies Association (AHSA). A AHSA é uma associação de acadêmicos de ascendência africana, dedicada à exploração, preservação e apresentação acadêmica da herança dos povos africanos na África e na diáspora.
6- “A mulher negra é o grande foco das desigualdades sociais e sexuais existentes na sociedade brasileira […] O que percebemos é que, na nossa sociedade, as classificações sociais, raciais e sexuais fazem da mulher negra um objeto dos mais sérios estereótipos”
Em entrevista concedida para o documentário “Divas Negras do Cinema Brasileiro”, lançado pela Cultne.TV, em 1991, Lélia Gonzalez trouxe contribuições sobre o tema com a citação, e refletiu a respeito do racismo e do machismo presentes na indústria audiovisual.
7- “Estamos cansados de saber que nem na escola, nem nos livros onde mandam a gente estudar, não se fala da efetiva contribuição das classes populares, da mulher, do negro do índio na nossa formação histórica e cultural”
Além de livros e produções acadêmicas, Lélia escreveu para jornais e revistas. A citação, por exemplo, é parte de um texto publicado pelo jornal “Mulherio”, em 1982. Na passagem, ela ainda acrescenta ao pensamento “E o que é que fica? A impressão de que só homens, os homens brancos, social e economicamente privilegiados, foram os únicos a construir este país. A essa mentira tripla dá-se o nome de sexismo, racismo e elitismo”.
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