Nelson Mandela (1918-2013) foi um dos mais importantes líderes políticos mundiais. Sob seu governo, a África do Sul acabou com o Apartheid, regime de segregação racial implementado no país na década de 40. Mandela foi premiado com o Nobel da Paz de 1993 por conta de sua luta pela igualdade racial.
O dia 18 de julho foi escolhido como Dia Internacional Nelson Mandela por ser o aniversário do líder em novembro de 2009 na Assembleia-Geral das Nações Unidas. A resolução que estabeleceu a data cita como méritos sua luta pela promoção dos Direitos Humanos, igualdade de gênero e solução de conflitos das mais diversas naturezas.
Para comemorar o Dia Internacional Nelson Mandela, o Estratégia Vestibulares preparou uma lista com citações do ex-presidente da África do Sul e também questões presentes nos vestibulares brasileiros que citaram seu nome. Confira!
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Quem foi Nelson Mandela?
Mandela nasceu em 1918, na cidade de Mvezo, na África do Sul e pertencia à etnia Xhosa, segunda maior do país, atrás dos Zulus. Seu nome real era Rolihiahia Dalibhunga Mandela, o Nelson veio na infância, seguindo um costume local e colonialista de inserir um nome inglês em todas as crianças que frequentavam a escola.
Em 1939, Mandela cursou Direito na Universidade de Fort Hare, conhecida por ser a primeira instituição do país a ministrar cursos universitários para negros. Foi expulso por se envolver em protestos do movimento estudantil pedindo por democracia racial.
Em 1943 tornou-se bacharel em Artes na Universidade da África do Sul, em Joanesburgo. Ali, passou a conviver com a segregação existente com a população negra do país, presenciando, inclusive, o surgimento do Apartheid, que obrigava o registro de raça na certidão, separava brancos e negros em instituições públicas e proibia o casamento inter-racial, dentre outros atos.
A população negra reagiu e a política do Apartheid passou a causar uma série de massacres e mortes de negros no país. Nesse cenário, Mandela começou a se destacar como um líder do movimento negro.
Anos depois, em 1956, Nelson Mandela foi preso sob acusação de conspiração. Sua segunda prisão foi em 1960, em que diversos líderes negros foram mortos, perseguidos, torturados e assassinados. Mandela foi condenado em 1964 à prisão perpétua, ficando no cárcere por 27 anos na Ilha de Robben, localizada na Cidade do Cabo.
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Após décadas de luta e condenação internacional do regime, houve um plebiscito que determinou o fim do Apartheid. No dia 11 de fevereiro de 1990, Mandela foi libertado sob forte aclamação popular, e discursou clamando por reconciliação.
O Nobel veio em 1993, ano em que Nelson e o então presidente sul-africano, Frederik de Clerk, assinaram uma nova Constituição, iniciando uma democracia multirracial que encerrou um período de mais de 300 anos de dominação da minoria branca na política da África do Sul.
Um ano depois, Mandela se tornou o primeiro presidente democrático do país. Em seu governo, foi instaurada a Comissão de Verdade e Reconciliação, que analisou as violações de Direitos Humanos cometidas no período do Apartheid, com o objetivo de buscar reparações históricas por tudo que o regime ocasionou.
Ao sair da presidência em 1999, Mandela passou a dedicar seu tempo em organizações de luta por Direitos Humanos, sendo premiado pela Anistia Internacional em 2006 por isso. Rolihiahia Dalibhunga Mandela faleceu no dia 5 de dezembro de 2013, provocando forte comoção internacional.
Veja 20 citações feitas por Nelson Mandela
“Eu odeio a discriminação racial mais intensamente e em todas as suas manifestações. Eu lutei durante toda a minha vida, eu a combati, e vou fazê-lo até o fim dos meus dias. Mesmo apesar de acontecer agora de eu ser julgado por alguém cuja opinião eu tenho em alta estima, eu detesto mais violentamente o sistema que me rodeia aqui. Faz-me sentir que sou um homem negro no tribunal de um homem branco. Isso não devia ser assim” — Primeira declaração judicial em 1962.
“Lutei contra a dominação branca e contra a dominação negra. Defendi o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e conseguir realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”. — Julgamento de Rivonia, 20 de abril de 1964.
“Nunca considerei nenhum homem superior a mim, nem dentro, nem fora da prisão”. — Carta ao general Du Preez, administrador de prisões, escrita da prisão Robben Island, na Cidade do Cabo, 12 de julho de 1976.
“Só os homens livres podem negociar (…). Sua liberdade e a minha não podem ser separadas”. — Declarações de Mandela após 21 anos na prisão ao renunciar à oferta de libertação do então presidente, Pieter W. Botha, em fevereiro de 1985.
“Eu estou aqui diante de vocês, não como um profeta, mas como um humilde servo de vocês, do povo. Seus sacrifícios incansáveis e heróicos tornaram possível para que estivesse aqui hoje. Por isso, coloco os restantes anos da minha vida em suas mãos”. — Primeiro dia da sua libertação, 11 de fevereiro de 1990.
“Vivemos na esperança de que nossa luta refaça a África do Sul, será como um microcosmo do mundo novo que está se esforçando para nascer”. — Discurso de aceitação do Prêmio Nobel de 1993.
“Nunca, nunca e nunca mais deve deixar que esta bela terra volte a experimentar a opressão de um pelo outro e sofrer a indignidade de ser o esgoto do mundo”. — Discurso de posse presidencial, 09 de maio de 1994.
“Chegou o momento de sarar as feridas. Chegou o momento de transpor os abismos que nos dividem. Chegou o momento de construir. Conseguimos finalmente a nossa emancipação política. Comprometemo-nos a libertar todo o nosso povo do continuado cativeiro da pobreza, das privações, do sofrimento, da discriminação de gênero e de quaisquer outras”. — Discurso de posse presidencial, 09 de maio de 1994.
“Para ser livre não é apenas arrematar uma de correntes, mas viver de uma forma que respeite e aumente a liberdade dos outros.” — “Longa Caminhada até a Liberdade”, livro de 1994.
”Não há nada como voltar para um lugar que permanece inalterado para encontrar maneiras em que você se vê modificado.” — “Longa Caminhada até a Liberdade”, livro de 1994.
”Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. As pessoas precisam aprender a odiar, e se elas podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que seu adversário”. — “Longa Caminhada até a Liberdade”, livro de 1994.
”A morte é algo inevitável. Quando um homem fez o que ele considera ser seu dever para com o seu povo e seu país, ele pode descansar em paz. Creio ter feito esse esforço e que, portanto, é por isso que vou dormir para a eternidade”. — Parte de uma entrevista para o documentário “Mandela”, 1994.
“Eu percebi o impacto que aquele esporte poderia causar, tamanha era a importância dele para o país. E principalmente porque o esporte fala uma língua que é entendida por todos, e em todas as partes do mundo”. — Sobre a Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, sediada pela África do Sul, 1995.
“A disparidade entre o mundo desenvolvido e o emergente, entre Norte e Sul, reflete-se na esfera dos recursos educacionais e intelectuais. Na África, nós falamos, sonhamos e trabalhamos para o renascimento de um continente como pleno participante em assuntos mundiais, no próximo século, temos a profunda consciência do quanto isso depende da mobilização e do fortalecimento dos recursos para aprendizagem no continente” — Trecho do discurso de aceitação do título de doutor honoris causa da Universidade Harvard, 1998.
“Sul-africanos devem recordar o passado terrível, para que possamos lidar com ele, perdoando, pois o perdão é necessário, mas sem nunca esquecer”. — Discurso feito ao deixar o cargo de presidente Sul-Africano, 15 de junho de 1999.
”Eu fui chamado de terrorista de ontem, mas quando eu saí da prisão, muitas pessoas me abraçaram, inclusive os meus inimigos, e isso é o que eu normalmente digo às outras pessoas que dizem aqueles que estão lutando pela libertação do seu país são terroristas. Eu digo a eles que eu também era considerado um terrorista de ontem, mas, hoje, sou admirado pelas mesmas pessoas que disseram que eu era um”. — Larry King Live, entrevista para televisão, 16 de maio, 2000.
”A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. — Discurso feito na Universidade do Witwatersrand, África do Sul, 2003.
“Se existe um país que cometeu atrocidades indescritíveis no mundo, são os Estados Unidos da América. Eles não se importam com o ser humano. Há 57 anos (1945), quando o Japão estava recuando em todos os fronts, eles decidiram jogar uma bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Mataram muitas pessoas inocentes, que ainda estão sofrendo os efeitos dessas bombas”. — Discurso no Fórum Internacional da Mulher, Joanesburgo, 30 de janeiro de 2003.
”Você afia suas idéias, reduzindo-se ao nível das pessoas que estão com você e um senso de humor e um relaxamento completo, mesmo quando você está discutindo coisas sérias, não ajuda a mobilizar os amigos ao seu redor. E eu amo isso.” — Entrevista com Tim Couzens, Verne Harris e. Mac Maharaj para o livro “Mandela: O retrato autorizado” de 2006, 13 de agosto de 2005.
“Lutar contra a pobreza não é um assunto de caridade, mas de justiça”. — Discurso em um ato contra a pobreza na Praça Mary Fitzgerald de Johanesburgo, em 2 de julho de 2005.
Veja questões que citam Nelson Mandela nos vestibulares
A importância política de Nelson Mandela pode ser vista em perguntas relacionadas à História, Atualidades, esporte, economia, Direitos Humanos e outros tantos assuntos. Veja cinco questões que citam o líder:
UFRN (2011)
Na África do Sul, em 1962, o líder do Congresso Nacional Africano, Nelson Mandela, foi preso e condenado à prisão perpétua. No entanto, em razão da conjuntura interna do país e das pressões internacionais, Mandela foi libertado e, finalmente, foi eleito e empossado como Presidente em 1994. A trajetória política de Nelson Mandela foi marcada, sobretudo, pela
A) Política de desenvolvimento armamentista, que possibilitou ao país romper com o controle inglês e proclamar a independência nacional.
B) Liderança da Frente Nacional Africânder (FNA), que reivindicava a realização de eleições multirraciais.
C) Luta contra o regime de segregação racial que se implantara no país desde o início do século XX.
D) Pacificação das lutas raciais no país, definindo zonas residenciais separadas para os brancos e para os diferentes grupos étnicos e linguísticos africanos.
Alternativa correta = C
Unifesp (2008)
Nelson Mandela, ex-presidente da República da África do Sul (1994-2000), ganhou o prêmio Nobel da Paz, em conjunto com Frederik de Klerk, em 1993, e hoje é nome de rua em Paris, Rio de Janeiro, Dacar e em Dar Es-Salam; é nome de praça em Salvador, Haia, Glasgow e em Valência; é nome de escola em Bangalore, Berlim, Birmingham e em Baton Rouge. Essa extraordinária popularidade de Nelson Mandela deve-se, sobretudo,
A) Aos vinte anos que passou injustamente encarcerado pelo regime racista então vigente na África do Sul.
B) À sua campanha incansável em favor dos milhões de africanos vitimados pela Aids e deixados sem assistência.
C) Ao fim, negociado e sem revanchismo, do regime do apartheid e ao seu desprendimento com relação ao poder.
D) À sua luta contra o imperialismo e em favor da independência de todos os países do continente africano.
E) Ao seu êxito em implantar na África do Sul um programa educacional que eliminou o analfabetismo do país.
Alternativa correta = C
Fuvest (2019)
Em junho de 1995, a seleção de rugby da África do Sul conquistou a Copa do Mundo dessa modalidade esportiva ao vencer a equipe da Nova Zelândia por 15 a 12, na cidade de Johannesburgo. O capitão sul‐africano, François Pienaar, recebeu a taça destinada à seleção campeã das mãos de Nelson Mandela.
Esse acontecimento esportivo
A) É um dos marcos do fim do Apartheid, devido à constituição de uma primeira seleção multirracial representando a África do Sul.
B) Tornou‐se uma das justificativas para o veto à participação da África do Sul em eventos esportivos devido à proibição da presença de atletas brancos.
C) Permitiu a vitória eleitoral de Mandela, apoiado massivamente pelos bôeres insuflados pelo nacionalismo sul‐africano.
D) Desencadeou uma série de conflitos raciais entre negros e brancos devido às rivalidades entre os atletas da seleção sul‐africana.
E) Foi realizado graças a um esforço conjunto de Nelson Mandela e de Frederik de Klerk, agraciados, por isso, com o prêmio Nobel da Paz.
Resposta: Em 1991, o líder africano Nelson Mandela firmou, com o primeiro-ministro Frederik de Klerk, um acordo que punha fim ao regime de apartheid na África do Sul. A esse primeiro passo, seguiram-se outros também significativos, como a eleição de Mandela para a Presidência da República (1994) e a formação de uma seleção sul-africana multirracial de rugby (1995). Mandela adotou esse esporte para promover uma integração entre brancos e negros na África do Sul, e atingiu seus objetivos ajudado pela vitória da seleção nacional de rugby citada na questão.
Alternativa correta = A
Fuvest (2010)
Cartaz de 1994 da campanha de Nelson Mandela à presidência da África do Sul.
Essa campanha representou a
A) Luta dos sul-africanos contra o regime do apartheid então vigente.
B) Conciliação entre os segregacionistas e os partidários da democracia racial.
C) Proposta de ampliação da luta anti-apartheid no continente africano.
D) Contemporização diante dos atos de violência contra os direitos humanos.
E) Superação dos preconceitos raciais por parte dos africânderes.
Resposta: Mandela e sua campanha representava diretamente os setores contrários ao apartheid, sobretudo os negros e suas organizações políticas como o CNA.
Alternativa correta = A
Unesp (2013) (Discursiva)
Nelson Mandela tomou posse ontem como o primeiro presidente negro da África do Sul, marcando o fim de três séculos e meio de dominação branca e o retorno do país à comunidade internacional. “Que reine a liberdade”, afirmou o líder de 75 anos após prestar juramento. Numa vibrante cerimônia que reuniu dezenas de milhares de negros e muitos brancos no antigo centro do poder branco, Mandela pediu que os sul-africanos esqueçam os rancores do passado e se unam para por fim à pobreza, ao sofrimento e a todo tipo de discriminação.
(O Estado de S.Paulo, 11.05.1994. Adaptado.)
Caracterize o regime político que antecedeu à chegada de Nelson Mandela à presidência sul-africana, em 1994. Por que é possível afirmar que, além das mudanças políticas que provocou na África do Sul, a posse de Nelson Mandela na presidência teve importante caráter simbólico?
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